AOS MEUS NETOS NATHÁLIA E WILLIAM
Vera Popoff
Ah...crianças ! Enfim , foram gerados
no interior dos nossos corações!
Chegaram tímidos e arredios
Chorosos , desconfiados
Com receio de mais uma vez...não serem amados!
Olhos desenhados num rascunho
Almas talhadas na dor
Risos embutidos e a voz ...rouca , enrolada
travada.
Mas o sol , nas suas vidas, apagado
Eis que encontra o seu brilho de esplendor!
O movimento começou
A energia foi renovada
E os olhos , que eram um rascunho,
estão delineados, vibrantes. Que lindo sonho!
A alma reconstruída,
O risos tão fartos , agora
A voz ...segue livre, sem rouquidão
Mas ...e o coração?
Bate , requebra e ensaia uma dança
A dança do amor e da confiança.
Vamos, crianças!
A vida os espera, radiante!
As tempestades passaram
As manhãs estão renovadas e iluminadas!
Abracem a aurora, pois o dia...
só começou.
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
EXILADA DE MIM
EXILADA DE MIM
Vera Popoff
Parti para um exílio inesperado
Depois de um bravo combate perdido
e dos sonhos tão subtraídos
e da solidariedade esquecida e
das ilusões reprimidas e do sorriso
se transformar num reflexo, apenas,
condicionado...resolvo partir para o exílio
de mim.
A palavra , um dia fácil, já não é fluente
E o entusiasmo já não é presente
A essência tem fragrância descontente
Os passos perderam aquela harmoniosa cadência
Transformei-me num sujeito sem o predicado
Num verbo intransitivo...sem complementos.
Num objeto direto...de frustrações.
Melhor é partir...
Um exílio que me imponho.
Afinal, o tempo é instável, nada risonho.
Perseguirei outros encantos ( aqueles possíveis)
Tentarei novos rumos, mais instigantes
Sigo...olhando adiante.
Devem existir laranjeiras , ao longe
e sabiás cantantes, e flores de abril.
Levo apenas um livro e um cantil
Num embornal cabe a bagagem
Um retrato de Che Guevara para inspiração
nas novas lutas . Desejo-me ...uma boa viagem.
Vera Popoff
Parti para um exílio inesperado
Depois de um bravo combate perdido
e dos sonhos tão subtraídos
e da solidariedade esquecida e
das ilusões reprimidas e do sorriso
se transformar num reflexo, apenas,
condicionado...resolvo partir para o exílio
de mim.
A palavra , um dia fácil, já não é fluente
E o entusiasmo já não é presente
A essência tem fragrância descontente
Os passos perderam aquela harmoniosa cadência
Transformei-me num sujeito sem o predicado
Num verbo intransitivo...sem complementos.
Num objeto direto...de frustrações.
Melhor é partir...
Um exílio que me imponho.
Afinal, o tempo é instável, nada risonho.
Perseguirei outros encantos ( aqueles possíveis)
Tentarei novos rumos, mais instigantes
Sigo...olhando adiante.
Devem existir laranjeiras , ao longe
e sabiás cantantes, e flores de abril.
Levo apenas um livro e um cantil
Num embornal cabe a bagagem
Um retrato de Che Guevara para inspiração
nas novas lutas . Desejo-me ...uma boa viagem.
NÃO HÁ PEÇA QUE ME IMPEÇA
NÃO HÁ PEÇA QUE ME IMPEÇA
Vera Popoff
O corpo já desgastado, mas
suficientemente inda bem tratado,...
Prega-me uma aborrecida peça
E fica doente , outra vez!!
Vera Popoff
O corpo já desgastado, mas
suficientemente inda bem tratado,...
Prega-me uma aborrecida peça
E fica doente , outra vez!!
Tremores, fadiga, cansaço
Já sem a leveza de um sanhaço
Arrasta-se entre as paredes
Da janela sem resplendor.
Os olhos turvados e moles
Procuram a luz d'uma fresta
Quem sabe , a vista de raio vindouro
Faz da manhã , um momento brilhante,
vestido de ouro.
O corpo doente, a alma temente
Juntos prometem , clamam e rezam
Vislumbram lá "trás da colina"
Um pé da energia d'uma menina!
O corpo meio esgotado
Deseja um colchão macio,
um livro e um acolchoado
Mas a alma inusitada
quer mais, muito mais...
Quer vida iluminada!
Diz a alma ao corpo que já tropeça:
-Não há peça que me impeça
de fazer valer meu direito
de remendar , colar, transformar
a vida...num recomeço!!
Já sem a leveza de um sanhaço
Arrasta-se entre as paredes
Da janela sem resplendor.
Os olhos turvados e moles
Procuram a luz d'uma fresta
Quem sabe , a vista de raio vindouro
Faz da manhã , um momento brilhante,
vestido de ouro.
O corpo doente, a alma temente
Juntos prometem , clamam e rezam
Vislumbram lá "trás da colina"
Um pé da energia d'uma menina!
O corpo meio esgotado
Deseja um colchão macio,
um livro e um acolchoado
Mas a alma inusitada
quer mais, muito mais...
Quer vida iluminada!
Diz a alma ao corpo que já tropeça:
-Não há peça que me impeça
de fazer valer meu direito
de remendar , colar, transformar
a vida...num recomeço!!
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
O VALE
O VALE
Vera Popoff
Habito num estreito vale
entre matas e montanhas,
próximo ao Morro do Sabó!
O lugar parece triste para quem avista
E o lugar é mesmo triste para minha vista.
É mais triste ainda para o meu coração
Meu coração trouxe para cá...um passado
nunca esquecido
Uma saudade jamais vencida
E por isso...aqui entrei chorando.
Permaneci amuada, cansada com as coisas
amadas que perdi.
Cheguei querendo partir
Fiquei... desejando não ficar
Dias maçantes...um atrás do outro...
sem nada acrescentar à alma, então, vencida
Nem mesmo a sensação de estar dividida.
Não , não! Sempre inteiramente decidida
Estou fora do meu espaço
O Morro do Saboó , avistado lá adiante,
não me aconchega.
Com a mania de semear,
fui semeando, sem ilusão,
mas semeando. Sem planejamento,
sem ansiedade pela brotação, sem contentamento,
apenas para passar o insonso tempo.
E teimosamente, tudo foi brotando
Nenhum galho se importando
com a minha tristeza.
Nenhum dos sóis nascidos ,
próximo ao Morro do Saboó,
deixaram de brilhar
com o tanto de desencanto vivido.
O Universo desconhece nossas agonias,
os maus gostos , os desgostos.
O universo rege as suas leis
Independente dos sentimentos humanos
e banais.
O Universo é maiúsculo demais
para os nossos olhos.
E nós somos minúsculos demais
para a grandeza do Universo.
E próximo ao Morro do Saboó,
num triste vale, vou semeando,
pois tenho a mania irritante de semear
Um jeito impertinente de viver e produzir
Até mesmo quando juro por Deus:
-Agora eu vou desistir!
E passam os dias...próximo do Morro do Sabó
Nunca espero um amanhã.
Mas regozijo-me calada
a cada inesperada manhã!
Vera Popoff
Habito num estreito vale
entre matas e montanhas,
próximo ao Morro do Sabó!
O lugar parece triste para quem avista
E o lugar é mesmo triste para minha vista.
É mais triste ainda para o meu coração
Meu coração trouxe para cá...um passado
nunca esquecido
Uma saudade jamais vencida
E por isso...aqui entrei chorando.
Permaneci amuada, cansada com as coisas
amadas que perdi.
