segunda-feira, 28 de outubro de 2019

SOMOS MUITOS, SOMOS TANTOS!

Somos muitos, somos tantos, somos Lula!

                                                  
                                                                     
                                                                      
                                                                                  Vera Popoff


Eu não pude mais cultivar amizades que faleceram dentro do meu peito.
Tentei rememorar o passado...
Espremendo, quem sabe, sentiria
o gosto do doce suco
das amizades vividas, antigas!
Não valeu. Brotaram e não vingaram.
Num solo desnutrido de afeição,
de boa vontade, pobre de amor
não brotam sementes,
não vingam as ramas verdes de vida esperançada.
Melhor ficar só...pensei.
E fiquei só. Longos anos na bolha.
Pensando, autoterapia, revendo o filme da vida.
A menina orgulhosa da luta pela liberdade!
A dor dos murros, os socos, as humilhações, o sangue!
A sobrevivência, pós traumas,
A frenética busca e
o reencontro com a própria alma.
O encontro com um líder
A afeição à primeira vista.
O reconhecimento e a premonição:
-EIS, O HOMEM!
O olhar para frente!
Sonhos compartilhados
Utopias campeadas
O garimpo das mais doces ilusões,
que adiante, viraram a mais bela realidade vivida pela Nação.
Sem miséria
Sem fome
Sem egoísmo
Sem ódio
Sem preconceito
Na história, está escrito.
Vencidas as saudades antigas
Descartadas as frivolidades
A construção de um tempo novo
Com encontros , também, novos.
As conquistas invejadas e atraiçoadas
pelo ódio, pela ganância.
Nossas dores gemidas, juntas.
Tentaram massacrar nossas ideias e
macular as nossas crenças.
Em vão!
Somos muitos
Somos tantos
Somos gente
Somos resistência
Somos a insistência
Somos abnegados e honrados
Somos humanos
Somos gentis e profundos
Somos valores deste mundo!
Somos a esperança da Terra!

Sim, somos a esperança da Terra.
Viva, Lula, que não desiste nunca!
Muitos abraços num só abraço .
O abraço da verdade cristalina
O abraço da fraternidade
O abraço da vida!
A brava luta do amor,
segue!
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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

FITEIRA

FITEIRA
                           Vera Popoff

Se os teus olhos, eu fito
E tu, os meus olhos , fitas
Também fitas minh'alma
e a tua fita me acalma.
És fiteira e sou fiteira,
Por isso, sempre andamos unidas,
por um lindo laço de fita.
D'onde estás, sei que me fitas.
D'onde estou ,capto os teus olhos
            fitando-me.

Juntei o teu lindo vestido
ao meu vestido preferido
Num ato de amor eterno.
Nossos vestidos se tocam, se enrolam,
        se envolvem , se amam.
Guardei-os, assim, tão juntinhos,
 numa caixa bonita e  cheirosa,
adornada com laço de fita.
Fitas daí o presente e diz-me, oh filha fiteira:
-Gostaste do laçarote?

Desmaio de amor e faço fita.
As fitas ligam meu peito ao teu peito
Oh, menina fiteira,  os teus olhos , fito
E tu fitas os meus!
Não há como resistir
 a tua delicada fita.

 Ah...minha doce fiteira
 guardo dentro do peito
Teu jeito dengoso e fiteiro
A tua fita enlaçou-me
A minha fita amorosa, enlaçou-te!
Enlaçadas estão as nossas vidas
num lindo laço de fita.
E eu enlaço o teu amor
na minha alma fiteira.
Tu enlaças os teus carinhos
nos meus cabelos enroladinhos,
presos com um laço de fita.
Nossas vidas, eternamente,  unidas,
nos laçarotes que prendem
 as nossas lembranças.
Serás sempre a minha criança
              fiteira.
Serei  sempre a tua mãe , 
             que  sorrirá 
 diante das tuas carinhosas fitas.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

O QUE ACONTECEU? (2)

 
O que aconteceu ?( II)

