FINJO
Vera Popoff
Finjo!
Aprendi a fingir, como ninguém
Finjo para ele...
digo que lhe tenho desejo
Finjo para a noite
De pálpebras cerradas
finjo sono.
Finjo para o dia
digo que não sinto preguiça
finjo que trabalho, mas
caio na poltrona, espreguiçada!
E sigo, fingindo
É só o que sei fazer...fingir
Se estou aborrecida
Finjo contentamento!
Raivosa, finjo o perdão!
Disfarço bem , toda a indignação.
Finjo suportar o insuportável
E finjo compreensão
mesmo quando nada compreendo
Finjo aceitar o inaceitável.
Finjo ser maleável
mesmo dura como uma pedra.
Finjo comemorar uma data
De verdade, datas pouco me importam!
O pior está por vir, pois
eu finjo ter fé, quando
sei o quão sou descrente.
E finjo que está tudo bem
Finjo que , mesmo cansada
posso ir além!
Finjo que não sou magoada,
que não estou enjoada
e que vivo conformada.
Ah...finjo que não doeu
e que o desprezo nem me feriu
Finjo que o golpe não me esmoreceu
e que a vida foi leve, que o mundo é tão bom!
Finjo que sinto a paz
quando sou inteira...guerra!
Finjo que sou boazinha
Mulher recatada,
alma bem comportada,
mas ... não posso ser desvendada!
Finjo que não me importei,
que apesar de tudo, eu amei!
E finjo ser um poço de alegria
quando na verdade, tudo é só fantasia
Finjo, finjo e pronto!
Por que o espanto?
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