Cheguei querendo partir
Fiquei... desejando não ficar
Dias maçantes...um atrás do outro...
sem nada acrescentar à alma, então, vencida
Nem mesmo a sensação de estar dividida.
Não , não! Sempre inteiramente decidida
Estou fora do meu espaço
O Morro do Saboó , avistado lá adiante,
não me aconchega.
Com a mania de semear,
fui semeando, sem ilusão,
mas semeando. Sem planejamento,
sem ansiedade pela brotação, sem contentamento,
apenas para passar o insonso tempo.
E teimosamente, tudo foi brotando
Nenhum galho se importando
com a minha tristeza.
Nenhum dos sóis nascidos ,
próximo ao Morro do Saboó,
deixaram de brilhar
com o tanto de desencanto vivido.
O Universo desconhece nossas agonias,
os maus gostos , os desgostos.
O universo rege as suas leis
Independente dos sentimentos humanos
e banais.
O Universo é maiúsculo demais
para os nossos olhos.
E nós somos minúsculos demais
para a grandeza do Universo.
E próximo ao Morro do Saboó,
num triste vale, vou semeando,
pois tenho a mania irritante de semear
Um jeito impertinente de viver e produzir
Até mesmo quando juro por Deus:
-Agora eu vou desistir!
E passam os dias...próximo do Morro do Sabó
Nunca espero um amanhã.
Mas regozijo-me calada
a cada inesperada manhã!
MAL ESTAR
MAL ESTAR
Vera Popoff
Um mal estar repentino
E o dia , então equilibrado, vira desatino!
O que estava bonito, enfeia-se , descorado
E o sorriso aberto e franco fica trancado.
Não sei se foi uma saudade insuportável
que derrubou a alegria imensurável
Não sei se foi uma mágoa que não morre
Que destruiu a leveza fingida de um porre.
O corpo dito resistente, enfraqueceu
A energia permanente, esmoreceu
Um pranto quase foi derramado, mas
dissipou-se no ocaso.
O que era pensante e inteligente
perdeu a clareza na neblina da tarde.
E a certeza da felicidade, apesar de tudo,
O encanto azul daquele céu
Perderam-se frágeis, ao léu.
São daquelas coisas inexplicáveis
que trazem à tona duras razões e desilusões
incontroláveis.
Foi só uma tarde infeliz
É o que uma sensação mediúnica
assopra e diz!
Vera Popoff
Um mal estar repentino
E o dia , então equilibrado, vira desatino!
O que estava bonito, enfeia-se , descorado
E o sorriso aberto e franco fica trancado.
Não sei se foi uma saudade insuportável
que derrubou a alegria imensurável
Não sei se foi uma mágoa que não morre
Que destruiu a leveza fingida de um porre.
O corpo dito resistente, enfraqueceu
A energia permanente, esmoreceu
Um pranto quase foi derramado, mas
dissipou-se no ocaso.
O que era pensante e inteligente
perdeu a clareza na neblina da tarde.
E a certeza da felicidade, apesar de tudo,
O encanto azul daquele céu
Perderam-se frágeis, ao léu.
São daquelas coisas inexplicáveis
que trazem à tona duras razões e desilusões
incontroláveis.
Foi só uma tarde infeliz
É o que uma sensação mediúnica
assopra e diz!
domingo, 20 de novembro de 2016
OCUPADA
OCUPADA
Vera Popoff
Estou ocupada , agora
Estou ocupada hoje e já antevejo
ocupação para amanhã.
Se estiver viva, amanhã!
Um varal, um avental , coisa e tal...
Concentração na tarefa
Pouca emoção na repetição.
Vantagens? Nenhuma
Desvantagens? Um cansaço normal.
Na cabeça, lembranças.
Na memória, histórias
Nas mãos, um novelo a desenrolar,
nó e outro nó para desatar.
O coração está pronto para explodir
e desabafar, mas
aguarda...
oportunidade melhor.
Planos e planilhas caídos ao chão
O improviso chega sem aviso.
Ilusões bem miúdas
Alegrias bem contidas
As gargalhadas ficaram abafadas
Mas o pensamento...como é atrevido!
Aprendeu a voar e jamais esqueceu
As asas estão sempre prontas , ligeiras,
por isso , conservo certa brejeirice
E respiro com liberdade toda a esquisitice.
Erros cometidos todos os dias
sem promessa de conserto
Já não tenho expectativas de acertos.
Deliro com pequeníssimos acontecimentos
Hoje foi uma semente que brotou
Ontem foi um galho seco que revigorou
Ou talvez , uma dor que passou.
Encontros quase não acontecem
De raridade tamanha , que nem são comemorados,
e com certa timidez , são vividos e explorados.
O dia passa...rápido ou lento
Dependendo da natureza da ocupação.
O mal disso tudo é o horizonte bem à mão,
sem mistério, com nitidez!
O bom disso tudo é o horizonte bem a mão,
límpido, fácil, alcançado com avidez!
Vera Popoff
Estou ocupada , agora
Estou ocupada hoje e já antevejo
ocupação para amanhã.
Se estiver viva, amanhã!
Um varal, um avental , coisa e tal...
Concentração na tarefa
Pouca emoção na repetição.
Vantagens? Nenhuma
Desvantagens? Um cansaço normal.
Na cabeça, lembranças.
Na memória, histórias
Nas mãos, um novelo a desenrolar,
nó e outro nó para desatar.
O coração está pronto para explodir
e desabafar, mas
aguarda...
oportunidade melhor.
Planos e planilhas caídos ao chão
O improviso chega sem aviso.
Ilusões bem miúdas
Alegrias bem contidas
As gargalhadas ficaram abafadas
Mas o pensamento...como é atrevido!
Aprendeu a voar e jamais esqueceu
As asas estão sempre prontas , ligeiras,
por isso , conservo certa brejeirice
E respiro com liberdade toda a esquisitice.
Erros cometidos todos os dias
sem promessa de conserto
Já não tenho expectativas de acertos.
Deliro com pequeníssimos acontecimentos
Hoje foi uma semente que brotou
Ontem foi um galho seco que revigorou
Ou talvez , uma dor que passou.
Encontros quase não acontecem
De raridade tamanha , que nem são comemorados,
e com certa timidez , são vividos e explorados.
O dia passa...rápido ou lento
Dependendo da natureza da ocupação.
O mal disso tudo é o horizonte bem à mão,
sem mistério, com nitidez!
O bom disso tudo é o horizonte bem a mão,
límpido, fácil, alcançado com avidez!
sábado, 19 de novembro de 2016
FRASES
FRASES
"Já que não posso colorir a alma
vou colorir a casa."(Vera Popoff)
"A formosura é a lei que os meus olhos procuram para obedecer." (Vera Popoff)
"Deflagrada a guerra civil entre o ódio e o amor que sinto."
(Vera Popoff)
"Desencantada, fugi de todos!
Encantada e só... eu me encontrei! (Vera Popoff)
"Já que não posso colorir a alma
vou colorir a casa."(Vera Popoff)
"A formosura é a lei que os meus olhos procuram para obedecer." (Vera Popoff)
"Deflagrada a guerra civil entre o ódio e o amor que sinto."
(Vera Popoff)
"Desencantada, fugi de todos!
Encantada e só... eu me encontrei! (Vera Popoff)
NEM SEMPRE ENCONTRO UM TÍTULO
NEM SEMPRE ENCONTRO UM TÍTULO
Vera Popoff
Quero cantar uma cantiga
Quero escrever uma poesia
Quero desenhar, pintar , colar,
Mas sem me preocupar
com o título que vou dar.
