domingo, 7 de janeiro de 2018

SOLIDÃO

SOLIDÃO
                           Vera Popoff

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que do âmago deste arvoredo
Chamo de Deus
os meus sóis e as minhas luas.

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que aprendi a extrair lascas de alegrias
e cutucar meu coração
com  gravetos de serenidade.
Aprendi a garimpar o brilho das pedras
e transformá-las em preciosas,
fazendo sorrir a boca da mulher!

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que debruçada num galho quebrado
ouço o ruído da pétala que tomba no chão!

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que resolvi parar e ouvir ...ouvir...ouvir
       a voz da intuição.
Estanquei porque peregrina não posso ser
Não há espaço para peregrinação
Permaneço no silêncio e sinto a sensação de ficar.

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que já não me lembro do último sussurro
                  ouvido
e da derradeira voz ensaiada.

A solidão é tanta e de tal tamanho!
O silêncio é tão quieto!
Que já nem sinto compaixão de mim mesma!
Num sorriso distraído recolho as quimeras
              de contentamento
Bebo as gotas de lembranças e sigo...
         envolta no véu da paz!

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