O VALE
Vera Popoff
Habito num estreito vale
entre matas e montanhas,
próximo ao Morro do Sabó!
O lugar parece triste para quem avista
E o lugar é mesmo triste para minha vista.
É mais triste ainda para o meu coração
Meu coração trouxe para cá...um passado
nunca esquecido
Uma saudade jamais vencida
E por isso...aqui entrei chorando.
Permaneci amuada, cansada com as coisas
amadas que perdi.
Cheguei querendo partir
Fiquei... desejando não ficar
Dias maçantes...um atrás do outro...
sem nada acrescentar à alma, então, vencida
Nem mesmo a sensação de estar dividida.
Não , não! Sempre inteiramente decidida
Estou fora do meu espaço
O Morro do Saboó , avistado lá adiante,
não me aconchega.
Com a mania de semear,
fui semeando, sem ilusão,
mas semeando. Sem planejamento,
sem ansiedade pela brotação, sem contentamento,
apenas para passar o insonso tempo.
E teimosamente, tudo foi brotando
Nenhum galho se importando
com a minha tristeza.
Nenhum dos sóis nascidos ,
próximo ao Morro do Saboó,
deixaram de brilhar
com o tanto de desencanto vivido.
O Universo desconhece nossas agonias,
os maus gostos , os desgostos.
O universo rege as suas leis
Independente dos sentimentos humanos
e banais.
O Universo é maiúsculo demais
para os nossos olhos.
E nós somos minúsculos demais
para a grandeza do Universo.
E próximo ao Morro do Saboó,
num triste vale, vou semeando,
pois tenho a mania irritante de semear
Um jeito impertinente de viver e produzir
Até mesmo quando juro por Deus:
-Agora eu vou desistir!
E passam os dias...próximo do Morro do Sabó
Nunca espero um amanhã.
Mas regozijo-me calada
a cada inesperada manhã!
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
MAL ESTAR
MAL ESTAR
Vera Popoff
Um mal estar repentino
E o dia , então equilibrado, vira desatino!
O que estava bonito, enfeia-se , descorado
E o sorriso aberto e franco fica trancado.
Não sei se foi uma saudade insuportável
que derrubou a alegria imensurável
Não sei se foi uma mágoa que não morre
Que destruiu a leveza fingida de um porre.
O corpo dito resistente, enfraqueceu
A energia permanente, esmoreceu
Um pranto quase foi derramado, mas
dissipou-se no ocaso.
O que era pensante e inteligente
perdeu a clareza na neblina da tarde.
E a certeza da felicidade, apesar de tudo,
O encanto azul daquele céu
Perderam-se frágeis, ao léu.
São daquelas coisas inexplicáveis
que trazem à tona duras razões e desilusões
incontroláveis.
Foi só uma tarde infeliz
É o que uma sensação mediúnica
assopra e diz!
Vera Popoff
Um mal estar repentino
E o dia , então equilibrado, vira desatino!
O que estava bonito, enfeia-se , descorado
E o sorriso aberto e franco fica trancado.
Não sei se foi uma saudade insuportável
que derrubou a alegria imensurável
Não sei se foi uma mágoa que não morre
Que destruiu a leveza fingida de um porre.
O corpo dito resistente, enfraqueceu
A energia permanente, esmoreceu
Um pranto quase foi derramado, mas
dissipou-se no ocaso.
O que era pensante e inteligente
perdeu a clareza na neblina da tarde.
E a certeza da felicidade, apesar de tudo,
O encanto azul daquele céu
Perderam-se frágeis, ao léu.
São daquelas coisas inexplicáveis
que trazem à tona duras razões e desilusões
incontroláveis.
Foi só uma tarde infeliz
É o que uma sensação mediúnica
assopra e diz!
domingo, 20 de novembro de 2016
OCUPADA
OCUPADA
Vera Popoff
Estou ocupada , agora
Estou ocupada hoje e já antevejo
ocupação para amanhã.
Se estiver viva, amanhã!
Um varal, um avental , coisa e tal...
