A CIDADE ACABOU
Vera Popoff
Havia uma cidade tão pequena, mas
tão grande!
Nela, cabiam os sonhos , tantas emoções e
um bom tanto de docinhas ilusões.
As ruas eram serenas
As almas eram amenas
O sol fulgurava soberano
A lua , rainha das noites
As estrelas eram luzes encantadas
que piscavam e invadiam as frestas
das janelas.
Tanto riso e bem pouquinho juízo.
Auroras esperançadas
Carinhos transbordavam
Camaradagem, formosura
A vida era só candura!
Certa noite, a estranheza!
Sem luar, sem o vagalume pisca-pisca
Sem modinhas e serenatas
nuvem pesada baixando...
Tempestade ao amanhecer!
Vendaval nos corações
Foi-se embora a singeleza
Restou pó de aspereza
A alquimia desandou!
A carruagem tombou
virou a abóbora esparramada
A noite escura e tão calada!
O encanto se quebrou...
Um vazio...
Um vazio...
O que foi doce acabou.
terça-feira, 12 de setembro de 2017
CHEGA!
CHEGA!
Vera Popoff
Agora , chega!
Nasci, chorei,cresci.
Amei quem não amou o meu amor.
Escolhi caminhos tão penosos!
Iludi-me e desiludi-me
Apaixonei e me desesperei
Participei de todas as lutas
que passaram por mim
Plantei mil árvores e escrevi livros, mal escritos,
mas estão lá
preto no branco!
Pari , amamentei e chorei todas as dores,
e sorri algumas alegrias,
mesmo nunca tendo sido, verdadeiramente,
inteiramente e inconsequentemente... alegre.
E arrisquei-me mais do que podia
Andei muito além do desejado
Dancei passos mal marcados
Abdiquei dos sonhos mais lindamente sonhados
Fui tola, ingênua, pequena e tão grande,
quando exigiram-me crescimento.
Mas agora, cansei.
Sento-me sob árvores que plantei
e sinto o cheiro bom do jasmim
Acaricio as pétalas das rosas escolhidas, no jardim
Aprecio a construção do ninho
e emociono-me , apenas e tão somente
com o passarinho.
Sair do meu quintal para ver o quê??
Convidada, não vou às festas
e não vivo para aparar mais arestas.
Chega de exposição e tanta decepção
Chega de querer convencer ,
de esmurrar o mal querer
de lembrar o que desejo esquecer.
O mundo, fora daqui ,
está sujo e cruel
As palavras são fel
E eu gosto mesmo é de lamber a própria mão,
lambuzada de mel.
Dane-se! Cansei!
Vera Popoff
Agora , chega!
Nasci, chorei,cresci.
Amei quem não amou o meu amor.
Escolhi caminhos tão penosos!
Iludi-me e desiludi-me
Apaixonei e me desesperei
Participei de todas as lutas
que passaram por mim
Plantei mil árvores e escrevi livros, mal escritos,
mas estão lá
preto no branco!
Pari , amamentei e chorei todas as dores,
e sorri algumas alegrias,
mesmo nunca tendo sido, verdadeiramente,
inteiramente e inconsequentemente... alegre.
E arrisquei-me mais do que podia
Andei muito além do desejado
Dancei passos mal marcados
Abdiquei dos sonhos mais lindamente sonhados
Fui tola, ingênua, pequena e tão grande,
quando exigiram-me crescimento.
Mas agora, cansei.
Sento-me sob árvores que plantei
e sinto o cheiro bom do jasmim
Acaricio as pétalas das rosas escolhidas, no jardim
Aprecio a construção do ninho
e emociono-me , apenas e tão somente
com o passarinho.
Sair do meu quintal para ver o quê??
Convidada, não vou às festas
e não vivo para aparar mais arestas.
Chega de exposição e tanta decepção
Chega de querer convencer ,
de esmurrar o mal querer
de lembrar o que desejo esquecer.
O mundo, fora daqui ,
está sujo e cruel
As palavras são fel
E eu gosto mesmo é de lamber a própria mão,
lambuzada de mel.
Dane-se! Cansei!
Amanheceu assim
AMANHECEU ASSSIM!
Vera Popoff
Amanheceu assim!
Amanhece assim ...só
que às vezes não enxergo.
Ou enxergo e nem ligo
Ou estou triste e ignoro
Ou atrapalho-me com o mundo tão estranho
Ou acho de pouca importância , um amanhecer.
Ou perco-me em meio a tanta bobagem
Ou enrolo-me em pensamentos confusos
Ou penso ser mais do que realmente sou
Ou deixo passar desapercebido
tão extraordinário amanhecer!
Caminho dentro da manhã bonita
Faço parte do cenário...ali,
com os passos contados e bem marcados,
como numa marcha cívica.
Passa um ou outro, por mim.
Sorrio aquele sorriso mecânico,
abano a cabeça num cumprimento e
sigo como máquina bem ajustada.
O amanhecer único vira tão secundário!
Quando me apercebo da crueza dos meus gestos
É tarde!
São passadas horas e a vida acordou muito atrasada
Sem tempo...para perceber aquele amanhecer.
Vera Popoff
Amanheceu assim!
Amanhece assim ...só
que às vezes não enxergo.
Ou enxergo e nem ligo
Ou estou triste e ignoro
Ou atrapalho-me com o mundo tão estranho
Ou acho de pouca importância , um amanhecer.
Ou perco-me em meio a tanta bobagem
Ou enrolo-me em pensamentos confusos
Ou penso ser mais do que realmente sou
Ou deixo passar desapercebido
tão extraordinário amanhecer!