Vendo a palavra escrita
Ouvindo a canção que gosto
O desenho para colorir
A semente lançada ao chão
O vaso, a rosa, o cipreste,
o pássaro , o canto, o céu,
A folha caída , o galho brotado,
a cor da esperança em cada pedaço de vida
A casa cheirando jasmim, o silêncio dia e noite,
todas as saudades sentidas , as mágoas prescritas,
as culpas exorcizadas, as paixões já apagadas,
o gosto do beijo, esquecido.
Os desejos sem a quentura da febre,
os sonhos tão pequeninos...
a caminhada encurtada,
sem medos e já com tão poucos segredos
Volto a pensar...
Que nome vou dar a isso?
- Verdade? Mentira? Contentamento?
Ilusão? Loucura? Ternura?
Nem sempre encontro para minha vida...
um título!
Vera Popoff
Quero cantar uma cantiga
Quero escrever uma poesia
Quero desenhar, pintar , colar,
Mas sem me preocupar
com o título que vou dar.
Vendo a palavra escrita
Ouvindo a canção que gosto
O desenho para colorir
A semente lançada ao chão
O vaso, a rosa, o cipreste,
o pássaro , o canto, o céu,
A folha caída , o galho brotado,
a cor da esperança em cada pedaço de vida
A casa cheirando jasmim, o silêncio dia e noite,
todas as saudades sentidas , as mágoas prescritas,
as culpas exorcizadas, as paixões já apagadas,
o gosto do beijo, esquecido.
Os desejos sem a quentura da febre,
os sonhos tão pequeninos...
a caminhada encurtada,
sem medos e já com tão poucos segredos
Volto a pensar...
Que nome vou dar a isso?
- Verdade? Mentira? Contentamento?
Ilusão? Loucura? Ternura?
Nem sempre encontro para minha vida...
um título!
INSPIRAÇÃO
INSPIRAÇÃO
Vera Popoff
Andando a esmo...
Uma vontade de dizer, contar, cantar
ou poetar.
Procuro o tema mais doce e perfumado
E encontro...a flor!
A teimosia verde e rosa
desafiando o asfalto quente e infértil
Busco a facilidade de uma rima
Olho a manhã , que agora, me fascina!
Delineio a paisagem na moldura
da janela.
Degusto todos os azuis no imaginário,
provo as violetas e colho a flor mais bela.
O cardápio pronto, uma perspectiva tão perfeita!
Aproveito a hora doce, cheia de formosura
Afinal , todo encanto, pouco dura!
Vera Popoff
Andando a esmo...
Uma vontade de dizer, contar, cantar
ou poetar.
Procuro o tema mais doce e perfumado
E encontro...a flor!
A teimosia verde e rosa
desafiando o asfalto quente e infértil
Busco a facilidade de uma rima
Olho a manhã , que agora, me fascina!
Delineio a paisagem na moldura
da janela.
Degusto todos os azuis no imaginário,
provo as violetas e colho a flor mais bela.
O cardápio pronto, uma perspectiva tão perfeita!
Aproveito a hora doce, cheia de formosura
Afinal , todo encanto, pouco dura!
DE TEMPOS EM TEMPOS
DE TEMPOS EM TEMPOS
Vera Popoff
De tempos em tempos a vida muda.
É um sobe e desce. arruma e desarruma
alarga e estreita, abafa e desabafa,
adoece e melhora, sorri e chora!
O tempo, agora, já faz uma boa hora,
está nublado e carregado.
Sinto uma dor inusitada
nunca dantes sentida.
Dói aqui, dói ali.
Deixa-me ressentida e inibida.
O tempo também não ajuda
Final de primavera e frio de inverno
Procuro o azul do céu e encontro o inferno.
Contra esse tempo estranho,
onde cada dia aumenta o tédio,
Tento dose dupla de remédio
Procuro amparo na lei,
já que de amor nada mais sei.
A fadiga é pesada, a desesperança amarra
A causa da dor continua presente
Dou passos lentos , tropeço, levanto,
disfarço, fujo caminhando devagar,
enquanto ainda consigo andar.
Vera Popoff
De tempos em tempos a vida muda.
É um sobe e desce. arruma e desarruma
alarga e estreita, abafa e desabafa,
adoece e melhora, sorri e chora!
O tempo, agora, já faz uma boa hora,
está nublado e carregado.
Sinto uma dor inusitada
nunca dantes sentida.
Dói aqui, dói ali.
Deixa-me ressentida e inibida.
O tempo também não ajuda
Final de primavera e frio de inverno
Procuro o azul do céu e encontro o inferno.
Contra esse tempo estranho,
onde cada dia aumenta o tédio,
Tento dose dupla de remédio
Procuro amparo na lei,
já que de amor nada mais sei.
A fadiga é pesada, a desesperança amarra
A causa da dor continua presente
Dou passos lentos , tropeço, levanto,
disfarço, fujo caminhando devagar,
enquanto ainda consigo andar.
terça-feira, 8 de novembro de 2016
MÊS DE NOVEMBRO
MÊS DE NOVEMBRO
Vera Popoff
Neste mês de novembro
morri mais um pouco.
Meu peito ficou oco,
sem o coração latente.
Sonhei ...minha cabeça encostada
num corpo tão amado, um dia.
Fui afastada e desprezada.
Era só um sonho e doeu tanto!
Ah, imagem combalida e desiludida!
Dez , vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos
e a doença não sara e a saudade não para ,
e a lembrança não se apaga.
O fogo já nem arde , os sinais vitais daquele amor
são tão pequenos e inda sensíveis.
Envelheci inconformada e não me habituei
sem a vigília do teu olhar amoroso
sem o enrosco do teu braço
sem o teu beijo indecoroso.
Então escrevo o que jamais lerás
E conto pra mim mesma o que jamais escutarás
E poeto a mesma poesia que foi feita para ti,
e nunca saberás.
Vera Popoff
Neste mês de novembro
morri mais um pouco.
Meu peito ficou oco,
sem o coração latente.
Sonhei ...minha cabeça encostada
num corpo tão amado, um dia.
Fui afastada e desprezada.
Era só um sonho e doeu tanto!
Ah, imagem combalida e desiludida!
Dez , vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos
e a doença não sara e a saudade não para ,
e a lembrança não se apaga.
O fogo já nem arde , os sinais vitais daquele amor
são tão pequenos e inda sensíveis.
Envelheci inconformada e não me habituei
sem a vigília do teu olhar amoroso
sem o enrosco do teu braço
sem o teu beijo indecoroso.
Então escrevo o que jamais lerás
E conto pra mim mesma o que jamais escutarás
E poeto a mesma poesia que foi feita para ti,
e nunca saberás.
BECO SEM SAÍDA
BECO SEM SAÍDA
Vera Popoff
Minha vida é um beco sem saída
A rua onde moro é um beco sem saída
Meus planos mirabolantes viraram um beco sem saída
Minhas tantas andanças levaram-me a um beco sem saída
Minhas esperanças acabaram num beco sem saída
Dum lado para o outro, batendo cabeça, cheguei num
beco sem saída.
A sentença da minha frágil vivência foi o beco sem saída
Minha resistência , já sem o vigor da adolescência,
está num beco sem saída.
Minha paixão pelo homem de olhos de sedução
caiu apagada, num beco sem saída.
As bandeiras que agitei, que carreguei , que defendi
destroçaram-se...num beco sem saída
A arte que produzi foi tão ruim que ficou esquecida
num beco sem saída
Minha poesia procurou a rima, buscou a harmonia,
vislumbrou o brilho da fantasia e tímida, desistiu
e permitiu definhar-se num beco sem saída.