Concentração na tarefa
Pouca emoção na repetição.
Vantagens? Nenhuma
Desvantagens? Um cansaço normal.
Na cabeça, lembranças.
Na memória, histórias
Nas mãos, um novelo a desenrolar,
nó e outro nó para desatar.
O coração está pronto para explodir
e desabafar, mas
aguarda...
oportunidade melhor.
Planos e planilhas caídos ao chão
O improviso chega sem aviso.
Ilusões bem miúdas
Alegrias bem contidas
As gargalhadas ficaram abafadas
Mas o pensamento...como é atrevido!
Aprendeu a voar e jamais esqueceu
As asas estão sempre prontas , ligeiras,
por isso , conservo certa brejeirice
E respiro com liberdade toda a esquisitice.
Erros cometidos todos os dias
sem promessa de conserto
Já não tenho expectativas de acertos.
Deliro com pequeníssimos acontecimentos
Hoje foi uma semente que brotou
Ontem foi um galho seco que revigorou
Ou talvez , uma dor que passou.
Encontros quase não acontecem
De raridade tamanha , que nem são comemorados,
e com certa timidez , são vividos e explorados.
O dia passa...rápido ou lento
Dependendo da natureza da ocupação.
O mal disso tudo é o horizonte bem à mão,
sem mistério, com nitidez!
O bom disso tudo é o horizonte bem a mão,
límpido, fácil, alcançado com avidez!
Vera Popoff
Estou ocupada , agora
Estou ocupada hoje e já antevejo
ocupação para amanhã.
Se estiver viva, amanhã!
Um varal, um avental , coisa e tal...
Concentração na tarefa
Pouca emoção na repetição.
Vantagens? Nenhuma
Desvantagens? Um cansaço normal.
Na cabeça, lembranças.
Na memória, histórias
Nas mãos, um novelo a desenrolar,
nó e outro nó para desatar.
O coração está pronto para explodir
e desabafar, mas
aguarda...
oportunidade melhor.
Planos e planilhas caídos ao chão
O improviso chega sem aviso.
Ilusões bem miúdas
Alegrias bem contidas
As gargalhadas ficaram abafadas
Mas o pensamento...como é atrevido!
Aprendeu a voar e jamais esqueceu
As asas estão sempre prontas , ligeiras,
por isso , conservo certa brejeirice
E respiro com liberdade toda a esquisitice.
Erros cometidos todos os dias
sem promessa de conserto
Já não tenho expectativas de acertos.
Deliro com pequeníssimos acontecimentos
Hoje foi uma semente que brotou
Ontem foi um galho seco que revigorou
Ou talvez , uma dor que passou.
Encontros quase não acontecem
De raridade tamanha , que nem são comemorados,
e com certa timidez , são vividos e explorados.
O dia passa...rápido ou lento
Dependendo da natureza da ocupação.
O mal disso tudo é o horizonte bem à mão,
sem mistério, com nitidez!
O bom disso tudo é o horizonte bem a mão,
límpido, fácil, alcançado com avidez!
sábado, 19 de novembro de 2016
FRASES
FRASES
"Já que não posso colorir a alma
vou colorir a casa."(Vera Popoff)
"A formosura é a lei que os meus olhos procuram para obedecer." (Vera Popoff)
"Deflagrada a guerra civil entre o ódio e o amor que sinto."
(Vera Popoff)
"Desencantada, fugi de todos!
Encantada e só... eu me encontrei! (Vera Popoff)
"Já que não posso colorir a alma
vou colorir a casa."(Vera Popoff)
"A formosura é a lei que os meus olhos procuram para obedecer." (Vera Popoff)
"Deflagrada a guerra civil entre o ódio e o amor que sinto."
(Vera Popoff)
"Desencantada, fugi de todos!
Encantada e só... eu me encontrei! (Vera Popoff)
NEM SEMPRE ENCONTRO UM TÍTULO
NEM SEMPRE ENCONTRO UM TÍTULO
Vera Popoff
Quero cantar uma cantiga
Quero escrever uma poesia
Quero desenhar, pintar , colar,
Mas sem me preocupar
com o título que vou dar.
