sexta-feira, 28 de agosto de 2015

TALOS DE ROSEIRAS

TALOS DE ROSEIRAS

                                                      Vera Popoff

Mãos sujas da terra abençoada
Mudas de rosas: amarela, rosa, vermelha,
         tanta  pétala aveludada!
São trinta talos verdes. Vingarão ou não!
A espera não desespera
Aprendi com minha mãe Natureza
Só o tempo, faz a beleza!
A mim, resta direcionar o olhar
E o lado esquerdo do peito, suspirar!

A cova tem tamanho exato
E a alegria de aguardar é fato!
As mãos , com amor, laboram
Os olhos de enxergar a emoção , choram!
Pensamento nos talos brotando
As pequeninas folhas se agrupando
Já visualizo a rosa desabrochando....

Rumino os sonhos
Precipito no imaginário, o tempo
Acendo a luz do entusiasmo
Invoco o Universo e pasmo:
-A domesticidade  da alma com a terra
é uma cena de fascínio!
Um campo minado de flores
e a direção do ato, tem o meu domínio!
Rosas e rosas e rosas e rosas....
Que  assim seja!


             

MAIS UM DIA

MAIS UM  DIA

                                          Vera Popoff

Chegou um  dia novo.
Como será vivido?
Com prazer, com baço vigor?
Laureado de perfumes ou com queixumes?

É tão cedo ainda!
Não sei se haverão sombras
Se meus lábios sorrirão,
se as roseiras plantadas brotarão.

A alma recebe o dia que apenas
              inicia...
Quer aconchegá-lo
Nele viver o triunfo da alegria
Tratá-lo com meiguice
Cantá-lo com doce pieguice.

Na manhã observada
o orvalho na folha
A juriti no cimo pendurada
A emoção pelo novo dia, aflorada!

A vontade é viver
A vontade é amar
Basta-me apenas um dia, mais um dia
Para um canto singelo de paz.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DESAPERCEBIDA

DESAPERCEBIDA
                                  Vera Popoff

Oh, como tenho sido tola!
Décadas vividas, pouco aprendizado
Leituras, releituras e a alma,
    tão pouco observada!
Planejamento do tempo, das horas,
dos dias , semanas, anos...
Consertos, correções, revisões
Como se fosse máquina ajustável
 com ferramentas e parafusos.
Não percebi os sonhos em desuso.
Calendário obedecido, planilha organizada
E a essência tão desperdiçada!
Tal hora, tal tarefa
Tal dia, tal serventia
Tal tempo, tal acontecimento
Nenhum minuto fagueiro
Nenhum segundo onde o coração
    viesse primeiro!
A contemplação nunca permitida
A ação, sempre bem definida!
Amei sem perceber que estava amando
Desapercebida, perdi os meus  amores.
Tão atarefada! Os melhores momentos
         passei cansada!
Tão organizada, cada coisa no seu lugar,
              nada desarrumado!
O coração , sem zelo, ficou agoniado
               bate descompassado!
Apressada e agitada  não assuntei gestos e afetos,
                não correspondi sorrisos
Afinal, sempre, muito juízo!
As horas , aplicadamente obedecidas,
            correram...
Desapercebida, segui vivendo
      sem perceber a vida!
     

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A PÁGINA EM BRANCO

A PÁGINA EM BRANCO
                                                 Vera Popoff

Deixei a sua página em branco
Dias sem lhe escrever
Procurei de todo jeito
Parar de lhe aborrecer
Mas a cabeça agitada
Não para de dar piruetas
E até rabisca no vento
O que sai do pensamento!
O sol atrevido rompe a escuridão
Aguça o meu coração
A manhã iluminada
Pelos verdes  olhos d'uma menina
Inspira a primeira rima
        e talvez...
eu não consiga parar
 com a mania de rimar
e meus singelos versinhos declamar!

