quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ONDE ESTÁ A POESIA?

ONDE ESTÁ A POESIA?
                                             Vera Popoff


Alguém já reclama:
-Onde está a poesia?
Poie é, que dureza!
Matei a inteligência
Peguei no pesado,
mas não sou renegada
Apenas , um tanto atrapalhada!
O rastelo na mão
a caneta sem tempo
espera ansiosa , a criação!
A semente que germina
geme , quer chão!
O galho balança
minha alma o alcança
pega carona  e sacode
           no ar!
Alguém já reclama
-Onde está a poesia?
A poesia descansa,
o verso solitário espera
o tempo de  poetar!
 O  lírio inocente
exige cuidado urgente!
O sol posto queima meu rosto
Na sombra da minha mangueira
descanso encostada
Vislumbro o fruto que amarela
        no pé!
Alguém reclama:
-Onde está a poesia?
A poesia espera o seu tempo
Amadurece no meu coração
Qualquer hora, palpita, se agita,
busca o riso, o pranto , a paixão
Os versos , então, cairão como  os frutos maduros,
                  ao chão!

CONVITE

CONVITE
                                       Vera Popoff

Agora eu lhe faço um convite
Porque sonhos duram tão pouco
ilusões vão embora num instante
São leves e breves viandantes!
Meu convite é inusitado, porém
          feito de coração
Vai mexer com seu dia e a sua emoção!
Vamos ter fé , vamos crer?
Crença na vida alonga a existência
livra a cabeça de toda demência
Liberta o medo, atrai  a manhã louçã
A beleza é tanta , que a alma canta!
Descuidada e inocente, viva como criança
Põe  o seu coração num balanço
que os anjos a rodearão
enviados dos céus, a protegerão!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

CORAÇÃO MADRUGADOR

CORAÇÃO MADRUGADOR
                                                         Vera Popoff

Meu coração madrugador, madruga!
Vai guardar a lua e apagar as estrelas.
Vai abrir a porta e receber a aurora
Vai enxugar o sereno!
Vai acender o sol e colocá-lo a brilhar.

Meu coração madrugador, madruga!
Vai despertar o galo
Vai perguntar ao galo:
-O galo não quer cantar?
Vai avisar ao tempo que já é tempo
Não pode perder mais tempo!

Meu coração madrugador, madruga!
Vai azular o céu e clarear a manhã!
Vai acordar passarinhos:
-É hora de gorjear!
Vai dizer ao jasmineiro:
-Corre espalhar seu perfume no ar!

Meu coração madrugador, madruga!
Vai tocar o sino queixoso
anunciando a alvorada!
Vai procurar outro livro,
o livro que está aberto,
é livro lido e relido!

Meu coração madrugador, madruga!
Vai buscar a esperança,
o dia será de esperar!
Vai recolher as lembranças,
o dia será de lembrar!
Vai traduzir o amor,
o dia será de amar!

Meu coração madrugador, madruga!
Vai cismar que madrugou e a tristeza murchou,
a desventura acabou e a lágrima secou!
Vai acender o fogo e queimar a sua angústia,
coar o primeiro café e encher o peito de fé!
A SALA CINCO POR TRÊS
SALA CINCO POR TRÊS

                                                 (Vera Popoff)

Aquela pequena sala,
que mede cinco por três,
abriga sonetos, canções!
Lá dentro convivem, entre si, ...
um tanto de lirismo e graça,
outro tanto de realismo e desgraça!

De nostalgia, pintei as paredes.
De sentimentos, teci as redes!
Da lágrima, reguei o vaso.
De soluços, enchi as gavetas.
De saudade, teci as cortinas!
Num dia, a penumbra da desilusão!
N'outro, a luz da ilusão!

No palco da sala
que mede cinco por três,
visto os meus figurinos:
-a veste da dor e do amor,
-do riso e do pranto,
-da agonia ou da alegria,
-da porfia ou da paz!
-da maldição ou da prece!

Ora, me deleito languente!
Ora, escrevo tristemente!
Ou falo só a verdade,
Ou juro com falsidade!
É assim que brotam meus versos,
na sala cinco por três!


terça-feira, 22 de setembro de 2015

A PRIMAVERA ESTÁ


" O inverno cobre minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração."(Victor Hugo)





A PRIMAVERA ESTÁ
                                      Vera Popoff
 

 
A primavera já está na  minha vida!
O tema mais doce e perfumado
A teimosia verde e rosa desafiando
           todas as durezas
O frescor na face , o  encanto no olhar,
Na pele, a tentação da beleza e a  falta de pudor!
Foi promulgada a lei do amor!

