sábado, 22 de outubro de 2016

PENALIZADA

PENALIZADA
                             Vera Popoff
É longa a minha história...
Nem sei porque  relembro e relembro e
             relembro...
Nela, na  minha história , não há heroísmo,
Sim , algum idealismo perdido
O imenso amor seduzido acabou.
Ao esquecimento foi  conduzido.
Sobraram quimeras, quase quireras,
           farelos ao chão!
Eita , história danada,
Insistiu em dizer Não!

Tenho os olhos com cataratas e
      cansados de chorar!
 Agora  secaram, enfim!
O coração, um dia humilde e  generoso
virou um seco e infértil sertão.
Já nem sinto pena de mim, nem de ti,
       nem de mais alguém!
Dane-se o mundo! Já dizia o poeta:
-"Não me chamo Raimundo!"

Foi tanta canseira me cansando
E tanta ilusão murchando
E tanta esperança devastada
E tanta mágoa acumulada
E tanta decepção, a alma, amargurando!

A história poderia ter sido mais bonita
Pobre história!! Perdeu-se nos labirintos
           do tempo.
Escolhas mal escolhidas
Decisões equivocadas
Amores jogados fora
Paixões racionais ...essa é boa!
Nem soube me apaixonar , sem pensar.

As coisas que decidi dizer
falei com voz fraca,
apenas balbuciei e o mundo
      não me escutou.
Não soube me defender das dores
Permiti que pisassem meus sonhos
Deixei que impusessem vontades
que nunca foram as minhas!

E fiquei cruel!
Sim,  cruel!
Enxergo com visão dura
Acabou-se a minha candura
Morreu a menina mulher de alma pura.
Já não me importo com nada!
Vago , agora...

Vago pelo espaço solitário
Foi o que me sobrou.
Não olho mais outros olhos
Não escuto o que não quero
Não agrado quem não merece
Fui tão penalizada que acabei assim,
              desalmada!

Não, não faço o menor esforço
para compreender  o fulano.
Não compartilho  problemas que não formulei
Nem demonstro teoremas que não inventei
Já fui penalizada demais
por culpas e erros que me imputei
Peguem os teus  equívocos e caiam fora!
Não sou doutora , apenas uma humilde professora,
sem a pretensão de ser  a palmatória do mundo
E como disse, sabiamente , o poeta:
"-Dane-se o mundo, dane-se o mundo,
 eu não me chamo Raimundo!" (Drummond)






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