(Vera Popoff)
Sobrou um retalho maior ou menor?
Coloca na cesta das ilusões.
Nela, são guardados os panos, paninhos,
as rendas , rendinhas e pedaços de linhas!
Numa hora qualquer, terão serventia!
Quando o tédio avançar no dia,
Quando a tristeza indolente
teimar e ficar num coração descontente!
Quando o peito estiver apagado e cansado.
Quando chegar a saudade da infância serena
Na cesta , eu vou bulir, remexer...
Costurar a menina de pano
emendando...emendando...e
sonhando!
A cor do vestido, o tecido escolhido, a saia florida,
a blusa rendada ou só de babado, enfeitada!
Vai tudo virando sonho...O botão, a flor,
o laço de fita , a fruta bordada, o cabelo de lã
trançada!
Olhinhos amendoados, puxados, arredondados...
É só inventar, fazer brilhar a criação!
Quanto mais enfeite, mais chamará a atenção!
Na calma do dia, cuja sentença era o vazio,
a falta de gosto, a insipidez , a desilusão!
Invadi o pedaço da alma criança.
Puxei lá de longe , a lembrança.
A viagem nem foi de tropeço
Desembarquei nos meus cinco anos,
sorri regateira e o riso, foi só o começo!
Brinquei de boneca: a Maria, a Cecília,
a Adelaide, a Quitéria , a Luiza!
Ah, senti a frescura da brisa!
Soltei-me do corpo cansado!
O vigor , a vontade, a vivacidade
fizeram-me esquecer a tal da idade!
Sou guria sapeca, minha boneca é de pano
a vida é bonita, não é um engano!
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SOU GURIA SAPECA, MINHA BONECA É DE PANO E A VIDA NÃO É UM ENGANO! |
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