                                   Vera Popoff
Não reconheço a energia que vagueia
Mudou o mundo e mudei meu rumo...
Bateu grande exaustão e meu coração não suportou
Meu grito que era forte, ficou entalado
A pobreza do conhecimento
Já não bole com minh'alma
Passo o dia remendando
numa opção frágil e inesperada:
Voltei a ser uma costureira
Ou talvez , só uma cerzideira.
A máquina de costura é o som preferido
Junto os retalhos , obedecendo a simetria
Pensamento se desprende
Mas o seu alcance bate no limite.
Eu virei obreira de obras desnecessárias
Estou perdida aqui, no meu pouco espaço
Por que vou idealizar?
Está mais leve, fingir e ignorar.
Adiei o sonho
Calei a voz
Chorei a lágrima
Perdi o entusiasmo
Cansei da espera que desespera
Meu lábio tremeu
O olho pula, num movimento involuntário
O que aconteceu?
Quem sabe , a outra, tão irriquieta ,
não passou de raso idealismo
E jamais foi de verdade.
Só o pobre arroubo d'um lirismo.

O QUE ACONTECEU ?

O que aconteceu ?
Vera Popoff
Nem clareia o dia e estou de pé
Nem nasceu o sol e vou coar café
O galo nem cantou e já descarto a fé
Escuto a primeira nota e parece ser o ré.
Estou tão diferente, o interesse é outro
O que me bastava, agora é tão pouco
O riso , antes, leve e solto
É hoje, sutil e frouxo.
Fechei o livro, mesmo sabendo nada
Quase desligada, o pensamento vaga
Vejo pouca gente , a rotina está tão transformada.
O silêncio e a solidão povoaram a alma
Mesmo envergonhada, rimo alma e calma
Mesmo sem vontade , ainda almoço e janto.

O QUE ACONTECEU? (3)

O QUE ACONTECEU?(3)
                                                       Vera Popoff

Uma esquina, um lote desocupado,pelos pássaros e aves diversas, habitado.
Lagartos deslizando sobre  folhas secas.
Uma banco feito de tronco
A placa  indicando o ponto da circular.

Sentávamos , o João, o Adir, a Lúcia, o Pereira
Papos descontraídos orquestrados pelos cantos
                           sabiá e sanhaço
                           bem-te -vi
                           pica-pau
Um acorde sobrepondo-se ao outro
O agudo, o  mais grave, o trinado,  o tenor.
Numa manhã,  o banco de tronco foi arrastado
A placa indicando o ponto foi derrubada
O nosso encontro, definitivamente, desmarcado.

Eita, máquina impiedosa!
Nada lhe comoveu: sibipiruna tombada
Aroeiras esmagadas, pau-ferro não resistiu
Nem mesmo o querido ipê amarelo foi respeitado.

Devastação de moer junto, o coração.
Silenciou a orquestra das aves da mata
Situação que ninguém resgata.

No lugar, um luxo de cimento e pedra
Muros ,  seis palmeiras compradas, já ressecadas
Buxinhos podadinhos e bem redondinhos
Pérgolas de cimento armado
Um desastre anunciado.

Chora o vento, não cai a chuva
A natureza protesta, a poeira já infesta.
Pobre rica mansão!
O morador ostenta um riso orgulhoso,
mas o seu destino é a suntuosa prisão!


domingo, 16 de junho de 2019

"O CONGE"

"O CONGE'
                      Vera Popoff

Exibindo-me como  justo, quase um monge
Mas cheio de paixões, tão vulnerável" conge"
Sobre salto alto, na mídia desfilei
Sob adoração de mal intencionados, vacilei!

Holofotes, arrogância , vaidade, destemor!
Senhor de mim, sou quase um deus.
Reverenciado, jamais conheci um dissabor
Humilhei e  à ética , eu disse adeus!


Julguei e trapaceei, como ser vil e vingativo
Cumprindo juramento num leito de morte
Intimidei e debochei, pisei na própria sorte.

Vaidoso e burlador , virei herói de barro
Sentenciei , trapaceei, subi num pedestal
Da noite para o dia , virei um ser bizarro.




SEM TÍTULO

SEM TÍTULO
                                 Vera Popoff

Sem título.
Um texto sem título e
      sem conteúdo.~
Diante de acontecimento vil
minh'alma envolve-se
num silêncio tão hostil!
As letras soltas, à deriva,
esperam harmonia e leveza.
Mas  pobre de substância,
ou d'um terreno mais fecundo
Assisto perplexa, as dores do mundo.