Ah...idade avançada
Pensa que tudo pode
Não quer saber de mais nada
A não ser pintar e bordar
Nas horas do recreio...poetar!
Alguém um dia me disse:
-"Como a idade dói!"
Dói a perna, doem costas, dói o pé
Mas minha memória ainda não dói
E uma coisa é inteira...a minha fé!

domingo, 23 de agosto de 2015

ONDE VIVO

ONDE VIVO
                                 Vera Popoff

Onde vivo agora
não tem dentro, nem fora.
Tem vazio e o infinito...
Tem a terra com mato verde
Tem o agora, mas não o  ontem.
O amanhã haverá ou não,
melhor eu pedir perdão
para alcançar a salvação!
Tem um gato que não percebo
se é alegre ou triste
seu miado é sempre igual!
Tem a moleza da sesta
Uma roupa larga e amarrotada
cabeleira fina e despenteada.
Os protestos acontecem
com a voz bem baixinha
Eu mesma ouço o meu gosto
desgosto , conforto ou desconforto.
Movimento...só dos pássaros,
 das folhas que caem,
 da flor que se  abre ou  murcha.
Cantos, ah...vários palrando
        no puro ar!
Riso,  só o meu. Ao lembrar-me
de alguém que já não vem,
mas a lembrança resiste bem!
Onde vivo agora
não tem domingo
todo dia é igual...
Tem um sonho grande
ver o galho da roseira, brotar!
Nem sei o quanto terei que esperar!
Tem neblina ao amanhecer
tem orvalho para arrefecer
a sensação que algo em mim
      vai perecer.
Meu desejo é ouvir o silêncio
e com ele , discutir, zangar,
teimar , aceitar ou não aceitar.
Quando cai a tarde
recolho-me para pensar
Decidir se ainda tenho algo a desejar
        se houver um amanhã.
 

MANHÃ DE SETEMBRO

MANHÃ DE SETEMBRO
                                                      Vera Popoff

Manhã de setembro...uma carícia
o feio virou bonito
o final voltou ao começo
o vento ventou a favor
choveu a chuva que o céu prometeu
A ilusão rasgada foi costurada
A alma desinibiu , pintou-se de azul e rosa
O coração abriu e a borboleta voando, chegou.
A boca trancada, sem palavra, sem sorriso
                 não resistiu, alegrou!
O espírito acabrunhado, ao som de setembro,
                 vibrou!
O canto engasgado  cantou e nem desafinou
O mau gosto foi para o esgoto
O bom gosto   aflorou!
A esperança depenada, esperançou
A irritação em ação, perdeu força, acalmou
A indecente preguiça bateu continência
           e tomou tenência!
O sonho atirado no lixo foi resgatado
         e reciclado.
A dor encontrou remédio
A coragem venceu o tédio
A palavra mal falada foi abafada
A cova foi aterrada e a vida...ressuscitada!

PARA VOCÊ, FILHINHA!

PARA VOCÊ, FILHINHA!
                                                     Vera Popoff

Você ficou preocupada
pois eu não lhe escrevi!
A vida nem sempre é doce, mas
sempre é uma calmaria...
Na manhã, a mesma monotonia.
Nada fora do esperado.
Na mesma hora, a mesma mania.
A monotonia entretece o meu coração..
com o brilho do sol, o verde frescor,
os tons variados, o silêncio desejado.

O dia ,  a visão do infinito, a magia...
Os males deparam-se com a singeleza,
     confundem-se e esvaem-se .
Perdem seus espaços, intimidam-se!
Não conseguem suportar um coração
ribombando tamanha e terna emoção.

SILÊNCIO

SILÊNCIO
                                Vera Popoff

Silêncio...A alma em silêncio!
O barulho da flor do ipê tombando
          no chão,
O sussurro da aurora
O deslocamento das nuvens
O crepúsculo deitando mansinho
O batimento do coração
A corrente sanguínea rompendo
         os túneis humanos
A lua suspirando Beethoven,
     Sonata ao Luar!
A rotação da Terra...acompanho
      o movimento!
O pensamento voando e competindo
            com a andorinha.
O Universo conspira ...é regido
           por ELE!