Os projetos pesaram nos ombros, caíram por terra
num beco sem saída.
O idealismo desfigurou-se, decepcionou-se e foi parar
num beco sem saída
A ternura que guardava no peito, endureceu-se e
como pedra parou ...num beco sem saída
O passado , ora esquecido , ora rememorado, apagou-se
e virou cinzas num beco sem saída.
Minha fé em Deus, em mim, na humanidade, desmoronou-se
num beco sem saída.
Meus dias , tardes, noites, apenas transcorrem devagar...
irão chegar a um beco sem saída
Não ultrapassei fronteiras , nem cruzei céus ou mares
estacionei num beco sem saída.
No beco sem saída consegui me perder
Faço um esforço, mas não consigo!
Continuo num beco sem saída.
Vera Popoff
Minha vida é um beco sem saída
A rua onde moro é um beco sem saída
Meus planos mirabolantes viraram um beco sem saída
Minhas tantas andanças levaram-me a um beco sem saída
Minhas esperanças acabaram num beco sem saída
Dum lado para o outro, batendo cabeça, cheguei num
beco sem saída.
A sentença da minha frágil vivência foi o beco sem saída
Minha resistência , já sem o vigor da adolescência,
está num beco sem saída.
Minha paixão pelo homem de olhos de sedução
caiu apagada, num beco sem saída.
As bandeiras que agitei, que carreguei , que defendi
destroçaram-se...num beco sem saída
A arte que produzi foi tão ruim que ficou esquecida
num beco sem saída
Minha poesia procurou a rima, buscou a harmonia,
vislumbrou o brilho da fantasia e tímida, desistiu
e permitiu definhar-se num beco sem saída.
Os projetos pesaram nos ombros, caíram por terra
num beco sem saída.
O idealismo desfigurou-se, decepcionou-se e foi parar
num beco sem saída
A ternura que guardava no peito, endureceu-se e
como pedra parou ...num beco sem saída
O passado , ora esquecido , ora rememorado, apagou-se
e virou cinzas num beco sem saída.
Minha fé em Deus, em mim, na humanidade, desmoronou-se
num beco sem saída.
Meus dias , tardes, noites, apenas transcorrem devagar...
irão chegar a um beco sem saída
Não ultrapassei fronteiras , nem cruzei céus ou mares
estacionei num beco sem saída.
No beco sem saída consegui me perder
Faço um esforço, mas não consigo!
Continuo num beco sem saída.
domingo, 6 de novembro de 2016
MAIS OU MENOS
MAIS OU MENOS
Vera Popoff
Os domingos são todos iguais.
As segundas e terças e quartas-feiras,
As quintas e sextas-feiras
E enfim... o sábado!
Tudo sempre igual.
Nem o cardápio é variado
O arroz , o feijão , a carne ...
ás vezes sim , ou não!
O tempo é de carestia
Com os desejos e extravagâncias
Fiz uma prudente anistia.
O lugar onde vivo é ermo
O vento é preguiçoso
O sol sempre majestoso,
A lua , meio languente,
dá as caras , alta ,branca
Outras noites, desanimada, esconde-se!
Deus parece amuado
Seus filhos , ou são desprezados,
ou são malcriados, ou são manipulados.
Outros são oprimidos
Nas mãos pesadas dos opressores ,
que da injustiça e desigualdade
são ferrenhos defensores.
A parte da vida que guardava meus sonhos
eu perdi n'algum lugar e momento
As recordações ainda aciono
quando interessa, quando estou sem pressa.
Já não reconheço quando estou alegre
ou triste.
E não me importo com gratidões
ou ingratidões.
Tudo está sempre igual
Nem preciso bulir no calendário
De janeiro até dezembro
é sempre o mesmo fadário!
Os dias nem carecem ser trocados
A indiferença nem é brisa , nem é um tornado.
Numa manhã avistei três bem-te-vis
O bem-te-vi pai , a mãe e o filhotinho
Ao perceber tanto carinho
Lembrei do quão doce também já foi
o meu ninho.
Por um momento fiquei emocionada
Voltei em tempo à razão
Ando só... pelos meus curtos caminhos
As ausências , de tão constantes,
viraram uma rotina nada retumbante.
Decidi manter tudo sempre igual
Sem abraço , sem beijo e sem desejo
Rego as minhas plantas ,lavo a minha roupa,
varro o chão onde piso , continuo sem juízo,
sinto pouco sono , não como comida fria,
já não tenho fé , não faço promessa, pois
sei que não cumprirei.
De agora em diante, pouco almejarei.
Leio Machado de Assis e guardo na memória
trechos lindos de cada história.
Ouço Bach, Beethoven, Mozart, Chopin
Ou Chopin, Mozart, Beethoven, Bach
A ordem não importa, já que são sempre os mesmos.
Escrevo e declamo uma elegia
Paro sob a árvore , a mais fiel companhia
Digo que a vida não é mais e nem menos
É , simplesmente , mais ou menos.
Vera Popoff
Os domingos são todos iguais.
As segundas e terças e quartas-feiras,
As quintas e sextas-feiras
E enfim... o sábado!
Tudo sempre igual.
Nem o cardápio é variado
O arroz , o feijão , a carne ...
ás vezes sim , ou não!
O tempo é de carestia
Com os desejos e extravagâncias
Fiz uma prudente anistia.
O lugar onde vivo é ermo
O vento é preguiçoso
O sol sempre majestoso,
A lua , meio languente,
dá as caras , alta ,branca
Outras noites, desanimada, esconde-se!
Deus parece amuado
Seus filhos , ou são desprezados,
ou são malcriados, ou são manipulados.
Outros são oprimidos
Nas mãos pesadas dos opressores ,
que da injustiça e desigualdade
são ferrenhos defensores.
A parte da vida que guardava meus sonhos
eu perdi n'algum lugar e momento
As recordações ainda aciono
quando interessa, quando estou sem pressa.
Já não reconheço quando estou alegre
ou triste.
E não me importo com gratidões
ou ingratidões.
Tudo está sempre igual
Nem preciso bulir no calendário
De janeiro até dezembro
é sempre o mesmo fadário!
Os dias nem carecem ser trocados
A indiferença nem é brisa , nem é um tornado.
Numa manhã avistei três bem-te-vis
O bem-te-vi pai , a mãe e o filhotinho
Ao perceber tanto carinho
Lembrei do quão doce também já foi
o meu ninho.
Por um momento fiquei emocionada
Voltei em tempo à razão
Ando só... pelos meus curtos caminhos
As ausências , de tão constantes,
viraram uma rotina nada retumbante.
Decidi manter tudo sempre igual
Sem abraço , sem beijo e sem desejo
Rego as minhas plantas ,lavo a minha roupa,
varro o chão onde piso , continuo sem juízo,
sinto pouco sono , não como comida fria,
já não tenho fé , não faço promessa, pois
sei que não cumprirei.
De agora em diante, pouco almejarei.
Leio Machado de Assis e guardo na memória
trechos lindos de cada história.
Ouço Bach, Beethoven, Mozart, Chopin
Ou Chopin, Mozart, Beethoven, Bach
A ordem não importa, já que são sempre os mesmos.
Escrevo e declamo uma elegia
Paro sob a árvore , a mais fiel companhia
Digo que a vida não é mais e nem menos
É , simplesmente , mais ou menos.
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
FIM
FIM
Vera Popoff
No banco da praça pequena
Meu braço num laço apertado
Minha boca em outra boca
O coração dando pulos de paixão.
Seria um tempo para a eternidade?
