sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SEM HORA MARCADA

SEM  HORA  MARCADA
                                        (Vera Popoff)

Ontem ,hoje,   amanhã ou depois de amanhã,
Que importam datas reguladas e confirmadas?
Do relógio, arranquei os ponteiros.
Vivo o tempo assim...de momento
Ontem foi vivido, não voltará, foi levado.
Nem sei se  alcançou o finito , quanto mais
         o infinito!

Amanhã é dia de esperar...
Não vou arriscar-me numa espera incerta
Quem me garantirá  sentidos sensíveis,
o porvir desejado, o sonho realizado?
Amanheço e faço na alma ,uma vistoria.
A poeira é retirada, as sombras... abrilhantadas!
Aguço a imaginação, visto a roupa de brincar
O dia é tão criança! Tem ainda a inocência
do amanhecer. Não foi maculado,
ainda não carrega o peso do pecado.
Enquanto sou menina , vou vivê-lo
e gastar minhas peraltices
Saio da escuridão, corro, alcanço o luzimento!
 Deixo a brisa fresca  me afagar
Assisto a semente germinar ,
viro galho acolhedor de passarinho.

O peito enchido de todas as vontades
O fruto doce experimentado
Todo amargor, adoçado!
O relógio sem ponteiro
A vida, um respiro certeiro
Quem precisa do relojoeiro?
Nada cronometrado
O som do coração, desenfreado.
A primeira regra é viver
A segunda regra é viver
A terceira regra é viver!

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