EXILADA DE MIM
Vera Popoff
Parti para um exílio inesperado
Depois de um bravo combate perdido
e dos sonhos tão subtraídos
e da solidariedade esquecida e
das ilusões reprimidas e do sorriso
se transformar num reflexo, apenas,
condicionado...resolvo partir para o exílio
de mim.
A palavra , um dia fácil, já não é fluente
E o entusiasmo já não é presente
A essência tem fragrância descontente
Os passos perderam aquela harmoniosa cadência
Transformei-me num sujeito sem o predicado
Num verbo intransitivo...sem complementos.
Num objeto direto...de frustrações.
Melhor é partir...
Um exílio que me imponho.
Afinal, o tempo é instável, nada risonho.
Perseguirei outros encantos ( aqueles possíveis)
Tentarei novos rumos, mais instigantes
Sigo...olhando adiante.
Devem existir laranjeiras , ao longe
e sabiás cantantes, e flores de abril.
Levo apenas um livro e um cantil
Num embornal cabe a bagagem
Um retrato de Che Guevara para inspiração
nas novas lutas . Desejo-me ...uma boa viagem.
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