COM AUGUSTO
Vera Popoff
Leio Augusto dos Anjos
O Poema Negro
Augusto ilude a sua desgraça e estuda
Eu leio e fico tão comovida!
Pergunto:-"...qual é a minha origem?"(A.A)
E bebo um café.
Viajo no cabalismo de Augusto dos Anjos
Paro na "sua parede doente" e
coloco a minha cara nos buracos
do tempo.
Esqueço, por hora, os tropeços e
as tropeçadas
Deixo para lá o mal do momento
e bebo outro café.
Augusto nos convida:
-"Agora sim! Vamos morrer reunidos."
Evito o envelhecimento dos meus sentidos
Puxo o freio da vida e bebo mais um café.
Mas são sementes, Augusto!
São as nossas ideias, Augusto!
Portanto:"...depois da morte, inda
teremos filhos!" (AA)
E juntos, beberemos mais um café!
A vista fica turva
A catarata engalha-se no chão dos meus olhos
Sob sombras ainda vejo a flor.
Vejo a brotação dos sonhos que tentaram
esmagar.
Repouso , Augusto...na poltrona desgastada.
Estou aliviada...bebo o mais saboroso
dos cafés
na intimidade de Augusto.
"...E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu..."(Augusto dos Anjos)
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