Da boca seca , não flui verso e
        não flui canção,
 O poema até tentou vir à luz,
           mas  não vingou.
Como encontrar uma rima, 
num tempo de sordidez e traição?        


domingo, 9 de junho de 2019

GUARDANDO PÉROLAS

GUARDANDO  PÉROLAS
                                                Vera Popoff


Só , no  canto preferido da velha  casa
Ofegante com o carinho recebido
Minha vida , há muito, já não é rasa
No peito, o coração, amorosamente , sucumbido.

Na caixa preciosa forrada de cetim
Vou guardando as delicadas pérolas
Tesouros d'uma vida contada  num folhetim
E a preciosidade das amizades madrepérolas.
 
Suspirando, recebo outro presente
A surpresa , um raio vindouro de suavidade
Traz-me de volta ao dia, até  então, morno e  ausente.
 
Ditosa , agora, observo a caixa dos guardados
Uma pérola, uma amizade, um colar feito de carinho
Aconchego-me, enrolada na utopia, no  doce ninho.
 

domingo, 26 de maio de 2019

A INSANA MARCHA

A INSANA  MARCHA
                                           Vera Popoff

O domingo  raia ansioso à  espera do desacato
Espera aborrecido a marcha dos insensatos
A grande bandeira é um fuzil , a esmo, apontado.
Expõem inda mais , um mito caricato.

Segue a turba guiada pelo sagaz demônio
A fantasia é sangrenta e o grito é histérico
O deus que comanda o insano pandemônio
É o criador do ódio,  é um deus genérico.

A Nação perplexa , tal castigo não merece
Como enfrentar a ignorância cruel e armada?
A justiça é cega ao crime e do bom, esquece!

Em Curitiba , numa cela , vive a esperança
A nossa Pátria ultrajada ainda sonha
 A resistência se fará presente, com pujança!



O GRANDE ENGANO

O GRANDE ENGANO

                                       Vera Popoff


Segue a vida de luta tão pesada!
A ilusão , com nódoas , é desencanto
A grande  mágoa nunca dissipada
Achou morada no coração que jorra pranto.

Teima o rio da existência  e contraria o curso
A ventura lenta não acompanha o vento
Não alumia a alma , a luz do firmamento
O silêncio e a solidão são o último recurso.

Desmaiada sobre o cansaço,  apaga a noite
Fecha a cortina para esconder a lua
Treme de frio, mas inda assim, adormece nua.

Que alvorecer pretende com tão triste lembrança?
Não haverá vida se não plantar uma esperança
A existência  morna e muda é teu maior engano.



segunda-feira, 6 de maio de 2019

MENOS

MENOS
                           Vera Popoff
 
Menos! Menos! Menos!
Menos educação...
Menos escolas
Menos universidades públicas
Mais ignorância
Mais subserviência
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos ! Menos! Menos!
Menos cultura
Menos livrarias
Menos sociologia
Menos pensamento e filosofia
Mais desinformação
Mais omissão
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos saúde
Menos médicos
Menos remédios
Menos vacinas
Menos assistência social
Menos medicamentos
Mais dor e sofrimento
Mais doenças, mais crenças , mais fundamentalistas
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos trabalho
Menos direitos trabalhistas
Menos atendimento social
Menos creches
Menos investimento nas periferias
Menos dignidade
Mais armas
Mais violência
Mais sepulturas
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos agricultura familiar
Menos terra para o pequeno agricultor
Menos água, menos programas sociais
Mais agrotóxicos
Mais amianto
Mais veneno
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos cientistas
Menos pesquisadores
Menos laboratórios
Menos investimentos científicos
Mais atraso
Mais retrocesso
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos atendimento á população
Menos proteção aos desfavorecidos
Menos misericórdia
Mais truculência
Mais balas de fuzil
Mais opressão
Mais filhos sem pais
Mais cemitérios
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos florestas
Menos rios
Menos peixes
Menos abelhas
Mais bocas famintas
Mais miséria
Menos pássaros
Menos animais silvestres
Mais desequilíbrio
Mais desatino
Menos goiabeira
para um certo Jesus
descansar.
Menos ciência
Mais indecência .
Mais redes sociais
Mais fake news
Mais milícias e mais milicianos
Mais religião
Mais Deus no comando
Mais glória
Mais louvação
Mais joelhos no chão
Menos tolerância
Menos caridade
Menos piedade
Mais assassinatos
Mais hipocrisia
Mais cinismo
Menos ética e menos lógica
Mais ódio, menos verdade
Mais discórdia, menos amor
Menos vida...menos vida...menos vida...
Menos justiça
Mais exibicionismo
Menos gente afortunada
Mais penitência
Menos liberdade
Mais truculência
Mais opressores
Mais oprimidos
Menos vida...menos vida...menos vida...
Mais cristão
Menos perdão
Mais evangelização
Menos humildade
Menos liberdade de ir e vir
Mais tiros nas cabeças
Mais sangue e menos pretos
Mais latifundiários
Mais milionários
Menos uma, menos uma, menos uma
Nação Soberana!
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1

sexta-feira, 3 de maio de 2019

MENOS!