A primavera já está na minha vida
A facilidade da rima,
A ave que seu canto, afina
A aurora que tanto fascina
Minha face roçada pela pétala da rosa
Meu olho enverdecido num campo
        salpicado de lírios
 A  visitação da borboleta formosa!

 A primavera já está na minha vida
Fascinação!  As árvores fardaram-se
           de verde oliva
A  vida  matizada já não vê a flor estiolada
Tantas cores trazem ao semblante um ar sereno
Eu caminho lado a lado com aquele vento ameno!

 A primavera alcançou todos os sentidos
Sinto suaves aromas espalhados.
Delineio a paisagem na moldura da janela
Degusto os azuis e violetas e
 escolho a flor mais bela
A dama d’uma noite provoca aqui,
O perfume d’um jasmim seduz alí!

 A primavera já  está na minha vida!
Sou ditosa, melindrosa, novamente florescida 
Sou contente, conquistei tantos amores!
Meu coração é doce riso de esperança
Pulsa, vibra e o alto céu alcança!

 A primavera está no meu silêncio!
Entre as flores eu reflito e decido a vida
         e o meu momento!
Entre os espinhos aprendi a caminhar
esquivando-me, desviando -me
de incuráveis ferimentos!

 

 

 

 


 

 

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O GRANDE ENGANO

O GRANDE ENGANO
                       Vera Popoff

O derradeiro arrependimento
Chegou sem data de vencimento.
Não adianta , a decisão foi tomada
Não foi decisão acertada
Deus , como foi equivocada!
Sinceramente, a mais desastrada!
Mas o que está feito, está feito!
Não vejo solução ou jeito.
Se houvesse conserto, seria consertada
Se eu enxergasse um arranjo,
       seria arranjada
Se eu avistasse uma luz, seria
 a escuridão, iluminada!
Se eu tivesse um imenso poder,
riscaria o dia vivido
Meu coração não teria parido
         tal engano!
Desfraldaria toda a coragem
e voltaria atrás. Andaria de fasto,
pisaria sem dó  o momento infausto!
Arrancaria do peito aquela dor,
aquele gemido repetido
aquele mal entendido!
Oh, escolha, pela sina , imposta!
E eu, tremendo fraqueza,
   tornei permitida!
De nada  serviu-me o livre-arbítrio
Se na encruzilhada mais escura
não avistei estrela augusta.
Um dia que seria inspirado e ditoso
Virou dia amargurado e custoso!
No quarto do padecimento
tranco-me e vivo o tormento!
Busco um ermo retiro
Solto, quando quero, todos os suspiros!
De Deus, já não espero a graça
que tal engano se desfaça!

sábado, 19 de setembro de 2015

CONSTATAÇÃO

CONSTATAÇAO
                                            VERA POPOFF

Como a corrente leva as águas do rio
O sisudo tempo leva o que já fomos
Ainda que queiramos... já não somos
            os mesmos!
Fendas abriram-se no peito
Cansaços abrigaram-se na alma
Dores são carregadas nas costas, pernas ,
músculos e a cruz pesa...pesa..pesa...
Por sorte, e apenas por causa dela
O campo dos sonhos ainda esverdeia
           na primavera.
Por teimosia, e só por causa dela
recomeçamos, bem machucados, mas
nos resta ainda...   a vida!
Por amor , e só por causa dele
Fingimos alegria e de tanto mentir,
acreditamos nas mentiras e...sorrimos!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SEM HORA MARCADA

SEM  HORA  MARCADA
                                        (Vera Popoff)

Ontem ,hoje,   amanhã ou depois de amanhã,
Que importam datas reguladas e confirmadas?
Do relógio, arranquei os ponteiros.
Vivo o tempo assim...de momento
Ontem foi vivido, não voltará, foi levado.
Nem sei se  alcançou o finito , quanto mais
         o infinito!

Amanhã é dia de esperar...
Não vou arriscar-me numa espera incerta
Quem me garantirá  sentidos sensíveis,
o porvir desejado, o sonho realizado?
Amanheço e faço na alma ,uma vistoria.
A poeira é retirada, as sombras... abrilhantadas!
Aguço a imaginação, visto a roupa de brincar
O dia é tão criança! Tem ainda a inocência
do amanhecer. Não foi maculado,
ainda não carrega o peso do pecado.
Enquanto sou menina , vou vivê-lo
e gastar minhas peraltices
Saio da escuridão, corro, alcanço o luzimento!
 Deixo a brisa fresca  me afagar
Assisto a semente germinar ,
viro galho acolhedor de passarinho.

