segunda-feira, 28 de outubro de 2019

SOMOS MUITOS, SOMOS TANTOS!

Somos muitos, somos tantos, somos Lula!

                                                  
                                                                     
                                                                      
                                                                                  Vera Popoff


Eu não pude mais cultivar amizades que faleceram dentro do meu peito.
Tentei rememorar o passado...
Espremendo, quem sabe, sentiria
o gosto do doce suco
das amizades vividas, antigas!
Não valeu. Brotaram e não vingaram.
Num solo desnutrido de afeição,
de boa vontade, pobre de amor
não brotam sementes,
não vingam as ramas verdes de vida esperançada.
Melhor ficar só...pensei.
E fiquei só. Longos anos na bolha.
Pensando, autoterapia, revendo o filme da vida.
A menina orgulhosa da luta pela liberdade!
A dor dos murros, os socos, as humilhações, o sangue!
A sobrevivência, pós traumas,
A frenética busca e
o reencontro com a própria alma.
O encontro com um líder
A afeição à primeira vista.
O reconhecimento e a premonição:
-EIS, O HOMEM!
O olhar para frente!
Sonhos compartilhados
Utopias campeadas
O garimpo das mais doces ilusões,
que adiante, viraram a mais bela realidade vivida pela Nação.
Sem miséria
Sem fome
Sem egoísmo
Sem ódio
Sem preconceito
Na história, está escrito.
Vencidas as saudades antigas
Descartadas as frivolidades
A construção de um tempo novo
Com encontros , também, novos.
As conquistas invejadas e atraiçoadas
pelo ódio, pela ganância.
Nossas dores gemidas, juntas.
Tentaram massacrar nossas ideias e
macular as nossas crenças.
Em vão!
Somos muitos
Somos tantos
Somos gente
Somos resistência
Somos a insistência
Somos abnegados e honrados
Somos humanos
Somos gentis e profundos
Somos valores deste mundo!
Somos a esperança da Terra!

Sim, somos a esperança da Terra.
Viva, Lula, que não desiste nunca!
Muitos abraços num só abraço .
O abraço da verdade cristalina
O abraço da fraternidade
O abraço da vida!
A brava luta do amor,
segue!
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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

FITEIRA

FITEIRA
                           Vera Popoff

Se os teus olhos, eu fito
E tu, os meus olhos , fitas
Também fitas minh'alma
e a tua fita me acalma.
És fiteira e sou fiteira,
Por isso, sempre andamos unidas,
por um lindo laço de fita.
D'onde estás, sei que me fitas.
D'onde estou ,capto os teus olhos
            fitando-me.

Juntei o teu lindo vestido
ao meu vestido preferido
Num ato de amor eterno.
Nossos vestidos se tocam, se enrolam,
        se envolvem , se amam.
Guardei-os, assim, tão juntinhos,
 numa caixa bonita e  cheirosa,
adornada com laço de fita.
Fitas daí o presente e diz-me, oh filha fiteira:
-Gostaste do laçarote?

Desmaio de amor e faço fita.
As fitas ligam meu peito ao teu peito
Oh, menina fiteira,  os teus olhos , fito
E tu fitas os meus!
Não há como resistir
 a tua delicada fita.

 Ah...minha doce fiteira
 guardo dentro do peito
Teu jeito dengoso e fiteiro
A tua fita enlaçou-me
A minha fita amorosa, enlaçou-te!
Enlaçadas estão as nossas vidas
num lindo laço de fita.
E eu enlaço o teu amor
na minha alma fiteira.
Tu enlaças os teus carinhos
nos meus cabelos enroladinhos,
presos com um laço de fita.
Nossas vidas, eternamente,  unidas,
nos laçarotes que prendem
 as nossas lembranças.
Serás sempre a minha criança
              fiteira.
Serei  sempre a tua mãe , 
             que  sorrirá 
 diante das tuas carinhosas fitas.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

O QUE ACONTECEU? (2)

 
O que aconteceu ?( II)

                                   Vera Popoff
Não reconheço a energia que vagueia
Mudou o mundo e mudei meu rumo...
Bateu grande exaustão e meu coração não suportou
Meu grito que era forte, ficou entalado
A pobreza do conhecimento
Já não bole com minh'alma
Passo o dia remendando
numa opção frágil e inesperada:
Voltei a ser uma costureira
Ou talvez , só uma cerzideira.
A máquina de costura é o som preferido
Junto os retalhos , obedecendo a simetria
Pensamento se desprende
Mas o seu alcance bate no limite.
Eu virei obreira de obras desnecessárias
Estou perdida aqui, no meu pouco espaço
Por que vou idealizar?
Está mais leve, fingir e ignorar.
Adiei o sonho
Calei a voz
Chorei a lágrima
Perdi o entusiasmo
Cansei da espera que desespera
Meu lábio tremeu
O olho pula, num movimento involuntário
O que aconteceu?
Quem sabe , a outra, tão irriquieta ,
não passou de raso idealismo
E jamais foi de verdade.
Só o pobre arroubo d'um lirismo.

O QUE ACONTECEU ?

O que aconteceu ?
Vera Popoff
Nem clareia o dia e estou de pé
Nem nasceu o sol e vou coar café
O galo nem cantou e já descarto a fé
Escuto a primeira nota e parece ser o ré.
Estou tão diferente, o interesse é outro
O que me bastava, agora é tão pouco
O riso , antes, leve e solto
É hoje, sutil e frouxo.
Fechei o livro, mesmo sabendo nada
Quase desligada, o pensamento vaga
Vejo pouca gente , a rotina está tão transformada.
O silêncio e a solidão povoaram a alma
Mesmo envergonhada, rimo alma e calma
Mesmo sem vontade , ainda almoço e janto.

O QUE ACONTECEU? (3)

O QUE ACONTECEU?(3)
                                                       Vera Popoff

Uma esquina, um lote desocupado,pelos pássaros e aves diversas, habitado.
Lagartos deslizando sobre  folhas secas.
Uma banco feito de tronco
A placa  indicando o ponto da circular.

Sentávamos , o João, o Adir, a Lúcia, o Pereira
Papos descontraídos orquestrados pelos cantos
                           sabiá e sanhaço
                           bem-te -vi
                           pica-pau
Um acorde sobrepondo-se ao outro
O agudo, o  mais grave, o trinado,  o tenor.
Numa manhã,  o banco de tronco foi arrastado
A placa indicando o ponto foi derrubada
O nosso encontro, definitivamente, desmarcado.

Eita, máquina impiedosa!
Nada lhe comoveu: sibipiruna tombada
Aroeiras esmagadas, pau-ferro não resistiu
Nem mesmo o querido ipê amarelo foi respeitado.

Devastação de moer junto, o coração.
Silenciou a orquestra das aves da mata
Situação que ninguém resgata.

No lugar, um luxo de cimento e pedra
Muros ,  seis palmeiras compradas, já ressecadas
Buxinhos podadinhos e bem redondinhos
Pérgolas de cimento armado
Um desastre anunciado.

Chora o vento, não cai a chuva
A natureza protesta, a poeira já infesta.
Pobre rica mansão!
O morador ostenta um riso orgulhoso,
mas o seu destino é a suntuosa prisão!