MENOS!
                        Vera Popoff

Menos! Menos! Menos!
Menos educação
Menos escolas
Menos universidades públicas
Mais ignorância
Mais subserviência
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos ! Menos! Menos!
Menos cultura
Menos livrarias
Menos sociologia
Menos pensamento e filosofia
Mais desinformação
Mais omissão
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos saúde
Menos médicos
Menos remédios
Menos vacinas
Menos assistência social
Menos medicamentos
Mais dor e sofrimento
Mais doenças, mais crenças , mais fundamentalistas
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos trabalho
Menos direitos trabalhistas
Menos atendimento social
Menos creches
Menos investimento nas periferias
Menos dignidade
Mais armas
Mais violência
Mais sepulturas
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos agricultura familiar
Menos terra para o pequeno agricultor
Menos água, menos programas sociais
Mais agrotóxicos
Mais amianto
Mais veneno
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos cientistas
Menos pesquisadores
Menos laboratórios
Menos investimentos científicos
Mais atraso
Mais retrocesso
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos atendimento á população
Menos proteção aos desfavorecidos
Menos misericórdia
Mais truculência
Mais balas de fuzil
Mais opressão
Mais filhos sem pais
Mais cemitérios
Menos vida...menos vida...menos vida...

Mais redes sociais
Mais fake news
Mais milícias e mais milicianos
Mais deuses no comando
Mais glória
Mais louvação
Mais joelhos no chão
Menos tolerância
Menos caridade
Menos piedade
Mais assassinatos
Mais hipocrisia
Mais cinismo
Menos ética e menos lógica
Mais ódio, menos verdade
Mais discórdia, menos amor
Menos vida...menos vida...menos vida...

Menos justiça
Mais exibicionismo
Menos gente afortunada
Mais penitência
Menos liberdade
Mais truculência
Mais opressores
Mais oprimidos
Menos vida...menos vida...menos vida...

Mais cristão
Menos perdão
Mais evangelização
Menos humildade
Menos liberdade de ir e vir
Mais tiros nas cabeças
Mais sangue e menos pretos
Mais latifundiários
Mais milionários
Menos soberania
Menos uma, menos uma, menos uma
                Nação!





    

             










mAI

quinta-feira, 2 de maio de 2019

TCHAU, BRASILIDADE

TCHAU, BRASILIDADE
                                              Vera Popoff

Lavei a pele com água sanitária
Desinfetei minhas mãos com sabão de soda
esfreguei e arranquei todas as nódoas
Preciso perder qualquer cheiro impregnado
         de terra brasileira!

Não pertenço mais a uma Pátria
onde um juiz vende delação
pratica a injustiça e vira ministro
sorri com cinismo e defende a corrupção
e aplica a pena do perdão
aos milicianos que lhe propõe um prêmio
                na loteria:
mais um...no Supremo, hoje tão pequeno.

Não pertenço mais a uma pátria que elege
          miliciano, como mito proscrito.
Não pertenço mais a uma pátria
que se delicia com a morte...do outro,
do preto, do desassistido, do sem teto, sem terra

NASCEU!


NASCEU!
                    Vera Popoff


O sujeito cansado, parou!
Olhou para o céu, reconheceu as estrelas
Era lua cheia e o sujeito fixou o seu olhar
             por pouco tempo
             desinteressou-se.

Esperou o amanhecer...
abriu a porta e saiu
Foi inspirar-se no nascer do sol e ouvir
          os sons da madrugada
          o galo despertar
          o pássaro cantar
Durou pouco o entusiasmo,
          desanimou.