Caminho dentro da manhã bonita
Faço parte do cenário...ali,
com os passos contados e bem marcados,
como numa marcha cívica.
Passa um ou outro, por mim.
Sorrio aquele sorriso mecânico,
abano a cabeça num cumprimento e
sigo como máquina bem ajustada.
O amanhecer único vira tão secundário!
Quando me apercebo da crueza dos meus gestos
É tarde!
São passadas horas e a vida acordou muito atrasada
Sem tempo...para perceber aquele amanhecer.
terça-feira, 29 de agosto de 2017
O LIVRO LIDO
O LIVRO LIDO
Vera Popoff
Não dobre as pontas das páginas do livro!
Não rabisque o livro
Não coloque anotações ou comentários!
Ora, ora, ora...
Um livro é para ser lido e relido
Bulido, anotado e rabiscado...até.
Para que me serviria um livro?
Se não pudesse discutí-lo, entendê-lo,
desvendá-lo e travar embates com suas ideias?
Anotações de novos vocábulos e dúvidas
Das diferenças e ambiguidades,
Das viagens e voos,
das misérias desconhecidas,
da fúria dos intolerantes,
da mansidão das águas do rio,
do perfume da donzela,
se "sou ou não sou".
Do sapato de verniz e da criatura sem verniz,
dos opressores e o medo dos oprimidos
Da cachaça, e da ressaca
Das lágrimas, do desespero
Das paixões perdidas e da vontade dividida
da fome de comida e de afeto,
dos segredos mal guardados,
da dor da viúva e dos corações maternos,
dos espelhos quebrados e o mau agouro
e das perdas...
da matéria e do sobrenatural,
das mandingas e sortilégios,
do branco, do negro
do contato e do prazer,
dos meninos que brincam e dormem
e daqueles desorientados
das libertinagens e das imagens
da justiça
da injustiça
do conhecimento
da 'Lira dos vinte anos"
Capitu traiu, não traiu
Dos cem anos de solidão
Maria Madalena e Jesus
o trovão, o sol, o céu.
...da vida
...da morte.
Vera Popoff
Não dobre as pontas das páginas do livro!
Não rabisque o livro
Não coloque anotações ou comentários!
Ora, ora, ora...
Um livro é para ser lido e relido
Bulido, anotado e rabiscado...até.
Para que me serviria um livro?
Se não pudesse discutí-lo, entendê-lo,
desvendá-lo e travar embates com suas ideias?
Anotações de novos vocábulos e dúvidas
Das diferenças e ambiguidades,
Das viagens e voos,
das misérias desconhecidas,
da fúria dos intolerantes,
da mansidão das águas do rio,
do perfume da donzela,
se "sou ou não sou".
Do sapato de verniz e da criatura sem verniz,
dos opressores e o medo dos oprimidos
Da cachaça, e da ressaca
Das lágrimas, do desespero
Das paixões perdidas e da vontade dividida
da fome de comida e de afeto,
dos segredos mal guardados,
da dor da viúva e dos corações maternos,
dos espelhos quebrados e o mau agouro
e das perdas...
da matéria e do sobrenatural,
das mandingas e sortilégios,
do branco, do negro
do contato e do prazer,
dos meninos que brincam e dormem
e daqueles desorientados
das libertinagens e das imagens
da justiça
da injustiça
do conhecimento
da 'Lira dos vinte anos"
Capitu traiu, não traiu
Dos cem anos de solidão
Maria Madalena e Jesus
o trovão, o sol, o céu.
...da vida
...da morte.
ROSA PÚRPURA???
ROSA PÚRPURA??
Vera Popoff
O botão da rosa vingou indeciso...
Não decidira se seria rosa, ou púrpura
Quisera fosse azul!
Não lhe permitiram
Entre a indecisão: se rosa ou púrpura,
chega o besouro faminto.
Belisca o botão , nem rosa , nem púrpura e
nem azul.
A tom foi destonado
A rosa mal aberta
O besouro satisfeito
A roseira decepcionada
O jardim sem tanto encanto
A manhã sem a fragrância
A alegria mais distante.
Vera Popoff
O botão da rosa vingou indeciso...
Não decidira se seria rosa, ou púrpura
Quisera fosse azul!
Não lhe permitiram
Entre a indecisão: se rosa ou púrpura,
chega o besouro faminto.
Belisca o botão , nem rosa , nem púrpura e
nem azul.
A tom foi destonado
A rosa mal aberta
O besouro satisfeito
A roseira decepcionada
O jardim sem tanto encanto
A manhã sem a fragrância
A alegria mais distante.
TEMPO, TEMPO, TEMPO
TEMPO, TEMPO , TEMPO...
Vera Popoff
Passa da meia noite...
Meia noite e tanto,
não sei exatamente porque não fixo no relógio.
Assusta-me o tempo que passo sem dormir
Sigo nesta vida com disciplina irritante e esmagadora!
Esmaga o bom humor, esmaga a leveza, esmaga, esmaga,
esmaga qualquer broto de ternura.
Cinco e trinta , o primeiro café.
Nenhum minuto antes ou depois.
Seis horas , a caminhada...
No mesmo espaço, as mesmas esquinas,
as mesmas caras desconsoladas e sonolentas.
Como a minha cara de tola. Disciplinada e tão certinha!
Uma vontade jorra d'alma:
- esconder-me do tempo, das horas...
Quem inventou a tolice de contar as horas?
-Não fui eu, mas a engrenagem da rotina
inventei e patentei.
Vera Popoff
Passa da meia noite...
Meia noite e tanto,
não sei exatamente porque não fixo no relógio.
