O SUOR DA TESTA
Vera Popoff
Escrevo a minha palavra de olho na janela
Na alma chovida , a asa pesa!
Entre um dizer e outro,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para encaixar a sílaba no verso!
Uma turva visão do ninho já vazio
D'uma casa pintada de amarelo
Quintal desarrumado, as roupas
esticadas no varal!
Entre o discorrer d'um pensamento e outro,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para achar a saída na penumbra!
Meu peito é uma caverna onde escondo dores.
Eu choro e sofro, mas disfarço e rio
Entre um choro e um riso,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para fingir!
Dentro de mim não cabe mais saudade
De tantas, já tenho povoado o coração!
Entre uma saudade e outra ,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para viajar, voltar no tempo!
Submersa no silêncio escuto a própria voz!
A retórica é sempre a mesma, eu me confundo
Entre uma tentativa e outra,
enxugo a minha testa!
O esforço vem da força que faço
para mudar o tom!
Enquanto penso, chegam indagações!
São dúvidas , incertezas, indecisões!
Entre um questionamento e outro,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para não perder a fé!
Sou tão pequena num Universo gigantesco!
Sou obra feita, vestida das lembranças
Minto e digo que sou a esperança!
Entre uma espera e outra ,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para não desesperar!
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