Um corpo colado no meu
Suores se misturando
Respirações se confundindo
Desejos compartilhados
E mil beijos ardentes trocados.
Rosto mais bonito e mais amado
Ah...não existia
Olhar tão penetrante e sedutor
Mãos mais atrevidas e a paixão
na florescência.
Despreocupação com a decência ou indecência
A vida sem nenhuma dor da carência.
Mas o filme terminou
O doce e eterno amor...acabou.
Na tela antiga da vida: FIM!
Vera Popoff
No banco da praça pequena
Meu braço num laço apertado
Minha boca em outra boca
O coração dando pulos de paixão.
Seria um tempo para a eternidade?
Um corpo colado no meu
Suores se misturando
Respirações se confundindo
Desejos compartilhados
E mil beijos ardentes trocados.
Rosto mais bonito e mais amado
Ah...não existia
Olhar tão penetrante e sedutor
Mãos mais atrevidas e a paixão
na florescência.
Despreocupação com a decência ou indecência
A vida sem nenhuma dor da carência.
Mas o filme terminou
O doce e eterno amor...acabou.
Na tela antiga da vida: FIM!
NO MOMENTO
NO MOMENTO
Vera Popoff
No momento , o café da caneca esfriou
E o vento cessou. E o tempo parou...ali.
Não , eu já não estou e nem sou
Perdi minhas referências
Já não sou filha e já não sou mãe
Já não sou namorada e nem companheira
E tampouco sou irmã, já que meu único irmão
já partiu
E estou pisando um mundo que ruiu
E respirando um ar que não devolve
uma vida esquecida.
Já nem sinto saudade. Tudo passou
A saudade ou qualquer coisa que já foi
a minha verdade.
Faço um esforço imenso
pra esquecer a lembrança
e feneceu a vontade de esperança
Fico parada. O café gelou na caneca
Sem aroma , sem sabor.
Já bebi outros cafés bem mais saborosos
Quando um gole fazia todo sentido do mundo
Quando não havia constrangimento
ao falar com quem me deixou
Ao mendigar um regresso
Ao pedir um auxílio miúdo
Ao contar o que guardo no coração.
Já nem sei fazer uma oração
Não ligo para meus tantos pecados
Nem enxergo alguém ao meu lado.
Serão elegias , apenas?
Ou a vontade de um canto sofrido
Ou a alma silenciando...
À espera de um copo d'água
que me desperte, me chame à razão.
Um passo adiante, talvez
Esquecer quem fui ou serei
Ditar um verso e agradar
o meu coração que já não é coração de filha
Já não é coração de mãe
Um coração sem amigo ou irmão.
No momento, o sono não chega
A noite é comprida e tão lenta!
Na escuridão da janela
Uma dor se descortina .
Vera Popoff
No momento , o café da caneca esfriou
E o vento cessou. E o tempo parou...ali.
Não , eu já não estou e nem sou
Perdi minhas referências
Já não sou filha e já não sou mãe
Já não sou namorada e nem companheira
E tampouco sou irmã, já que meu único irmão
já partiu
E estou pisando um mundo que ruiu
E respirando um ar que não devolve
uma vida esquecida.
Já nem sinto saudade. Tudo passou
A saudade ou qualquer coisa que já foi
a minha verdade.
Faço um esforço imenso
pra esquecer a lembrança
e feneceu a vontade de esperança
Fico parada. O café gelou na caneca
Sem aroma , sem sabor.
Já bebi outros cafés bem mais saborosos
Quando um gole fazia todo sentido do mundo
Quando não havia constrangimento
ao falar com quem me deixou
Ao mendigar um regresso
Ao pedir um auxílio miúdo
Ao contar o que guardo no coração.
Já nem sei fazer uma oração
Não ligo para meus tantos pecados
Nem enxergo alguém ao meu lado.
Serão elegias , apenas?
Ou a vontade de um canto sofrido
Ou a alma silenciando...
À espera de um copo d'água
que me desperte, me chame à razão.
Um passo adiante, talvez
Esquecer quem fui ou serei
Ditar um verso e agradar
o meu coração que já não é coração de filha
Já não é coração de mãe
Um coração sem amigo ou irmão.
No momento, o sono não chega
A noite é comprida e tão lenta!
Na escuridão da janela
Uma dor se descortina .
MAL ACOMPANHADA
MAL ACOMPANHADA
Vera Popoff
Tantos anos se passaram!
Tantos anos amargurados,
desapontados , frustrados,
tristonhos e alguns, até bisonhos.
Tanta vida dividida , inibida ,
distraída e um tanto mal vivida!
Tantos sonhos pisados e esmagados,
feito fruta passada e estragada
atirada ao chão.
"Antes só do que mal acompanhada"
Minha avó repetia porque sabia
Sem condição de boa conversação
Sem a alegria da afinidade
Sem um sorriso solto
Sem compartilhar nenhuma mentira ou verdade
A vida é tão insustentável!
A tristeza chega a ser insuportável!
Escondida pelos cantos
Fingindo viver sozinha
Conversando com botões
Mirando a cara no espelho
Amuada com a desgastada imagem
Aborrecida com a falta de coragem
Abaixando , a cada dia, o volume da voz
Indignada pela incapacidade de desatar tantos nós
Assistindo o tempo passar
sem dó, sem piedade, sem nenhuma misericórdia
Já não conto os dias que se foram, pois
foram irritantemente iguais,
Com sentimentos rasos , frios,
vazios, indiferentes e banais.
Para assegurar a vida do outro
Tornei minha vida insegura
e inserida num vazio
Meu coração está tão solitário
Parece um terreno baldio.
Vera Popoff
Tantos anos se passaram!
Tantos anos amargurados,
desapontados , frustrados,
tristonhos e alguns, até bisonhos.
Tanta vida dividida , inibida ,
distraída e um tanto mal vivida!
Tantos sonhos pisados e esmagados,
feito fruta passada e estragada
atirada ao chão.
"Antes só do que mal acompanhada"
Minha avó repetia porque sabia
Sem condição de boa conversação
Sem a alegria da afinidade
Sem um sorriso solto
Sem compartilhar nenhuma mentira ou verdade
A vida é tão insustentável!
A tristeza chega a ser insuportável!
Escondida pelos cantos
Fingindo viver sozinha
Conversando com botões
Mirando a cara no espelho
Amuada com a desgastada imagem
Aborrecida com a falta de coragem
Abaixando , a cada dia, o volume da voz
Indignada pela incapacidade de desatar tantos nós
Assistindo o tempo passar
sem dó, sem piedade, sem nenhuma misericórdia
Já não conto os dias que se foram, pois
foram irritantemente iguais,
Com sentimentos rasos , frios,
vazios, indiferentes e banais.
Para assegurar a vida do outro
Tornei minha vida insegura
e inserida num vazio
Meu coração está tão solitário
Parece um terreno baldio.
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
METAMORFOSE
METAMORFOSE
Vera Popoff
Estou perdida em mim mesma
Bem que eu queria encontrar-me,
vasculhar dentro de mim,
Espanar a poeira que me esconde
Derrubar as paredes que me prendem
Abrir as janelas que me guardam
tão bem guardada...que já não me encontro.
Ah, como eu queria espalhar-me
por espaços nunca ocupados,
percorrer atalhos nunca explorados,
pisar sobre as bombas enriquecidas
de todos os bloqueios ,
num campo cruelmente minado.
Eu queria envolver-me numa aura
de liberdade
Esquecer antigas e tristes histórias
Arrancar as limitações da memória
Nascer outra vez. Diferente, mais presente,
mais contente .
Expelir tudo que sufoquei...
libertar e sentir as emoções
ardentemente!