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

CORAÇÃO VERMELHO

CORAÇÃO VERMELHO
                                                    Vera Popoff

No gosto bom de um cappuccino
presto atenção e escuto o soar
           de um sino!
Chama-me:-Venha , a hora é agora!
-Blem...blem...blem..
A hora é agora!!!
Esqueço a perturbação
Encho o peito d'uma luz
sem embaçamento  e arrasto
a minha carcaça naquele vivo
       deslumbramento!
Sou livre! Sou cristalina! Sem cegueira!
Nem preciso de holofotes
O brilho está no meu coração vermelho!
Corre nas veias o sangue da juventude
transparece a vivacidade , no espelho.
Ao chamado do sino...eu sigo!

terça-feira, 18 de agosto de 2015

BOLO COM CALDA DE LÁGRIMAS

BOLO COM CALDA DE LÁGRIMAS
                                                                                                             Vera Popoff

Depois do almoço, cozinha arrumada,
louça guardada, saudade acrobata
saltando no meu coração!
Um desejo, de repente!
Na hora do lanche da tarde
um bolo do agrado delas!
O gosto da terna alegria
toda tristeza, dissolvia!

Assadeira, batedeira, maçã raladinha
banana picada, açúcar, leite e carinho!
Batendo a manteiga, os ovos e a farinha
As claras nas nuvens viravam uma festa
As vozes felizes , aparavam   as arestas!
A lembrança avivada, a voz exigente:
-Mãe, demora o meu bolo?
-Eu quero o primeiro pedaço!
-O primeiro pedaço é meu, pois sou a caçula!
-Deixa eu lamber a vasilha com a mistura?

A massa está boa, consistente ,amarelinha
            Mas estou tão sozinha!
O forno está quente, as meninas voltaram...
             estão no meu peito!
Dentro da massa , a minha ilusão!
Tem gente esperando com o pires na mão!

Que capricho! Benfazeja hora de bater o bolo
De sentir a doçura derretendo no ar
E a maciez da ternura a vibrar
As mãos ainda são bem ligeiras,
Apoiada na mentira da companhia,
retomo a tarefa. A boca que era tão doce;
agora é amarga com o gosto da solidão!
Ouço outra vez a voz de uma delas
É o eco soando na alma:
-Mãe, que demora!
-Calma, o bolo está crescendo!
E a tristeza teima, vai nascendo,
dobrando o volume no fermento
          do bolo.

Pronto! O bolo está pronto!
Falta a calda, mais leve ou espessa?
Com cravo ou canela?
Chocolate ou groselha?
Laranja ou geléia?
A lágrima rola na palidez do rosto...
Cai no bolo que está sobre a mesa
Eu faço um café bem forte
Experimento o bolo, que hoje...
tem calda bem diferente
Calda feita da lágrima insistente!
                                                                                            

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

UM PENSAMENTO


      Um pensamento
                                               Vera Popoff

Escolha a cor que mais gosta,
    vista-se dela,
    sinta-se bem!
Não fique constrangido
porque a sua cor preferida
é pelo outro ,  preterida!

O JOGO

O JOGO

                                                   (Vera Popoff)...
Acordei tão cedo, tão cedo!
-Ah, vou esperar o amanhecer, na cama
Mas uma força me impulsiona
Como se a mão meiga de alguém
Chamasse-me a brincar
          um jogo
          um jogo
o jogo da imaginação!
Inquieta, como menina travessa,
passo o pente no cabelo branco e ralo....
Meu olhar ainda é frouxo
A expressão, meio amassada
Mas levanto e vou jogar
O jogo da imaginação...
Gotas de orvalho ainda golfejam
         Nada oprime
         Nada magoa
         Nada enfraquece
         Nada grosseiro...por perto
Tudo é bom e leve e a imaginação endoidece!
Desarma tudo que pesa mais de um grama
Enlaça as ternuras que passam
Abre todas as flores do caminho
No jogo, eu mexo as peças, viajo...
Os traçados são guirlandas
As passadas são acima...do chão!
Tão solta das amarras, eu sou bonita!
Tão liberta das pequenezas, eu sou grande!!
Juntando todos os retalhos , eu sou inteira!
Vejo a lua , já esvanecida ,despedir-se do sol
Agora, sou viajante ,num cenário irresistível!


 

FRASES

FRASES

O teu sonho é o teu sonho!
Os teus anseios são teus anseios!
Não queira enquadrar o outro, dentro deles!! ( Vera Popoff)

sábado, 15 de agosto de 2015

CHAMARAM-ME POETA!