Vendo a palavra escrita
Ouvindo a canção que gosto
O desenho para colorir
A semente lançada ao chão
O vaso, a rosa, o cipreste,
o pássaro , o canto, o céu,
A folha caída , o galho brotado,
a cor da esperança em cada pedaço de vida
A casa cheirando jasmim, o silêncio dia e noite,
todas as saudades sentidas , as mágoas prescritas,
as culpas exorcizadas, as paixões já apagadas,
o gosto do beijo, esquecido.
Os desejos sem a quentura da febre,
os sonhos tão pequeninos...
a caminhada encurtada,
sem medos e já com tão poucos segredos
Volto a pensar...
Que nome vou dar a isso?
- Verdade? Mentira? Contentamento?
Ilusão? Loucura? Ternura?
Nem sempre encontro para minha vida...
um título!
Vera Popoff
Quero cantar uma cantiga
Quero escrever uma poesia
Quero desenhar, pintar , colar,
Mas sem me preocupar
com o título que vou dar.
Vendo a palavra escrita
Ouvindo a canção que gosto
O desenho para colorir
A semente lançada ao chão
O vaso, a rosa, o cipreste,
o pássaro , o canto, o céu,
A folha caída , o galho brotado,
a cor da esperança em cada pedaço de vida
A casa cheirando jasmim, o silêncio dia e noite,
todas as saudades sentidas , as mágoas prescritas,
as culpas exorcizadas, as paixões já apagadas,
o gosto do beijo, esquecido.
Os desejos sem a quentura da febre,
os sonhos tão pequeninos...
a caminhada encurtada,
sem medos e já com tão poucos segredos
Volto a pensar...
Que nome vou dar a isso?
- Verdade? Mentira? Contentamento?
Ilusão? Loucura? Ternura?
Nem sempre encontro para minha vida...
um título!
INSPIRAÇÃO
INSPIRAÇÃO
Vera Popoff
Andando a esmo...
Uma vontade de dizer, contar, cantar
ou poetar.
Procuro o tema mais doce e perfumado
E encontro...a flor!
A teimosia verde e rosa
desafiando o asfalto quente e infértil
Busco a facilidade de uma rima
Olho a manhã , que agora, me fascina!
Delineio a paisagem na moldura
da janela.
Degusto todos os azuis no imaginário,
provo as violetas e colho a flor mais bela.
O cardápio pronto, uma perspectiva tão perfeita!
Aproveito a hora doce, cheia de formosura
Afinal , todo encanto, pouco dura!
Vera Popoff
Andando a esmo...
Uma vontade de dizer, contar, cantar
ou poetar.
Procuro o tema mais doce e perfumado
E encontro...a flor!
A teimosia verde e rosa
desafiando o asfalto quente e infértil
Busco a facilidade de uma rima
Olho a manhã , que agora, me fascina!
Delineio a paisagem na moldura
da janela.
Degusto todos os azuis no imaginário,
provo as violetas e colho a flor mais bela.
O cardápio pronto, uma perspectiva tão perfeita!
Aproveito a hora doce, cheia de formosura
Afinal , todo encanto, pouco dura!
DE TEMPOS EM TEMPOS
DE TEMPOS EM TEMPOS
Vera Popoff
De tempos em tempos a vida muda.
É um sobe e desce. arruma e desarruma
alarga e estreita, abafa e desabafa,
adoece e melhora, sorri e chora!
O tempo, agora, já faz uma boa hora,
está nublado e carregado.
Sinto uma dor inusitada
nunca dantes sentida.
Dói aqui, dói ali.
Deixa-me ressentida e inibida.
O tempo também não ajuda
Final de primavera e frio de inverno
Procuro o azul do céu e encontro o inferno.
Contra esse tempo estranho,
onde cada dia aumenta o tédio,
Tento dose dupla de remédio
Procuro amparo na lei,
já que de amor nada mais sei.
