AS MENINAS DO RETRATO
Vera Popoff
Na cabeceira da cama
Galeria de retratos pendurados
São sempre das duas meninas
Uma dos olhos de mel,
Outra dos olhos de mar.
Os sorrisos são bonitos, puros , gentis
Os semblantes são a luz nos meus retratos
Mas hoje , tudo parece distante e tão abstrato!
Cismo e insisto em me machucar:- será??
Será que já foram um dia, a minha verdade?
Ou serão apenas delírio da minha avançada idade?
Já não sinto os braços envolvendo o meu pescoço
Já não ouço as vozes reclamando, pedindo, chamando:
-Mãe! Mãe! Mãe!
Já não sinto o toque dos lábios , no meu rosto!
As meninas do retrato , com seus vestidos de gala
Roupas caipiras da quadrilha, fantasias do ballet.
A máquina de costura varando as noites naquela cadência
As roupas escolhidas e por elas exigidas
Prontas , bem costuradas, acabamentos perfeitos
Nos rostinhos , um relume de alegria
A vida...que doce magia!
Partiram...as meninas do retrato
Hoje são apenas um substantivo abstrato.
Não posso toca-las, mal posso ama-las,
São figuras , são lembranças, são um vazio de esperança.
Fui mãe , hoje sou um caso a ser comentado
Uma história para ser contada.
Cresceram...se foram...
Uma delas é muito ocupada.
Fez mestrado, fez doutorado
E sempre muito inteligente
Prepara a livre docência
Para isso não lhe falta a competência!
"-Mãe, depois do título conquistado
Daqui nove ou dez meses
Um ano ou mais , talvez
Vou visita-la , mais uma vez!"
Eu fico orgulhosa e tão contente!
A outra com vida corrida
Filhos , trabalho, marido,
ginástica, dança, mil compromissos, me diz:
-Mãe , vou ficar afastada
Você está contrariada, fica doente , amuada
Já não me ajuda em nada!
Tenho a cumprir , uma grande e nobre missão
Você não entende e não estende a sua mão
E me deixa cansada e magoada!
Eu fico desapontada , faço uma penitência!
Paciência, já nem sinto a solidão
Vivo agora, com o que tenho à mão
Um companheiro manso de coração
Um jardim que exige o trabalho das mãos
O fogão com comida quentinha
Pincéis , agulhas e linhas...
Os retratos tratados com todo cuidado
-Uma rica abstração!
Acendo a luz do meu quarto
Olho os antigos retratos
São lindos, mas apenas...
um substantivo abstrato!
terça-feira, 25 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
SE É ASSIM...EU TRABALHO E FAÇO
SE É ASSIM...EU TRABALHO E FAÇO!
Vera Popoff
Se a vida está deveras triste
e sem graça!
Se a tarde é morna e simplesmente,
passa.
E se o meu poema é pobre e feio
como a desgraça,
Se tem que ser assim, eu disfarço
e algum trabalho eu faço!
Ou finjo que trabalho
Sujo as mãos de terra e semeio
Talvez nem viva o tempo da colheita
Mas insisto e mexo , e lido, e teço.
Já que tem que ser assim
Não vou clamar e clamar:- Ai de mim!
Arregaço a manga do braço
e trabalho e faço!
Incomodo quem está por perto.
-Sossega , mulher, sossega!
Não vês que estás fraca, incompetente
e da vida , quase ausente?
Insisto! Afinal, ensinaram-me só isso:
-Os bons trabalham e permanecem pobres!
Acreditei e minha vida virou um grande enguiço.
O pior que nada aprendi e falo demais
Sem ouvintes , falo comigo mesma
e ainda me respondo
Quem me fará calar , se vivo tão sozinha?
Quem irá me contradizer , se a única voz é a minha?
Se tem que ser assim...que seja
Meu velho coração nada mais almeja
Além d'um café forte
e o velho sonho
de partir para o norte.
Enquanto o horizonte , minha lida assiste
Eu suo a testa com jeito de quem não desiste.
Meu amado pai , conhecido boticário,
Trabalhou curando dores e esse, foi o seu fadário!
Se a vida está deveras triste
e sem graça
Se a noite é fria e simplesmente, passa
Se o meu poema continua pobre e feio
como a desgraça
Se tem que ser assim , eu madrugo, disfarço
e algum trabalho...faço.
Vera Popoff
Se a vida está deveras triste
e sem graça!
Se a tarde é morna e simplesmente,
passa.
E se o meu poema é pobre e feio
como a desgraça,
Se tem que ser assim, eu disfarço
e algum trabalho eu faço!
Ou finjo que trabalho
Sujo as mãos de terra e semeio
Talvez nem viva o tempo da colheita
Mas insisto e mexo , e lido, e teço.
Já que tem que ser assim
Não vou clamar e clamar:- Ai de mim!
Arregaço a manga do braço
e trabalho e faço!
Incomodo quem está por perto.
-Sossega , mulher, sossega!
Não vês que estás fraca, incompetente
e da vida , quase ausente?
