domingo, 16 de junho de 2019

"O CONGE"

"O CONGE'
                      Vera Popoff

Exibindo-me como  justo, quase um monge
Mas cheio de paixões, tão vulnerável" conge"
Sobre salto alto, na mídia desfilei
Sob adoração de mal intencionados, vacilei!

Holofotes, arrogância , vaidade, destemor!
Senhor de mim, sou quase um deus.
Reverenciado, jamais conheci um dissabor
Humilhei e  à ética , eu disse adeus!


Julguei e trapaceei, como ser vil e vingativo
Cumprindo juramento num leito de morte
Intimidei e debochei, pisei na própria sorte.

Vaidoso e burlador , virei herói de barro
Sentenciei , trapaceei, subi num pedestal
Da noite para o dia , virei um ser bizarro.




SEM TÍTULO

SEM TÍTULO
                                 Vera Popoff

Sem título.
Um texto sem título e
      sem conteúdo.~
Diante de acontecimento vil
minh'alma envolve-se
num silêncio tão hostil!
As letras soltas, à deriva,
esperam harmonia e leveza.
Mas  pobre de substância,
ou d'um terreno mais fecundo
Assisto perplexa, as dores do mundo.

Da boca seca , não flui verso e
        não flui canção,
 O poema até tentou vir à luz,
           mas  não vingou.
Como encontrar uma rima, 
num tempo de sordidez e traição?        


domingo, 9 de junho de 2019

GUARDANDO PÉROLAS

GUARDANDO  PÉROLAS
                                                Vera Popoff


Só , no  canto preferido da velha  casa
Ofegante com o carinho recebido
Minha vida , há muito, já não é rasa
No peito, o coração, amorosamente , sucumbido.

Na caixa preciosa forrada de cetim
Vou guardando as delicadas pérolas
Tesouros d'uma vida contada  num folhetim
E a preciosidade das amizades madrepérolas.
 
Suspirando, recebo outro presente
A surpresa , um raio vindouro de suavidade
Traz-me de volta ao dia, até  então, morno e  ausente.
 
Ditosa , agora, observo a caixa dos guardados
Uma pérola, uma amizade, um colar feito de carinho
Aconchego-me, enrolada na utopia, no  doce ninho.