terça-feira, 24 de maio de 2016

TRITURANDO

TRITURANDO
                        Vera Popoff

Tarde fria...
Fria e sem esperança
Fria e pobre de qualquer ousadia!
O sol brilha com uma timidez irritante
O céu de um azul nada convincente
À frente,  a máquina trituradora de resíduos
E eu vou triturando, triturando, triturando...
       as folhas caídas das palmeiras
Junto, lá se vão , triturados os meus sonhos
Picados, esmagados , dilacerados!
Mais um galho seco, mais um gosto triturado
Agora  transformado em desgosto  moído
Vontades, desejos ,anseios triturados
Viram restos misturados à terra pisada
A vida triturada , a alma triturada,
a folha da palmeira, a alegria, toda a fantasia
            trituradas.
Rastelo o chão forrado e junto
rastelo a existência
            triturada.
Final do dia
O sol pálido se despede
O céu  azul  acinzenta-se
A máquina de triturar  silencia
É  a vida que triturada, se abrevia
Resta menos ...um dia!

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