O peito enchido de todas as vontades
O fruto doce experimentado
Todo amargor, adoçado!
O relógio sem ponteiro
A vida, um respiro certeiro
Quem precisa do relojoeiro?
Nada cronometrado
O som do coração, desenfreado.
A primeira regra é viver
A segunda regra é viver
A terceira regra é viver!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ESTENDIDA

ESTENDIDA
                                      Vera Popoff

AH...alma estendida no verde da terra!
A minha vida é uma coroa de  espinhos, de flores
Vida que pisou sobre tantas pedras
Lutou contra as  tempestades
Venceu ventanias , iluminou-se sob a luz
dos raios mandados do céu!
Meus prantos foram enxugados
Havia sempre aquela mão para secá-los
E mesmo chorando , o coração
A boca se ria das tantas paixões!
Quando a morte bateu na porta
Tranquei o cadeado , ri também da morte
Eis-me, inteira, cicatrizada, viva, aqui!
Tanta exaustão acumulada!
Os cansaços,  todos reciclados
Por nunca ter sido indiferente
Recomeço a cada manhã...completamente!

TERRA À VISTA!

TERRA  À  VISTA!
                                         Vera Popoff



Brasileiros! Somos todos brasileiros!
Brasileiros nascidos e acolhidos
Brasileiros recebidos, filhos, netos de imigrantes,
refugiados  esgotados, chegados do Velho Mundo,
Ásia, Oriente, Ocidente, todos os lugares!
Brasil sempre foi porto de chegada,
Brasileiros são amáveis e receptivos!
É nossa marca, é nosso dom, é nosso tom, é nosso som!
Sempre foi assim!
É assim!
Que seja sempre assim!
Nosso povo foi talhado na miscigenação,
Loiros , ruivos, negros, brancos, mas
todos com o mesmo sangue vermelho vibrante
        no coração!
Misturados, juntos no trabalho ,pela grandeza da Pátria Brasil!
Numa viagem a vapor , navega o tronco da árvore!
Árvore Girotto, vergada nas ventanias da Velha Itália
Embarca no sonho de novas esperanças, novo tempo
O que o espera no novo clima, novo chão, novo céu?
Na  busca pelo país livre , inocente , desliza o coração carente!
Carrega na bagagem uma imensa fadiga, uma desilusão , a dor da partida!
Olhos atentos aos céus que se modificam a cada avanço nas ondas do mar.
Mal sabem a beleza que os espera
As amoreiras, mangueiras , jaqueiras e goiabeiras,
pendendo seus frutos , dividindo-os com todos que chegam
com a boca seca, o corpo curvado , o pranto rolado!
O cardápio oferecido, corações  à brasileira!
Trazendo no peito o  orgulho da terra onde nasceu
Já vão longe o Porto de Gênova, Treviso, LA MIA ITÁLIA!
As nuvens são calmas, mas a ansiedade não se acalma.
A vista da Nova Terra pespontada dos raios do sol
Iluminam-se as almas viajantes...
Interminável tempo...
Interminável viagem...
Interminável ansiedade
Interminável busca...
Interminável angústia...
Interminável cansaço carregado nas costas
Terra à vista! Salve ! Salve!
A límpida maravilha da vida a recomeçar
Oprimido pela incerteza, talvez nem enxergue de pronto, a beleza!
Que infinito! Que azul! Que calor !
Já arde no peito, antes com medo e sem jeito,
a gana , a vontade do recomeço!
A imensidão desta Pátria inaugura uma nova visão!
Outra manhã abençoada, outra ilusão flutuada!
O céu furta-cor já  abriga os corações que desembarcam
Desembarcam dores, saudades, sonhos e a vontade de amar
                   novos  amores!
"Desenha-se no tronco forte e firme da árvore da vida...GIROTTO,
         um coração! Dentro dele, dois nomes escritos,
testemunhados . reconhecidos por Deus: HENRIQUE E ZULMIRA!"
E assim ...nasceu Maria!
Eis o recomeço!
A realidade já não era tão dura e tão fria!
A esperança já não era simples fantasia.
As mais belas contradições nasciam com muitas Marias!
"Tantos galhos multiplicados , crescidos e florescidos!
Um, dois , três ...dez! Juntos numa saga de pujança, determinação,
trabalho, bom combate, dignidade, honradez e um bem-querer rico
                 de esperança!
Tantos novos ramos na Bela ÁRVORE FRUTIFICADA ,
abençoada, iluminada pelo Criador! Hoje , as sementes ainda germinam...
alçadas em terra fecunda e produtiva: netos, bisnetos,
tataranetos, italianos/brasileiros ,que misturando as duas Pátrias,
com costumes arraigados, outros, assimilados, escreveram uma história!
História de coragem, determinação e obstinação!
Hoje, num 10 de outubro de 2015, marcamos nossa saga com um encontro
de afetos, de lembranças , de carinho, de rememorações, alegrias!
Que nossa história seja perpetuada1 Que esta data se transforme num outro
capítulo do  LIVRO GIROTTO!
Que a ÁRVORE enraizada continue verdejante e bela!
É nosso compromisso cuidar para que a sua fronde  continue abrigando
novos filhos, novos frutos . O renascimento continuado e abençoado
           por este céu que nos cobre!"


