terça-feira, 6 de junho de 2017

DONS

DONS

            Vera Popoff

Alguns dons, poucos dons,
singelos dons, nenhum raro dom.
Temperar um bom feijão,
Bordar e cozer à  mão,
limpar o chão onde piso e donde,
algum passo de bolero,  ainda deslizo.
Semear um pobre solo  e colher
o que é possível.
Relembrar velhas lembranças, impassível!
Desprovida do dom da paciência ,
afastei-me dele...sem chorar.
E despedi-me  d'alguns amigos , sem reclamar.
O dom de enxergar, conservei,
por causa de certas visões , padeço e me aborreço.
Deram-me, como enriquecimento,
o dom da indignação e assim,
vivo momentos de extrema sofreguidão.
Ah... por vezes até esqueço do dom de partilhar
                    companhias
Fugida de todo alvoroço
Cansada de muita conversa jogada fora,
Exaurida da hipocrisia , de um mundo tosco,
                    sem fantasia,
carrego nos ombros , a sós,  os meus dias.


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