SE É ASSIM...EU TRABALHO E FAÇO!
Vera Popoff
Se a vida está deveras triste
e sem graça!
Se a tarde é morna e simplesmente,
passa.
E se o meu poema é pobre e feio
como a desgraça,
Se tem que ser assim, eu disfarço
e algum trabalho eu faço!
Ou finjo que trabalho
Sujo as mãos de terra e semeio
Talvez nem viva o tempo da colheita
Mas insisto e mexo , e lido, e teço.
Já que tem que ser assim
Não vou clamar e clamar:- Ai de mim!
Arregaço a manga do braço
e trabalho e faço!
Incomodo quem está por perto.
-Sossega , mulher, sossega!
Não vês que estás fraca, incompetente
e da vida , quase ausente?
Insisto! Afinal, ensinaram-me só isso:
-Os bons trabalham e permanecem pobres!
Acreditei e minha vida virou um grande enguiço.
O pior que nada aprendi e falo demais
Sem ouvintes , falo comigo mesma
e ainda me respondo
Quem me fará calar , se vivo tão sozinha?
Quem irá me contradizer , se a única voz é a minha?
Se tem que ser assim...que seja
Meu velho coração nada mais almeja
Além d'um café forte
e o velho sonho
de partir para o norte.
Enquanto o horizonte , minha lida assiste
Eu suo a testa com jeito de quem não desiste.
Meu amado pai , conhecido boticário,
Trabalhou curando dores e esse, foi o seu fadário!
Se a vida está deveras triste
e sem graça
Se a noite é fria e simplesmente, passa
Se o meu poema continua pobre e feio
como a desgraça
Se tem que ser assim , eu madrugo, disfarço
e algum trabalho...faço.
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