TRITURANDO
Vera Popoff
Tarde fria...
Fria e sem esperança
Fria e pobre de qualquer ousadia!
O sol brilha com uma timidez irritante
O céu de um azul nada convincente
À frente, a máquina trituradora de resíduos
E eu vou triturando, triturando, triturando...
as folhas caídas das palmeiras
Junto, lá se vão , triturados os meus sonhos
Picados, esmagados , dilacerados!
Mais um galho seco, mais um gosto triturado
Agora transformado em desgosto moído
Vontades, desejos ,anseios triturados
Viram restos misturados à terra pisada
A vida triturada , a alma triturada,
a folha da palmeira, a alegria, toda a fantasia
trituradas.
Rastelo o chão forrado e junto
rastelo a existência
triturada.
Final do dia
O sol pálido se despede
O céu azul acinzenta-se
A máquina de triturar silencia
É a vida que triturada, se abrevia
Resta menos ...um dia!
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