A fadiga é pesada, a desesperança amarra
A causa da dor continua presente
Dou passos lentos , tropeço, levanto,
disfarço, fujo caminhando devagar,
enquanto ainda consigo andar.
Vera Popoff
De tempos em tempos a vida muda.
É um sobe e desce. arruma e desarruma
alarga e estreita, abafa e desabafa,
adoece e melhora, sorri e chora!
O tempo, agora, já faz uma boa hora,
está nublado e carregado.
Sinto uma dor inusitada
nunca dantes sentida.
Dói aqui, dói ali.
Deixa-me ressentida e inibida.
O tempo também não ajuda
Final de primavera e frio de inverno
Procuro o azul do céu e encontro o inferno.
Contra esse tempo estranho,
onde cada dia aumenta o tédio,
Tento dose dupla de remédio
Procuro amparo na lei,
já que de amor nada mais sei.
A fadiga é pesada, a desesperança amarra
A causa da dor continua presente
Dou passos lentos , tropeço, levanto,
disfarço, fujo caminhando devagar,
enquanto ainda consigo andar.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
MÊS DE NOVEMBRO
MÊS DE NOVEMBRO
Vera Popoff
Neste mês de novembro
morri mais um pouco.
Meu peito ficou oco,
sem o coração latente.
Sonhei ...minha cabeça encostada
num corpo tão amado, um dia.
Fui afastada e desprezada.
Era só um sonho e doeu tanto!
Ah, imagem combalida e desiludida!
Dez , vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos
e a doença não sara e a saudade não para ,
e a lembrança não se apaga.
O fogo já nem arde , os sinais vitais daquele amor
são tão pequenos e inda sensíveis.
Envelheci inconformada e não me habituei
sem a vigília do teu olhar amoroso
sem o enrosco do teu braço
sem o teu beijo indecoroso.
Então escrevo o que jamais lerás
E conto pra mim mesma o que jamais escutarás
E poeto a mesma poesia que foi feita para ti,
e nunca saberás.
Vera Popoff
Neste mês de novembro
morri mais um pouco.
Meu peito ficou oco,
sem o coração latente.
Sonhei ...minha cabeça encostada
num corpo tão amado, um dia.
Fui afastada e desprezada.
Era só um sonho e doeu tanto!
Ah, imagem combalida e desiludida!
Dez , vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos
e a doença não sara e a saudade não para ,
e a lembrança não se apaga.
O fogo já nem arde , os sinais vitais daquele amor
são tão pequenos e inda sensíveis.
Envelheci inconformada e não me habituei
sem a vigília do teu olhar amoroso
sem o enrosco do teu braço
sem o teu beijo indecoroso.
Então escrevo o que jamais lerás
E conto pra mim mesma o que jamais escutarás
E poeto a mesma poesia que foi feita para ti,
e nunca saberás.
BECO SEM SAÍDA
BECO SEM SAÍDA
Vera Popoff
Minha vida é um beco sem saída
A rua onde moro é um beco sem saída
Meus planos mirabolantes viraram um beco sem saída
Minhas tantas andanças levaram-me a um beco sem saída
Minhas esperanças acabaram num beco sem saída
Dum lado para o outro, batendo cabeça, cheguei num
beco sem saída.
A sentença da minha frágil vivência foi o beco sem saída
Minha resistência , já sem o vigor da adolescência,
está num beco sem saída.
Minha paixão pelo homem de olhos de sedução
caiu apagada, num beco sem saída.
As bandeiras que agitei, que carreguei , que defendi
destroçaram-se...num beco sem saída
A arte que produzi foi tão ruim que ficou esquecida
num beco sem saída
Minha poesia procurou a rima, buscou a harmonia,
vislumbrou o brilho da fantasia e tímida, desistiu
e permitiu definhar-se num beco sem saída.
Os projetos pesaram nos ombros, caíram por terra
num beco sem saída.
O idealismo desfigurou-se, decepcionou-se e foi parar
num beco sem saída
A ternura que guardava no peito, endureceu-se e
como pedra parou ...num beco sem saída
O passado , ora esquecido , ora rememorado, apagou-se
e virou cinzas num beco sem saída.
Minha fé em Deus, em mim, na humanidade, desmoronou-se
num beco sem saída.
Meus dias , tardes, noites, apenas transcorrem devagar...
irão chegar a um beco sem saída
Não ultrapassei fronteiras , nem cruzei céus ou mares
estacionei num beco sem saída.
No beco sem saída consegui me perder
Faço um esforço, mas não consigo!
Continuo num beco sem saída.
Vera Popoff
Minha vida é um beco sem saída
A rua onde moro é um beco sem saída
Meus planos mirabolantes viraram um beco sem saída
Minhas tantas andanças levaram-me a um beco sem saída
Minhas esperanças acabaram num beco sem saída
Dum lado para o outro, batendo cabeça, cheguei num
beco sem saída.
A sentença da minha frágil vivência foi o beco sem saída
Minha resistência , já sem o vigor da adolescência,
está num beco sem saída.
Minha paixão pelo homem de olhos de sedução
caiu apagada, num beco sem saída.
As bandeiras que agitei, que carreguei , que defendi
destroçaram-se...num beco sem saída
A arte que produzi foi tão ruim que ficou esquecida
num beco sem saída
Minha poesia procurou a rima, buscou a harmonia,
vislumbrou o brilho da fantasia e tímida, desistiu
e permitiu definhar-se num beco sem saída.
Os projetos pesaram nos ombros, caíram por terra
num beco sem saída.
O idealismo desfigurou-se, decepcionou-se e foi parar
num beco sem saída
A ternura que guardava no peito, endureceu-se e
como pedra parou ...num beco sem saída
O passado , ora esquecido , ora rememorado, apagou-se
e virou cinzas num beco sem saída.
Minha fé em Deus, em mim, na humanidade, desmoronou-se
num beco sem saída.
Meus dias , tardes, noites, apenas transcorrem devagar...
irão chegar a um beco sem saída
Não ultrapassei fronteiras , nem cruzei céus ou mares
estacionei num beco sem saída.
No beco sem saída consegui me perder
Faço um esforço, mas não consigo!
Continuo num beco sem saída.
domingo, 6 de novembro de 2016
MAIS OU MENOS
MAIS OU MENOS
Vera Popoff
Os domingos são todos iguais.
As segundas e terças e quartas-feiras,
As quintas e sextas-feiras
E enfim... o sábado!
Tudo sempre igual.
Nem o cardápio é variado
O arroz , o feijão , a carne ...
ás vezes sim , ou não!
O tempo é de carestia
Com os desejos e extravagâncias
Fiz uma prudente anistia.
O lugar onde vivo é ermo
O vento é preguiçoso
O sol sempre majestoso,
A lua , meio languente,
dá as caras , alta ,branca
Outras noites, desanimada, esconde-se!
Deus parece amuado
Seus filhos , ou são desprezados,
ou são malcriados, ou são manipulados.
Outros são oprimidos
Nas mãos pesadas dos opressores ,
que da injustiça e desigualdade
são ferrenhos defensores.
A parte da vida que guardava meus sonhos
eu perdi n'algum lugar e momento
As recordações ainda aciono
quando interessa, quando estou sem pressa.
Já não reconheço quando estou alegre
ou triste.
E não me importo com gratidões
ou ingratidões.
Tudo está sempre igual
Nem preciso bulir no calendário
De janeiro até dezembro
é sempre o mesmo fadário!
Os dias nem carecem ser trocados
A indiferença nem é brisa , nem é um tornado.
Numa manhã avistei três bem-te-vis
O bem-te-vi pai , a mãe e o filhotinho
Ao perceber tanto carinho
Lembrei do quão doce também já foi
o meu ninho.
Por um momento fiquei emocionada
Voltei em tempo à razão
Ando só... pelos meus curtos caminhos
As ausências , de tão constantes,
viraram uma rotina nada retumbante.
Decidi manter tudo sempre igual
Sem abraço , sem beijo e sem desejo
Rego as minhas plantas ,lavo a minha roupa,
varro o chão onde piso , continuo sem juízo,
sinto pouco sono , não como comida fria,
já não tenho fé , não faço promessa, pois
sei que não cumprirei.
De agora em diante, pouco almejarei.
Leio Machado de Assis e guardo na memória
trechos lindos de cada história.
Ouço Bach, Beethoven, Mozart, Chopin
Ou Chopin, Mozart, Beethoven, Bach
A ordem não importa, já que são sempre os mesmos.
Escrevo e declamo uma elegia
Paro sob a árvore , a mais fiel companhia
Digo que a vida não é mais e nem menos
É , simplesmente , mais ou menos.
Vera Popoff
Os domingos são todos iguais.
As segundas e terças e quartas-feiras,
As quintas e sextas-feiras
E enfim... o sábado!
Tudo sempre igual.
Nem o cardápio é variado
O arroz , o feijão , a carne ...
ás vezes sim , ou não!
O tempo é de carestia
Com os desejos e extravagâncias
Fiz uma prudente anistia.
O lugar onde vivo é ermo
O vento é preguiçoso
O sol sempre majestoso,
A lua , meio languente,
dá as caras , alta ,branca
Outras noites, desanimada, esconde-se!
Deus parece amuado
Seus filhos , ou são desprezados,
ou são malcriados, ou são manipulados.
Outros são oprimidos
Nas mãos pesadas dos opressores ,
que da injustiça e desigualdade
são ferrenhos defensores.
A parte da vida que guardava meus sonhos
eu perdi n'algum lugar e momento
As recordações ainda aciono
quando interessa, quando estou sem pressa.
Já não reconheço quando estou alegre
ou triste.
E não me importo com gratidões
ou ingratidões.
Tudo está sempre igual
Nem preciso bulir no calendário
De janeiro até dezembro
é sempre o mesmo fadário!
Os dias nem carecem ser trocados
A indiferença nem é brisa , nem é um tornado.
Numa manhã avistei três bem-te-vis
O bem-te-vi pai , a mãe e o filhotinho
Ao perceber tanto carinho
Lembrei do quão doce também já foi
o meu ninho.
Por um momento fiquei emocionada
Voltei em tempo à razão
Ando só... pelos meus curtos caminhos
As ausências , de tão constantes,
viraram uma rotina nada retumbante.
Decidi manter tudo sempre igual
Sem abraço , sem beijo e sem desejo
Rego as minhas plantas ,lavo a minha roupa,
varro o chão onde piso , continuo sem juízo,
sinto pouco sono , não como comida fria,
já não tenho fé , não faço promessa, pois
sei que não cumprirei.
De agora em diante, pouco almejarei.
Leio Machado de Assis e guardo na memória
trechos lindos de cada história.
Ouço Bach, Beethoven, Mozart, Chopin
Ou Chopin, Mozart, Beethoven, Bach
A ordem não importa, já que são sempre os mesmos.
Escrevo e declamo uma elegia
Paro sob a árvore , a mais fiel companhia
Digo que a vida não é mais e nem menos
É , simplesmente , mais ou menos.
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
FIM
FIM
Vera Popoff
No banco da praça pequena
Meu braço num laço apertado
Minha boca em outra boca
O coração dando pulos de paixão.
Seria um tempo para a eternidade?
Um corpo colado no meu
Suores se misturando
Respirações se confundindo
Desejos compartilhados
E mil beijos ardentes trocados.
Rosto mais bonito e mais amado
Ah...não existia
Olhar tão penetrante e sedutor
Mãos mais atrevidas e a paixão
na florescência.
Despreocupação com a decência ou indecência
A vida sem nenhuma dor da carência.
Mas o filme terminou
O doce e eterno amor...acabou.
Na tela antiga da vida: FIM!
Vera Popoff
No banco da praça pequena
Meu braço num laço apertado
Minha boca em outra boca
O coração dando pulos de paixão.
Seria um tempo para a eternidade?
Um corpo colado no meu
Suores se misturando
Respirações se confundindo
Desejos compartilhados
E mil beijos ardentes trocados.
Rosto mais bonito e mais amado
Ah...não existia
Olhar tão penetrante e sedutor
Mãos mais atrevidas e a paixão
na florescência.
Despreocupação com a decência ou indecência
A vida sem nenhuma dor da carência.
Mas o filme terminou
O doce e eterno amor...acabou.
Na tela antiga da vida: FIM!
NO MOMENTO
NO MOMENTO
Vera Popoff
No momento , o café da caneca esfriou
E o vento cessou. E o tempo parou...ali.
Não , eu já não estou e nem sou
Perdi minhas referências
Já não sou filha e já não sou mãe
Já não sou namorada e nem companheira
E tampouco sou irmã, já que meu único irmão
já partiu
E estou pisando um mundo que ruiu
E respirando um ar que não devolve
uma vida esquecida.
Já nem sinto saudade. Tudo passou
A saudade ou qualquer coisa que já foi
a minha verdade.
Faço um esforço imenso
pra esquecer a lembrança
e feneceu a vontade de esperança
Fico parada. O café gelou na caneca
Sem aroma , sem sabor.
Já bebi outros cafés bem mais saborosos
Quando um gole fazia todo sentido do mundo
Quando não havia constrangimento
ao falar com quem me deixou
Ao mendigar um regresso
Ao pedir um auxílio miúdo
Ao contar o que guardo no coração.
Já nem sei fazer uma oração
Não ligo para meus tantos pecados
Nem enxergo alguém ao meu lado.
Serão elegias , apenas?
Ou a vontade de um canto sofrido
Ou a alma silenciando...
À espera de um copo d'água
que me desperte, me chame à razão.
Um passo adiante, talvez
Esquecer quem fui ou serei
Ditar um verso e agradar
o meu coração que já não é coração de filha
Já não é coração de mãe
Um coração sem amigo ou irmão.
No momento, o sono não chega
A noite é comprida e tão lenta!
Na escuridão da janela
Uma dor se descortina .
Vera Popoff
No momento , o café da caneca esfriou
E o vento cessou. E o tempo parou...ali.
Não , eu já não estou e nem sou
Perdi minhas referências
Já não sou filha e já não sou mãe
Já não sou namorada e nem companheira
E tampouco sou irmã, já que meu único irmão
já partiu
E estou pisando um mundo que ruiu
E respirando um ar que não devolve
uma vida esquecida.
Já nem sinto saudade. Tudo passou
A saudade ou qualquer coisa que já foi
a minha verdade.
Faço um esforço imenso
pra esquecer a lembrança
e feneceu a vontade de esperança
Fico parada. O café gelou na caneca
Sem aroma , sem sabor.
Já bebi outros cafés bem mais saborosos
Quando um gole fazia todo sentido do mundo
Quando não havia constrangimento
ao falar com quem me deixou
Ao mendigar um regresso
Ao pedir um auxílio miúdo
Ao contar o que guardo no coração.
Já nem sei fazer uma oração
Não ligo para meus tantos pecados
Nem enxergo alguém ao meu lado.
Serão elegias , apenas?
Ou a vontade de um canto sofrido
Ou a alma silenciando...
À espera de um copo d'água
que me desperte, me chame à razão.
Um passo adiante, talvez
Esquecer quem fui ou serei
Ditar um verso e agradar
o meu coração que já não é coração de filha
Já não é coração de mãe
Um coração sem amigo ou irmão.
No momento, o sono não chega
A noite é comprida e tão lenta!
Na escuridão da janela
Uma dor se descortina .
MAL ACOMPANHADA
MAL ACOMPANHADA
Vera Popoff
Tantos anos se passaram!
Tantos anos amargurados,
desapontados , frustrados,
tristonhos e alguns, até bisonhos.
Tanta vida dividida , inibida ,
distraída e um tanto mal vivida!
Tantos sonhos pisados e esmagados,
feito fruta passada e estragada
atirada ao chão.
