quinta-feira, 31 de março de 2016

AUGUSTA

PARA UMA AMIGA

                                                                        Vera Popoff
Amiga, deixei de chorar
porque  deixei de chorar!
      Simples!
É simples deixar de chorar!
Abra uma janela e acenda o seu sol,
deixa a tua alma navegar...

Amiga, já não é tempo de chorar
É tempo de esperançar,
avermelhar ainda mais
o sangue do teu coração!!

A incômoda lágrima vai turvar
        o teu lindo olhar
Vai molhar o teu rosto
Que trabalho terá para enxugar
       esse pranto !!!

Amiga , o tempo não é de piedade
O tempo é de caminhar e soltar-se!
Belas e altas ondas vão te levar
A brisa da paz vai te afagar!

Amiga, levanta a tua fronte
Olha , que linda a esperança
 bem ali, trás dos montes!
Beba uma taça de alegria
Hoje...começa um novo tempo
Já raiou o nosso dia!





segunda-feira, 28 de março de 2016

ESQUECIMENTO

ESQUECIMENTO
                                            Vera Popoff

Fui esquecida e esqueci
Porque a vida é esquecimento
Esqueço-me de ti
Esquece-te de mim
Tantas e tantas vezes
serei esquecida
Outras dezenas de vezes
serei eu a esquecer.
O que está esquecido
não voltará e não quero
      que volte!
De tudo que inda me lembro
      desejo esquecer.

Como as águas d'um rio que não voltam
Que não voltem também , as lembranças
O que passou não mais importa
Quem fui , um dia, jamais serei,
         outra vez!

O riso, o abraço, a mágoa, a dor,
a  alegria, a ventura, a bonança,
as saudades, os beijos , a esperança
              esquecidos...
A voz que já não escuto
O canto silenciado
O sorriso debulhado
A lágrima derramada
A lágrima não derramada, mas
em silêncio, chorada!
      Esquecidos
Jamais voltarão à lembrança.
Entre tantos e todos os esquecimentos
lá se foi ...uma vida esquecida.



sexta-feira, 25 de março de 2016

A FRESTA NA PORTA

A FRESTA NA PORTA

                                               Vera Popoff
Pela  fresta na porta
entra um fino raio de sol
É a vida que chega e bate à porta!

Tem uma fresta na porta
A minha porta possui uma fresta
Portas com frestas liberam os fios da luz
que tecem o sol!
Eu quero a  porta com fresta
Pela fresta vejo chegar a aurora
A escuridão indo embora
A liberdade que aflora
Os sonhos acordando...sem demora!
Lá se vão os meus medos saindo
pela fresta da  porta
O canto primeiro surgindo
As dores da noite se vão
pela fresta da porta!
Pela fresta da porta ,
o frescor da madrugada!
Pela fresta da porta,
vão-se as sombras !
Pela fresta da porta
eu vi o outono chegar.
Pela fresta da porta
o feixe de luz tocou minha pele,
roçou os meus sentidos,
jorrou sobre mim
a primeira  esperança,

o desejo de renascer...
na manhã, sem triste lembrança!


MAGOARAM-ME , MINHA MÃE!

MAGOARAM-ME, MINHA MÃE!
                                                                    Vera Popoff 

Magoaram-me, minha mãe!
Nem ouviram o meu soluço, 
      quase grito!
Nenhum analgésico para aliviar
      tamanha dor!
Nenhuma mão de apertar a minha
Nenhum agrado sobre a minha cabeça!
 
Magoaram-me, minha mãe!
E você não estava para me fazer 
             dormir.
Fingi ser forte , menti descaso,
mas doía mais, quanto mais 
         eu disfarçava!
 
Aumentei o volume das batidas
        do meu coração!
Eu não queria ouvir mais nada!
Marcada por tanta ingratidão
Cismada com aquela conspiração
Aborrecida com as  vozes dissonantes
        sem nenhuma ponderação
Abandonei meu corpo em desamparo
Estraçalhei a alma , dilacerei a carne
Enrolei-me em volta de mim mesma
    e lhe chamei:- Mãe, me acalma!
 

O BEM , O MAL

O BEM , O MAL
                                           Vera Popoff

Se estou bem ...
fechei no momento
a porta do mal.

Se estou mal...
fechei no momento
a porta do bem.

Não sou o bem
Não sou o mal
em si mesmos!

Sou o bem e o mal
Sou o mal e o bem.
O sol não deixa de brilhar na cabeça
        do mal!

A lua delicada e bela
faz-se luar sobre o bem,
sobre o mal!

O bem e o mal são o meu corpo,
são os meus pensamentos,
são os meus desejos e ensejos,
são os meus pecados e culpas,
as virtudes , todas as purezas
        e as minhas fendas.