CHAMARAM-ME POETA!
                          Vera Popoff

Pois bem, chamaram-me poeta!
Jamais tive a pretensão, mas hoje.
    aceito a denominação!
Porque o poeta fala e não magoa!
Ouve o que gosta de ouvir !
Tudo que o incomoda vira rima
     que a sua alma fascina
 A fala  pronunciada, cantada,
entusiasmada ou apagada
responde a tudo que ao poeta, encanta ou
               desencanta!

Quieto, ele espera a hora!
Fingidor, ele faz de conta
que toda mentira  é verdade!
Todo inverno precede a linda primavera
O ´poeta sabe esperar as flores da estação
como quem espera o amor da sua devoção!

Polemizar? Apenas quando o assunto
                  é o luar!
Sua fascinação não se resume nas
olheiras traiçoeiras e na fala mordaz
das emoções que nasceram mortas!
O poeta atravessa o limite do vazio
Entra numa galáxia habitada de sonhos,
utopias, onde seu coração encontra abrigo!
Perambula ...a realidade é o seu castigo!

Guardados no silêncio da sua alma
estão minutos, segundos precisos e decisivos
É chegado o momento de cantar!
Final do inverno! A primavera é a hora...
Olha! Abriram-se as flores!
Até para aquele que duvidou
      das flores...

PALMOS DA VIDA

PALMOS DA VIDA
                                        Vera Popoff

Meço a vida em palmos
Tão poucos separam-me da infância!
Das ruas por onde eu caminhava
pisando tão leve sobre a maciez
          das  ternuras!

Outros tantos palmos separam-me
das estrelas do céu...por onde transito
com desenvoltura  e deslumbramento,
deixando-me afagar pela brisa da noite.

Conto mais três palmos e lá estão
as alvas margaridas puras e erguidas
na relva fresca e solitária, onde deito-me
           para sonhar!

Palmos para trás separam-me
d'algumas mágoas velhas e pesadas
que insistem, permanecem, descoram
o colorido que a alma busca!

Palmos  à frente está a esperança!
Esperança oportunista , atenta, inquieta
bulindo num peito já cansado
de aspirar , esperar e não alcançar!

Quatro palmos separam o meu coração
do coração do pássaro canoro
que canta...canta...canta.
e envolve o dia na sua melodia!

Mas milhares  de palmos separam-me
da realidade em desarmonia1
Fecho as pestanas para não vê-la
coberta de crueldade, , tão duramente,
          inacreditavelmente
                  sem
                  cor!
      


FOTO CEDIDA GENTILMENTE POR APARECIDA SANTOS CANAZZARO
         

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

FUTEBOL

FUTEBOL

                 Vera Popoff

Sair da rotina. perder a hora
Virou moda,  agora!
Isso não tem cabimento
Onde está o comprometimento??
A mulher não ouve notícia
pois diz que é tudo invencionice
Já não assiste novela
Diz que  novela é bobagem
que nada lhe traz de vantagem.
Mas... o futebol...
É louca por futebol!
Escuta um jogo no rádio,
outro na televisão
Esquece a hora do sono,
de rezar e pedir perdão!
De olho no drible e no placar
Sai e volta na sala
Num vai e vem constante
Não tem  equilíbrio, o bastante !
Tem receio que o nervoso traga azar
ao seu time do coração
E no GOL, haja pulmão!!
Quando  vacila e perde
e faz tempo que não acontece
Não dorme , de aborrecimento!
Quando seu Timão ganha
Não dorme de contentamento!
Vê se é possível tamanho gosto
Contente por não  ter sentido desgosto
Volta a perder a hora, agora
    no mês de agosto!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

TEM VERSOS

TEM VERSOS

                                             Vera Popoff

O riso é estreito ou,
A risada  é alargada
Tem versos, uma poesia!

A prosa é decente e boa
O comentário é gentil, convincente
Tem versos, uma poesia!

O trabalho é insano ou maneiro
A preguiça chegou e sentou-se
Tem versos, uma poesia!

Semeou, plantou e brotou
Não brotou, a semente não vingou
Tem versos , uma poesia!

A tarefa é manual, braçal
Exige tecnologia ou, ler filosofia
Tem versos, uma poesia!

O sol brilhou, ventou, o céu chorou
A água do rio secou, o morro desmoronou
Tem versos, uma poesia!