Assusta-me o tempo que passo sem dormir
Sigo nesta vida com disciplina irritante e esmagadora!
Esmaga o bom humor, esmaga a leveza, esmaga, esmaga,
esmaga qualquer broto de ternura.
Cinco e trinta , o primeiro café.
Nenhum minuto antes ou depois.
Seis horas , a caminhada...
No mesmo espaço, as mesmas esquinas,
as mesmas caras desconsoladas e sonolentas.
Como a minha cara de tola. Disciplinada e tão certinha!
Uma vontade jorra d'alma:
- esconder-me do tempo, das horas...
Quem inventou a tolice de contar as horas?
-Não fui eu, mas a engrenagem da rotina
inventei e patentei.
domingo, 27 de agosto de 2017
A ÚLTIMA CARTA
A ÚLTIMA CARTA
Vera Popoff
Escrevo-te a última carta
Fora de moda , as cartas seladas, cheia de segredos,
desapareceram...
Quero te contar da minha vida
depois da tua cruel partida
Deixaste-me sem um beijo e...
tive que passar o tormento de relembrar
os tantos outros beijos antigos, molhados, demorados,
tão apaixonados!
Precisei agarrar-me ao penúltimo abraço
O último tu me negaste.
Foste sem um único olhar ...para trás
Se tivesses virado e me olhado
não terias partido.
Terias visto a mulher que abandonavas, ali.
Tão cheia de amor , carente e como árvore ,
pendendo frutos de desejo e de carinho
Disposta a ser a tua gueixa, a tua escrava,
aos teus pés!
Foste sem saber que o meu amor era louco,
único, perfeito, incondicional, disposto e perene
como um carvalho.
Depois da tua partida fiquei perdida
Perambulei por causas doidas, entreguei-me
às lutas , que até então , nunca foram as minhas.
Até ali, minha luta era prender-te, agarrar-me ao teu corpo
Beijar-te inteiro, dos pés aos teus cabelos.
Deixaste-me...perdida.
Agarrei-me aos sonhos de liberdade
Distanciei-me de outros homens
Tomei dianteiras perigosas,
enfrentei o risco de tortura e morte
Sabes por quê?
Já não queria ver outro sol nascer,
longe de ti.
E sentia repulsa pelo abandono e a ingratidão,
apesar dos amores nunca serem gratos
Mas eu vivi, meu amor!
Sem ti! Acreditas ? Vivi e fui bonita
Vivi e amei outra vez
Vivi e mudei, transformei algumas vidas...até!
Fui desejada por outros homens e amada
Conheci beijos mais lascivos que os teus beijos
E prazeres , até mundanos, mas tão quentes !
Fiz coisa que desconheces
Conheci territórios íntimos que desconhecia
Entrei dentro de mim e desbravei-me.
Hoje, assim como sou, não me quererias
Sou cheia de vontades e sabedorias
Amparei-me no estudo da filosofia
Aprendi que o amor só vale a pena
quando também é amado.
Vi a tua figura pelas vias sociais
Senti pena...
Sem mim ficaste tão plural e tão sem graça!
Teu olhar parece fosco e teus lábios, acho,
sem o sabor do vinho daquela taça.
Falas de coisas pequenas e erras as concordâncias
que estudávamos juntos.
Achei o tua retórica limitada e atrasada
Não discutes a ética, a desigualdade, viraste para a direita
Ah...eu pouco perdi, sem ti
Mas tu? pobre homem vazio!
Perdeste muito, ou quase tudo, sem mim.
Despeço-me e te desejo uma grande remorso!
Mereces todas as ingratidões do mundo
Longe dos meus olhos e da minha amorosa vigilância,
teus dias são insonsos e percebo-te amargurado,
desfigurado e a criatura que hoje, não desejaria
para mim.
Ficarias atônito se me visse , agora!
Emociono-me e sou capaz de enternecimentos ,
Às vezes , confesso-me descontente porque espero sempre
muito mais
Não apenas para mim, mas minha esperança é ampla
e abrangente.
Tive perdas bem maiores do que a sentida
quando te perdi,
Mas estou aqui! Se restou saudade,
distante , bem distante , tornou-se névoa.
Enfim, nos perdemos, mas reencontrei-me
Já, tu, homem fugaz...no teu castelo
é um ser perdido e empobrecido.
Toda a mágoa do mundo carregas nos teus fracos ombros.
Sem mais e atenciosamente...Eu!
Vera Popoff
Escrevo-te a última carta
Fora de moda , as cartas seladas, cheia de segredos,
desapareceram...
Quero te contar da minha vida
depois da tua cruel partida
Deixaste-me sem um beijo e...
tive que passar o tormento de relembrar
os tantos outros beijos antigos, molhados, demorados,
tão apaixonados!
Precisei agarrar-me ao penúltimo abraço
O último tu me negaste.
Foste sem um único olhar ...para trás
Se tivesses virado e me olhado
não terias partido.
Terias visto a mulher que abandonavas, ali.
Tão cheia de amor , carente e como árvore ,
pendendo frutos de desejo e de carinho
Disposta a ser a tua gueixa, a tua escrava,
aos teus pés!
Foste sem saber que o meu amor era louco,
único, perfeito, incondicional, disposto e perene
como um carvalho.
Depois da tua partida fiquei perdida
Perambulei por causas doidas, entreguei-me
às lutas , que até então , nunca foram as minhas.
Até ali, minha luta era prender-te, agarrar-me ao teu corpo
Beijar-te inteiro, dos pés aos teus cabelos.
Deixaste-me...perdida.
Agarrei-me aos sonhos de liberdade
Distanciei-me de outros homens
Tomei dianteiras perigosas,
enfrentei o risco de tortura e morte
Sabes por quê?
