CAMINHANDO
Vera Popoff
Poderia ter se acomodado,
ter sentido medo e se acovardado,
aberto o guarda-chuva e se protegido
dos pingos que em torrencial, caiam!
Poderia ter querido uma rosa ou margarida, mas
decidiu ter um jardim inteiro...
e regou a vida , que tornou brotar.
Poderia ter calado a voz no cômodo
silêncio,
de ter gaguejado , mas fluiu a fala!
Ter ajuntado cacos, toda roupa rota,
o sapato antigo e mal usado
O paletó pesado e guardado
para o inverno que jamais chegou.
Desnudou-se dos apegos todos
e foi caminhando
Poderia ter protegido a cabeça
com seu chapéu de linho,
mas preferiu a luz espalhada e captada
pelo atrevimento do pensamento.
Poderia ter sorrido com timidez, mas
gargalhou com desfaçatez!
Ter fincado cercas de separação e
desbravou as fronteiras da agregação.
Poderia ter optado pelo glamour
além dos mares,
mas decidiu pelo aberto espaço do seu regaço.
Acendido os lustres de cristais que foram herdados,
mas acendeu a lamparina que aqueceu sua alma.
Ter se perfumado com essências finas
e banhou-se com a água do jasmim!
Poderia ter se acomodado, mas caminhou...
E na caminhada pela estrada pouca,
destituiu-se da hipocrisia louca!
Viu de tudo ,mas desejou tão pouco!
Só os passos sem cadência ,
buscando o aroma da essência
da liberdade com decência!
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