O mal e o bem são a minha essência
e a minha impura carne,
o meu sangue , as entranhas,
o útero fecundo,
as paixões , os ódios, as penúrias,
as decências e indecências.

O bem e o mal são o vinho e o vinagre
a água , o lodo, a lama, a terra, o sal!
São as negações , a verdade procurada
as mentiras descontadas
a ternura desabrochada
a aspereza descontrolada!

O bem sou eu
O mal sou eu,
paralelamente, alternadamente!
Estão em mim
não são o começo
não serão  o meu fim!

ENFIM



Enfim...

                                                         Vera Popoff
Enfim, a minha poesia se liberta!
Enfim, a minha alma grita esperta!
Enfim, exponho -me, fico despida
de tantas cautelas
Abro todas as minhas janelas
Faço em saltos carpados
o meu coração tão vermelho!
Sou feita do mesmo barro que
modelou a minha brava gente!
Ergo o espírito corajoso e valoroso
Tão vigoroso...ainda!
Levanto a cabeça às covardias
e com as verdades tatuadas em mim,
liberto -me, outra vez, das hipocrisias!

Desabrocharam vermelhas, as flores do dia!!

quinta-feira, 10 de março de 2016

POR ENQUANTO

POR ENQUANTO
                                                Vera Popoff

Por enquanto, estaciono!
Por enquanto, silencio!
Por enquanto, penso!
Por enquanto, resisto e insisto
na vida acreditada e na crença ,
fortemente sustentada!
Meus olhos estão bem abertos,
acesos... fazem da noite, dia claro!
Minh' alma é tão decidida
Não se assombra com derrotas
    anunciadas!
Choro, sim! A lágrima  da indignação!
Soluço pelas batalhas travadas,
pela coragem explodida  no coração!
Medo? Não!
Nem pesada fadiga, apenas um gemer
de alívio por haver resistido!
E pelos sonhos persistidos!
Por enquanto, recuo!
Por enquanto, permito que pensem
             que capitulei!
Por enquanto, reconstruo , ajusto, acerto
         o momento certo
Por enquanto...

quarta-feira, 9 de março de 2016

FACEBOOK

FACEBOOK
                                  Vera Popoff

Foi bonito...no início!
Encontros, reencontros,
amizades, sorrisos, flores!
Camaradagem , através dos sonhos,
lindas viagens, trocas, miragens!

Até virar pesadelo!
Fugiu da paz , o modelo!
Intrigas e raivas e julgamentos
Um apedrejando pra cá
Outro devolvendo pedrada pra lá!
Pensamentos diferentes viram crime
          ou burrice!
Amizades vão para a lata do lixo!
Cristãos julgando quem é bom
        e quem é ladrão!
Senhoras bem comportadas
mal  alfabetizadas, beatas,
mulheres do padre,
confessam, comungam
a hóstia da hipocrisia!
Que vida vazia!!
E haja fotografia!
Linda! Lindo!
Que linda! Que lindo!
E vem oração sem mansidão ,
       sem perdão!
Bom mesmo é chamar de ladrão!!

Meu mundo que era macio....
virou colchão de aspereza!
Minhas manhãs abençoadas
ficaram cinzas, borradas!
Eita classe média e elite apodrecida
Morre de inveja do rico
e massacra de ódio o pobre
Vai à Europa em doze prestações
carro importado em sessenta meses
Bolsa de grife , com cartão
a perder de vista!
Ruim é o bolsa família
que sacia a mesa do pobre
Ruim é o negro,
 ganhando espaço merecido,
ocupando universidade
-Que atrevido!!

A mídia golpista
borrando de sujeira e mentira
a nossa vista!
Mas há quem goste e engula!

Não há o que pague o sossego
Não vou manchar a minha poesia
com tamanha vergonha e hipocrisia!




REFLEXÃO DO DIA

REFLEXÃO DO DIA
                                       Vera Popoff

Na vida, foram aprendizados incríveis! Alguns doeram, outros fizeram sangrar, ainda aqueles que abalaram esperanças e crenças! Na contabilidade , os balanços foram favoráveis. Fecho os sessenta e sete  anos... no azul!!


terça-feira, 8 de março de 2016

HOJE NÃO!

             Vera Popoff

Dia internacional da mulher!
Hoje não !! Sem encanto, sem poesia...
O silêncio venceu a rima
Faltou-me até auto-estima
Sem chance de poetar!
Nem sei se sou guerreira
ou apenas,  uma mulher tarefeira
O tanque cheio  de roupa
A panela ainda vazia
A casa requer faxina
Desaprendi o poema!

A razão vence os sentidos!
O coração, indisposto, não se expõe!
A fé está abalada
A coragem meio apagada
O humor  meio azedado
Nem careço de inspiração
Se o que agora tenho, é no peito,
    grande sufocação!