Já não queria ver outro sol nascer,
longe de ti.
E sentia repulsa pelo abandono e a ingratidão,
apesar dos amores nunca serem gratos
Mas eu vivi, meu amor!
Sem ti! Acreditas ? Vivi e fui bonita
Vivi e amei outra vez
Vivi e mudei, transformei algumas vidas...até!
Fui desejada por outros homens e amada
Conheci beijos mais lascivos que os teus beijos
E prazeres , até mundanos, mas tão quentes !
Fiz coisa que desconheces
Conheci territórios íntimos que desconhecia
Entrei dentro de mim e desbravei-me.
Hoje, assim como sou, não me quererias
Sou cheia de vontades e sabedorias
Amparei-me no estudo da filosofia
Aprendi que o amor só vale a pena
quando também é amado.
Vi a tua figura pelas vias sociais
Senti pena...
Sem mim ficaste tão plural e tão sem graça!
Teu olhar parece fosco e teus lábios, acho,
sem o sabor do vinho daquela taça.
Falas de coisas pequenas e erras as concordâncias
que estudávamos juntos.
Achei o tua retórica limitada e atrasada
Não discutes a ética, a desigualdade, viraste para a direita
Ah...eu pouco perdi, sem ti
Mas tu? pobre homem vazio!
Perdeste muito, ou quase tudo, sem mim.
Despeço-me e te desejo uma grande remorso!
Mereces todas as ingratidões do mundo
Longe dos meus olhos e da minha amorosa vigilância,
teus dias são insonsos e percebo-te amargurado,
desfigurado e a criatura que hoje, não desejaria
para mim.
Ficarias atônito se me visse , agora!
Emociono-me e sou capaz de enternecimentos ,
Às vezes , confesso-me descontente porque espero sempre
muito mais
Não apenas para mim, mas minha esperança é ampla
e abrangente.
Tive perdas bem maiores do que a sentida
quando te perdi,
Mas estou aqui! Se restou saudade,
distante , bem distante , tornou-se névoa.
Enfim, nos perdemos, mas reencontrei-me
Já, tu, homem fugaz...no teu castelo
é um ser perdido e empobrecido.
Toda a mágoa do mundo carregas nos teus fracos ombros.
Sem mais e atenciosamente...Eu!
sábado, 26 de agosto de 2017
REGRESSO
REGRESSO
Vera Popoff
Regressei ao passado...
Cheia de esperança de reviver pedaços doces
da vida!
Não sei se foram muitos, se foram tantos , ou...
se foram quase nada e superestimados.
Só sei que o tempo passou depressa,
ora arrastado.
Lembro-me que o céu inda era azul,
que eu era distraída e não percebia o que doía.
Revi no pensamento as minhas tias
Uma engraçada, outra severa, tanta ternura
Mas na volta ao meu passado, elas morreram
outra vez!
E a minha mãe sorria , linda!!!
Meu pai contava casos e meu irmão sempre ao piano
Foi bom revê-los!
Mas no regresso ao passado, novamente senti a dor
da derradeira despedida.
Meu Deus Santo!! Quero esquecer todas as alegrias vividas
para não lembrar-me das tristezas revividas.
Sigo sob o céu...já não tão azul...
Vera Popoff
Regressei ao passado...
Cheia de esperança de reviver pedaços doces
da vida!
Não sei se foram muitos, se foram tantos , ou...
se foram quase nada e superestimados.
Só sei que o tempo passou depressa,
ora arrastado.
Lembro-me que o céu inda era azul,
que eu era distraída e não percebia o que doía.
Revi no pensamento as minhas tias
Uma engraçada, outra severa, tanta ternura
Mas na volta ao meu passado, elas morreram
outra vez!
E a minha mãe sorria , linda!!!
Meu pai contava casos e meu irmão sempre ao piano
Foi bom revê-los!
Mas no regresso ao passado, novamente senti a dor
da derradeira despedida.
Meu Deus Santo!! Quero esquecer todas as alegrias vividas
para não lembrar-me das tristezas revividas.
Sigo sob o céu...já não tão azul...
SÓ UM JOGO
SÓ UM JOGO
Vera Popoff
Era apenas um jogo...
Uma distração, amendoim torrado,
poltrona confortável e a vontade de ganhar.
Um jogo... como a vida...um jogo
A bola rola e a esperança desliza na ponta dos pés
Esquecido todo o resto...tarefas e preocupações
A cada lance , a cada drible e o coração dá salto
-Pura emoção, mas...já não é só um jogo.
é tensão e virou dor.
O jogo acabou esvaziado de esperança
O que foi gostoso e doce, hoje, azedou.
Mexeu comigo, desnorteou o meu equilíbrio.
Enfim a conclusão tão racional:
- Bobagem, foi só um jogo!
Mas eu sofri, caramba!!!
Mas eu sofri, caramba!!!
Vera Popoff
Era apenas um jogo...
Uma distração, amendoim torrado,
poltrona confortável e a vontade de ganhar.
Um jogo... como a vida...um jogo
A bola rola e a esperança desliza na ponta dos pés
Esquecido todo o resto...tarefas e preocupações
A cada lance , a cada drible e o coração dá salto
-Pura emoção, mas...já não é só um jogo.
é tensão e virou dor.
O jogo acabou esvaziado de esperança
O que foi gostoso e doce, hoje, azedou.
Mexeu comigo, desnorteou o meu equilíbrio.
Enfim a conclusão tão racional:
- Bobagem, foi só um jogo!
Mas eu sofri, caramba!!!
Mas eu sofri, caramba!!!
