ÁRVORE VAIDOSA
Vera Popoff
Ora, ora , vaidosa mulher!
Abrigada sob os céus,
Num pranto, por anos, contido
Espírito, ao vento, impelido,
Finge contentamento e sorri para o sol,
Faz confidências à lua,
Deseja brilhar como a estrela,
Sonha , em numa árvore imponente,
transformar-se!
Vaidosa, tem ilusão grandiosa
e queres ser a rósea paineira.
Pois sim! Não te basta ser
o pequeno galho da bela roseira.
Ora, ora , vaidosa mulher!
Não te contentas em ser a frágil folha
Nem mesmo uma flor forrageira
Queres ser a árvore inteira!
Ora, ora, vaidosa mulher!
Teus pés, pela andança, feridos
Sem rumo, guiados pela inconstância
Não te enxergas? Uma paineira altaneira
Presa ao chão pela raiz...
Olha só o que me diz,
peregrina caminheira!
Ora , ora, vaidosa mulher!
Perdida em soberba existência
Clamando teus tantos erros,
Chorando a ansiedade,
Vivendo a pior idade,
Perdeste a oportunidade
de conquistar o teu chão!
Descrente, não chamas ao céu
Caminha...caminha...
A vida...ao léu!
Inveja a solidez da paineira,
Mas o que és de verdade,
no teu espaço de tempo??
Tu és a folha seca , ao vento!
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