domingo, 24 de janeiro de 2016

AVENIDA PAULISTA

AVENIDA PAULISTA
                                                    Vera Popoff

Em 22/01/2016 levei o primeiro tombo do ano. O tombo inaugural,  já que consigo cair oito a dez vezes a cada doze  meses.. Minha filha disse-me que há uma explicação sobre pessoas que caem muito. Nada posso dizer , pois nada pesquisei.
A queda rendeu-me o joelho ralado e mais inchado do que normalmente  o é.
Domingo, apesar do desconforto , resolvi fazer uma caminhada pela Avenida Paulista, localizada em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada Espigão da Paulista.
São aproximadamente 2800 metros de comprimento , com duzentos mil moradores ,centro financeiro e empresarial mais importante do Brasil, o metro quadrado caríssimo, etc. etc.
Verdade , verdadeira, nenhum dos dados mencionados mexem com o meu coração e nem com minha situação financeira.
Queria ver a Paulista aos domingos. Fechada ao tráfego, fechada às  contas bancárias , fechada aos investidores , fechada para qualquer chatice!
Aberta para o lazer, para os encontros e reencontros , para a parte lúdica da vida. Aberta para as pessoas , que carecem de áreas agradáveis , aos finais de semana , como forma de abastecimento da energia gasta na lida .
Caminhei , até com desenvoltura , os primeiros 2800 metros. Na volta , comecei a sentir dificuldade para caminhar. Vagarosamente, arrastava a perna queixosa. Ah... foi quando a minha alma soltou-se!
Acionou as asas livres e começou a voar na frente das pernas...E numa avidez tal,  que não perdia nenhum detalhe . Músicos e artesãos , contadores de histórias que reuniam crianças a  sua volta, pintores e imitadores de Elvis Presley, Demônios da Garoa, bicicletas, carrinhos de bebes, senhorinhas , como eu, de cabelos branquinhos , viajando naquela festa popular.
Sorrisos  que  caiam das bocas ,eram  gentilmente  recolhidos pelas outras bocas. Acenos de cabeça e de mãos!
Picolés coloridos desfilavam seus sabores pela passarela . Cafés e livrarias , papos improvisados e comentários,  acolhendo a iniciativa do passeio livre, democrático, alegre e tão humano.
E a alma voando na frente dos pés, fingiu-se criança e perdeu a timidez! Quase embarcou num skate e deslizou sob o céu ! Já não media a avenida  em metros, mas em minutos de extremo prazer. Foi uma tarde feliz , onde o melhor foi recolhido para dentro do peito ! Falando sério, a dor no joelho é bem mais fácil de aguentar do que a dor da alma. E esta , estava novinha em folha! Obrigada aí...vida!

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