Insisto! Afinal, ensinaram-me só isso:
-Os bons trabalham e permanecem pobres!
Acreditei e minha vida virou um grande enguiço.
O pior que nada aprendi e falo demais
Sem ouvintes , falo comigo mesma
e ainda me respondo
Quem me fará calar , se vivo tão sozinha?
Quem irá me contradizer , se a única voz é a minha?
Se tem que ser assim...que seja
Meu velho coração nada mais almeja
Além d'um café forte
e o velho sonho
de partir para o norte.
Enquanto o horizonte , minha lida assiste
Eu suo a testa com jeito de quem não desiste.
Meu amado pai , conhecido boticário,
Trabalhou curando dores e esse, foi o seu fadário!
Se a vida está deveras triste
e sem graça
Se a noite é fria e simplesmente, passa
Se o meu poema continua pobre e feio
como a desgraça
Se tem que ser assim , eu madrugo, disfarço
e algum trabalho...faço.
ENQUANTO FUI MÃE
"Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra." (Coelho Neto)
ENQUANTO FUI MÃE
Vera Popoff
Fui mãe , enquanto gerei o filho
no meu ventre! Fui mãe ao sentir a dor
para fazer a vida tua!
Fui mãe ao te dar a pura seiva do meu seio.
Fui mãe ao aconchegar-te nos meus braços
E desejar que a febre tua , fosse minha.
Fui mãe ao acalentar no berço, o anjo!
Fui mãe ao sorrir do teu sorriso
e quando o mundo brilhou nos olhos teus.
Fui mãe ao ensinar-te o pouco que eu sabia
Fui mãe ao pernoitar ao lado teu,
tentando desvendar aquele amor!
Fui mãe quando o amparei
nas tuas quedas e mãe , e mãe..
quando nem quis saber da minha vida
A tua vida , então , era tudo que importava!
Fui mãe quando entreguei-te
o melhor de mim. E quando ficava mais bonita
para ti!
Fui mãe , segurando a tua mão,
protegendo-o dos teus tolos medos
E quando destruí tantos perigos
para deixa-lo a salvo!
Fui mãe ao levá-lo para escola
E chorar , já...de saudade!
Mas meu filho, tu cresceste!!
E passou a resolver a tua própria vida
sem me consultar.
Já não pedia que eu fizesse um bolo
Já não sentia frio para eu te agasalhar.
Já não dormia junto a mim
E ao despertar , teu quarto...um vazio!
Enquanto fui tua mãe , fui tão feliz!
Agora, quase não te vejo
E nos encontramos , brevemente,
assim que te sobra um tempo!
Estou velha. Já não tenho vigor
para te fortalecer. Ranzinza ,
já não tenho a solução para os teus
problemas.
Enquanto fui a tua mãe
Ai , como te amei !
Agora, sem serventia,
ai...como inda te amo!
Longe dos meus olhos , mas dentro
da minha alma estás e permanecerás!
Eu nem me importo se ainda sou a tua mãe,
ou não,
Tu... sempre serás o meu filho!
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra." (Coelho Neto)
ENQUANTO FUI MÃE
Vera Popoff
Fui mãe , enquanto gerei o filho
no meu ventre! Fui mãe ao sentir a dor
para fazer a vida tua!
Fui mãe ao te dar a pura seiva do meu seio.
Fui mãe ao aconchegar-te nos meus braços
E desejar que a febre tua , fosse minha.
Fui mãe ao acalentar no berço, o anjo!
Fui mãe ao sorrir do teu sorriso
e quando o mundo brilhou nos olhos teus.
Fui mãe ao ensinar-te o pouco que eu sabia
Fui mãe ao pernoitar ao lado teu,
tentando desvendar aquele amor!
Fui mãe quando o amparei
nas tuas quedas e mãe , e mãe..
quando nem quis saber da minha vida
A tua vida , então , era tudo que importava!
Fui mãe quando entreguei-te
o melhor de mim. E quando ficava mais bonita
para ti!
Fui mãe , segurando a tua mão,
protegendo-o dos teus tolos medos
E quando destruí tantos perigos
para deixa-lo a salvo!
Fui mãe ao levá-lo para escola
E chorar , já...de saudade!
Mas meu filho, tu cresceste!!
E passou a resolver a tua própria vida
sem me consultar.
Já não pedia que eu fizesse um bolo
Já não sentia frio para eu te agasalhar.
Já não dormia junto a mim
E ao despertar , teu quarto...um vazio!
Enquanto fui tua mãe , fui tão feliz!
Agora, quase não te vejo
E nos encontramos , brevemente,
assim que te sobra um tempo!
Estou velha. Já não tenho vigor
para te fortalecer. Ranzinza ,
já não tenho a solução para os teus
problemas.
Enquanto fui a tua mãe
Ai , como te amei !
Agora, sem serventia,
ai...como inda te amo!
Longe dos meus olhos , mas dentro
da minha alma estás e permanecerás!
Eu nem me importo se ainda sou a tua mãe,
ou não,
Tu... sempre serás o meu filho!
sábado, 22 de outubro de 2016
PENALIZADA
PENALIZADA
Vera Popoff
É longa a minha história...
