POEMA DO DESCONTENTE
Vera Popoff
Não bastou querer viver.
Não bastou abrir a janela e o sol invadir a casa
Não bastou pisar a água corrente e me banhar
ao som da cotovia
Não me bastou o pensamento, nem a filosofia
Não me bastou ter a ideia, uma palavra doce
Não me bastou fingir que ando tão contente
...sou descontente.
Não me bastou brincar de escrever poesia
As falas do ser humano perturbam,
soam como heresia
Fujo para um lugar que não me esconde
e finjo que está tudo bem, que sou contente,
apenas só um pouquinho, diferente
Mas de verdade...sou descontente.
Acordo na madrugada fria , cheia de sensações
Caminho , vento na cara, passos ligeiros
Quem sabe , num belo dia, desnudo as emoções
E poderei extravasar tais sufocações,
Dizer que , enfim, eu vi a felicidade,
falar com segurança :- como estou contente!
Mas por enquanto , sou o que posso
...sou descontente!
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