sábado, 1 de outubro de 2016

COM AUGUSTO

COM AUGUSTO
                                   Vera Popoff

Leio Augusto dos Anjos
      O Poema Negro
Augusto  ilude a sua desgraça e estuda
Eu  leio e fico tão comovida!
Pergunto:-"...qual é a minha origem?"(A.A)
     E bebo  um café.

Viajo  no cabalismo de Augusto dos Anjos
Paro na "sua parede doente" e
coloco a minha cara nos buracos
            do tempo.
Esqueço, por hora, os tropeços e
       as tropeçadas
Deixo para lá o mal do momento
   e bebo outro café.

Augusto nos convida:
-"Agora sim! Vamos morrer reunidos."
Evito o envelhecimento dos meus sentidos
Puxo o freio da vida e bebo mais um café.

Mas são sementes, Augusto!
São as nossas ideias, Augusto!
Portanto:"...depois da morte, inda
        teremos filhos!" (AA)
E juntos, beberemos mais um café!

A vista fica turva
A catarata engalha-se no chão dos meus olhos
Sob sombras ainda vejo a flor.
Vejo a   brotação dos sonhos que tentaram
                 esmagar.
Repouso , Augusto...na poltrona desgastada.
Estou aliviada...bebo o mais saboroso
                 dos cafés
      na intimidade de Augusto.


"...E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza,
Nem uma névoa no estrelado véu..."(Augusto dos Anjos)

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