segunda-feira, 22 de junho de 2015

BONECAS DE PANO

BONECAS DE PANO
                                                (Vera Popoff)

Sobrou um retalho maior ou menor?
Coloca na cesta das ilusões.
Nela, são guardados os panos, paninhos,
as rendas , rendinhas e pedaços de linhas!
Numa  hora  qualquer, terão serventia!
Quando o tédio avançar no dia,
Quando a tristeza indolente
teimar e ficar num  coração descontente!
Quando o peito estiver apagado e cansado.
Quando chegar a saudade da infância serena
Na  cesta , eu vou bulir, remexer...
Costurar  a menina de pano
emendando...emendando...e
          sonhando!
A cor do vestido, o tecido escolhido,  a saia florida,
a blusa rendada ou só de babado, enfeitada!
Vai tudo virando sonho...O botão, a flor,
 o laço de fita , a fruta bordada, o cabelo de lã
                     trançada!
Olhinhos amendoados, puxados, arredondados...
É só inventar, fazer brilhar a criação!
Quanto mais enfeite, mais chamará a atenção!
Na calma do dia, cuja sentença era o vazio,
 a falta de gosto, a insipidez , a desilusão!
Invadi o pedaço da alma criança.
Puxei lá de longe , a lembrança.
A viagem nem foi de tropeço
Desembarquei nos meus cinco anos,
sorri regateira  e o riso,  foi só o começo!
Brinquei de boneca: a Maria, a Cecília,
a Adelaide, a Quitéria , a Luiza!
Ah, senti a frescura da brisa!
Soltei-me  do corpo cansado!
O vigor , a vontade, a vivacidade
fizeram-me esquecer a tal da idade!
Sou guria sapeca, minha boneca é de pano
a vida é bonita, não é um engano!

SOU GURIA SAPECA, MINHA BONECA É DE PANO E A VIDA NÃO É UM ENGANO!



       

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