Tomou um café amargo
pão  sem  a manteiga e
            leu.
Mas a notícia não lhe interessou
A charge não lhe agradou
O editorial não lhe convenceu
            Saiu
Percorreu as ruas  do bairro
Cumprimentou o vizinho
Olhou o sabiá alimentando o filhote
              no ninho
Não sentiu ternura
Tampouco , amargura!
   Total indiferença
O que mais lhe tocaria o coração?
Em qual buraco escondiam-se
          as suas  sensações?

Ouviu casos na praça
Jogou truco, acendeu um cigarro
Já não importava-se com o mal da nicotina
                 dane-se!
Pisou o asfalto e pisou o barro
         nada o satisfez
         Vendeu o carro
Calçou um sapato largo
Uma roupa amarrotada
Um chapéu, herança do avô arruinado
           Partiu
         Nunca regressou
O cansaço e a falta de cuidado
 com a vida, o desmoronou!

Nunca  mais enviou notícia
Fez-se de morto, escondeu-se
 num lugar ermo, fora de qualquer vista
Sem dar satisfação,
Sem nunca mais pedir perdão,
nem rezar uma oração
ou fazer qualquer concessão

Comeu uma fruta do pé
acendeu fogo de chão
banhou-se n'água do rio,
secou-se ao vento
sentou-se sob o florido barbatimão


Voltou a olhar o céu
que jamais foi tão azul!
Memorizou uma canção,
tirou o chapéu, num ato de devoção
             e
        Nasceu!




       





quarta-feira, 1 de maio de 2019

PRIMEIRO DE MAIO

PRIMEIRO DE MAIO
                                             Vera Popoff

Primeiro de Maio
                                    Vera Popoff
Saudade!
Sinto saudades acumuladas,
umas sobre as outras, 
formando uma arquitetura de saudades.
 Atenta, uma paz alicerçada na
esperança,
aguardando  as novas conquistas
d'um povo trabalhador!

Muitas saudades...
A criação de novas frentes de trabalho,
Novas universidades e o particular sonho meu,
Não morrer , sem antes, cursar a
filosofia.
Saudades do tempo que filosofar
Seja numa tese ou num bar
enriquecia o meu pensar.
Saudade de citar Friedrich Nietzsche
e enganar-me
que sabia mais do que realmente sei.
É saudade de esperar a voz do
Presidente Lula!
No primeiro de Maio, os seus sonhos cresciam...
A sua voz era a esperança
O seu sorriso era a nossa segurança!
O seu olhar, a nossa estrela!
Saudade de ganhar um presente,
como professora:
-mais escolas abertas
-mais verbas para vidas esquecidas
-mas crianças e jovens com lápis e cadernos
à mão
Menos aperto no coração!
Saudade  dos discursos nas fábricas ,
das suas falas impregnadas de coragem.
Saudade do Lula remendando , colando e recriando
           vidas destroçadas
Falando a sua particular
 concordância verbal,
que tocava com doçura , os ouvidos ,
 que o escutavam, sem igual.
A sua voz , Presidente, tem o timbre
sonoro,  dos que soltam notas de emoção.
             Saudade...
 de saber-nos tão felizes!
             Saudade ...
 do seu sorriso menino, irresistível
 aos corações que só aprenderam, o amor.
De olharmos ,  ainda, como
aplicados  aprendizes da sua fé.
O dia do Trabalhador é o seu dia,
PRESIDENTE LULA!
É o nosso dia , PRESIDENTE LULA!
-

terça-feira, 23 de abril de 2019

DESFILE

DESFILE
                       Vera Popoff

Por que desfilas o mesmo olhar
     sempre, sempre ,
sobre os mesmos horizontes?
Por que não buscas uma nova fonte?

Por que a tua vida não avança
   e segue tão primitiva?
Teimas na mesma andança
     Não te cansas?

Por que não abandonas a tua rotina?
Não oscilas? Não te intimidas
com tanta mesmice ?
Como suportas as próprias esquisitices?

Por que não te obrigas a novos rumos?
Perpetuamente, em torno dos mesmos sonhos,
Navegas nas mesmas águas,
desaguas as mesmas lágrimas?

Por que estás foragida?
Presa no teu  cativeiro, tão  esquecida?
Desfilas nas mesmas passarelas
No rosto, a mesma brisa?

Tropeças nas mesmas pedras, 
Chamas sempre pelo mesmo deus
Sacodes as mesmas penas, das mesmas asas
Sob o mesmo firmamento
O sutil e tímido contentamento?

Num mundo vasto
Não colocas a tua nau para navegar
nos grandes e profundos mares?
Cavalgas nos estreitos campos?

Afinal, qual é o teu segredo?
Sentes algum privado medo?
Sentes as amarras de laços
nunca desamarrados
 e nós jamais desatados?

Ou a tua alma enraizou-se,
na terra da paz?
E desfilas sobre um chão de folhas
e te basta um céu de estrelas,
e as ramas são os braços que te aconchegam?


A natureza enleia-te
Alimenta-te
Esperança-te
Serve-te
Oferece-te um doce ninho.
Contenta-te!










O MORRO DO SABOÓ

 O  MORRO DO SABOÓ
                                    Vera Popoff
...
Habito num estreito vale
entre matas e montanhas,
próximo ao Morro do Saboó
O lugar parece triste para quem avista
E o lugar é mesmo triste para minha vista.
É mais triste ainda para o meu coração.
Meu coração trouxe para cá
um passado nunca esquecido,
uma saudade jamais vencida
E por isso, .aqui entrei chorando.
Permaneci amuada, exausta com as tantas perdas,
desiludida com as partidas.
Cheguei, querendo ir embora,
peregrinar pelo mundo afora!
Fiquei... desejando não ficar
Dias maçantes...um atrás do outro,
sem nada acrescentar à alma, então, vencida!
Nem mesmo a sensação de estar dividida.
Não , não! Sempre inteiramente decidida
a brigar com a vida, ou
a morrer calada,
num Morro que não arquitetei
Tão fora do meu espaço
tão estranho aos meus pedaços.
O Morro do Saboó , avistado lá adiante,
não me aconchegava..
Com a mania de semear
fui semeando sem ilusão, nenhuma ansiedade,
nenhum planejamento, vagarosamente,
para não me aperceber das horas
passando
na mesma cadência
Sementes lançadas, perto e longe.
Com total indiferença pela brotação,
um vazio de contentamento ,
apenas, para passar o insonso tempo.
E teimosamente, tudo foi brotando
Nenhum galho se importando
com a minha tristeza.
Nenhum dos sóis nascidos ,
próximo ao Morro do Saboó,
deixaram de brilhar
com o tanto de desencanto vivido.
O Universo desconhece nossas agonias,
os maus gostos , os desgostos.
O universo rege as suas leis
Independente dos sentimentos humanos
e banais.
O Universo é maiúsculo demais
para os nossos olhos e
para as pequenas
e humanas dores.
E nós somos minúsculos demais
diante de tal grandeza!
E próximo ao Morro do Saboó,
num triste e solitário vale ,
impertinentes mãos remexiam a terra,
cavavam, sem intenção ou inspiração
na brotação.
Jurando a todo momento, não mais insistir,
Blasfemando:
"O Teu jugo não é suave e o Teu fardo
já ão suporto!
Vou sucumbir, sem humildade,
sigo oprimida!"
Ainda passo os meus dias
próximo do Morro do Saboó.
Mas agora, vejo o desabrochar das flores,
os frutos da romanzeira, a voz dos sabiás.
Abraçam-me , os galhos dos manacás.
Nunca espero um amanhã.
Mas regozijo-me , calada,
a cada inesperada manhã!
"-TOMEI SOBRE MIM O TEU SUAVE JUGO
E O TEU FARDO JÁ É MAIS LEVE."

domingo, 21 de abril de 2019

TRAÇANDO MOLDES

TRAÇANDO  MOLDES
                                                  Vera Popoff

Fita métrica e papel,
lápis e caderno de medidas,
traçado na cabeça e dons nas mãos
O modelo escolhido está desenhado
             no coração.

Um modelo sem a grife famosa
Sem a tendência do momento,
Longe do padrão da moda
traçados alinhados e com certo
                     arejamento.

Vestido novo para uma alma surrada,
                desbotada
                desajeitada
                um tanto quanto,
                desencantada.

Um pouco de elegância
para vestir a alma esfarrapada ,
silenciada pela ansiedade de gritar
          com fôlego
          a liberdade!

Um vestido novo, sutil perfume,
Laçarotes e lantejoulas
brilhando os sonhos renovados
           de esperança!

A alma encanta-se com os tons
           sobre tons.
Alegra-se com os reflexos do sol
      raiando sobre as utopias
E sua essência enche-se de suave
              melodia.

