segunda-feira, 1 de junho de 2015

CANTIGA

CANTIGA
                           (Vera  Popoff)

Venerei minha mãe,
A linda mulher que tecia ternura!
Amei o meu pai. Seu jeito discreto,
amor disfarçado, cuidado dobrado!
Enterneci-me com os olhos de sonhos
       do meu irmão! Nasceu encantado!
 Já dedilhava o teclado no ventre abençoado.
     Admirei minha mestra primeira!
Encostei a cabeça no ombro da minha madrinha,
     a  Tita querida que me batizou e me amou!
Olhei , cheia de encanto, os olhos azuis opacos
                  da minha avó!
Respeitei o retrato d'um avô,  que imigrou,
trazendo apenas  uma violeta na mão!
Muitos amigos desbravaram e conquistaram
               o meu coração!
As pessoas que guardei no fundo do peito,
     quase todas...perdi!
E as outras...esqueceram de mim!
Numa casa singela chorei a poesia
que Casimiro dizia:
 "...em vez das mágoas de agora
eu tinha nessas delícias, de minha mãe as carícias
e os beijos de minha irmã!"( Meus oito anos)

E tão só vou seguindo...seguindo...seguindo...
As doces quimeras sumidas, vão longe...
        D'um quintal sossegado
só ficou a saudade do pé de goiaba!
Daquelas tardes de outrora. o dourado do sol.
Das manhãs , a voz macia chamando ao dever
Da igreja matriz, o sino tangendo e avisando:
       -Hora da Ave Maria!
A cantiga de roda, São João, o terço na mão!
As noites serenas, benzidas , ungidas e os
sonhos velados , olhados por anjos do céu!
       Da minha cama patente
guardei o lençol de algodão  bem branquinho!
E ele, ainda cobre as minhas memórias, e com
               tal desvelo,
que elas  adormecem serenas, refletidas
              de melancolia!

D'UM QUINTAL SOSSEGADO , SÓ FICOU A SAUDADE DO PÉ DE GOIABA!


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