O coração já é um campo verde, aplainado,
chão fecundo, calmaria , trabalho, mãos fazedoras
                 da vida!
Basta a coragem trazida de LA MIA ITÁLIA
Basta a vida pulsando no peito
Basta a vontade de respirar
Basta a beleza do novo lugar!
Estes agora, são os meus rios
Vê, este agora é o meu céu!
O chão pisado é o meu conforto
          é o meu porto
A minha saudade esverdeou, virou esperança!
Meu pai, minha mãe, meus irmãos,
Minhas Pátrias amadas , idolatradas,
Salve a Itália! Salve o  Brasil!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

MUDAM-SE OS TEMPOS

MUDAM-SE OS TEMPOS
                                                   Vera Popoff

Mudam-se os tempos
Mudam-se os ensejos
Mudam-se os desejos
Mudam-se as esperanças
Mudam-se as lembranças
Mudam-se as paisagens
Mudam-se os amores
Mudam-se nossos fervores
Mudam-se os ninhos
Mudam-se os caminhos
Mudam-se as saudades
Mudam-se os olhares
Mudam-se as confianças
Mudam-se os lugares
Mudam-se as perspectivas
Mudam-se as mágoas
Mudam-se as dores
Mudam-se as flores
Mudam-se os chãos pisados
Mudam-se os cantos
Mudam-se os encantos
Mudam-se os medos
Mudam-se os segredos
Mudam-se até as belezas
Mudam-se as certezas
Mudam-se os motivos
Mudam-se as tristezas
Mudam-se os aromas
Mudam-se os nossos sonhos
Mudam-se as queixas
Mudam-se as deixas
Mudam-se as ansiedades
Fico me perguntando:
-Afligir-se por quê?
Se o que foi ontem já não é
E o tempo será outro...amanhã??


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A PAISAGEM VISTA DA PORTA

A PAISAGEM VISTA DA PORTA
                                                              Vera Popoff

Gosto da paisagem vista da porta
Eu a enxergo singela, bela!
Nada mais me importa
quando vejo a pintura através da porta.
Na mesa , o trabalho espera...
São riscos, moldes, rabiscos,
panos,  fitinhas , rendinhas,
    laçarotes e fricotes.
Deixo a tarefa esperando e
e saio num voo, esperançando!
Num tapete feito de linhas de sonho,
 contemplo... a paisagem vista da porta.
Estou livre!  A beleza se acrescenta
Mais beleza ainda , minh'alma , inventa!
As cores na mesa
As cores depois da porta
As cores do dia e da hora
As cores do arco-íris
As cores do passarinho
As cores do meu ninho
As cores do alto do céu
As cores da fecunda terra
As cores das flores
As cores na parede e na rede
As cores de todos os verdes
As cores da alegria, da esperança!
As cores da minha vida...

domingo, 13 de setembro de 2015

PENSO, LOGO...ESCREVO

PENSO, LOGO...ESCREVO!
                                                     Vera Popoff

Penso e escrevo
Escrevo e penso
Postada frente à vida,
  contemplo!
Não me acovardo e digo,
     digo o que penso
     penso no que digo
     digo o que sinto
     sinto o que digo e penso
     escrevo o que sinto.
Se não penso, esqueço
Se esqueço, não digo, não escrevo
Se não  penso,  esmago a minha
      consistência
Se não escrevo, caio na demência
Se não digo, perco a decência
Se não penso, nem sinto,
sou a própria inconsciência!
Se sou omissa, bato continência
Mas não durmo...porque
surra-me, a consciência!

