sexta-feira, 19 de agosto de 2016

VELHA

VELHA
                          Vera Popoff

Hesitei, a língua enrolei,
o suor fraco escorregou,
O silêncio é "mais pequeno"
do que eu gostaria.
Senti receios, recuei para não dizer:
-Nossa , como estou velha!

Minha carcaça dói porque é velha
A alma não acende , está velha!
Desejos tão velhos,
mágoas velhas
dores velhas.
Tristezas e alegrias enrugadas
        de velhas.

O espelho não esconde:- Velha!
Cara amassada, beiços caídos,
olhar sem relumes...velhos!
E o sangue engrossado,
mal passa pelas veias entupidamente
                  velhas.

Os passos tão lentos deslizam
como passos de uma velha.
O coração tão languente com batidas
repetidas , entediadas e velhas .
Esperas e esperanças que de tanto esperar
            ficaram velhas.

Ilusões não sobreviveram...de velhas.
Saudades tão velhas deixaram de ter importância.
As lembranças velhas estão tão apagadas!!
O pensamento , ficou lá longe , no tempo
e as ideias ficaram velhas.

A casa que abriga-me é estranha e velha
Não é a casa desejada, imaginada, sonhada
Tem paredes de tinta velha
Fantasmas que, de velhos, já não assustam.
Nossa , que  palavra velha!
Linguagem velha ,
Ortografia velha,
O livro , de tão velho, ainda diz fharmácia!
ainda conta aquela história velha.

Teimo e faço poesia.
Poesia velha, construída de rimas velhas
A verdade verdadeira está aí !
Fiquei velha e sinto um velho desânimo
Não reajo a tantos estímulos velhos, pois
pobre fé , pobre força!
     Tão velhos!

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