DONS
Vera PopoffAlguns dons, poucos dons,
singelos dons, nenhum raro dom.
Temperar um bom feijão,
Bordar e cozer à mão,
limpar o chão onde piso e donde,
algum passo de bolero, ainda deslizo.
Semear um pobre solo e colher
o que é possível.
Relembrar velhas lembranças, impassível!
Desprovida do dom da paciência ,
afastei-me dele...sem chorar.
E despedi-me d'alguns amigos , sem reclamar.
O dom de enxergar, conservei,
por causa de certas visões , padeço e me aborreço.
Deram-me, como enriquecimento,
o dom da indignação e assim,
vivo momentos de extrema sofreguidão.
Ah... por vezes até esqueço do dom de partilhar
companhias
Fugida de todo alvoroço
Cansada de muita conversa jogada fora,
Exaurida da hipocrisia , de um mundo tosco,
sem fantasia,
carrego nos ombros , a sós, os meus dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário