segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DOIS RETRATOS

DOIS RETRATOS

                                                                (Vera Popoff)

Na parede do meu quarto
tenho dois retratos pendurados.
São mudos, intactos!
Semblantes tão sutis e tão distantes!
Sinto que quando me olham...choram.
Talvez a lágrima da saudade
A despedida, afinal, foi  sentida e sofrida,
magoada e chorada, por mim e pelos retratos,
           compartilhada!

Olho  para os retratos e lembro-me...
das vozes que já não falam
dos risos  que já não riem
dos gestos , assim de relance
quase ao meu alcance!
-Quero voltar no tempo!
Mas falho no meu intento
     e  me contento
em observar os retratos
sem a metafísica do entendimento.
Faço tentativas para vencer
o que jamais será vencido
A distância  entre mim e os retratos,
consumada pelo tempo,  pela linha
do infinito onde se encontram.
Os retratos são tristes, vazios e desabitados
Os aromas, as essências foram-se
com os eflúvios da nova esfera!
Aqui no peito, a ilusão da espera


Ah, coração humano e esperançoso!
Tem sonhos do reencontro, mas por enquanto...
Apenas os traços e os tantos laços
que unem-me aos retratos!

             

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