Libertou-se do seu cárcere!
Matou a sede e esbanjou prazer
Banhada na cascata de novas ilusões
É  alma andorinha. É alma andorinha!









SOLIDÃO POVOADA

SOLIDÃO POVOADA
                                        Vera Popoff

Solidão Povoada
Vera Popoff
A solidão é ampla.
Tem atalhos que percorro
sempre, sempre ...só.
Tantas vezes, olham-me com dó!
Tolos, tenho a alma povoada
O coração com muitos compartimentos
Onde vivem a saudade boa,
A coragem de viver à toa,
Lembranças tatuadas
Histórias bem e mal contadas
Poucas verdades e mentiras gostosas de ouvir.
"Causos" , muitos causos.
Sou guardadora compulsiva
de causos ouvidos
lidos e relidos, contados pelas
comadres, compadres e padres.
Causos das avós, do pai,
um brilhante contador de causos.
Caminho cedo, quase na madrugada
Encontro pessoas boas
As ruins, mando procurar
aquele mau lugar!
Três bichanos aguardam a comida
Levo na bolsa de pano que carrego
Sem folgar os passos
Um dever do qual o pé, eu não arredo!
O Nego, cão da rua
Enche-me de carinho
Abana o rabinho
E faço-lhe um afago
Dou -lhe grãos de ração ,
sua recompensa
Sistemático, mas livre!
Faz o que quer,
quando quer.
Nos alheios jardins, onde passo
Controlo a floração
Toco as flores com doce olhar
Com receio de as machucar!
Medito. O que é meditar?
Não tive essa aula, mas posso
imaginar
inventar
Intuir
sem falar.
Dou um drible na dor!
Ela leva um chapéu
Uma finta e dá um tempo !
Saio da marcação
e descontraída, memorizo
uma poesia ou canção!
Solidão povoada!
É mesmo, uma solidão arretada.
Joga com as palavras, mas
destrata o conceito e a ideia formada.
Aceita o sim e o não
Tem ojeriza ao talvez!
Talvez, sim?
Talvez, não?
É conversa que fica em cima
de muro.
Mal suporto uma cerca ou porteira
Muros? Só os derrubados.
Alma murada é alma confinada
Não voa, não corre , não viaja
Daí, a solidão perde o encanto
de ser a solidão povoada!

BATE PANELAS

BATE PANELAS
                                Vera Popoff

Panelas não batem contra o derramamento de sangue?
Panelas não batem pela entrega vergonhosa da Amazônia?
Panelas não batem pelo extermínio dos negros , pobres e tombamento dos indígenas?
Panelas imundas, malditas! Batem com ódio e despudor , festejando as crueldades, os preconceitos e as torturas.
Madames e senhores de bem...
Por favor, não digam mais ,AMÉM!
HIPÓCRITAS!

                  

quinta-feira, 11 de abril de 2019

DESISTO

Desisto

              Vera Popoff
Quer saber?
Cansei e me machuquei....
Foram tantos murros na ponta da faca e feri-me.
Tantos pensamentos e ideais desapontados!
Tanta esperança no bom combate!
Tanto sonho ignorado, ruído e perdido .
Desisto da resistência e vou falar das receitas de bolachinhas ,
Poetar a saudade dos meus tantos amores
Comentar sobre as gordinhas e magrinhas.
Como mulher, cantarei a feiúra e a lindeza
Promoverei os produtos de beleza,
máscaras de abacate para a tez macia.
Tratamentos para um cabelo bem artificialmente lisinho .
Botox nos lábios carnudos que já não podem beijar e nem sorrir.
Escolherei modelitos de armas.
Ouvi dizer que tem as coloridas ,
combinando com a roupa do dia.
Depois de alguns disparos
Comungo e rezo a Ave Maria!
Feliz, soltarei muitas bombas e grotescas gritarias.
Dependendo do noticiário da velha e eficaz mídia :
-Hoje foram dez assassinados por motivos diversos como:
-mulher vestia vermelho
-motorista xingou o outro de pentelho
-menino usou camiseta rosa
-garota procurou emprego ao invés de arrumar as gavetas.
Ah...com fatos tão relevantes
Sigo meu plano adiante, saio na dianteira
Na varanda , vou bater muitas panelas.
Viva a minha Pátria altaneira!