sábado, 10 de outubro de 2015

O SUOR DA TESTA

O SUOR DA TESTA
                                                 Vera Popoff
 

Escrevo a minha palavra de olho na janela
Na alma chovida , a asa  pesa!
Entre um dizer e outro,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para encaixar a sílaba no verso!

Uma turva visão do ninho já vazio
D'uma casa pintada de amarelo
Quintal desarrumado, as roupas
  esticadas no varal!
Entre o discorrer d'um pensamento  e outro,
    enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para achar a saída na penumbra!

Meu peito é uma caverna onde escondo dores.
Eu choro e sofro, mas disfarço e rio
Entre um choro e um riso,
enxugo a minha testa!
O suor  vem do esforço que faço
        para fingir!

Dentro de mim não cabe mais saudade
De tantas, já tenho povoado o coração!
Entre uma saudade e outra ,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para viajar, voltar no tempo!

Submersa no silêncio escuto a própria voz!
A retórica é sempre a mesma, eu me confundo
Entre uma tentativa e outra,
enxugo a minha testa!
O esforço vem da força que faço
para mudar o tom!

Enquanto penso, chegam indagações!
São dúvidas , incertezas, indecisões!
Entre um questionamento e outro,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para não perder a fé!

Sou tão pequena num Universo gigantesco!
Sou obra feita, vestida das lembranças
Minto e digo que sou  a  esperança!
Entre uma espera e outra ,
enxugo a minha testa!
O suor vem do esforço que faço
para não desesperar!

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