POEMA DO DESCONTENTE
POEMA DO DESCONTENTE
Vera Popoff
Não bastou querer viver.
Não bastou abrir a janela e o sol invadir a casa
Não bastou pisar a água corrente e me banhar
ao som da cotovia
Não me bastou o pensamento, nem a filosofia
Não me bastou ter a ideia, uma palavra doce
Não me bastou fingir que ando tão contente
...sou descontente.
Não me bastou brincar de escrever poesia
As falas do ser humano perturbam,
soam como heresia
Fujo para um lugar que não me esconde
e finjo que está tudo bem, que sou contente,
apenas só um pouquinho, diferente
Mas de verdade...sou descontente.
Acordo na madrugada fria , cheia de sensações
Caminho , vento na cara, passos ligeiros
Quem sabe , num belo dia, desnudo as emoções
E poderei extravasar tais sufocações,
Dizer que , enfim, eu vi a felicidade,
falar com segurança :- como estou contente!
Mas por enquanto , sou o que posso
...sou descontente!
Vera Popoff
Não bastou querer viver.
Não bastou abrir a janela e o sol invadir a casa
Não bastou pisar a água corrente e me banhar
ao som da cotovia
Não me bastou o pensamento, nem a filosofia
Não me bastou ter a ideia, uma palavra doce
Não me bastou fingir que ando tão contente
...sou descontente.
Não me bastou brincar de escrever poesia
As falas do ser humano perturbam,
soam como heresia
Fujo para um lugar que não me esconde
e finjo que está tudo bem, que sou contente,
apenas só um pouquinho, diferente
Mas de verdade...sou descontente.
Acordo na madrugada fria , cheia de sensações
Caminho , vento na cara, passos ligeiros
Quem sabe , num belo dia, desnudo as emoções
E poderei extravasar tais sufocações,
Dizer que , enfim, eu vi a felicidade,
falar com segurança :- como estou contente!
Mas por enquanto , sou o que posso
...sou descontente!
DESVALIDA
DESVALIDA
Vera Popoff
Quando a agonia e a tensão se juntam
Quando um quase desespero e a sofreguidão
estão à flor da pele
O coração esmaga-se...quase me mata!
Sema as gotas que aliviam dores
Sem remédio e sem alívio, regurgito
a desesperança.
E num trança, trança de paixões feridas
A quem recorro?
Se nada enxergo e n'onde piso
não há socorro.
O pranto prendido, escondido e inibido,
à alma, pesa!
Não me contenho e lanço-me ao precipício
das amarguras, contra a corrente.
O subconsciente sabe além, da minha frente
O mal está por perto, já "arrodeia".
Meu corpo é desvalido, tão fraco e frouxo
O sentido atina e já lastima
Não há como conter a má corrente
A premonição presente, não me desmente!
Fraquejo e tombo.
Nem mesmo aquela flor tão bem cuidada,
resiste.
Cai murcha, desolada, e no chão duro
jaz pisada...
Vera Popoff
Quando a agonia e a tensão se juntam
Quando um quase desespero e a sofreguidão
estão à flor da pele
O coração esmaga-se...quase me mata!
Sema as gotas que aliviam dores
Sem remédio e sem alívio, regurgito
a desesperança.
E num trança, trança de paixões feridas
A quem recorro?
Se nada enxergo e n'onde piso
não há socorro.
O pranto prendido, escondido e inibido,
à alma, pesa!
Não me contenho e lanço-me ao precipício
das amarguras, contra a corrente.
O subconsciente sabe além, da minha frente
O mal está por perto, já "arrodeia".
Meu corpo é desvalido, tão fraco e frouxo
O sentido atina e já lastima
Não há como conter a má corrente
A premonição presente, não me desmente!
Fraquejo e tombo.
Nem mesmo aquela flor tão bem cuidada,
resiste.
Cai murcha, desolada, e no chão duro
jaz pisada...
Sangrias estancadas
Vera Popoff
Pois bem!!
Todas as sangrias estancadas
As caras cínicas, nada envergonhadas...
A Nação, no chão, esfarelada
O trabalhador com a dignidade aviltada
Para onde correremos?
Um caminho mais bonito, encontraremos! Ah...encontraremos!
Perplexos e exaustos, sobrevivemos
E não desistiremos!
O mal inda persiste , mas seu tempo tem validade
Sem chance , acabará no esgoto
Embrulhados nas mortalhas da canalhice
Não resistirão à lama , à putrefação dos maus sentidos
Tombarão como covardes , pobres pervertidos!!
Vera Popoff
Pois bem!!
Todas as sangrias estancadas
As caras cínicas, nada envergonhadas...
A Nação, no chão, esfarelada
O trabalhador com a dignidade aviltada
Para onde correremos?
Um caminho mais bonito, encontraremos! Ah...encontraremos!
Perplexos e exaustos, sobrevivemos
E não desistiremos!
O mal inda persiste , mas seu tempo tem validade
Sem chance , acabará no esgoto
Embrulhados nas mortalhas da canalhice
Não resistirão à lama , à putrefação dos maus sentidos
Tombarão como covardes , pobres pervertidos!!
GOSTO ,DESGOSTO
GOSTO, DESGOSTO
Vera Popoff
Sinto gosto pela vida
Mas também sinto desgosto
Quando chega a tarde morna
Ai, que delícia de gosto!
Vem a noite sem luar
Santo Deus, quanto desgosto!
Nos campos percorridos com gosto
O gosto da amora doce
dá gosto doce , na boca de tantos desgostos.
Na confusão das ideias
Já não sei quando é gosto
e quando é desgosto.