Eu queria viver uma metamorfose
Ao invés de uma alma lagarta
Virar alma borboleta e voar...voar...voar...
Vera Popoff
Estou perdida em mim mesma
Bem que eu queria encontrar-me,
vasculhar dentro de mim,
Espanar a poeira que me esconde
Derrubar as paredes que me prendem
Abrir as janelas que me guardam
tão bem guardada...que já não me encontro.
Ah, como eu queria espalhar-me
por espaços nunca ocupados,
percorrer atalhos nunca explorados,
pisar sobre as bombas enriquecidas
de todos os bloqueios ,
num campo cruelmente minado.
Eu queria envolver-me numa aura
de liberdade
Esquecer antigas e tristes histórias
Arrancar as limitações da memória
Nascer outra vez. Diferente, mais presente,
mais contente .
Expelir tudo que sufoquei...
libertar e sentir as emoções
ardentemente!
Eu queria viver uma metamorfose
Ao invés de uma alma lagarta
Virar alma borboleta e voar...voar...voar...
terça-feira, 25 de outubro de 2016
AS MENINAS DO RETRATO
AS MENINAS DO RETRATO
Vera Popoff
Na cabeceira da cama
Galeria de retratos pendurados
São sempre das duas meninas
Uma dos olhos de mel,
Outra dos olhos de mar.
Os sorrisos são bonitos, puros , gentis
Os semblantes são a luz nos meus retratos
Mas hoje , tudo parece distante e tão abstrato!
Cismo e insisto em me machucar:- será??
Será que já foram um dia, a minha verdade?
Ou serão apenas delírio da minha avançada idade?
Já não sinto os braços envolvendo o meu pescoço
Já não ouço as vozes reclamando, pedindo, chamando:
-Mãe! Mãe! Mãe!
Já não sinto o toque dos lábios , no meu rosto!
As meninas do retrato , com seus vestidos de gala
Roupas caipiras da quadrilha, fantasias do ballet.
A máquina de costura varando as noites naquela cadência
As roupas escolhidas e por elas exigidas
Prontas , bem costuradas, acabamentos perfeitos
Nos rostinhos , um relume de alegria
A vida...que doce magia!
Partiram...as meninas do retrato
Hoje são apenas um substantivo abstrato.
Não posso toca-las, mal posso ama-las,
São figuras , são lembranças, são um vazio de esperança.
Fui mãe , hoje sou um caso a ser comentado
Uma história para ser contada.
Cresceram...se foram...
Uma delas é muito ocupada.
Fez mestrado, fez doutorado
E sempre muito inteligente
Prepara a livre docência
Para isso não lhe falta a competência!
"-Mãe, depois do título conquistado
Daqui nove ou dez meses
Um ano ou mais , talvez
Vou visita-la , mais uma vez!"
Eu fico orgulhosa e tão contente!
A outra com vida corrida
Filhos , trabalho, marido,
ginástica, dança, mil compromissos, me diz:
-Mãe , vou ficar afastada
Você está contrariada, fica doente , amuada
Já não me ajuda em nada!
Tenho a cumprir , uma grande e nobre missão
Você não entende e não estende a sua mão
E me deixa cansada e magoada!
Eu fico desapontada , faço uma penitência!
Paciência, já nem sinto a solidão
Vivo agora, com o que tenho à mão
Um companheiro manso de coração
Um jardim que exige o trabalho das mãos
O fogão com comida quentinha
Pincéis , agulhas e linhas...
Os retratos tratados com todo cuidado
-Uma rica abstração!
Acendo a luz do meu quarto
Olho os antigos retratos
São lindos, mas apenas...
um substantivo abstrato!
Vera Popoff
Na cabeceira da cama
Galeria de retratos pendurados
São sempre das duas meninas
Uma dos olhos de mel,
Outra dos olhos de mar.
Os sorrisos são bonitos, puros , gentis
Os semblantes são a luz nos meus retratos
Mas hoje , tudo parece distante e tão abstrato!
Cismo e insisto em me machucar:- será??
Será que já foram um dia, a minha verdade?
Ou serão apenas delírio da minha avançada idade?
Já não sinto os braços envolvendo o meu pescoço
Já não ouço as vozes reclamando, pedindo, chamando:
-Mãe! Mãe! Mãe!
Já não sinto o toque dos lábios , no meu rosto!
As meninas do retrato , com seus vestidos de gala
Roupas caipiras da quadrilha, fantasias do ballet.
A máquina de costura varando as noites naquela cadência
As roupas escolhidas e por elas exigidas
Prontas , bem costuradas, acabamentos perfeitos
Nos rostinhos , um relume de alegria
A vida...que doce magia!
Partiram...as meninas do retrato
Hoje são apenas um substantivo abstrato.
Não posso toca-las, mal posso ama-las,
São figuras , são lembranças, são um vazio de esperança.
Fui mãe , hoje sou um caso a ser comentado
Uma história para ser contada.
Cresceram...se foram...
Uma delas é muito ocupada.
Fez mestrado, fez doutorado
E sempre muito inteligente
Prepara a livre docência
Para isso não lhe falta a competência!
"-Mãe, depois do título conquistado
Daqui nove ou dez meses
Um ano ou mais , talvez
Vou visita-la , mais uma vez!"
Eu fico orgulhosa e tão contente!
A outra com vida corrida
Filhos , trabalho, marido,
ginástica, dança, mil compromissos, me diz:
-Mãe , vou ficar afastada
Você está contrariada, fica doente , amuada
Já não me ajuda em nada!
Tenho a cumprir , uma grande e nobre missão
Você não entende e não estende a sua mão
E me deixa cansada e magoada!
Eu fico desapontada , faço uma penitência!
Paciência, já nem sinto a solidão
Vivo agora, com o que tenho à mão
Um companheiro manso de coração
Um jardim que exige o trabalho das mãos
O fogão com comida quentinha
Pincéis , agulhas e linhas...
Os retratos tratados com todo cuidado
-Uma rica abstração!
Acendo a luz do meu quarto
Olho os antigos retratos
São lindos, mas apenas...
um substantivo abstrato!
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
SE É ASSIM...EU TRABALHO E FAÇO
SE É ASSIM...EU TRABALHO E FAÇO!
Vera Popoff
Se a vida está deveras triste
e sem graça!
Se a tarde é morna e simplesmente,
passa.
E se o meu poema é pobre e feio
como a desgraça,
Se tem que ser assim, eu disfarço
e algum trabalho eu faço!
Ou finjo que trabalho
Sujo as mãos de terra e semeio
Talvez nem viva o tempo da colheita
Mas insisto e mexo , e lido, e teço.
Já que tem que ser assim
Não vou clamar e clamar:- Ai de mim!
Arregaço a manga do braço
e trabalho e faço!
Incomodo quem está por perto.
-Sossega , mulher, sossega!
Não vês que estás fraca, incompetente
e da vida , quase ausente?
Insisto! Afinal, ensinaram-me só isso:
-Os bons trabalham e permanecem pobres!
Acreditei e minha vida virou um grande enguiço.
O pior que nada aprendi e falo demais
Sem ouvintes , falo comigo mesma
e ainda me respondo
Quem me fará calar , se vivo tão sozinha?
Quem irá me contradizer , se a única voz é a minha?
Se tem que ser assim...que seja
Meu velho coração nada mais almeja
Além d'um café forte
e o velho sonho
de partir para o norte.
Enquanto o horizonte , minha lida assiste
Eu suo a testa com jeito de quem não desiste.
Meu amado pai , conhecido boticário,
Trabalhou curando dores e esse, foi o seu fadário!