Nem sei porque relembro e relembro e
relembro...
Nela, na minha história , não há heroísmo,
Sim , algum idealismo perdido
O imenso amor seduzido acabou.
Ao esquecimento foi conduzido.
Sobraram quimeras, quase quireras,
farelos ao chão!
Eita , história danada,
Insistiu em dizer Não!
Tenho os olhos com cataratas e
cansados de chorar!
Agora secaram, enfim!
O coração, um dia humilde e generoso
virou um seco e infértil sertão.
Já nem sinto pena de mim, nem de ti,
nem de mais alguém!
Dane-se o mundo! Já dizia o poeta:
-"Não me chamo Raimundo!"
Foi tanta canseira me cansando
E tanta ilusão murchando
E tanta esperança devastada
E tanta mágoa acumulada
E tanta decepção, a alma, amargurando!
A história poderia ter sido mais bonita
Pobre história!! Perdeu-se nos labirintos
do tempo.
Escolhas mal escolhidas
Decisões equivocadas
Amores jogados fora
Paixões racionais ...essa é boa!
Nem soube me apaixonar , sem pensar.
As coisas que decidi dizer
falei com voz fraca,
apenas balbuciei e o mundo
não me escutou.
Não soube me defender das dores
Permiti que pisassem meus sonhos
Deixei que impusessem vontades
que nunca foram as minhas!
E fiquei cruel!
Sim, cruel!
Enxergo com visão dura
Acabou-se a minha candura
Morreu a menina mulher de alma pura.
Já não me importo com nada!
Vago , agora...
Vago pelo espaço solitário
Foi o que me sobrou.
Não olho mais outros olhos
Não escuto o que não quero
Não agrado quem não merece
Fui tão penalizada que acabei assim,
desalmada!
Não, não faço o menor esforço
para compreender o fulano.
Não compartilho problemas que não formulei
Nem demonstro teoremas que não inventei
Já fui penalizada demais
por culpas e erros que me imputei
Peguem os teus equívocos e caiam fora!
Não sou doutora , apenas uma humilde professora,
sem a pretensão de ser a palmatória do mundo
E como disse, sabiamente , o poeta:
"-Dane-se o mundo, dane-se o mundo,
eu não me chamo Raimundo!" (Drummond)
Vera Popoff
É longa a minha história...
Nem sei porque relembro e relembro e
relembro...
Nela, na minha história , não há heroísmo,
Sim , algum idealismo perdido
O imenso amor seduzido acabou.
Ao esquecimento foi conduzido.
Sobraram quimeras, quase quireras,
farelos ao chão!
Eita , história danada,
Insistiu em dizer Não!
Tenho os olhos com cataratas e
cansados de chorar!
Agora secaram, enfim!
O coração, um dia humilde e generoso
virou um seco e infértil sertão.
Já nem sinto pena de mim, nem de ti,
nem de mais alguém!
Dane-se o mundo! Já dizia o poeta:
-"Não me chamo Raimundo!"
Foi tanta canseira me cansando
E tanta ilusão murchando
E tanta esperança devastada
E tanta mágoa acumulada
E tanta decepção, a alma, amargurando!
A história poderia ter sido mais bonita
Pobre história!! Perdeu-se nos labirintos
do tempo.
Escolhas mal escolhidas
Decisões equivocadas
Amores jogados fora
Paixões racionais ...essa é boa!
Nem soube me apaixonar , sem pensar.
As coisas que decidi dizer
falei com voz fraca,
apenas balbuciei e o mundo
não me escutou.
Não soube me defender das dores
Permiti que pisassem meus sonhos
Deixei que impusessem vontades
que nunca foram as minhas!
E fiquei cruel!
Sim, cruel!
Enxergo com visão dura
Acabou-se a minha candura
Morreu a menina mulher de alma pura.
Já não me importo com nada!
Vago , agora...
Vago pelo espaço solitário
Foi o que me sobrou.
Não olho mais outros olhos
Não escuto o que não quero
Não agrado quem não merece
Fui tão penalizada que acabei assim,
desalmada!
Não, não faço o menor esforço
para compreender o fulano.
Não compartilho problemas que não formulei
Nem demonstro teoremas que não inventei
Já fui penalizada demais
por culpas e erros que me imputei
Peguem os teus equívocos e caiam fora!
Não sou doutora , apenas uma humilde professora,
sem a pretensão de ser a palmatória do mundo
E como disse, sabiamente , o poeta:
"-Dane-se o mundo, dane-se o mundo,
eu não me chamo Raimundo!" (Drummond)
CÃES, NÃO!
Pasmem, se for o caso. Jamais apreciei cães ou gatos. Bichos perto de mim, roçando minha pele, são castigo para o meu coração.
Mas , por força das circunstâncias, fui obrigada, quase condenada a conviver com eles a maior parte de minha vida. Certa vez , tive que cuidá-los e limpá-los por um grande período. Se é verdade que pagamos pecados na Terra, paguei grande parte dos meus!
CÃES , NÃO!
