QUEM ÉS TU, MULHER?
Vera Popoff
Quem és tu, mulher?
És a calma da alma?
És a muda voz do silêncio?
És a brisa que abana o calor?
És o mistério que encerra a paixão?
Quem és tu, mulher?
És a inquietude que te movimenta?
És a retórica insana e profana?
És o alarido das ruas feitas de sons grotescos
e de gemidos?
És o desvario, o embate, o peito ardente?
Ou tu és o campo solitário e triste?
És uma altiva palmeira se retorcendo ao vento?
És a mansa água d'um regato?
És o murmúrio d'um coração solitário?
Quem és tu, afinal, mulher?
És a fala constante e irritante?
És o leviano riso estridor?
És a discussão, a interrogação,
a coragem transbordada, a questão indefinida,
a irritação desmedida?
Quem és tu, mulher?
És a fé calada rogando nos montes?
És a fé do templo profano que grita,
agita, que canta e julga?
És a quietude das tardes sob os laranjais?
Ou és a extravagância da avenida espremida,
sem doçura, sem candura, gemendo seus "ais"?
Ainda estás a tua procura?
Ainda te perguntas quem és?
Meditas sobre a tua existência?
Questiona a certeza, a palavra final,
o acento, o direto, o indireto, o oculto,
definido , indefinido, a clareza, o pingo do "i"?
Vá , mulher!
Corre atrás do teu próprio encontro!
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