FIO DA MEADA

FIO DA MEADA
                                       Vera Popoff

Pelo caminho não escolhido,
mas percorrido e vivido
     caminhamos...
Nas dores jamais previstas,
naqueles imprevistos onde tropeçamos,
  viramos frutos maduros.
Nas alegrias penduradas e colhidas
germinamos, florescemos!

Pelo vazio do Nada
tantas vezes nos perdemos
Incrível, mas é do mesmo Nada
   que renascemos!

Nos braços de alguns amores
ficamos embrulhados e protegidos
Mas com cuidado, pois os amores
            também passam.

Na terra fecunda, somos a árvore
Enfrentamos ventanias, vergamos,
mas suportamos...mesmo tão machucados!

Nas buscas desenfreadas, nos perdemos
Da inação desestimulada, tantas vezes
encontramos e puxamos, o fio da meada!

sábado, 12 de setembro de 2015

MADAME DE FORNO E FOGÃO

MADAME DE FORNO E FOGÃO
                                                              Vera Popoff


Minha filha é amorosa
Deseja-me uma vida leve
Sonha com a mãe elegante...
E leva seu sonho adiante!

Num sábado diferente
Da minha casa, ausente
Viro nova personagem
Resolvo mudar a imagem.
Vou ao cabeleireiro
Que mexe no meu visual
-Madame, vou lhe fazer um penteado!!
Nada há nada bonito igual!
A moça tão dedicada
Olha-me com delicadeza
Meu Deus, quanta fineza!
Das mãos resolve cuidar.
Esmalte cor rosa choque
Um brilho que dá o toque
Meu peito suspira a saudade
Da vida que é de verdade!
Não combino com o salão
Da madame elegante
Sou mulher de forno e fogão
Coar meu café é a grande emoção!
Minha mão é tarefeira
Dedo ferido da boa bordadeira
Um notável encardido
Pois é também, semeadeira!!
Cruzo as linhas no tecido
Cruzo as linhas do destino
Não houve um dia vivido
Sem o trabalho aguerrido!!



 

DELATOR "HONORIS CAUSA"

DELATOR  "HONORIS CAUSA"
                                                           Vera Popoff

Num mundo de cabeça para baixo
Onde a cabeça subjuga-se ao pé
Já nem sei como ter fé
Enalteço o mal do inferno
sinto calor no inverno
Não preciso ter juízo,
pois não desejo o paraíso!

Aprendi com o meu pai
Amar, não odiar e favores prestar
Ser gentil e elegante
Levar as tarefas, adiante.
Deixar a alma bem livre
Pois assim é que se vive.

Ensinou o professor :
-Nunca seja um delator, pois
delatar  é um horror!
Hoje,  o delator é premiado
Tem título "honoris causa"
É chamado de doutor!
Homem bem acreditado
Pelo juiz, um ser amado,
numa bandeja carregado.
Sua delação virou a salvação
Faz sorrir toda a Nação!
Pois agora, é  senhor de respeito
Cidadão de bom coração!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

OS ÓCULOS

OS ÓCULOS
                                    Vera Popoff

-Onde estão os óculos?
Colocados frente aos olhos.
Por que os procuro?
Já enxergo tão bem!
Ou talvez, não...
Estarão as lentes, desatualizadas?
Ou a minha visão anda enganada?
Vê o que deseja ver
Não enxerga o que lhe causa dor.
Os mais leves devaneios, colore!
A dura realidade, descora!
Mimetiza a beleza
Cerra-se frente à  aspereza
Enxerga onde nascem as flores
Finge não ver as tantas e incuráveis dores!
Os óculos corrigem quatro graus de astigmatismo
Mas não corrigem graus d'um teimoso egoísmo!

PENSAMENTO LIVRE

PENSAMENTO LIVRE
                                        Vera Popoff

Ah...maravilhosa sensação!
O pensamento livre, livre, livre!
Sem censura e sem amarras
Sem correntes, sonhos inocentes,
utopias. maravilhosamente dementes!

Pensamento que não envelhece,
as  normas, desobedece.
Responde e não se esconde,
Não justifica, não denomina,
não desanima, não discrimina,
As sua vontades...desatina!
A liberdade , lhe fascina!

Sem disciplina, não esbarra
na certeza do outro !
Com astúcia , aprende, desaprende,
não repreende, se surpreende!
Sarcástico, quando provocado
Nos voos, tão encorajado!
Nas ilusões, um afortunado!

Pensamento livre, livre, livre!
Ri das esquisitices, das mesmices.
Foge das razões bem definidas,
das sapiências exibidas,
das verdades não discutidas.
Diz o sim e o não sem ouvir sermão.


Pensamento voador e encantador
         de sonhos!
Encontra na liberdade , a candura
       da vida desinibida,
    a beleza da flor colhida,
    a libertação da vontade tolhida,
a leveza da palavra solta, sempre permitida!.

UMA REFLEXÃO

UMA REFLEXÃO
                                          Vera Popoff

Pelo caminho não escolhido,
mas percorrido e vivido...
Caminhamos!

Nas dores jamais previstas
Nos imprevistos, de repente...avistados
Viramos frutos maduros!

No vazio do Nada
tantas vezes nos perdemos
Mas é do Nada , que renascemos!

Nos braços dos amores amados
nos embrulhamos, nos agasalhamos.
E a alma, fortalecemos!

Nas buscas desenfreadas...perdemos.
Da inércia desestimulada
puxamos o fio da meada!

Na terra fecunda germinamos
Somos árvores humanas
Sendo humanas, nos curvamos!
A nós, a decisão...
cairemos ou não!

A TEMPESTADE

A TEMPESTADE
                                         Vera Popoff

Da janela, vejo a tempestade
Sou a árvore balançada e curvada
Mas que resiste e não é derrubada!

A nuvem escura e pesada desaba
ao som do estrondo do trovão.
Sinto calafrio, mas lembro-me...
É o anúncio da primavera ressurgida ,
 renascida, florida , sem importar-se
        com nossas dores!

O pássaro voa ao ninho...aconchega-se.
A intempérie, talvez o assuste tremendamente
Não sei exatamente, pois tenho asas, mas
pouco sei da alma passarinha!

A Natureza parece exausta!
Luta, desdobra-se, busca a recuperação
Mas não imagina o que a espera...
O poder humano da devastação!



quinta-feira, 10 de setembro de 2015

INTERROGATÓRIO A UMA SENHORA

INTERROGATÓRIO A UMA SENHORA
                                                                         Vera Popoff

Por favor, o teu nome??
-Mulher!
-Teu endereço?
-Rua Vazia, número zero.
-Documento com foto, por favor!
-Minha foto é só uma sombra.
-A senhora é indesejada e triste?
-A tua alma e os teus olhos só sabem  chorar?
-Teu cansaço anda exaurido , transtornado, aborrecido?
-O teu coração é um abismo de tormento escondido?
-O teu jardim virou espaço de abandono padecido?
-Teu olhar anda embaçado pelas lágrimas vertidas?
-O riso da tua boca é uma mentira consentida?
- A tua palavra é vazia, desfigurada e invertida?
-O teu sonho é apenas um pensamento bisonho?
-A tua verdade acreditada é uma mentira deslavada?
-O teu amor nada mais é do que um estranho?
-A tua poesia é um punhado de versos perdidos e incompreendidos?
-E a tua vida, o que é a tua vida?
-É um querer que não quer?
-É um olhar que não vê?
-É um amor desprezado, um abraço não dado?
-É uma lembrança esquecida, uma aventura  não vivida?
-É uma dia escuro que não amanhece?
É um luar minguante?
-Interrogo-te, mulher!
-Teu testemunho te condena!
-Oh,  vida neutralizada, aniquilada,
mal amada, com vontades enterradas, emoções acabrunhadas!
-Cumprirá a pena de serviço pesado em favor do teu coração!
-Vá, busque a ilusão , a paixão, a devoção, o perdão, a mão
                   que a levante do chão!

QUEM ÉS TU, MULHER?

QUEM ÉS TU, MULHER?
                                         Vera Popoff


Quem és tu, mulher?
És a calma da alma?
És a muda voz do silêncio?
És a brisa que abana o calor?
És o mistério que encerra a paixão?

Quem és tu, mulher?
És a inquietude que te movimenta?
És a retórica insana e profana?
És o alarido  das ruas feitas de sons grotescos
           e de gemidos?
És o desvario, o embate, o peito ardente?

