terça-feira, 27 de dezembro de 2016

AOS MEUS NETOS NATHÁLIA E WILLIAM

AOS MEUS NETOS NATHÁLIA E WILLIAM
                                                                         Vera Popoff

Ah...crianças ! Enfim , foram gerados
no interior dos nossos corações!
Chegaram tímidos e arredios
Chorosos , desconfiados
Com receio de mais uma vez...não serem amados!
Olhos desenhados num rascunho
Almas talhadas na dor
Risos embutidos e a voz ...rouca , enrolada
                  travada.

Mas o sol , nas suas vidas, apagado
Eis que encontra o seu brilho de esplendor!
O movimento começou
A energia foi  renovada
E os olhos , que eram um rascunho,
estão delineados, vibrantes. Que lindo sonho!
A alma reconstruída,
O risos tão fartos , agora
A voz ...segue livre, sem rouquidão
Mas ...e o coração?
Bate , requebra e ensaia uma dança
A dança do amor e da confiança.
Vamos, crianças!
A vida os espera, radiante!
As tempestades passaram
As manhãs estão renovadas e iluminadas!
Abracem a aurora, pois o dia...
           só começou.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

EXILADA DE MIM

EXILADA DE MIM
                                        Vera Popoff

Parti para um exílio inesperado
Depois  de um bravo combate perdido
e dos sonhos tão subtraídos
e da solidariedade esquecida e
das  ilusões reprimidas e do sorriso
se transformar num reflexo, apenas,
condicionado...resolvo partir para o exílio
              de mim.
A palavra , um dia fácil, já não é fluente
E  o entusiasmo já não é presente
A essência tem fragrância descontente
Os passos perderam aquela harmoniosa  cadência
Transformei-me num sujeito sem o predicado
Num verbo intransitivo...sem complementos.
Num objeto direto...de frustrações.
Melhor é partir...
Um exílio que me imponho.
Afinal,  o tempo é instável, nada risonho.
Perseguirei outros encantos ( aqueles possíveis)
Tentarei novos rumos,  mais instigantes
Sigo...olhando adiante.
Devem existir laranjeiras , ao longe 
e sabiás cantantes,  e flores de abril.
Levo apenas um livro e um cantil
Num embornal cabe a bagagem
Um retrato de Che Guevara para inspiração
nas novas lutas . Desejo-me ...uma boa viagem.

NÃO HÁ PEÇA QUE ME IMPEÇA

NÃO HÁ PEÇA QUE ME IMPEÇA

                                        Vera Popoff
O corpo já desgastado, mas
suficientemente inda bem tratado,...
Prega-me uma aborrecida peça
E fica doente , outra vez!!


Tremores, fadiga, cansaço
Já sem a leveza de um sanhaço
Arrasta-se entre as paredes
Da janela sem resplendor.

Os olhos turvados e moles
Procuram a luz d'uma fresta
Quem sabe , a vista de raio vindouro
Faz da manhã , um momento brilhante,
           vestido de ouro.

O corpo doente, a alma temente
Juntos prometem , clamam  e rezam
Vislumbram lá "trás da colina"
Um pé da energia d'uma menina!

O corpo meio esgotado
Deseja um colchão macio,
um livro e um acolchoado
Mas a alma inusitada
quer mais, muito mais...
Quer vida iluminada!

Diz a alma ao corpo que já tropeça:
-Não há peça que me impeça
de fazer valer meu direito
de remendar , colar, transformar
a vida...num recomeço!!