Vera Popoff
Já que todos se foram
Coube a mim, cuidar dos cães da família.
São vinte ou trinta
Não me atrevo a conta-los!
O que sei é que recolho, diariamente,
quilos de bosta!
Meus sapatos ficam atolados na bosta
Minhas vestes, respingadas de bosta.
Meus sonhos , maculados pela bosta.
Minha vida está uma verdadeira bosta!
Meus planos e projetos lambuzados de bosta
Os cães ladram
Meus ouvidos doem
Minhas narinas impregnam-se do cheiro
da bosta!
Minha boca tem o gosto da bosta
A garganta irritada de tanto engolir
esta bosta de sina canina!
Mergulhei a alma na bosta
Chafurdei, esperneei e lutei
Mas não consegui me livrar de tanta bosta!
Dos meus olhos caem lágrimas tingidas
de bosta.
Tantas leituras e estudo da filosofia,
a política, a sociologia, a ideologia...
E acabo com a minha vida
afundada na bosta!!
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
FINJO
FINJO
Vera Popoff
Finjo!
Aprendi a fingir, como ninguém
Finjo para ele...
digo que lhe tenho desejo
Finjo para a noite
De pálpebras cerradas
finjo sono.
Finjo para o dia
digo que não sinto preguiça
finjo que trabalho, mas
caio na poltrona, espreguiçada!
E sigo, fingindo
É só o que sei fazer...fingir
Se estou aborrecida
Finjo contentamento!
Raivosa, finjo o perdão!
Disfarço bem , toda a indignação.
Finjo suportar o insuportável
E finjo compreensão
mesmo quando nada compreendo
Finjo aceitar o inaceitável.
Finjo ser maleável
mesmo dura como uma pedra.
Finjo comemorar uma data
De verdade, datas pouco me importam!
O pior está por vir, pois
eu finjo ter fé, quando
sei o quão sou descrente.
E finjo que está tudo bem
Finjo que , mesmo cansada
posso ir além!
Finjo que não sou magoada,
que não estou enjoada
e que vivo conformada.
Ah...finjo que não doeu
e que o desprezo nem me feriu
Finjo que o golpe não me esmoreceu
e que a vida foi leve, que o mundo é tão bom!
Finjo que sinto a paz
quando sou inteira...guerra!
Finjo que sou boazinha
Mulher recatada,
alma bem comportada,
mas ... não posso ser desvendada!
Finjo que não me importei,
que apesar de tudo, eu amei!
E finjo ser um poço de alegria
quando na verdade, tudo é só fantasia
Finjo, finjo e pronto!
Por que o espanto?
Vera Popoff
Finjo!
Aprendi a fingir, como ninguém
Finjo para ele...
digo que lhe tenho desejo
Finjo para a noite
De pálpebras cerradas
finjo sono.
Finjo para o dia
digo que não sinto preguiça
finjo que trabalho, mas
caio na poltrona, espreguiçada!
E sigo, fingindo
É só o que sei fazer...fingir
Se estou aborrecida
Finjo contentamento!
Raivosa, finjo o perdão!
Disfarço bem , toda a indignação.
Finjo suportar o insuportável
E finjo compreensão
mesmo quando nada compreendo
Finjo aceitar o inaceitável.
Finjo ser maleável
mesmo dura como uma pedra.
Finjo comemorar uma data
De verdade, datas pouco me importam!
O pior está por vir, pois
eu finjo ter fé, quando
sei o quão sou descrente.
E finjo que está tudo bem
Finjo que , mesmo cansada
posso ir além!
Finjo que não sou magoada,
que não estou enjoada
e que vivo conformada.
Ah...finjo que não doeu
e que o desprezo nem me feriu
Finjo que o golpe não me esmoreceu
e que a vida foi leve, que o mundo é tão bom!
Finjo que sinto a paz
quando sou inteira...guerra!
Finjo que sou boazinha
Mulher recatada,
alma bem comportada,
mas ... não posso ser desvendada!
Finjo que não me importei,
que apesar de tudo, eu amei!
E finjo ser um poço de alegria
quando na verdade, tudo é só fantasia
Finjo, finjo e pronto!
Por que o espanto?
EI, CORAÇÃO!
EI, CORAÇÃO!
Vera Popoff
Ofereço a poesia para minha amada amiga Camila.
-Camila, poucas vezes nos encontramos , mas sempre, sempre nos quisemos tanto e nos identificamos e nos amamos. Somos a carne e somos o fogo e somos o sangue e somos a água...
Ei, coração!
Como estás sofrido!
Tens a aparência da terra arrasada
Mas a essência ...ah, a essência,
tão delicada, tão preservada, tão, tão
leve e perfumada!
Ei, meu coração!
Ferido, consegue sangrar amor.
Astuto, camufla a dor!
Choroso, finge e sorri ardiloso.
Em farrapos , tens a força
para cerzir tantos trapos!
Remendas tuas veias tinhosas, às vezes manhosas,
Mas sempre vermelhas do mais púrpuro sangue!
Ei, coração!
Meu valente coração!
Infeliz daquele que faz pouco de ti
És o vigor de toda uma vida sofrida,
tantas vezes renascida e nunca partida!
Tu nunca estás a sós!
Desatas todos os teus nós,
Pulsa , salta um carpado dobrado
e lança a tua energia nos flancos doloridos,
mas inda tão ativos e tão vivos!
Ei, coração!
São ventos da leste, do oeste,
Tempestades de sustos
Tsunamis de medos guardados em segredo.
E quando o imaginam desamparado, largado,
abandonado...
Eis que salta no peito , todo alvoroçado,
meu coração arretado!
Ei, coração!
Somos sangue pungente
Somos o fogo ardente
Somos a água corrente
Somos a paixão, a coragem,
a carne embriagada que inspira
uma singela e sincera
poesia.
Ei, coração,
no meu peito,
a rubra poesia!
Vera Popoff
Ofereço a poesia para minha amada amiga Camila.
-Camila, poucas vezes nos encontramos , mas sempre, sempre nos quisemos tanto e nos identificamos e nos amamos. Somos a carne e somos o fogo e somos o sangue e somos a água...
Ei, coração!
Como estás sofrido!
Tens a aparência da terra arrasada
Mas a essência ...ah, a essência,
tão delicada, tão preservada, tão, tão
leve e perfumada!
Ei, meu coração!
Ferido, consegue sangrar amor.
Astuto, camufla a dor!
Choroso, finge e sorri ardiloso.
Em farrapos , tens a força
para cerzir tantos trapos!
Remendas tuas veias tinhosas, às vezes manhosas,
Mas sempre vermelhas do mais púrpuro sangue!
Ei, coração!
Meu valente coração!
Infeliz daquele que faz pouco de ti
És o vigor de toda uma vida sofrida,
tantas vezes renascida e nunca partida!
Tu nunca estás a sós!
Desatas todos os teus nós,
Pulsa , salta um carpado dobrado
e lança a tua energia nos flancos doloridos,
mas inda tão ativos e tão vivos!
Ei, coração!
São ventos da leste, do oeste,
Tempestades de sustos
Tsunamis de medos guardados em segredo.
E quando o imaginam desamparado, largado,
abandonado...
Eis que salta no peito , todo alvoroçado,
meu coração arretado!
Ei, coração!
Somos sangue pungente
Somos o fogo ardente
Somos a água corrente
Somos a paixão, a coragem,
a carne embriagada que inspira
uma singela e sincera
poesia.
Ei, coração,
no meu peito,
a rubra poesia!
IMPERFEIÇÕES
IMPERFEIÇÕES
Vera Popoff
Pela vida afora fui juntando
tantas imperfeições!
Mais rasas ou mais profundas
Mais graves ou mais agudas
Mais suportáveis, outras, não!
Fui carregando o peso de todas elas.
Fingindo que as corrigia,
Fazendo questão de exibi-las ,
Sofrendo por vê-las...tantas!
Sentindo culpas sem pedir perdão
Afinal, eis uma das muitas ferindo
os ombros.
Minha vida...meio louca, mas decidida
Sem medo das inconsequências,
d'algumas demências, das inconstâncias
e da insensatez.
Sempre fui sim ou não! Nunca , talvez!
Carreguei meu mundo imperfeito,
Uma a uma , as imperfeições reconhecidas,
decifradas, como num teorema, demonstradas,
analisadas e muitas, exorcizadas!
Sempre à esquerda da vida
Á esquerda dos atalhos
Á esquerda , construí sonhos
À esquerda , tantos combates!
À esquerda fui mais inteira, mais bonita,
mais amável e mais aberta, mais resistente,
mais teimosa e muito, muito, muito mais contente!
E vamos à luta!
Imperfeitos , mas duros na queda!
Quem precisa da perfeição
com tanta disposição?
Vera Popoff
Pela vida afora fui juntando
tantas imperfeições!
Mais rasas ou mais profundas
Mais graves ou mais agudas
Mais suportáveis, outras, não!
Fui carregando o peso de todas elas.
Fingindo que as corrigia,
Fazendo questão de exibi-las ,
Sofrendo por vê-las...tantas!
Sentindo culpas sem pedir perdão
Afinal, eis uma das muitas ferindo
os ombros.
Minha vida...meio louca, mas decidida
Sem medo das inconsequências,
d'algumas demências, das inconstâncias
e da insensatez.
Sempre fui sim ou não! Nunca , talvez!
Carreguei meu mundo imperfeito,
Uma a uma , as imperfeições reconhecidas,
decifradas, como num teorema, demonstradas,
analisadas e muitas, exorcizadas!
Sempre à esquerda da vida
Á esquerda dos atalhos
Á esquerda , construí sonhos
À esquerda , tantos combates!
À esquerda fui mais inteira, mais bonita,
mais amável e mais aberta, mais resistente,
mais teimosa e muito, muito, muito mais contente!
E vamos à luta!
Imperfeitos , mas duros na queda!
Quem precisa da perfeição
com tanta disposição?
