quinta-feira, 30 de junho de 2016

PRAGUEJANDO

PRAGUEJANDO SOBRE UMA TERRA PERDIDA
                                                                    Vera Popoff

Vou quebrar a louça branca
Vou rasgar e fazer trapos
da colcha de retalhos
Golpear a renda clara da janela
Vou arrancar todas as flores
E apodrecer todos os frutos
Desmoronar as paredes que abrigaram-me
Arrebentar todas as cercas.
Vou parar a correnteza do Rio Bonito
   e fazer secar a cachoeira.
Tingirei as margaridas com o meu sangue
e trazer os lírios brancos para o asfalto.
Emudecer os passarinhos
e macular todas as pombas.
Esfriar o sol luzente
Enlutar a lua cheia
Derrubar a estrela D'alva
e apagar todas as outras
     lá do céu!
Vou fechar as rosas da minha roseira
E tampar em vidro fosco
o perfume dos jasmins.
Daquelas noites de aspirações e sonhos
Vou apagar a luz dos vagalumes
e praguejar ajoelhada
sobre a terra que de mim
foi arrancada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário