O VALE
Vera Popoff
Habito num estreito vale
entre matas e montanhas,
próximo ao Morro do Sabó!
O lugar parece triste para quem avista
E o lugar é mesmo triste para minha vista.
É mais triste ainda para o meu coração
Meu coração trouxe para cá...um passado
nunca esquecido
Uma saudade jamais vencida
E por isso...aqui entrei chorando.
Permaneci amuada, cansada com as coisas
amadas que perdi.
Cheguei querendo partir
Fiquei... desejando não ficar
Dias maçantes...um atrás do outro...
sem nada acrescentar à alma, então, vencida
Nem mesmo a sensação de estar dividida.
Não , não! Sempre inteiramente decidida
Estou fora do meu espaço
O Morro do Saboó , avistado lá adiante,
não me aconchega.
Com a mania de semear,
fui semeando, sem ilusão,
mas semeando. Sem planejamento,
sem ansiedade pela brotação, sem contentamento,
apenas para passar o insonso tempo.
E teimosamente, tudo foi brotando
Nenhum galho se importando
com a minha tristeza.
Nenhum dos sóis nascidos ,
próximo ao Morro do Saboó,
deixaram de brilhar
com o tanto de desencanto vivido.
O Universo desconhece nossas agonias,
os maus gostos , os desgostos.
O universo rege as suas leis
Independente dos sentimentos humanos
e banais.
O Universo é maiúsculo demais
para os nossos olhos.
E nós somos minúsculos demais
para a grandeza do Universo.
E próximo ao Morro do Saboó,
num triste vale, vou semeando,
pois tenho a mania irritante de semear
Um jeito impertinente de viver e produzir
Até mesmo quando juro por Deus:
-Agora eu vou desistir!
E passam os dias...próximo do Morro do Sabó
Nunca espero um amanhã.
Mas regozijo-me calada
a cada inesperada manhã!
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