Alguém tem delicadeza, nobreza
Ou escorregou...na grosseria
Tem versos, uma poesia!

De verso em verso, cada dia
Tem poesia alegre ou triste,
comovente ou displicente!

         Tem versos
         Tem poesia!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A VIDA

A VIDA
                Vera Popoff

Cedeu-me a vida, Senhor!
Deste-me a chance do recomeço
Do abraço á nova missão!
Faze-me digno e bom,
grato e amoroso com meu irmão!

Humaniza-me, ajuda-me
a encontrar a mansidão!
Que eu esqueça a ingratidão,
Guia-me por onde anda a misericórdia
Endireita os meus caminhos
para que siga os passos da união!

Oh, Meu Senhor!
Auxilia-me a cuidar bem da vida
    que me destes!
Doura o sol sobre minhas intenções
Retira as trevas do meu coração!

domingo, 9 de agosto de 2015

VERSOS EM REVISTA

VERSOS EM REVISTA  
? !  .  ,  ;  :  ...
                                                   (Vera Popoff)

Passo meus versos em revista
Nem sempre a beleza é vista
Frases mal acabadas
palavras desencontradas
rimas fáceis ou mal rimadas!
Tal fato não dá desespero
Nem causa-me  auto piedade
Já passei da tenra idade
de esperar reconhecimento.
Quero apenas que a alma grite
e não fique sufocada,
que diga o que tem vontade, mas
não brigue pela verdade!
Mas pode ter toda certeza,
escrevo de coração,
mesmo quando a pontuação
fica esquecida ou,
 lembrada em demasia.
Tal fato pode ocorrer
Não sou nenhum sabichão!
Que nenhum ponto  faltando
ou uma vírgula sobrando,
sobrecarregue o seu pulmão!



?  !  ,  ;  : .  ...



CANTIGUINHA DO BURRO

CANTIGUINHA DO BURRO
                                                             (Vera Popoff)

Alguém o chamou de burro?
Pensou estar lhe ofendendo?
Liga não, meu irmão!
O insulto não teve tom grave
A não ser pela voz do insultador
Na discussão há um entrave!
Não sinta-se tão ofendido
o insulto foi mal dirigido
Pois o burro é animal nobre,
é manso, é trabalhador!
Não agride, não machuca
Trabalha de sol a sol
Paga bem o seu capim
Nunca se queixa da luta
Vive obstinada labuta!

Alguém o chamou de burro?
Se o intuito foi lhe ofender
Caiu do cavalo, da mula, ou do burro
Você não é um ser  grosseiro
Enfrente tal desafio
Responda com sua fineza
Pois sei, com toda certeza
O ofensor é algum senhor
sem conhecimento de causa
O burro é melhor educado
Do que o agressor malvado!

Oh, que santa ignorância!
Vive em plena abundância
Mas é tolo, o ofensor!
Nada conhece do burro
e exibe o título de doutor!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O BOM CRISTÃO

O BOM CRISTÃO
                                       (Vera Popoff)

Sou um bom cristão
Rezo mil Ave Marias
Sete terços todo dia
Novena de Santo Antônio
Outra de São Sebastião
Confesso os meus pecados
Comungo e ajoelho no chão
Reclamo ao dividir meu pão
Chamo de "burro", um irmão!

Sou um bom cristão!
Faço o sinal da cruz
Digo com devoção: Amém!
A partilha não me seduz!
Oh, meu Santo, abençoai
Livrai-me da tentação
Que aquele que não é meu igual
Padeça de todo mal
Morra sem o perdão
Seja julgado e receba a maior condenação
Sem comiseração!

Sou um bom cristão!
Jejuo , guardo o domingo
Assisto a missa com fé
Lugar do pobre é o rodapé!
Julgo, condeno, aplico a pena
De preferência, com crueldade
Afinal, o outro, não é gente de verdade
Não pode ter o perdão!

Sou um bom cristão!
A minha casa é abençoada
Tem telhado, tem coberta,
Até varanda iluminada!
Eu tenho merecimento
Pago o dízimo à minha igreja
Jamais reclamei do destino!
O sem teto me atrapalha
Enfeia a rua bonita
Perturba querendo abrigo
Da cidade, é um inimigo!

