NATÁLIA POPOFF
Vera Popoff
Nasci do bendito ventre
de Natália Popoff
Cresci grudada, quase amarrada,
tão apertada e aconchegada no seio
de Natália Popoff.
Suguei a sua seiva
Arranquei a sua carne
Usei o seu cérebro
para me construir.
Natália Popoff nunca foi gente comum
Não me lembro de minha mãe suada ou
despenteada , desarrumada ou mal humorada!
Natália Popoff era tão bonita!
Beleza doce, mágica e suave
Jeito cuidado, pele macia,
gestos elegantes, maneiras finas...
Natália Popoff falava baixo
com sonoridade pianísssimo.
Cada palavra entrava no peito do ouvinte
e ficava...forte, inesquecível!
Natália Popoff não era "do lar",
preferia as letras
Amava os poetas , lia Castro Alves,
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu.
Como se deliciava com as falas
de José de Alencar.
E discutia com Machado de Assis!
Seus olhos...Ah, os seus olhos!
Um olhar que enternecia, que nos estremecia
de emoção!
Olhos da cor do mel,
assim como a sua boca
contornada e besuntada do mel
da flor!
As mãos de Natália Popoff
eram de renda e teciam rendas.
Tão pequeninas e brancas,
mas fortes e se agigantavam criando artes.
Seguravam com energia, sem machucar
o filho, a filha , seu homem...meu pai.
Natália Popoff foi mais que mãe!
Foi mestra, foi conforto, foi coração,
foi pele, foi confiança, foi tanto amor!
Foi afirmação, o centro e a coragem!
Foi o sangue quente das nossas veias
O cérebro do nosso lar!
Foi a indicação dos nossos caminhos
a luz dos nossos sóis , a lua das nossas noites.
Eu sentia tanta veneração!
Que orgulho ao olhar seu rosto e dizer:
-Minha Mãe!!
Nela , eu me ancorava e me envolvia e me deleitava!
Ela ainda era o porto seguro do meu irmão
e do meu pai.
Sou Vera Popoff porque nasci
de Natália Popoff.
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