Ou tu és o campo solitário e triste?
És uma altiva palmeira se retorcendo ao vento?
És a mansa água d'um regato?
És o murmúrio d'um coração solitário?

Quem és tu, afinal, mulher?
És a fala constante e irritante?
És o leviano riso estridor?
És a discussão, a interrogação,
a coragem transbordada, a questão indefinida,
             a irritação desmedida?

Quem  és tu,  mulher?
És a fé calada rogando nos montes?
És  a fé do templo profano que grita,
        agita, que canta e julga?
És a quietude das tardes sob os laranjais?
Ou és a extravagância da avenida espremida,
sem doçura, sem candura, gemendo seus  "ais"?

Ainda estás a tua procura?
Ainda te perguntas quem és?
Meditas sobre a tua existência?
Questiona a certeza, a palavra final,
o acento, o direto, o indireto, o oculto,
definido , indefinido, a clareza, o pingo do "i"?

Vá , mulher!
Corre atrás do teu próprio encontro!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MAIS UMA SINGELA CANTIGA

MAIS UMA SINGELA CANTIGA
                                                              Vera Popoff



A nossa história foi longa
Voamos por tantos céus
Acertos e desacertos
Mas nunca o desprezo com a vida
Sempre altivos, pensamentos definidos!
Os sonhos sonhados juntos foram tão decisivos
As lágrimas de um , pelo outro, enxugada
Á luz das luas, nossas conversas
Á luz dos sóis, nossas tarefas
À luz do coração, tanta afeição
À luz da alma, respeito e devoção!
No momento, tanto sossego!
Exercito o desapego
Já vencemos tantos medos
Quem semeia tanto bem
Espera, pois a colheita vem!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O CANTO DA JURITI

O CANTO DA JURITI
                                           Vera Popoff

A juriti canta...canta...canta
Quer avisar uma lágrima, ou um riso
Suspiro e lhe pergunto:
-Diz-me, juriti, diz-me!
Senão eu perco o juízo!

A juriti cantou às  dezoito horas
Despertou-me com seu chilrear
Oh, juriti, quer uma alegria avisar?
Ou vai me fazer chorar?

No meu peito não há aperto
O meu coração está levinho...
No dia não há escuridade
Portanto, é um recado da Divindade!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

UM SONHO?

UM SONHO?
                                    Vera Popooff

Uma semente de limão brotada
O olhar atento do irmão Fernando
O dia azul e silencioso
Passos leves, mas sempre caminhando
Um indescritível e suave prazer
Um livro esperando a leitura
Sentimento de delicada lisura
O sol sobre o rosto amado
A brisa refrescando o lugar abençoado
Uma canção indefinida
Tudo parecia uma ilusão
Mas transpirava vida
Tentei afagar seu rosto
Desisti, com todo cuidado
Não o queria tão exposto!
Num sorriso de brandura
despediu-se...sem dizer nada
Sabendo sua presença, confirmada,
       compartilhada!




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

SÓ UM LAMENTO

´SÓ  UM  LAMENTO
                                                (Vera Popoff)


A  noite sem a lua
A mágoa, pois não fui sua
A tristeza  na  alma  nua
A dor que lateja  crua

A  afeição  rejeitada, secou!
A  canção  que ninguém cantou
A  espera  que não chegou
A boca que  não beijou

A angústia ditando o tom
A  voz abafando  o som
Será o sofrimento , um dom?
Ou  o sonho  que  não foi bom?

O tempo trazendo o vento
Há  sombra no pensamento
A  lágrima de  sofrimento
Livrai-me de  tal tormento!

Amanhece e procuro  o brilho
A  lembrança  do olhar do filho
O sol  lança a claridade
 Chega da  autopiedade
Vou  atrás da  felicidade!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ALMA AFINADA

ALMA AFINADA
                                    Vera Popoff

Acordei inspirada
Afinei minha alma
Abri um teclado
Repassei a sonata
A voz de harmonia
Cantou Bach
E a sua 'Alegria"
Um coro angelical
Vem chegando do céu
Ah...que manhã triunfal!
Dou um giro no mundo
Respiro sentimento profundo
O sol ainda está desbotado
Quase apagado
A chuva ameaça
A beleza transpassa
A folha luzindo
A gota do orvalho
A vida se aviva
A rosa corada
A Terra  inteira habitada
por tantos anjos do céu
Chega o vento tão manso
Suspiro e descanso
Num tempo novo eu avanço