sábado, 10 de outubro de 2015

RASTELANDO A GRAMA

RASTELANDO A GRAMA
                                                            (Vera Popoff)

Rastelo a grama do terreiro incerto
Fugiu-me a inspiração, fugiu-me a rima
Tranquei o pensamento e nada sei
        de certo!
Pousei o lápis e desacelerei o imaginário
O dia não era. O dia não era para poetar louvores
           ou cantar amores!

Rastelo a grama sem arrimo
para as minhas dores!
Não encontro as palavras
Não desvencilho-me das amarras.
Não escrevo o meu verso no anverso do papel
          nem no adverso!

Ásperas ideias . Nenhuma lira para suavizá-las!
Toda harmonia perde-se no chão
 onde rastelo a grama.
Rastelo a grama com a dureza d'alma!
As mãos limpam o suor do rosto
Cansada, olhando o nada eu curvo o dorso
                e sigo...
rastelando a grama com mágoa no peito.
Perco o combate das idéias
Vence a iniquidade que desola!

Rastelo a grama. Vou exaurir meu corpo!
O infértil dia viveu da criação vazia
O pensamento é puro alheamento.
Rastelando a grama , abraço o tempo
         do descontentamento!
                              


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