Meço o tamanho do gosto
e o volume do desgosto
A conclusão me arrepia
Aquilo que parecia gosto
virou enorme desgosto.
Retiro tudo que disse
Começo outra história...com gosto
Escondo-me em meio ao mistério:
-Afinal, minha vida é um gosto
ou um desgosto?
E entra este mês de agosto
Vislumbro enorme desgosto,
Mas no cheiro da tangerina
volto a sentir pleno gosto.
Se sorrio , o faço com gosto
Se choro, deito sob o desgosto
No reflexo do sol na janela
enxergo um dia de gosto
Mas chega um vento do sul
e carrega a alegria gostosa
Cá estou começando do fim...
sou outra vez...desgostosa!
Vera Popoff
Sinto gosto pela vida
Mas também sinto desgosto
Quando chega a tarde morna
Ai, que delícia de gosto!
Vem a noite sem luar
Santo Deus, quanto desgosto!
Nos campos percorridos com gosto
O gosto da amora doce
dá gosto doce , na boca de tantos desgostos.
Na confusão das ideias
Já não sei quando é gosto
e quando é desgosto.
Meço o tamanho do gosto
e o volume do desgosto
A conclusão me arrepia
Aquilo que parecia gosto
virou enorme desgosto.
Retiro tudo que disse
Começo outra história...com gosto
Escondo-me em meio ao mistério:
-Afinal, minha vida é um gosto
ou um desgosto?
E entra este mês de agosto
Vislumbro enorme desgosto,
Mas no cheiro da tangerina
volto a sentir pleno gosto.
Se sorrio , o faço com gosto
Se choro, deito sob o desgosto
No reflexo do sol na janela
enxergo um dia de gosto
Mas chega um vento do sul
e carrega a alegria gostosa
Cá estou começando do fim...
sou outra vez...desgostosa!
O QUE SERÁ DA VIDA
O QUE SERÁ A VIDA??
Vera Popoff
O que será a vida?
Além d'um sonho esquecido,...
Do coração todo repartido
E das ilusões atiradas ao chão e pisadas?
Vera Popoff
O que será a vida?
Além d'um sonho esquecido,...
Do coração todo repartido
E das ilusões atiradas ao chão e pisadas?
O que será a vida?
Além do teu olhar indiferente,
Do abraço mal abraçado, tão frouxo?
Da boca humilhada , esmolando
um último beijo,
E a sufocação do mais ardente desejo?
O que será a vida?
Além do lenço da partida, ao vento,
balançando?
E do caminho esburacado
Do solo já esturricado
E do pensamento livre, agora travado?
O que será a vida?
Além da mão calejada
Da beleza consumida
Da cachaça barata, engolida
Da garganta, pelos prantos, esfolada,
Da raiva disfarçada , da indiferença degustada,
Da alma desprezada, brincando que é amada?
O que será a vida?
Além dos filhos paridos, criados, sumidos?
Das desilusões entre mulheres e maridos?
Da cama fria ... arrumada pelo desamor
Da blusa bem abotoada
E do seio não mais tocado e afagado?
O que será a vida?
Além de uma semana de agonia
e poucos minutos de alegria?
Das raras e distantes belezas
Das poucas levezas e finezas,
nenhuma moleza e o enfrentamento das baixezas
Das avalanches de safadezas e torpezas?
O que será a vida?
Além das rasas batalhas vencidas,
Mas...da guerra perdida????
Ver maisAlém do teu olhar indiferente,
Do abraço mal abraçado, tão frouxo?
Da boca humilhada , esmolando
um último beijo,
E a sufocação do mais ardente desejo?
O que será a vida?
Além do lenço da partida, ao vento,
balançando?
E do caminho esburacado
Do solo já esturricado
E do pensamento livre, agora travado?
O que será a vida?
Além da mão calejada
Da beleza consumida
Da cachaça barata, engolida
Da garganta, pelos prantos, esfolada,
Da raiva disfarçada , da indiferença degustada,
Da alma desprezada, brincando que é amada?
O que será a vida?
Além dos filhos paridos, criados, sumidos?
Das desilusões entre mulheres e maridos?
Da cama fria ... arrumada pelo desamor
Da blusa bem abotoada
E do seio não mais tocado e afagado?
O que será a vida?
Além de uma semana de agonia
e poucos minutos de alegria?
Das raras e distantes belezas
Das poucas levezas e finezas,
nenhuma moleza e o enfrentamento das baixezas
Das avalanches de safadezas e torpezas?
O que será a vida?
Além das rasas batalhas vencidas,
Mas...da guerra perdida????
sábado, 1 de julho de 2017
MAIS OU MENOS II
MAIS OU MENOS II
Vera Popoff
Não estou bem
Não estou mal
Nem contente
Nem descontente
Nem mais e nem menos.
Estou mais ou menos.
O dia não se apresenta colorido
A fotografia não é branco e preto
As fotos em branco e preto são as minhas
preferidas.
Porque imagino as cor dos olhos e da pele
A tonalidade da roupa e o verde da paisagem
De que cor é a rosa?
Qual a cor da cortina?
Demorei a perceber que as cortinas
podem ser de fumaça.
Entristeci-me com tantas cortinas descerradas...
de fumaça .
A estação é a do inverno e sinto tanto frio!
Um estranho frio jamais sentido
Frio nas costelas e na alma
Frio nos pés e no coração
Frio nas mãos e até nos abraços mal abraçados.
Não sei o que nos espera, mas parece-me:
-coisas boas não são!
A energia é estranha
O ar , carregado
Os sonhos parecem tão esfarelados!
A esperança, amarelada.
