CANTO III
Vera Popoff
No rinque da luta estéril
joguei a toalha.
Acabou. Cansei. Vou embora.
Não chamem
Não olho pra trás.
Reduzi meus anseios
Engoli meus prazeres
com língua de fel.
Apaguei minha luz,
os olhos cerrei,
no caminho...estanquei.
Cansei. Vou embora.
Não chamem
Não olho pra trás.
Enfastiei-me de tudo
Agora eu cuspo no entulho
que acumulei no meu mundo pequeno
e capenga demais , com o qual jamais sonhei.
Cansei. Vou embora.
Não chamem
Não olho pra trás
Se não parto, eu morro!
Preciso banhar-me de vida!
Buscar outra aurora...
Ouço chamados do vento
e me agito.
Aciono as asas feridas
Ensaio meu voo
Cansei. Vou embora.
Não sou predestinado à dor
Inda tenho ilusão escondida , abafada,
quebrada e que pode ser restaurada
Vou tirar todo o pó que juntou
e desbrilhou os meus sonhos.
Clarear as penumbras
enluarar a cegueira .
Não sou proscrito
Vou abrir a minha porta,
gritar o meu grito,
matar minha fome,
beber minha sede,
chorar minha lágrima e
rir o meu riso.
Encarar outros mundos,
abraçar amplidões que desconhecia
Desenterro a minha vida.
Vou subir, pegar e brilhar
com a derradeira estrela.
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