quinta-feira, 23 de abril de 2020

A VIDA VAI TER QUE ESPERAR

A VIDA VAI TER QUE ESPERAR
                                    Vera Popoff

VIDA VAI TER QUE ESPERAR
Vera Popoff
Saí na madrugada
Minh'alma estranha e gelada...
Uma tristeza arretada
Preciso de espaço e sigo a caminhada
Sinto o coração bater
O som é de premonição

Teimo, desconfiada
Será que piso o grande inimigo?
Será que posso cumprimentar um amigo?
Será que a rua está bem lavada?
Será que posso alimentar o gato?
Será que a lua se importa com o terror do fato?
Será que alguém espreita o meu rastro?
Será que inspiro o ar contaminado?
Será que os meus passos levam-me ao fracasso?
Será que posso beber a água do regato?
Será que a morte ronda-me, de fato?
Será que é permitido andar este passo?
Será que encontrarei alguém no pedaço?
Perdi o rebolado
Ao ser assediada:
- Vai para casa , senhora!
- Já não posso caminhar, seu moço?
-A rua é erma
-A madrugada é escura
-A manhã inda não foi maculada
-Antes do sol nascer estarei de volta!
Não adiantou a insistência:
-Volta pra casa, senhora!
O perigo lhe ronda
O inimigo lhe sonda
A TERRA é redonda
Gira sisuda envolta em pesada sombra.
Dei meia volta
Um temor me assola
A angústia me enrola!
A caminhada está proibida
A alegria está inibida
A vida vai ter que esperar
A solidão do isolamento
O medo, meu grande tormento
A vida vai ter que esperar...
Ver mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário