Luz...PERDÃO !
Vera Popoff
Quando recolhi a cachorrinha Luz, prestes a dar cria, sob o temporal, sinceramente , não o fiz por vaidade e talvez , nem por bondade! Acho mesmo que foi para não sentir peso na consciência .
Como iria deixar o animal na chuva , sofrendo a ação das intempéries , sem comida e abrigo?...
Acho que pratiquei , sem arquitetar , um ato de Misericórdia.
O PAPA FRANCISCO tem insistido na Misericórdia e deduzo que lembrei-me dele , naquele momento.
Não havia pensado, entretanto, na responsabilidade e nos problemas que enfrentamos ao sermos misericordiosos! Fiquei avaliando o quanto somos responsáveis pelos atos de misericórdia que praticamos.
E lidar com a bondade , assimilar a bondade e viver sob o princípio da bondade , é quase uma maldade que fazemos com o nosso lado egoísta .
Pois bem, vieram à luz , oito filhotes lindos ,sendo dois machos e seis fêmeas. Tudo parecia perfeito! Os oito mamando, a Luz bebendo dois litros de leite por dia , todos grudados nas tetas lotadas da seiva da vida.
Esplêndido! Até que começaram a crescer e causar! Destruiam tudo que ousava atravessar à frente! As vítimas foram 12 orquídeas em flor, um canteiro lindo de antúrios, lírios da paz, gerânios e sempre-vivas . Surtei, blasfemei, roguei praga. Fui pequena, mas tão pequena , que passei mal, vítima da pequenez!.
Amuada e indignada, me recolhi , chorei, tentei me justificar, dizer a mim mesma, que eu era humana demais para a misericórdia!
Serenei. Aquela complexo de culpa arruinaria a minha alma.
Fiquei bem , apesar de envergonhada pelo chilique. Paciência!
Compreendi então, o porquê do Papa insistir na misericórdia. A misericórdia é difícil e acarreta , muitas vezes , um desconforto. Tira a nossa vida daquela zona de segurança e plenitude, tira da nossa visão o jardim florido e imaculado, os dias pacatos e tão previsíveis viram do avesso e numa atitude contrária á misericórdia, fazemos de um copo d'água , um tsunami!
Senti tanta vergonha , que escrevi uma poesia "ENVERGONHADA". Com sessenta e seis anos , aprendi tão pouco!! De qualquer forma, reaproveitei o pouco que assimilei da bondade humana e raciocinei o quanto tinha sido mais irracional do que os pequenos . Passei dias, olhando com insistência para os maluquinhos e senti uma ternura enorme invadir o meu peito!
Tão bonitos e cheios de energia! Tão saudáveis e confiantes no nosso cuidado! Tão absolutamente dependentes da boa vontade ! Ah, Deus, que bom que os recolhi! Que oportunidade eu tive de reavaliar o meu conceito sobre o que é realmente um sofrimento e o que é uma tristeza vã !
Mas e o jardim? No momento, já providencio a retomada das flores, já salvei alguns galhos , remexi a terra e como dizia, sabiamente, Rubem Alves , já plantei tudo na alma. É só replantar na terra, que sabe esperar.
Vera Popoff
Quando recolhi a cachorrinha Luz, prestes a dar cria, sob o temporal, sinceramente , não o fiz por vaidade e talvez , nem por bondade! Acho mesmo que foi para não sentir peso na consciência .
Como iria deixar o animal na chuva , sofrendo a ação das intempéries , sem comida e abrigo?...
Acho que pratiquei , sem arquitetar , um ato de Misericórdia.
O PAPA FRANCISCO tem insistido na Misericórdia e deduzo que lembrei-me dele , naquele momento.
Não havia pensado, entretanto, na responsabilidade e nos problemas que enfrentamos ao sermos misericordiosos! Fiquei avaliando o quanto somos responsáveis pelos atos de misericórdia que praticamos.
E lidar com a bondade , assimilar a bondade e viver sob o princípio da bondade , é quase uma maldade que fazemos com o nosso lado egoísta .
Pois bem, vieram à luz , oito filhotes lindos ,sendo dois machos e seis fêmeas. Tudo parecia perfeito! Os oito mamando, a Luz bebendo dois litros de leite por dia , todos grudados nas tetas lotadas da seiva da vida.
Esplêndido! Até que começaram a crescer e causar! Destruiam tudo que ousava atravessar à frente! As vítimas foram 12 orquídeas em flor, um canteiro lindo de antúrios, lírios da paz, gerânios e sempre-vivas . Surtei, blasfemei, roguei praga. Fui pequena, mas tão pequena , que passei mal, vítima da pequenez!.
Amuada e indignada, me recolhi , chorei, tentei me justificar, dizer a mim mesma, que eu era humana demais para a misericórdia!
Serenei. Aquela complexo de culpa arruinaria a minha alma.
Fiquei bem , apesar de envergonhada pelo chilique. Paciência!
Compreendi então, o porquê do Papa insistir na misericórdia. A misericórdia é difícil e acarreta , muitas vezes , um desconforto. Tira a nossa vida daquela zona de segurança e plenitude, tira da nossa visão o jardim florido e imaculado, os dias pacatos e tão previsíveis viram do avesso e numa atitude contrária á misericórdia, fazemos de um copo d'água , um tsunami!
Senti tanta vergonha , que escrevi uma poesia "ENVERGONHADA". Com sessenta e seis anos , aprendi tão pouco!! De qualquer forma, reaproveitei o pouco que assimilei da bondade humana e raciocinei o quanto tinha sido mais irracional do que os pequenos . Passei dias, olhando com insistência para os maluquinhos e senti uma ternura enorme invadir o meu peito!
Tão bonitos e cheios de energia! Tão saudáveis e confiantes no nosso cuidado! Tão absolutamente dependentes da boa vontade ! Ah, Deus, que bom que os recolhi! Que oportunidade eu tive de reavaliar o meu conceito sobre o que é realmente um sofrimento e o que é uma tristeza vã !
Mas e o jardim? No momento, já providencio a retomada das flores, já salvei alguns galhos , remexi a terra e como dizia, sabiamente, Rubem Alves , já plantei tudo na alma. É só replantar na terra, que sabe esperar.
Dos oito filhotes , já conseguimos doar seis. Agradeço as pessoas que, generosamente, adotaram os pequenos.
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