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
TRISTE
TRISTE
Vera Popoff
Eu estou tão triste, triste, triste
Muito triste, triste, triste...
triste.
Sou toda pranto.
Pranto jorrado, pranto contido,
pranto expelido e
pranto pelos sonhos jogados fora e
perdidos.
Prantos expostos , prantos escondidos
num lugar de mim que costumo chamar
de alma.
Ilusões bonitas ficaram impalpáveis
Sorrisos escorregaram, caíram da boca
foram pisados e esmagados
E fiquei triste, triste, triste e muito
triste.
Já não faço esforço para fingir alegria
Entrego-me à tristeza
As folhas das árvores percebem
tanta e toda tristeza, mas
nem me consolam.
Então eu escrevo
Repito a palavra ...triste!
Triste, triste, triste, triste.
Quem sabe, exorcizo a minha tristeza
Nem mesmo a Aparecida amiga, mãe,
protetora, acolhedora consegue limpar
tanta tristeza.
Amanhece, cai a tarde, anoitece
e permaneço triste!
A palavra esperança é só uma palavra
que rima com lembrança, bonança,
liderança, destemperança, desesperança.
Espero o vento do norte, do sul,
Percorro alguns traços, olho o horizonte azul
Nada me faz desejar ou sonhar, ou me aventurar
Estanquei na tristeza e sinto-me a cada dia e hora
mais triste.
Triste, triste, triste...
Vera Popoff
Eu estou tão triste, triste, triste
Muito triste, triste, triste...
triste.
Sou toda pranto.
Pranto jorrado, pranto contido,
pranto expelido e
pranto pelos sonhos jogados fora e
perdidos.
Prantos expostos , prantos escondidos
num lugar de mim que costumo chamar
de alma.
Ilusões bonitas ficaram impalpáveis
Sorrisos escorregaram, caíram da boca
foram pisados e esmagados
E fiquei triste, triste, triste e muito
triste.
Já não faço esforço para fingir alegria
Entrego-me à tristeza
As folhas das árvores percebem
tanta e toda tristeza, mas
nem me consolam.
Então eu escrevo
Repito a palavra ...triste!
Triste, triste, triste, triste.
Quem sabe, exorcizo a minha tristeza
Nem mesmo a Aparecida amiga, mãe,
protetora, acolhedora consegue limpar
tanta tristeza.
Amanhece, cai a tarde, anoitece
e permaneço triste!
A palavra esperança é só uma palavra
que rima com lembrança, bonança,
liderança, destemperança, desesperança.
Espero o vento do norte, do sul,
Percorro alguns traços, olho o horizonte azul
Nada me faz desejar ou sonhar, ou me aventurar
Estanquei na tristeza e sinto-me a cada dia e hora
mais triste.
Triste, triste, triste...
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
REBELDIA
REBELDIA
Vera Popoff
É justo .
Depois do grande amor virar apenas
um passado
Depois do lindo sonho virar um pesadelo
desastrado
Depois da vida querida e desejada virar
uma sentença tão pesada
Depois da ilusão virar uma dor insuportável
Depois dos anéis perdidos e os dedos feridos
Depois do amigo virar uma pessoa indesejável
Depois das perdas , dos tantos danos e
dos enormes desenganos
Depois do suor derramado e do rosto cansado
Depois da alma , outrora leve, virar
uma carga pesada
Depois dos pés machucados pelas andanças
erradas e malfadadas
Depois de tanto " faz de conta"
E das contas desacertadas
Depois do mal resistir , vencer e galhofar
sobre o bem
Depois do desejo jogado fora
e do peito não mais arder em chamas
e do passado virar apenas um grande engano
Só resta a rebeldia que permaneceu menina
É justo... a rebeldia tempera e colore
a triste sina.
Vera Popoff
É justo .
Depois do grande amor virar apenas
um passado
Depois do lindo sonho virar um pesadelo
desastrado
Depois da vida querida e desejada virar
uma sentença tão pesada
Depois da ilusão virar uma dor insuportável
Depois dos anéis perdidos e os dedos feridos
Depois do amigo virar uma pessoa indesejável
Depois das perdas , dos tantos danos e
dos enormes desenganos
Depois do suor derramado e do rosto cansado
Depois da alma , outrora leve, virar
uma carga pesada
Depois dos pés machucados pelas andanças
erradas e malfadadas
Depois de tanto " faz de conta"
E das contas desacertadas
Depois do mal resistir , vencer e galhofar
sobre o bem
Depois do desejo jogado fora
e do peito não mais arder em chamas
e do passado virar apenas um grande engano
Só resta a rebeldia que permaneceu menina
É justo... a rebeldia tempera e colore
a triste sina.
CAMINHADA NA MADRUGADA
CAMINHADA NA MADRUGADA
Vera Popoff
Estou aposentada, mas
não estou destruída ou acabada.
Inda coloco o velho despertador às cinco horas e......
saio para caminhar
Caminhar na madrugada
permite-me uma baita liberdade.
É quando não encontro ninguém, além dos pássaros.
É quando rio do sol
que acorda depois de mim.
É quando brindo o silêncio
com o som dos meus passos.
