LEVA-ME , MANUEL BANDEIRA !
Vera Popoff
Leva-me, Manuel Bandeira!
Pode ser de avião, ou na boleia do caminhão!
Mas leva-me para Pasárgada!
Nem precisa apresentar-me ao rei,
nem mesmo quero um amor
tão grande assim!
Também aqui não sou feliz.
Olha bem, não preciso de aventura
Quero a paz da solidão,
aceito um banho de mar,
mas dispenso o pau de sebo
e em vez do burro bravo,
quero uma cavalo mansinho e
levemente marchador!
Leva-me , Manuel Bandeira!
Eu me sinto tão cansada
um tanto quanto enfadada,
da vida que levo aqui,
das notícias dos jornais,
de gemer meus tantos ais!
Em Pasárgada, contarei as histórias repetidas
e ninguém ficará enjoado
daquele mesmo enredo
e de ouvir os meus segredos!
Quando , como você, eu estiver
muito triste, com vontade de morrer
Sentarei na beirada do rio
molharei os cansados pés
Darei um banho na alma
e quero dias bem calmos!
Levarei os seus poemas, Manuel!
Alguns de Pablo Neruda,
o livro de Fernando Pessoa
e para amenizar as frustrações,
Farei consultas com Freud,
Com certeza , terei a garantia
de vencer as tribulações!
Não, o celular fica aqui
Chega de modernismo!
Nem mesmo o telefone de manivela
Ah...cansei de dar tanta trela
para conversa maçante,
costumes extravagantes,
ideias ultrapassadas
utopias nunca vividas,
ilusões jamais alcançadas,
sonhos quebrados,
realidades tão cruas e duras!
Estou esperando a carona
pode ser de avião ou
na boleia do caminhão
Mas leva-me para Pasárgada!
Não precisa apresentar-me ao rei
Não vivo bem em palácios,
no meio de tanta intriga,
de gente muito exibida,
de ganâncias e traições!
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