CALMARIA
Vera Popoff
À mesa está o pão , o vinho, o azeite
A toalha é a mesma, alva e rendada
O assoalho tem brilho de cera e a paz
cai silenciosa na sala onde aquela cor perdura.
O vaso de violetas , permanece
Incrível, mas não murcharam!
A vela ilumina os olhos da Virgem Bendita!
A esperança de acalmar a alma aflita.
Fora , vejo a procissão das palmeiras
enfileiradas , altivas , balançam
obedecendo a ordem do vento!
Pergunto :- por onde passou o tempo?
Não percebi. Arrumo tudo igual,
a mesma rotina de esperar...
Com o rosto impassível , aguardo
uma voz me chamando, um riso em movimento!
É meia noite e a lua avisa-me
-Foi apenas , mais um dia.
Na calmaria , recolho-me, enlanguescida!
Abotoo a camisola de renda e cambraia,
Na cama cheirando alfazema, chamo os sonhos.
Não foi hoje, ainda!
Mas amanhã poderá ser o dia
Do vinho à mesa, do pão, do azeite.
e do retorno.
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