Sou mulher, hoje, calada
Fico devendo a retórica
Acho que desaprendi a lição
   da superação!
Mas haverá  poetisa
com menor insatisfação e
disposta à exaltação,
Com muito maior  fluência
e carregada emoção!

O que me resta
é temperar o feijão e
passar o rodo no chão.
Esquecer que como mulher
posso até ser letra de  canção!
 No  momento, faço a mim mesma,
 a pecadora confissão ,
sem pedir qualquer perdão!
Cansei de declamar oração!



segunda-feira, 7 de março de 2016

AOS QUATRO VENTOS

AOS QUATRO VENTOS

                                                               Vera Popoff
Éolo, o Deus dos ventos, está a postos
Vai decidir se haverá brisa leve...
ou uma tempestade!
Os quatro grandes ventos...aguardam:
Bóreas, o vento norte, frio e violento
prepara-se!!
Quer sair ventando e desarrumando
tudo que já está desarrumado.
Balança as palmeiras
Verga os jacarandás
Destelha a casa do pobre
Despenteia os cabelos do nobre!
Estanca, quando percebe
que ventou com exagero,
e causou destemperança
e varreu a esperança!
Éolo, trouxe-o de volta
sob ordem bem expressa:
-Vento, onde vai com tamanha pressa??
Chama Noto, o vento do sul,
formador das nuvens, encalorado,
venta quente!!
Chega lá das bandas do sol nascente
no solstício do verão!
Vai ventar e dar lugar ao formador das
tempestades:-Euro
que não venta sobre o dinheiro,
mas lava, com forte jato,
as culpas do mundo inteiro!
Chega até, com crueldade!
Causa furor e certa dose de dor!
Como vento que se presa
Passa, estraga, carrega, mas é
ligeiro e passageiro!
Terminando o tempo da ventania
Éolo, o Deus dos ventos, se arrepia!
Não quer terminar o dia
como um exterminador
Esquece qualquer demência
E dá fim a tanta sofrência!
-Zéfiro, chega do oeste!! Determina!
E chega o vento suave,
modesto, calmo, agradável!
E assim entra o ocaso...
carregado de harmonia,
trazendo a paz, a alegria
e um bocadinho de nostalgia!
Coloca cada coisa
no seu devido lugar.
A história é retomada
no tempo dos ventos...menores!
-Olhem, a beleza, de volta
nos arredores


 

DIFERENTE

                                                       Vera Popoff
Pago um preço, às vezes, caro
Porque penso diferente
e sou teimosa e persistente ...
Mas vale a pena o sacrifício,
por isso, pago contente!!

Sempre enxerguei horizontes
Muito além da minha sede e minha
fonte!
Desejei, lutei e até vi conquistada
a igualdade almejada e sonhada!
E agradeço os caminhos por onde
andei!
Foram estradas leves, pesadas,
algumas , desencontradas!
Outras, muito inflamadas
Poucas foram , as apagadas!
Mas vivi algumas glórias,
Venturas bem conquistadas,
Bonanças, estraçalhadas
Algumas promessas pagas,
As esquecidas, foram perdoadas!
Olhares com brilho, transformados!
Os pés na terra lavrada
Tetos cobrindo os filhos
Barrigas sem fome, já saciadas!
Ah...não tem preço!
Mas se o preço for alto e pesado
Eu pago!!!
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sexta-feira, 4 de março de 2016

MINHAS BATALHAS

MINHAS BATALHAS
                                             Vera Popoff

Minhas batalhas...
Tantas e grandes e estrategicamente
          importantes!
Em cada uma , o suor do rosto,
o entusiasmo no posto e o vigor exposto!
Minhas armas , sempre tão pequenas,
mas a vontade de vencer , valendo a pena!
A fé na decência , a lei na pena!
Jamais cantei ou debulhei vitória antecipada
Esperei o momento certo
Não curei minha dor com dor alheia!
Sem receios, pois sempre fui guerreira
Sem tormento, pois tenho alma amena
Sem arrogância , pois a humildade,
do arrogante, nunca apanha!
Sem temer mudanças, sempre vivi
        de esperanças!
Minhas batalhas , na juventude,
na maturidade ou na "pior idade",
Valeram tanto e não me desgastaram
Fui virando uma leoa a cada dia,
buscando motivos nobres para a alegria!
Tantas batalhas...nascidas de sonhos
Geradas nos ideais de liberdade
Deflagradas  no   penhor da  dignidade
   e na busca da igualdade!
Mas  foram acumuladas, perdas irreparáveis!
Cibele, desaparecida
Yoko, sem uma despedida
Maria Emília , que saudade doída!
Jamais as esquecerei
Quem sabe, um dia , nos encontraremos
e discutiremos a filosofia, antes proibida!
Se aqui estivessem , reconheceriam...
no momento novo, o momento velho!
De nós quatro, apenas eu...
Apenas eu , para guardar na  memória ,
as batalhas, da nossa história!