Os dias , curtos demais , não realizam desejos
Ou são compridos demais para serem suportados.
As notícias são chocantes, traiçoeiras
Os ventos , entristecidos , choram na velha janela,
Acho que vou andar no jardim
Quem sabe, algum aroma
Um sabiá , com seu canto,
trazendo graça e ventura
Não nasci para ser ...
mais ou menos!
Vera Popoff
Não estou bem
Não estou mal
Nem contente
Nem descontente
Nem mais e nem menos.
Estou mais ou menos.
O dia não se apresenta colorido
A fotografia não é branco e preto
As fotos em branco e preto são as minhas
preferidas.
Porque imagino as cor dos olhos e da pele
A tonalidade da roupa e o verde da paisagem
De que cor é a rosa?
Qual a cor da cortina?
Demorei a perceber que as cortinas
podem ser de fumaça.
Entristeci-me com tantas cortinas descerradas...
de fumaça .
A estação é a do inverno e sinto tanto frio!
Um estranho frio jamais sentido
Frio nas costelas e na alma
Frio nos pés e no coração
Frio nas mãos e até nos abraços mal abraçados.
Não sei o que nos espera, mas parece-me:
-coisas boas não são!
A energia é estranha
O ar , carregado
Os sonhos parecem tão esfarelados!
A esperança, amarelada.
Os dias , curtos demais , não realizam desejos
Ou são compridos demais para serem suportados.
As notícias são chocantes, traiçoeiras
Os ventos , entristecidos , choram na velha janela,
Acho que vou andar no jardim
Quem sabe, algum aroma
Um sabiá , com seu canto,
trazendo graça e ventura
Não nasci para ser ...
mais ou menos!
ABUSADA
Vera Popoff
Estou pensando,
cá com meus botões...
Como tenho sido abusada !
Abusaram da minha paciência
Abusaram da minha coerência
Abusaram ...quando acreditei na decência.
Ah...estou machucada
Fui abusada com violência!
Não sei se mando benzer o meu pedaço
Ou se peço ao padre que celebre uma missa
Ou se tomo passes espirituais
Ou se , de fato , enganei-me e
não percebi que "eles todos" são
exatamente iguais...na desfaçatez,
na insensatez, e na ausência da honradez.
Sábado! Sonhei com um sábado suave,
simples e leve.
Mas após uma sexta-feira de muitos abusos...
Acordei de um pesadelo?
Ou é mesmo sinistra a meia verdade descrita?
Tanto escárnio "elogiável"!
Será que vivo um momento de embriaguez?
Ou , de fato, está exposta à nudez,
toda a hipocrisia e o cinismo
dos homens , ditos, do bem?
E que , sinceramente, querem mesmo
mais um vintém !
Justificam "fortes elos" ,
descem todos os degraus,
expondo sorrisos amarelos e
afundam-se na indignidade
Já nem disfarçam que são
tão míseros e indecentes!
Ah, minha Pátria!
-Por onde anda a sua gente?
-Por onde anda a sua gente?
-Por onde anda a sua gente?
Vera Popoff
Estou pensando,
cá com meus botões...
Como tenho sido abusada !
Abusaram da minha paciência
Abusaram da minha coerência
Abusaram ...quando acreditei na decência.
Ah...estou machucada
Fui abusada com violência!
Não sei se mando benzer o meu pedaço
Ou se peço ao padre que celebre uma missa
Ou se tomo passes espirituais
Ou se , de fato , enganei-me e
não percebi que "eles todos" são
exatamente iguais...na desfaçatez,
na insensatez, e na ausência da honradez.
Sábado! Sonhei com um sábado suave,
simples e leve.
Mas após uma sexta-feira de muitos abusos...
Acordei de um pesadelo?
Ou é mesmo sinistra a meia verdade descrita?
Tanto escárnio "elogiável"!
Será que vivo um momento de embriaguez?
Ou , de fato, está exposta à nudez,
toda a hipocrisia e o cinismo
dos homens , ditos, do bem?
E que , sinceramente, querem mesmo
mais um vintém !
Justificam "fortes elos" ,
descem todos os degraus,
expondo sorrisos amarelos e
afundam-se na indignidade
Já nem disfarçam que são
tão míseros e indecentes!
Ah, minha Pátria!
-Por onde anda a sua gente?
-Por onde anda a sua gente?
-Por onde anda a sua gente?
terça-feira, 6 de junho de 2017
EMBARQUE
EMBARQUE
Vera Popoff
Embarquei nas ondas do silêncio.
Não sei se foi apenas mais um,
ou o derradeiro embarque.
Nada está pressentido
e nada está consumado.
A viagem , nas ondas do silêncio,
absurda e muda , flui...
O inverno, pelo jeito, será longo.
Sob ventos , viajo e penso,
adormeço e sonho, envolvida na neblina.
Lá , onde estava ancorada, era feio demais!
Tolerar, relevar, editar, respeitar, aconchegar
e abraçar
Eram apenas verbos, da primeira conjugação.
Abraçada e apertada pela indignação,
desgarrei-me e parti.
Se foi covardia ou rebeldia?
Ainda não decifrei.
Se foi cansaço ou dor em demasia?
Também não atinei.
Sentada na poltrona da reflexão,
já não sou combativa , nem receptiva .
Esqueci o dias mais perfeitos e os mais imperfeitos
Desperdicei minha raiva e minha fúria
Arranquei as pedras atiradas contra o meu coração,
Matei a sede da vingança
Suavizei a minha audição
ouvindo Chopin.
Por enquanto , o prazer , em mim,
é lambuzar-me da fruta
e abrigar-me das intempéries
logo ali...naquela gruta.