Sou um bom cristão!
Fervoroso e agradecido
Na mesa ,tenho fartura
Está sempre cheia a panela,
carne, verdura e grão!
Meu salário, graças a Deus, é bom
Só viajo pra Miami, de avião!
A panela do pobre coitado
está vazia, e daí?
Não sou eu que vou enchê-la!
Nunca fui pai de pançudo
Pra sustentar vagabundo!


Meu filho é menor, coitadinho!
O filho da rua é drogado, viciado
Sem piedade, que fique trancafiado!
Como vê, sou um bom cristão
Abre a porta do paraíso
pois sou homem bom, de juízo!

RIMAS FÁCEIS

RIMAS FÁCEIS
                                     (Vera Popoff)

Ah, minha alma, eu a quero leve!
Eu a quero livre , singela e nua
Eu a quero poetando a simplicidade
Não procures  palavras rebuscadas
Nem mesmo as rimas inusitadas
Podes rimar o amor com a flor
O doce jasmim com o teu jardim
Podes falar da saudade, da eternidade
Mas fales pouco da verdade!
Poesia recheada de verdade
não é poesia, é notícia, pelo menos,
               deveria...
Ah, minha alma, minha alma,
Não busques o teor da filosofia!
Atenha-te à fascinação d'uma melodia,
ao rubor das faces apaixonadas,
ao céu azul, ao verde mar, ao sol e a luz!
Já é o suficiente para uma simples poesia.
Não tens a grandeza para perfeição,
Tenha por ti mesma, a comiseração!
Contenta-te, contenta-te, minha alma,
com a mansidão que alisa e afaga
        um peito qualquer,
 que com um só verso teu... se embriaga!


                    


TRISTEZA TRANCAFIADA

TRISTEZA  TRANCAFIADA
                                                      (Vera Popoff)

Levantei um muro alto
Tranquei portas e janelas
Para a tristeza não entrar
Mas esqueci de arrancá-la
de dentro do coração
E impiedosa , atirá-la ao chão!
Ela entrou...dentro do peito
Agora, não acho jeito
de livrar-me da malvada
que machuca, fere e sangra,
como sombra desalmada!

Vergada ao peso das lágrimas
Estou bem trancafiada
Carregando o infortúnio
da mágoa tão bem marcada!
Debalde, agora procuro
a graça da salvação!
Oh, meu Deus, tem piedade
tira-me da cruel prisão!

ALFABETIZADA

ALFABETIZADA
                                     Vera Popoff

Aprendi a ler
Agora, novamente alfabetizada
estou muito mais desarmada.
Entendo a leitura , não vivo traumatizada.
Boataria , ofensas e baixaria
Viram versos, na sua maioria
Falas inúteis, pedradas de lá e de cá
Transformo em frases cômicas.
A  alma já não fica atônita !

Aprendi a ler...
Desde então, já não fico raivosa.
As palavras lidas , relidas
são passadas numa peneira
Escorrem no ralo, as asneiras!

Leio com piedade e perdão
Quando o assunto é bobagem, sem dosagem,
               mudo a voltagem
Faço uma grande viagem, na imaginação!
Se fico em desvantagem, não ligo!
Não costumo tirar vantagem
em  nenhuma situação!
Quem sabe, nas entrelinhas
fazendo uma boa triagem
fica uma boa idéia, ou bela
    figura de linguagem!

FALSIDADE

FALSIDADE
                                 Vera Popoff


Tantas linhas lhe escrevi
Mas em todas, eu menti
Jurei amor de verdade
Mas foi dura falsidade
Pois jamais amei assim!

Dos beijos, um a um, beijados
Todos foram fingimento
Perdoa o mau comportamento
Pois os beijos sem amor
São como rosa  sem perfuma
E dor sem nenhum queixume!

As juras que lhe jurei
Foram juradas em falso
Não mereço o cadafalso
Pois foi a mim que enganei!
Quem jura amor e não ama
Padece de grave doença
Pensa que sente e não sente
Sente o que , na verdade, não pensa!

Por tudo lhe peço perdão
O castigo é bem merecido
De amargar a solidão
Mas um amor mal amado
Não pode chegar ao noivado
Na raiz deve ser cortado!

