Vera Popoff
Por que sou triste?
Se até na morte imagino flores...
Um tufão sugando-me em cone
E eu, languidamente, alcançando espaços.
Vou gozando , ao reluzir de cada estrela
E no caminho , espalhando uma leveza
enternecida.
Por que sou triste?
Se o meu olho, olha a vida!
Se já tive o amor eterno
que me consola com lembranças.
Se sinto a saudade mais gostosa!
Se no imaginar do dia
sinto o seio quente , arfando
em ardente estado emocional!
Desconheço a indiferença
de qualquer sentimento.
Por que sou triste?
Se tenho ao meu alcance
o cantar dos passarinhos,
a alvorada fresca e perfumada,
embaixo de arvoredos,
escutando o sussurrar
do meu silêncio.
Por que sou triste?
Se na parede do meu quarto
Tenho pendurados em molduras delicadas
os semblantes tão amados
de minha mãe e do meu pai...
Imagens doces, livres de impurezas,
lançando-me olhares e rompendo
o desenlace da separação?
Por que sou triste?
Tenho na solidão o meu grande tesouro
E me valho dela, para ouvir o musical
que doura meus instantes,
sob a amorosa noite de visão intuitiva
e mansa!
E na quietude que tanto prezo,
meus momentos são de ouro,
quando devaneio pelos todos mundos
que quero!
Por que sou triste?
Se tenho dois livros de poesias?
E na escuridão, quando não durmo,
amo os meus poetas!
Faço deles os meus amantes
brindando o meu viver...
E cavalgando de vestido branco
na garupa desses cantadores
que prateiam luas,
sou doce musa de todos
os sonhos...
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