Vera Popoff
Embarquei nas ondas do silêncio.
Não sei se foi apenas mais um,
ou o derradeiro embarque.
Nada está pressentido
e nada está consumado.
A viagem , nas ondas do silêncio,
absurda e muda , flui...
O inverno, pelo jeito, será longo.
Sob ventos , viajo e penso,
adormeço e sonho, envolvida na neblina.
Lá , onde estava ancorada, era feio demais!
Tolerar, relevar, editar, respeitar, aconchegar
e abraçar
Eram apenas verbos, da primeira conjugação.
Abraçada e apertada pela indignação,
desgarrei-me e parti.
Se foi covardia ou rebeldia?
Ainda não decifrei.
Se foi cansaço ou dor em demasia?
Também não atinei.
Sentada na poltrona da reflexão,
já não sou combativa , nem receptiva .
Esqueci o dias mais perfeitos e os mais imperfeitos
Desperdicei minha raiva e minha fúria
Arranquei as pedras atiradas contra o meu coração,
Matei a sede da vingança
Suavizei a minha audição
ouvindo Chopin.
Por enquanto , o prazer , em mim,
é lambuzar-me da fruta
e abrigar-me das intempéries
logo ali...naquela gruta.
DONS
DONS
Vera PopoffAlguns dons, poucos dons,
singelos dons, nenhum raro dom.
Temperar um bom feijão,
Bordar e cozer à mão,
limpar o chão onde piso e donde,
algum passo de bolero, ainda deslizo.
Semear um pobre solo e colher
o que é possível.
Relembrar velhas lembranças, impassível!
Desprovida do dom da paciência ,
afastei-me dele...sem chorar.
E despedi-me d'alguns amigos , sem reclamar.
O dom de enxergar, conservei,
por causa de certas visões , padeço e me aborreço.
Deram-me, como enriquecimento,
o dom da indignação e assim,
vivo momentos de extrema sofreguidão.
Ah... por vezes até esqueço do dom de partilhar
companhias
Fugida de todo alvoroço
Cansada de muita conversa jogada fora,
Exaurida da hipocrisia , de um mundo tosco,
sem fantasia,
carrego nos ombros , a sós, os meus dias.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
CÉSAR BRANDÃO
CÉSAR BRANDÃO
Vera PopoffPede-me desculpa por intrometer-se na poesia?
Eu digo-lhe :-Grata, muito grata pelo seu tempo dedicado,
pelo trabalho empenhado e pela delicadeza registrada no seu comentário.
Fala de saudade ...sentimos a saudade dos amados
E ela , a danada, alimenta nossas almas de lembranças,
enriquece os corações de ternura, alimenta os momentos
de solidão.
César Brandão...é tão antigo dizer que colhemos o que semeamos
Tento semear um pouquinho de poesia ,a mais simples e despretensiosa, a poesia do cotidiano, da observação, escrita
na solidão de um lugar que escolhi para viver.
Lugar entre árvores e pássaros , flores e colibris,
com sabiás cantadores e juritis que lamentam.
Semeio minhas tão simples palavras e colho amigos que as recolhem, decifram e fazem-me tanto bem. Muito obrigada.
Ah...antes que me esqueça. Caminhamos do mesmo lado...
Á esquerda, buscando as mais lindas utopias!
A nossa hora está se aproximando.
Aglutinemos as nossas energias, pois ele, LULA,
conta conosco.
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
ERA MENTIRA
Vera Popoff
Era mentira.
Era mentira aquele povo cordial, simples e misericordioso.
Era mentira aquela solidariedade, os vínculos fraternos.
Era mentira o sorriso franco e o coração aberto.
Era mentira o espírito cristão, a caridade, a ternura.
Era mentira a visão e a alma abrangentes, grandes, tão iluminadas!
Era mentira "o sol da liberdade em raios fúlgidos e as margens plácidas"
Era mentira "o sonho intenso, o raio vívido, de amor e de esperança descendo à Terra!"
"Mas se ergues da justiça a clava forte"...ou a clava nas garras de justiceiros , omissos e coniventes com as barbáries?
Que tempos! No peito, uma inquietação, uma desolação, uma grande desilusão!
Mas no mesmo tempo da dor, um vigor, uma enorme vontade de resistir, de falar com as pessoas, de ouvir ao mais sensíveis, os mais sábios, de ler artigos esclarecedores, de trocar olhares e sorrisos para amenizar o desassossego.
Não tenho ideia de como fazer, mas precisamos fazer virar verdade... o que era só uma mentira.
Vera Popoff
Era mentira.
Era mentira aquele povo cordial, simples e misericordioso.
Era mentira aquela solidariedade, os vínculos fraternos.
Era mentira o sorriso franco e o coração aberto.
Era mentira o espírito cristão, a caridade, a ternura.
Era mentira a visão e a alma abrangentes, grandes, tão iluminadas!
Era mentira "o sol da liberdade em raios fúlgidos e as margens plácidas"
Era mentira "o sonho intenso, o raio vívido, de amor e de esperança descendo à Terra!"
"Mas se ergues da justiça a clava forte"...ou a clava nas garras de justiceiros , omissos e coniventes com as barbáries?
Que tempos! No peito, uma inquietação, uma desolação, uma grande desilusão!
Mas no mesmo tempo da dor, um vigor, uma enorme vontade de resistir, de falar com as pessoas, de ouvir ao mais sensíveis, os mais sábios, de ler artigos esclarecedores, de trocar olhares e sorrisos para amenizar o desassossego.
Não tenho ideia de como fazer, mas precisamos fazer virar verdade... o que era só uma mentira.
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