sexta-feira, 7 de outubro de 2016

AMORAS

AMORAS



AMORAS
Vera Popoff
A tarde livre e solta
Sentada sob a amoreira...
Minha companhia?
Um livro. Não me lembro qual
Nem cheguei a abri-lo
Galhos carregados de penduricalhos pretinhos
Chão forrado de amoras
Na boca, o gosto de amoras
A língua prazerosa, roxa, docinha!
Um sabor da meninice
As mãos tingidas dos frutos
Alguns, esmagados entre os dedos.
Outros, tingindo também a alma descorada pela tristeza
O momento é insólito,
mais do que aborrecido,
tem sido quase insuportável!
Socorro o desalento,
embaixo do pé de amoras.
Não custa nada sonhar
Inda não nos arrancaram
a magia dos sonhos.
Como preciso d'um alento
D' alguem que diga:-
" Vai, adoça, adoça a vida!
Pinta a vida da cor das suas amoras! "
Eu finjo ouvir a notícia boa
trazida pelo vento
-Oh, vento, desalinha os meus cabelos,
Derrama mais amoras,
aqui...na minha tarde.
Enternece a dureza
Leva embora tanta rudeza
Só volte, trazendo a esperança!

Quem sabe, o gosto doce está perto, mais perto do que possamos imaginar..

 


 

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