ENVERGONHADA
Vera Popoff
Depois d'um desequilíbrio de emoção
que surrou o meu coração!
Depois da lágrima, inutilmente , derramada
E das tantas amarguras destiladas
Depois das palavras duras , jorradas
e das turvas energias espalhadas
e das asperezas , em flechadas ,
lançadas.
Depois das blasfêmias proferidas
E de loucura cometida
E da falsa verdade declamada
Depois da convulsão de sentimentos,
Da alma , numa torrencial tempestade
e do espírito atravancado pela dor tão pequena!
Fiquei envergonhada...nem pedir perdão ,eu pude.
Faltou coragem!
E o sorriso quis sair da boca, mas conteve-se
A mão preparou um gesto de afago, mas prendeu-se
e a face corou, envergonhada!
Agora, o dito já foi dito,
mas , ainda bem , não foi escrito
Que voe, o dito que não foi bendito,
para muito longe... carregado
pelas nuvens do mau tempo
Quem sabe , desaguando em chuvas
e lavando o dia da tormenta.
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