Minhas amigas, sei que encontraram a paz!
Eu, ainda não!!



SIMPLÓRIA

SIMPLÓRIA
                               Vera Popoff

Percebi o quanto sou simplória!
O quanto a minha visão lúdica da vida é simplória
E o quanto os meus sonhos são simplórios
E mais, como é simplório o meu censo de justiça!
Como é simplória a essência da minha alma
Como foi simplória a minha caminhada
e como arrasta-se simplória a minha visão esperançada!
Como é simplória a casa onde habitam
      as minhas utopias!
É simplório desejar o pão ...
em todas as bocas e o riso
no lugar das lágrimas!
Simplória, a terra que eu piso
Simplória, a minha paisagem
Simplórios são os meus desejos
Simplório é tudo que faço e ajeito
tudo que aceito e não aceito!
Simplórias são as verdades , nas quais,
              acredito!
Simplórias são as minhas dores
e as minhas puras fantasias!
Simplório é o meu coração...
que vê um sol luzido, onde d'antes
        eram sombras!
Que sorri com as sedes saciadas
e com muitas fomes assassinadas!
Como sou simplória!!
Eu que incendeio-me com as paixões,
que sinto sabor adocicado nas alheias alegrias,
Simplório é o canto dos passarinhos,
sem tetos , sem ninhos e agora
 felizes, aninhados e aconchegados!
Simplório foi o meu livre despertar
Simplória é a minha fé!
Simplório é o meu verbo mal rasgado
e a minha poesia... tão simplória!

SIMPLÓRIOS

SIMPLÓRIOS
                                Vera Popoff
A vida é simplória!
A sede de vingança é simplória!
As conspirações são simplórias!
A direita é simplória
O fascismo é simplório ...
A Casa Grande sempre foi simplória!
O desconhecimento é simplório!
O Pig é simplório
A crueldade é simplória
A criminilização sem provas é simplória
A justiça seletiva é simplória
Mas o Brasil sem fome não é simplório
A justiça social não é simplória
O pobre nos bancos da escola não é simplório
O direito à Universidade para todos não é simplório!
Simplórios são os golpes que querem ganhar eleições no tapetão!
Simplória é a incompetência!
 

quarta-feira, 2 de março de 2016

REFLEXÃO

REFLEXÃO

                      Vera Popoff
Atrás de um mundo novo
e bonito...
Percorreu léguas, com o coração
aflito
Atravessou fronteiras
Desceu, subiu ladeiras
Tentou sorrir, mas chorou
quando percebeu o esforço
inútil
O mundo florido e cheio de esperança
Estava ao seu alcance
Era só abrir com paciência e calma
A janela trancada da sua alma!


 
 

SIMPLESMENTE

 
SIMPLESMENTE

                                          Vera Popoff
Simplesmente, ser...
Simplesmente, não é necessário, ter
Simplesmente, ver e rever
Simplesmente, mover, mexer
Simplesmente, fazer e refazer
Simplesmente, ler e reler
Simplesmente, aprender
Simplesmente, atrever
Simplesmente, desprender
Simplesmente, enternecer
Simplesmente, ao coração, recorrer
Simplesmente, amar sem sofrer
Simplesmente, não calar, dizer
Simplesmente, observar o entardecer
Simplesmente, não maldizer
Simplesmente, dosar o dever
Simplesmente, nunca perecer
Simplesmente, não se aborrecer
Simplesmente, agradecer
Simplesmente, evitar prometer
Simplesmente, tentar conhecer
Simplesmente, não esconder
Simplesmente, cuidar, proteger
Simplesmente, não intrometer
Simplesmente, crer
Simplesmente, crescer
Simplesmente, vibrar com o amanhecer
Simplesmente, não temer
Simplesmente, a mão, estender
Simplesmente, entender e compreender
Simplesmente, barreiras, remover
Simplesmente, nascer e renascer
Simplesmente, viver
Simplesmente, deixar viver!


 

O RELÓGIO

O RELÓGIO
       
                                            Vera Popoff
Já não olho o mostruário do relógio
Para quê?? ...
Não me importo com os ponteiros
girando
Ignoro, o tempo passando
Eu viajo, sem sair do lugar
Sem hora para embarcar
Não me aflijo com os minutos
que sobram, ou faltam
Não enumero minha vida
como  as páginas de um livro
O relógio não manipula
o meu tempo
A hora não estipula qual é o
melhor momento
Joguei a contagem do tempo
ao vento
À vida, estou sempre, atento
Acho uma tola invenção
entregar ao tempo, toda a razão!