É quando, de cara lavada,
enxergo dentro de mim.
É quando afago as minhas saudades,
Abro as minhas asas,
Consolo o meu coração,
que sente falta do único e
tão amado irmão... Fernando! Fernando!
-Em qual espaço andarás?
Caminhada na madrugada
desperta os finos sentidos,
A aurora aguça os meus ouvidos.
Caminhada na madrugada
instiga meus pensamentos.
Ideias brotam, crescem, engalham-se, frutificam
e ficam perenes.
Caminhada na madrugada
propicia o mágico encontro
com a mais gostosa solidão.
Caminho e requebro no rítmo
que eu quero.
É tão bom não ser observada!
É tão bom não ser contrariada!
É tão bom sentir-me, completamente, emancipada e libertada!
Vera Popoff
Estou aposentada, mas
não estou destruída ou acabada.
Inda coloco o velho despertador às cinco horas e......
saio para caminhar
Caminhar na madrugada
permite-me uma baita liberdade.
É quando não encontro ninguém, além dos pássaros.
É quando rio do sol
que acorda depois de mim.
É quando brindo o silêncio
com o som dos meus passos.
É quando, de cara lavada,
enxergo dentro de mim.
É quando afago as minhas saudades,
Abro as minhas asas,
Consolo o meu coração,
que sente falta do único e
tão amado irmão... Fernando! Fernando!
-Em qual espaço andarás?
Caminhada na madrugada
desperta os finos sentidos,
A aurora aguça os meus ouvidos.
Caminhada na madrugada
instiga meus pensamentos.
Ideias brotam, crescem, engalham-se, frutificam
e ficam perenes.
Caminhada na madrugada
propicia o mágico encontro
com a mais gostosa solidão.
Caminho e requebro no rítmo
que eu quero.
É tão bom não ser observada!
É tão bom não ser contrariada!
É tão bom sentir-me, completamente, emancipada e libertada!
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
AMORAS
AMORAS
AMORAS
Vera Popoff
A tarde livre e solta
Sentada sob a amoreira...
Minha companhia?
Um livro. Não me lembro qual
Nem cheguei a abri-lo
Galhos carregados de penduricalhos pretinhos
Chão forrado de amoras
Na boca, o gosto de amoras
A língua prazerosa, roxa, docinha!
Um sabor da meninice
As mãos tingidas dos frutos
Alguns, esmagados entre os dedos.
Outros, tingindo também a alma descorada pela tristeza
O momento é insólito,
mais do que aborrecido,
tem sido quase insuportável!
Socorro o desalento,
embaixo do pé de amoras.
Não custa nada sonhar
Inda não nos arrancaram
a magia dos sonhos.
Como preciso d'um alento
D' alguem que diga:-
" Vai, adoça, adoça a vida!
Pinta a vida da cor das suas amoras! "
Eu finjo ouvir a notícia boa
trazida pelo vento
-Oh, vento, desalinha os meus cabelos,
Derrama mais amoras,
aqui...na minha tarde.
Enternece a dureza
Leva embora tanta rudeza
Só volte, trazendo a esperança!
Vera Popoff
A tarde livre e solta
Sentada sob a amoreira...
Minha companhia?
Um livro. Não me lembro qual
Nem cheguei a abri-lo
Galhos carregados de penduricalhos pretinhos
Chão forrado de amoras
Na boca, o gosto de amoras
A língua prazerosa, roxa, docinha!
Um sabor da meninice
As mãos tingidas dos frutos
Alguns, esmagados entre os dedos.
Outros, tingindo também a alma descorada pela tristeza
O momento é insólito,
mais do que aborrecido,
tem sido quase insuportável!
Socorro o desalento,
embaixo do pé de amoras.
Não custa nada sonhar
Inda não nos arrancaram
a magia dos sonhos.
Como preciso d'um alento
D' alguem que diga:-
" Vai, adoça, adoça a vida!
Pinta a vida da cor das suas amoras! "
Eu finjo ouvir a notícia boa
trazida pelo vento
-Oh, vento, desalinha os meus cabelos,
Derrama mais amoras,
aqui...na minha tarde.
Enternece a dureza
Leva embora tanta rudeza
Só volte, trazendo a esperança!
sábado, 1 de outubro de 2016
NEM MISS, NEM MERETRIZ
NEM MISS, NEM MERETRIZ
Vera Popoff
Fui quase tudo na vida
Só não fui Miss e nem meretriz
Fui uma menina traquina
Adolescente assanhada
Moça donzela apaixonada
Esposa nem tão fiel
Mãe disciplinadora
Fui cozinheira, fui professora.
Fui quase tudo na vida
Sem muita beleza, nunca fui miss
Com alguma oportunidade,
estudei, encontrei trabalho
Só por isso...não fui meretriz!
Lavei roupa, fui costureira
Bordadeira de mão cheia
Não muito ajuizada, meio inconformada
Não gostei de tudo que fiz
Mas fiz tudo que gostei.
Fui quase tudo na vida
Com estatura pequena, não fui miss
Sem talento para o ofício
nunca fui meretriz!