"Antes só do que mal acompanhada"
Minha avó repetia porque sabia
Sem condição de boa conversação
Sem a alegria da afinidade
Sem um sorriso solto
Sem compartilhar nenhuma mentira ou verdade
A vida é tão insustentável!
A tristeza chega a ser insuportável!
Escondida pelos cantos
Fingindo viver sozinha
Conversando com botões
Mirando a cara no espelho
Amuada com a desgastada imagem
Aborrecida com a falta de coragem
Abaixando , a cada dia, o volume da voz
Indignada pela incapacidade de desatar tantos nós
Assistindo o tempo passar
sem dó, sem piedade, sem nenhuma misericórdia
Já não conto os dias que se foram, pois
foram irritantemente iguais,
Com sentimentos rasos , frios,
vazios, indiferentes e banais.
Para assegurar a vida do outro
Tornei minha vida insegura
e inserida num vazio
Meu coração está tão solitário
Parece um terreno baldio.
Vera Popoff
Tantos anos se passaram!
Tantos anos amargurados,
desapontados , frustrados,
tristonhos e alguns, até bisonhos.
Tanta vida dividida , inibida ,
distraída e um tanto mal vivida!
Tantos sonhos pisados e esmagados,
feito fruta passada e estragada
atirada ao chão.
"Antes só do que mal acompanhada"
Minha avó repetia porque sabia
Sem condição de boa conversação
Sem a alegria da afinidade
Sem um sorriso solto
Sem compartilhar nenhuma mentira ou verdade
A vida é tão insustentável!
A tristeza chega a ser insuportável!
Escondida pelos cantos
Fingindo viver sozinha
Conversando com botões
Mirando a cara no espelho
Amuada com a desgastada imagem
Aborrecida com a falta de coragem
Abaixando , a cada dia, o volume da voz
Indignada pela incapacidade de desatar tantos nós
Assistindo o tempo passar
sem dó, sem piedade, sem nenhuma misericórdia
Já não conto os dias que se foram, pois
foram irritantemente iguais,
Com sentimentos rasos , frios,
vazios, indiferentes e banais.
Para assegurar a vida do outro
Tornei minha vida insegura
e inserida num vazio
Meu coração está tão solitário
Parece um terreno baldio.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
METAMORFOSE
METAMORFOSE
Vera Popoff
Estou perdida em mim mesma
Bem que eu queria encontrar-me,
vasculhar dentro de mim,
Espanar a poeira que me esconde
Derrubar as paredes que me prendem
Abrir as janelas que me guardam
tão bem guardada...que já não me encontro.
Ah, como eu queria espalhar-me
por espaços nunca ocupados,
percorrer atalhos nunca explorados,
pisar sobre as bombas enriquecidas
de todos os bloqueios ,
num campo cruelmente minado.
Eu queria envolver-me numa aura
de liberdade
Esquecer antigas e tristes histórias
Arrancar as limitações da memória
Nascer outra vez. Diferente, mais presente,
mais contente .
Expelir tudo que sufoquei...
libertar e sentir as emoções
ardentemente!
Eu queria viver uma metamorfose
Ao invés de uma alma lagarta
Virar alma borboleta e voar...voar...voar...
Vera Popoff
Estou perdida em mim mesma
Bem que eu queria encontrar-me,
vasculhar dentro de mim,
Espanar a poeira que me esconde
Derrubar as paredes que me prendem
Abrir as janelas que me guardam
tão bem guardada...que já não me encontro.
Ah, como eu queria espalhar-me
por espaços nunca ocupados,
percorrer atalhos nunca explorados,
pisar sobre as bombas enriquecidas
de todos os bloqueios ,
num campo cruelmente minado.
Eu queria envolver-me numa aura
de liberdade
Esquecer antigas e tristes histórias
Arrancar as limitações da memória
Nascer outra vez. Diferente, mais presente,
mais contente .
Expelir tudo que sufoquei...
libertar e sentir as emoções
ardentemente!
Eu queria viver uma metamorfose
Ao invés de uma alma lagarta
Virar alma borboleta e voar...voar...voar...
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