SONATA AO LUAR (Beethoven)

SONATA AO LUAR  (Beethoven) (Para Ana Maria Morotti Guadanucci)
                                       Vera Popoff

Seu piano é a sua sala
Seu coração é o seu teclado,
branco e preto, os tons , semitons!
Que notas tão sensitivas!
A musica voa ... à deriva
A escala iniciada com o Lá
dedilha na alma, a beleza de
qualquer sinfonia ou sonata,
Basta que a imaginação voe ao  FÁ!
Nunca lhe faltam o" brilho e a luz"
Da linda   SONATA AO LUAR,
Fantasia , onde Beethoven,
retrata o banho na terra, da maravilha lunar!
O que almejar mais, da vida?
Se tens  no peito, um piano?
Se dedilha  o seu coração?
E  a Sonata ao Luar ressoa na imaginação?

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

BOM DIA, MEU PAI!

BOM DIA, MEU PAI!
                                         Vera Popoff

Bom dia, meu pai!
Hoje é domingo, lembrou-se?
Sente o aroma, tem cidreira no ar!
O almoço está mais gostoso
Tem assado na panela
Vaso de flor na janela
A sobremesa é doçura
com calda de caramelo!
Nossa conversa trasvasa
É boa, é animada
No domingo, pode até ser demorada!
O enredo é uma viagem
Entrego-me aos seus cuidados!
Daremos tantas risadas
Que visita abençoada!
A árvore lá do quintal
ainda abriga os sonhos,
os planos tão bem traçados,
os caminhos projetados!
Á tarde , tem futebol
Troquei a pilha do rádio.
No "crepúsculo do jogo"
Gritaremos :-GOL! GOL! GOL!
No jantar, a leve sopa esperada
A canja muito apreciada!
O brinde com vinho tinto!
Ainda há o quente café
Um meigo olhar e a nossa fé!
Não se despeça ainda
Coloca-me na macia cama
Nossa viagem segue
A ilusão é uma acesa chama!
Quero dormir olhando seu rosto.
Não se vá ! O escuro ainda me assusta!
Segura firme a minha mão
Enxerta o seu amor no meu coração!
Diga-me :-Deus abençoe!
Seu presente é o meu sorriso
quando me aconselha o juízo.
Assim que eu pegar no sono
Aciona suas asas de anjo
Aproveita a beleza da lua
e sai voando, olhando a nossa rua!

Não esqueça do beijo enviado
Com saudade e amor dobrado
Na face da minha mãe!!

BOCA SILENCIADA

BOCA SILENCIADA

                                     Vera Popoff
Sem poesia e sem ironia...
A boca está cansada
A palavra está guardada
A mente está , como sempre, agitada!
Como dizia um amigo
que praticava a filosofia
sentado no bar da esquina:
"-Quando a palavra esgota
o melhor é silenciar a boca, mas...
nunca silencia a tua alma!"
Entendi o recado, boca silenciada
E a alma:-AI, que delícia... extravasada!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

NOSSO SÁBADO

NOSSO SÁBADO
                                    Vera Popoff

.
Num sábado de correria e movimento
Quando marquei cada olhar, cada momento
Caminhadas, compras, olhares atentos
Vivemos um dia de muito cansaço, mas
quanto contentamento!
O delicioso almoço das Arábias
Muito riso e o doce enroladinho
Berinjelas, folhas de uvas, quibes e coalhadas
E o prazer dentro do peito, guardadinho!
Manicures, a rotina indo para o espaço
Elevo o pensamento ao céus presentes
E já sinto no peito as suas ausências!
Mas sei , a cada dia, fortalecemos mais
os laços!.
 

DE DOMINGO A DOMINGO

DE DOMINGO A DOMINGO
                                                  Vera Popoff

DE DOMINGO A DOMINGO

                                               (Vera Popoff)...
Como é que é??
Domingo, dia de trabalho??
De trabalho na sombra, sem tempo marcado
e sem compromisso.
Sem prazo de entrega,
Feito com gosto, com amor
e temperado com o cheiro
de erva da terra e de flor!
Trabalho com o brilho do sol
Presente com alegria recebido e
muito bem agradecido!
Coração leve, desinibido!
O inverno fez feriado
deixou o dia rolar ensolarado!
Vestidos da liberdade
Roupa confortável a qualquer idade.
Fazendo apenas, o que dá vontade
Nada de responsabilidade!


