terça-feira, 6 de outubro de 2015

A DOR

A DOR
                                     (Vera Popoff)

A dor que declaro agora
Não é a dor da alma,
nem a do coração, tão pouco,
da mal resolvida paixão!

A dor que declaro agora
Não é a dor da perda,
nem a dor da despedida
ou da triste partida.
Tão pouco é a dor desmedida
    da saudade sentida!

A dor que declaro agora
É dor renitente, teimosa,
insistente e diferente!
Não é curada com afago,
com ternura ou doçura,
com a presença querida,
ou  a  força  aguerrida!

A dor que declaro agora
é a dor do corpo exaurido
     de sentir dor!
Está presente ao deitar
  e  ao despertar.
Machuca  e intimida a lida
Tortura e  tranca o sorriso!
Nem a flor a ameniza,
céu azul  não minimiza,
canto algum a suaviza!

O que fazer com a dor, doutor?
Fingir que não está doendo?
Que dor alguma persiste e
que é mentira , a dor que existe?
O que fazer com a dor, doutor?
Inventar que a dor se foi?
Vencê-la  com o pensamento,
encenar que não há tormento,
sorrir para o sofrimento?

Doutor, sua receita aviada,
a dor foi incorporada,
é o meu sétimo sentido!
Enfim...o teorema da dor ,
     demonstrado e
       mal curado!

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