Ah, quanto alfabetizei!
B com a fica ba
Tabuadas , adição, subtração
Dividi, mas não soube multiplicar
os bens adquiridos,
Fiquei com os dedos
Perdi todos os anéis.
Fui quase tudo na vida
Até fui bonitinha
Mas nem tanto para ser Miss
Tive paixões e desejos
Mas nem tanto para ser meretriz.
Sempre muito corajosa,
até na hora do medo,
segurei alguma coragem
Mulher de muitos segredos,
Simulei , interpretei ,
mas fiz muita bobagem.
Busquei entradas e saídas
Ás vezes , algumas loucuras
Na boca , muita doçura
Vivi a vida sem frescura.
Plantei e jardinei
Semeei, colhi, produzi
Não sei se foi bom ou ruim
Vou sentar e avaliar
Se valeu ou não valeu. mas
que doeu...doeu.
Vera Popoff
Fui quase tudo na vida
Só não fui Miss e nem meretriz
Fui uma menina traquina
Adolescente assanhada
Moça donzela apaixonada
Esposa nem tão fiel
Mãe disciplinadora
Fui cozinheira, fui professora.
Fui quase tudo na vida
Sem muita beleza, nunca fui miss
Com alguma oportunidade,
estudei, encontrei trabalho
Só por isso...não fui meretriz!
Lavei roupa, fui costureira
Bordadeira de mão cheia
Não muito ajuizada, meio inconformada
Não gostei de tudo que fiz
Mas fiz tudo que gostei.
Fui quase tudo na vida
Com estatura pequena, não fui miss
Sem talento para o ofício
nunca fui meretriz!
Ah, quanto alfabetizei!
B com a fica ba
Tabuadas , adição, subtração
Dividi, mas não soube multiplicar
os bens adquiridos,
Fiquei com os dedos
Perdi todos os anéis.
Fui quase tudo na vida
Até fui bonitinha
Mas nem tanto para ser Miss
Tive paixões e desejos
Mas nem tanto para ser meretriz.
Sempre muito corajosa,
até na hora do medo,
segurei alguma coragem
Mulher de muitos segredos,
Simulei , interpretei ,
mas fiz muita bobagem.
Busquei entradas e saídas
Ás vezes , algumas loucuras
Na boca , muita doçura
Vivi a vida sem frescura.
Plantei e jardinei
Semeei, colhi, produzi
Não sei se foi bom ou ruim
Vou sentar e avaliar
Se valeu ou não valeu. mas
que doeu...doeu.
COM AUGUSTO
COM AUGUSTO
Vera Popoff
Leio Augusto dos Anjos
O Poema Negro
Augusto ilude a sua desgraça e estuda
Eu leio e fico tão comovida!
Pergunto:-"...qual é a minha origem?"(A.A)
E bebo um café.
Viajo no cabalismo de Augusto dos Anjos
Paro na "sua parede doente" e
coloco a minha cara nos buracos
do tempo.
Esqueço, por hora, os tropeços e
as tropeçadas
Deixo para lá o mal do momento
e bebo outro café.
Augusto nos convida:
-"Agora sim! Vamos morrer reunidos."
Evito o envelhecimento dos meus sentidos
Puxo o freio da vida e bebo mais um café.
Mas são sementes, Augusto!
São as nossas ideias, Augusto!
Portanto:"...depois da morte, inda
teremos filhos!" (AA)
E juntos, beberemos mais um café!
A vista fica turva
A catarata engalha-se no chão dos meus olhos
Sob sombras ainda vejo a flor.
Vejo a brotação dos sonhos que tentaram
esmagar.
Repouso , Augusto...na poltrona desgastada.
Estou aliviada...bebo o mais saboroso
dos cafés
na intimidade de Augusto.
"...E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu..."(Augusto dos Anjos)
Vera Popoff
Leio Augusto dos Anjos
O Poema Negro
Augusto ilude a sua desgraça e estuda
Eu leio e fico tão comovida!
Pergunto:-"...qual é a minha origem?"(A.A)
E bebo um café.
Viajo no cabalismo de Augusto dos Anjos
Paro na "sua parede doente" e
coloco a minha cara nos buracos
do tempo.
Esqueço, por hora, os tropeços e
as tropeçadas
Deixo para lá o mal do momento
e bebo outro café.
Augusto nos convida:
-"Agora sim! Vamos morrer reunidos."
Evito o envelhecimento dos meus sentidos
Puxo o freio da vida e bebo mais um café.
Mas são sementes, Augusto!
São as nossas ideias, Augusto!
Portanto:"...depois da morte, inda
teremos filhos!" (AA)
E juntos, beberemos mais um café!
A vista fica turva
A catarata engalha-se no chão dos meus olhos
Sob sombras ainda vejo a flor.
Vejo a brotação dos sonhos que tentaram
esmagar.
Repouso , Augusto...na poltrona desgastada.
Estou aliviada...bebo o mais saboroso
dos cafés
na intimidade de Augusto.
"...E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu..."(Augusto dos Anjos)
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