    

ALQUIMIA

ALQUIMIA
                       Vera Popoff
ALQUIMIA

                                        Vera Popoff...
Quando bate a nostalgia
Caminho na rua dos sonhos
Tento encontrar a alegria
Num pensamento suave, risonho!
Na santa graça de viver mais um dia!
Quando a tristeza insiste
Olho o céu, abraço as nuvens
Busco as venturas de outrora
E as vivo, como se fossem agora!
Quando a solidão oprime
Vejo nela , o silêncio sublime
Olho à volta e não me queixo,
Recolho as lágrimas que caem
Quem sabe, viram perfume
Numa mágica alquimia
E a solidão veste-se da
 alegria!!


    

PASSARINHO, PASSARINHO!

PASSARINHO, PASSARINHO!!

                                                Vera Popoff
Passou voando baixinho
Não sei qual seu nome ou cor...
Só vi as asas ligeiras
Que bateram de mansinho
E fizeram um doce carinho
Ao meu triste coração!


VERSOS SINGELOS

VERSOS SINGELOS
FOTO DA FOTÓGRAFA DIRCE MITUUTI
                                       

VERSOS SINGELOS 2

                                      Vera Popoff...
O sol anda madrugando
Cansou de tanta preguiça
Brilha cedo, é deslumbrante!
Luz, calor, vida, o bastante,
para o dia que se inicia!
Vivendo com tal abundância
de beleza e tanta brilhância
A tristeza se evapora
Melancolia vai embora
sob o calor confortante!
O coração despertado
fica de sentinela
Não quer perder nenhum laivo
Da luz recebendo a manhã!
Vou viver bem devagar...
O espetáculo, apreciar
Preocupação??Mando andar
e tão cedo, não voltar!


 

SIMPLES VERSINHOS

SIMPLES VERSINHOS  

                                                Vera Popoff
Não é a mais linda delas
Não é a flor que almejava...
pois nem perfume exalava!
Mas coube tão encaixada
na palma da minha mão
e afastou a solidão!
Trouxe para o meu dia,
ternura, amor, alegria!



 

domingo, 2 de agosto de 2015

ESCREVER É O MEU REPOUSO

ESCREVER É O MEU REPOUSO
                                                        Vera Popoff

Não entendi o porquê de tantas tarefas
Jamais as desejei ou com elas , sonhei!
Mas aí estão! Todos os dias e horas
Rapidamente ou com tardança vão sendo cumpridas
               ou descumpridas... pelo cansaço.
Arrasto o tempo e arrasto com tédio , as tarefas!
O suor escorrendo na fronte, já lívida  e estéril
                    de sonhos!
Lamento, mas não choro! A lágrima  escorrida
desnudará minha fraqueza guardada, escondida!
Nem de tristeza morrerei, pois não darei tal gosto
          ao destino que jamais busquei!
Deixo passar a tarde sentida e espero o horizonte
É nele que derramo a fadiga , rapto vagalumes,
debulho os grãos do meu sorriso e extraio as essências
          que trarão para a noite, os perfumes!           
Um papel  qualquer, um devaneio , um dicionário,
uma gramática, um pensamento buscado no imaginário!
Escrever é o meu recreio! Escrever é o meu repouso!
Escrever é o grito do meu coração que,  num fragor,
 lança as palavras ...eu vou catando-as do chão!

         
           

O SÁBADO

O SÁBADO
                                VERA POPOFF

Num sábado de correria e movimento
Quando marquei cada olhar, cada momento
Caminhadas, compras, olhares atentos
Vivemos um dia de muito cansaço, mas
         quanto contentamento!

O delicioso almoço das Arábias
Muito riso e o doce enroladinho
Berinjelas, folhas de  uvas, quibes e coalhadas
E o prazer dentro do peito, guardadinho!

Manicures, a rotina indo para o espaço
Elevo o pensamento ao céus presentes
E já sinto no peito as suas ausências!
Mas sei, que a  cada dia, fortalecemos os laços!