Vera Popoff
Meço a vida em palmos
Tão poucos separam-me da infância!
Das ruas por onde eu caminhava
pisando tão leve sobre a maciez
das ternuras!
Outros tantos palmos separam-me
das estrelas do céu...por onde transito
com desenvoltura e deslumbramento,
deixando-me afagar pela brisa da noite.
Conto mais três palmos e lá estão
as alvas margaridas puras e erguidas
na relva fresca e solitária, onde deito-me
para sonhar!
Palmos para trás separam-me
d'algumas mágoas velhas e pesadas
que insistem, permanecem, descoram
o colorido que a alma busca!
Palmos à frente está a esperança!
Esperança oportunista , atenta, inquieta
bulindo num peito já cansado
de aspirar , esperar e não alcançar!
Quatro palmos separam o meu coração
do coração do pássaro canoro
que canta...canta...canta.
e envolve o dia na sua melodia!
Mas milhares de palmos separam-me
da realidade em desarmonia1
Fecho as pestanas para não vê-la
coberta de crueldade, , tão duramente,
inacreditavelmente
sem
cor!
FOTO CEDIDA GENTILMENTE POR APARECIDA SANTOS CANAZZARO |
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