segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

EXILADA DE MIM

EXILADA DE MIM
                                        Vera Popoff

Parti para um exílio inesperado
Depois  de um bravo combate perdido
e dos sonhos tão subtraídos
e da solidariedade esquecida e
das  ilusões reprimidas e do sorriso
se transformar num reflexo, apenas,
condicionado...resolvo partir para o exílio
              de mim.
A palavra , um dia fácil, já não é fluente
E  o entusiasmo já não é presente
A essência tem fragrância descontente
Os passos perderam aquela harmoniosa  cadência
Transformei-me num sujeito sem o predicado
Num verbo intransitivo...sem complementos.
Num objeto direto...de frustrações.
Melhor é partir...
Um exílio que me imponho.
Afinal,  o tempo é instável, nada risonho.
Perseguirei outros encantos ( aqueles possíveis)
Tentarei novos rumos,  mais instigantes
Sigo...olhando adiante.
Devem existir laranjeiras , ao longe 
e sabiás cantantes,  e flores de abril.
Levo apenas um livro e um cantil
Num embornal cabe a bagagem
Um retrato de Che Guevara para inspiração
nas novas lutas . Desejo-me ...uma boa viagem.

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