Se a vida está deveras triste
e sem graça
Se a noite é fria e simplesmente, passa
Se o meu poema continua pobre e feio
como a desgraça
Se tem que ser assim , eu madrugo, disfarço
e algum trabalho...faço.
Vera Popoff
Se a vida está deveras triste
e sem graça!
Se a tarde é morna e simplesmente,
passa.
E se o meu poema é pobre e feio
como a desgraça,
Se tem que ser assim, eu disfarço
e algum trabalho eu faço!
Ou finjo que trabalho
Sujo as mãos de terra e semeio
Talvez nem viva o tempo da colheita
Mas insisto e mexo , e lido, e teço.
Já que tem que ser assim
Não vou clamar e clamar:- Ai de mim!
Arregaço a manga do braço
e trabalho e faço!
Incomodo quem está por perto.
-Sossega , mulher, sossega!
Não vês que estás fraca, incompetente
e da vida , quase ausente?
Insisto! Afinal, ensinaram-me só isso:
-Os bons trabalham e permanecem pobres!
Acreditei e minha vida virou um grande enguiço.
O pior que nada aprendi e falo demais
Sem ouvintes , falo comigo mesma
e ainda me respondo
Quem me fará calar , se vivo tão sozinha?
Quem irá me contradizer , se a única voz é a minha?
Se tem que ser assim...que seja
Meu velho coração nada mais almeja
Além d'um café forte
e o velho sonho
de partir para o norte.
Enquanto o horizonte , minha lida assiste
Eu suo a testa com jeito de quem não desiste.
Meu amado pai , conhecido boticário,
Trabalhou curando dores e esse, foi o seu fadário!
Se a vida está deveras triste
e sem graça
Se a noite é fria e simplesmente, passa
Se o meu poema continua pobre e feio
como a desgraça
Se tem que ser assim , eu madrugo, disfarço
e algum trabalho...faço.
ENQUANTO FUI MÃE
"Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra." (Coelho Neto)
ENQUANTO FUI MÃE
Vera Popoff
Fui mãe , enquanto gerei o filho
no meu ventre! Fui mãe ao sentir a dor
para fazer a vida tua!
Fui mãe ao te dar a pura seiva do meu seio.
Fui mãe ao aconchegar-te nos meus braços
E desejar que a febre tua , fosse minha.
Fui mãe ao acalentar no berço, o anjo!
Fui mãe ao sorrir do teu sorriso
e quando o mundo brilhou nos olhos teus.
Fui mãe ao ensinar-te o pouco que eu sabia
Fui mãe ao pernoitar ao lado teu,
tentando desvendar aquele amor!
Fui mãe quando o amparei
nas tuas quedas e mãe , e mãe..
quando nem quis saber da minha vida
A tua vida , então , era tudo que importava!
Fui mãe quando entreguei-te
o melhor de mim. E quando ficava mais bonita
para ti!
Fui mãe , segurando a tua mão,
protegendo-o dos teus tolos medos
E quando destruí tantos perigos
para deixa-lo a salvo!
Fui mãe ao levá-lo para escola
E chorar , já...de saudade!
Mas meu filho, tu cresceste!!
E passou a resolver a tua própria vida
sem me consultar.
Já não pedia que eu fizesse um bolo
Já não sentia frio para eu te agasalhar.
Já não dormia junto a mim
E ao despertar , teu quarto...um vazio!
Enquanto fui tua mãe , fui tão feliz!
Agora, quase não te vejo
E nos encontramos , brevemente,
assim que te sobra um tempo!
Estou velha. Já não tenho vigor
para te fortalecer. Ranzinza ,
já não tenho a solução para os teus
problemas.
Enquanto fui a tua mãe
Ai , como te amei !
Agora, sem serventia,
ai...como inda te amo!
Longe dos meus olhos , mas dentro
da minha alma estás e permanecerás!
Eu nem me importo se ainda sou a tua mãe,
ou não,
Tu... sempre serás o meu filho!
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra." (Coelho Neto)
ENQUANTO FUI MÃE
Vera Popoff
Fui mãe , enquanto gerei o filho
no meu ventre! Fui mãe ao sentir a dor
para fazer a vida tua!
Fui mãe ao te dar a pura seiva do meu seio.
Fui mãe ao aconchegar-te nos meus braços
E desejar que a febre tua , fosse minha.
Fui mãe ao acalentar no berço, o anjo!
Fui mãe ao sorrir do teu sorriso
e quando o mundo brilhou nos olhos teus.
Fui mãe ao ensinar-te o pouco que eu sabia
Fui mãe ao pernoitar ao lado teu,
tentando desvendar aquele amor!
Fui mãe quando o amparei
nas tuas quedas e mãe , e mãe..
quando nem quis saber da minha vida
A tua vida , então , era tudo que importava!
Fui mãe quando entreguei-te
o melhor de mim. E quando ficava mais bonita
para ti!
Fui mãe , segurando a tua mão,
protegendo-o dos teus tolos medos
E quando destruí tantos perigos
para deixa-lo a salvo!
Fui mãe ao levá-lo para escola
E chorar , já...de saudade!
Mas meu filho, tu cresceste!!
E passou a resolver a tua própria vida
sem me consultar.
Já não pedia que eu fizesse um bolo
Já não sentia frio para eu te agasalhar.
Já não dormia junto a mim
E ao despertar , teu quarto...um vazio!
Enquanto fui tua mãe , fui tão feliz!
Agora, quase não te vejo
E nos encontramos , brevemente,
assim que te sobra um tempo!
Estou velha. Já não tenho vigor
para te fortalecer. Ranzinza ,
já não tenho a solução para os teus
problemas.
Enquanto fui a tua mãe
Ai , como te amei !
Agora, sem serventia,
ai...como inda te amo!
Longe dos meus olhos , mas dentro
da minha alma estás e permanecerás!
Eu nem me importo se ainda sou a tua mãe,
ou não,
Tu... sempre serás o meu filho!
sábado, 22 de outubro de 2016
PENALIZADA
PENALIZADA
Vera Popoff
É longa a minha história...
Nem sei porque relembro e relembro e
relembro...
Nela, na minha história , não há heroísmo,
Sim , algum idealismo perdido
O imenso amor seduzido acabou.
Ao esquecimento foi conduzido.
Sobraram quimeras, quase quireras,
farelos ao chão!
Eita , história danada,
Insistiu em dizer Não!
Tenho os olhos com cataratas e
cansados de chorar!
Agora secaram, enfim!
O coração, um dia humilde e generoso
virou um seco e infértil sertão.
Já nem sinto pena de mim, nem de ti,
nem de mais alguém!
Dane-se o mundo! Já dizia o poeta:
-"Não me chamo Raimundo!"
Foi tanta canseira me cansando
E tanta ilusão murchando
E tanta esperança devastada
E tanta mágoa acumulada
E tanta decepção, a alma, amargurando!
A história poderia ter sido mais bonita
Pobre história!! Perdeu-se nos labirintos
do tempo.
Escolhas mal escolhidas
Decisões equivocadas
Amores jogados fora
Paixões racionais ...essa é boa!
Nem soube me apaixonar , sem pensar.
As coisas que decidi dizer
falei com voz fraca,
apenas balbuciei e o mundo
não me escutou.
Não soube me defender das dores
Permiti que pisassem meus sonhos
Deixei que impusessem vontades
que nunca foram as minhas!
E fiquei cruel!
Sim, cruel!
Enxergo com visão dura
Acabou-se a minha candura
Morreu a menina mulher de alma pura.
Já não me importo com nada!
