quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DESAPERCEBIDA

DESAPERCEBIDA
                                  Vera Popoff

Oh, como tenho sido tola!
Décadas vividas, pouco aprendizado
Leituras, releituras e a alma,
    tão pouco observada!
Planejamento do tempo, das horas,
dos dias , semanas, anos...
Consertos, correções, revisões
Como se fosse máquina ajustável
 com ferramentas e parafusos.
Não percebi os sonhos em desuso.
Calendário obedecido, planilha organizada
E a essência tão desperdiçada!
Tal hora, tal tarefa
Tal dia, tal serventia
Tal tempo, tal acontecimento
Nenhum minuto fagueiro
Nenhum segundo onde o coração
    viesse primeiro!
A contemplação nunca permitida
A ação, sempre bem definida!
Amei sem perceber que estava amando
Desapercebida, perdi os meus  amores.
Tão atarefada! Os melhores momentos
         passei cansada!
Tão organizada, cada coisa no seu lugar,
              nada desarrumado!
O coração , sem zelo, ficou agoniado
               bate descompassado!
Apressada e agitada  não assuntei gestos e afetos,
                não correspondi sorrisos
Afinal, sempre, muito juízo!
As horas , aplicadamente obedecidas,
            correram...
Desapercebida, segui vivendo
      sem perceber a vida!
     

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