Vago , agora...
Vago pelo espaço solitário
Foi o que me sobrou.
Não olho mais outros olhos
Não escuto o que não quero
Não agrado quem não merece
Fui tão penalizada que acabei assim,
desalmada!
Não, não faço o menor esforço
para compreender o fulano.
Não compartilho problemas que não formulei
Nem demonstro teoremas que não inventei
Já fui penalizada demais
por culpas e erros que me imputei
Peguem os teus equívocos e caiam fora!
Não sou doutora , apenas uma humilde professora,
sem a pretensão de ser a palmatória do mundo
E como disse, sabiamente , o poeta:
"-Dane-se o mundo, dane-se o mundo,
eu não me chamo Raimundo!" (Drummond)
Vera Popoff
É longa a minha história...
Nem sei porque relembro e relembro e
relembro...
Nela, na minha história , não há heroísmo,
Sim , algum idealismo perdido
O imenso amor seduzido acabou.
Ao esquecimento foi conduzido.
Sobraram quimeras, quase quireras,
farelos ao chão!
Eita , história danada,
Insistiu em dizer Não!
Tenho os olhos com cataratas e
cansados de chorar!
Agora secaram, enfim!
O coração, um dia humilde e generoso
virou um seco e infértil sertão.
Já nem sinto pena de mim, nem de ti,
nem de mais alguém!
Dane-se o mundo! Já dizia o poeta:
-"Não me chamo Raimundo!"
Foi tanta canseira me cansando
E tanta ilusão murchando
E tanta esperança devastada
E tanta mágoa acumulada
E tanta decepção, a alma, amargurando!
A história poderia ter sido mais bonita
Pobre história!! Perdeu-se nos labirintos
do tempo.
Escolhas mal escolhidas
Decisões equivocadas
Amores jogados fora
Paixões racionais ...essa é boa!
Nem soube me apaixonar , sem pensar.
As coisas que decidi dizer
falei com voz fraca,
apenas balbuciei e o mundo
não me escutou.
Não soube me defender das dores
Permiti que pisassem meus sonhos
Deixei que impusessem vontades
que nunca foram as minhas!
E fiquei cruel!
Sim, cruel!
Enxergo com visão dura
Acabou-se a minha candura
Morreu a menina mulher de alma pura.
Já não me importo com nada!
Vago , agora...
Vago pelo espaço solitário
Foi o que me sobrou.
Não olho mais outros olhos
Não escuto o que não quero
Não agrado quem não merece
Fui tão penalizada que acabei assim,
desalmada!
Não, não faço o menor esforço
para compreender o fulano.
Não compartilho problemas que não formulei
Nem demonstro teoremas que não inventei
Já fui penalizada demais
por culpas e erros que me imputei
Peguem os teus equívocos e caiam fora!
Não sou doutora , apenas uma humilde professora,
sem a pretensão de ser a palmatória do mundo
E como disse, sabiamente , o poeta:
"-Dane-se o mundo, dane-se o mundo,
eu não me chamo Raimundo!" (Drummond)
CÃES, NÃO!
Pasmem, se for o caso. Jamais apreciei cães ou gatos. Bichos perto de mim, roçando minha pele, são castigo para o meu coração.
Mas , por força das circunstâncias, fui obrigada, quase condenada a conviver com eles a maior parte de minha vida. Certa vez , tive que cuidá-los e limpá-los por um grande período. Se é verdade que pagamos pecados na Terra, paguei grande parte dos meus!
CÃES , NÃO!
Vera Popoff
Já que todos se foram
Coube a mim, cuidar dos cães da família.
São vinte ou trinta
Não me atrevo a conta-los!
O que sei é que recolho, diariamente,
quilos de bosta!
Meus sapatos ficam atolados na bosta
Minhas vestes, respingadas de bosta.
Meus sonhos , maculados pela bosta.
Minha vida está uma verdadeira bosta!
Meus planos e projetos lambuzados de bosta
Os cães ladram
Meus ouvidos doem
Minhas narinas impregnam-se do cheiro
da bosta!
Minha boca tem o gosto da bosta
A garganta irritada de tanto engolir
esta bosta de sina canina!
Mergulhei a alma na bosta
Chafurdei, esperneei e lutei
Mas não consegui me livrar de tanta bosta!
Dos meus olhos caem lágrimas tingidas
de bosta.
Tantas leituras e estudo da filosofia,
a política, a sociologia, a ideologia...
E acabo com a minha vida
afundada na bosta!!
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
FINJO
FINJO
Vera Popoff
Finjo!
Aprendi a fingir, como ninguém
Finjo para ele...
digo que lhe tenho desejo
Finjo para a noite
De pálpebras cerradas
finjo sono.
Finjo para o dia
digo que não sinto preguiça
finjo que trabalho, mas
caio na poltrona, espreguiçada!
E sigo, fingindo
É só o que sei fazer...fingir
Se estou aborrecida
Finjo contentamento!
Raivosa, finjo o perdão!
Disfarço bem , toda a indignação.
Finjo suportar o insuportável
E finjo compreensão
mesmo quando nada compreendo
Finjo aceitar o inaceitável.
Finjo ser maleável
mesmo dura como uma pedra.
Finjo comemorar uma data
De verdade, datas pouco me importam!
O pior está por vir, pois
eu finjo ter fé, quando
sei o quão sou descrente.
E finjo que está tudo bem
Finjo que , mesmo cansada
posso ir além!
Finjo que não sou magoada,
que não estou enjoada
e que vivo conformada.
Ah...finjo que não doeu
e que o desprezo nem me feriu
Finjo que o golpe não me esmoreceu
e que a vida foi leve, que o mundo é tão bom!
Finjo que sinto a paz
quando sou inteira...guerra!
Finjo que sou boazinha
Mulher recatada,
alma bem comportada,
mas ... não posso ser desvendada!
Finjo que não me importei,
que apesar de tudo, eu amei!
E finjo ser um poço de alegria
quando na verdade, tudo é só fantasia
Finjo, finjo e pronto!
Por que o espanto?
Vera Popoff
Finjo!
Aprendi a fingir, como ninguém
Finjo para ele...
digo que lhe tenho desejo
Finjo para a noite
De pálpebras cerradas
finjo sono.
Finjo para o dia
digo que não sinto preguiça
finjo que trabalho, mas
caio na poltrona, espreguiçada!
E sigo, fingindo
É só o que sei fazer...fingir
Se estou aborrecida
Finjo contentamento!
Raivosa, finjo o perdão!
Disfarço bem , toda a indignação.
Finjo suportar o insuportável
E finjo compreensão
mesmo quando nada compreendo
Finjo aceitar o inaceitável.
Finjo ser maleável
mesmo dura como uma pedra.
Finjo comemorar uma data
De verdade, datas pouco me importam!
O pior está por vir, pois
eu finjo ter fé, quando
sei o quão sou descrente.
E finjo que está tudo bem
Finjo que , mesmo cansada
posso ir além!
Finjo que não sou magoada,
que não estou enjoada
e que vivo conformada.
Ah...finjo que não doeu
e que o desprezo nem me feriu
Finjo que o golpe não me esmoreceu
e que a vida foi leve, que o mundo é tão bom!
Finjo que sinto a paz
quando sou inteira...guerra!
Finjo que sou boazinha
Mulher recatada,
alma bem comportada,
mas ... não posso ser desvendada!
Finjo que não me importei,
que apesar de tudo, eu amei!
E finjo ser um poço de alegria
quando na verdade, tudo é só fantasia
Finjo, finjo e pronto!
Por que o espanto?
Assinar:
Postagens (Atom)