segunda-feira, 30 de novembro de 2015

DOM PAULO EVARISTO ARNS
Quanto mais eu leio sobre a atuação de Dom Odilo SHERER, mais sinto saudades de Dom Paulo Evaristo Arns.
Dom Paulo criou a COMISSÃO DE JUSTIÇA E PAZ, incentivou a Pastoral da Moradia e a Pastoral Operária, criou a Pastoral da Infância, com o apoio da sua irmâ , Zilda Arns. Presidiu a 'Celebração da Esperança", em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura. Apresentou um dossiê sobre casos de desaparecidos;celebro...u na Catedral da Sé o culto ecumênico em honra de Vladimir Hersog, jornalista assassinado pelo regime. Sua atuação pastoral sempre foi voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores e estudantes, trabalhando exaustivamente pelos mais pobres, defendendo os direitos da pessoa humana. Estivesse hoje, á frente da Arquidiocese de São Paulo, com certeza apoiaria os estudantes sofridos, que perdem vagas nas escolas paulistas , graças à insensibilidade de governantes autoritários .
 

UM TEMPO


UM TEMPO
                                       VERA POPOFF


Num tempo quase sem tempo
Não é que sobra-me um tempo
livre dos contratempos?
Penso com meus botões:
- vou aproveitar o tempo!
Tantas tarefas esperam pelo
     tão curto tempo!
Vou dar de comer aos cães,
Vou dar de beber às flores,
Vou dar um consolo à dor
Vou dar um lustro no sol,
Um banho de prata na lua
e um beijo na boca tua!

E o tempo não para
quando mando-o parar
E nem anda mais depressa
quando mando-o correr!
Já que é teimoso , o tempo
Vou dar energia ao vento!
Oferecer ao amigo  , um café.
Aumentar a tão curta fé !
Trazer alegria ao riso
Pedir a Deus , mais juízo!
Uma pintura no velho horizonte
E dar-te carinho aos montes!

Peço um instante ao tempo
Entrego uma borboleta  à rosa
Busco dedo de boa prosa,
Abro as asas da andorinha
Mato a saudade que é minha!
A quem passa, estendo a mão!
Levo sangue bom  ao  coração
e abraço-te com paixão!

Já que não espera-me , o tempo
Melhor à vida,  dar andamento!
Vou encher a taça de vinho
Arrancar da mágoa , o espinho
E  dar andamento à obra
Um doce aconchego às filhas
Tomar  cuidado com as armadilhas
Quem sabe até , cruzar a linha do infinito
Buscar a paz  para o  espírito
Abrir um céu para a estrela
Uma sombra ao viandante
E entregar-me ao amor do amante!

BENDITA SEGUNDA -FEIRA

 



BENDITA SEGUNDA-FEIRA

                                                          Vera Popoff
Segunda-feira é o meu domingo.
Tanta paz, tanto sossego! ...
O barulho se despede
A irritação é esquecida
Deus do céu, que bela é a vida!!

 
O horizonte está tão perto
No rítmo do coração, por certo!
A natureza ao meu alcance
Não há alma que não dance !

A fé e a esperança, nos ombros
Nenhum gesto de assombro
Não fosse tanta saudade,
A perfeição seria de verdade!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CASA VELHA

CASA VELHA
                             Vera Popoff

O bom de viver numa casa velha
é que nela já viveram outras almas!
Deixaram algumas energias ...
percebo laivos d'alguma alegria
Encontro nas paredes, misteriosos semblantes,
 não visíveis com os  meus tímidos  óculos,
     mas tão nítidos na imaginação,
sem nenhum rastro de qualquer razão.

Desisto de decifrar os enigmas
Fico atenta aos sinais deixados,
aos tantos deuses aqui, invocados!
Uma parede que conservei desbotada
para certificar-me do gosto do outro
para atentar-me aos sonhos falecidos
para envolver-me nas teias tecidas
por mãos desconhecidas!

Na casa velha, já tão habitada
e , por isso, bem desgastada,
houve  muitas certezas,
algumas delicadezas
 e lágrimas em correnteza.
Muitos risos aqui , debruçados.
Luzes acendidas , outras , apagadas!

No quintal, árvores que desconheço os nomes,
pedaços de troncos que foram cortados
E eu penso:- por que cortariam  uma sombra ,
um  galho , uma  morada do pássaro?
Vingança engolida crua?
Desejo da terra nua?
Capricho d'um falso cristão
ou delírios insanos de alguém sem coração?

Vivo na casa que me parece  assombrada,
por onde voam memórias já depenadas.
Igual aquela que na infância  avistei,
que tantas vezes fez-me , de medo, correr!
Ouço ruídos vindos nem sei d'onde!
Passos cadenciados, que não são os  meus
Alguns  suspiros que não saem
da minha  melancolia!
Um fantasma atrás da porta.
Um cabo duzentos e vinte  que liga-me
ao  curto circuito de alguém que espero ,
            mas que não chega,
pois quem espero   ,
habita uma outra morada ,
 muito, muito além!

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
                                                                            Vera Popoff
ÀS  tuas benditas Graças
eu acrescento uma graça,
por mim, um dia, alcançada!
A Graça da própria Graça
que foi a Graça da vida!

Exaurida de tanta dor
sentindo por perto , a desgraça
Ajoelhei aos teus pés
com esforço e desespero
e te pedi uma Graça!

-Valei-me, Virgem bendita,
pois eu estou indo embora!
Para embarcar nesta nuvem,
necessito de Ti, ó Senhora!

De coração, eu te peço,
deixa acesa uma luz
clareando a minha chegada,
pois sinto medo do escuro!

Nossa Senhora das Graças
Talvez não mereça a tua Graça!
Mesmo sem merecer
afaga com teu amor
minh'alma sedenta de afeto!
Espera-me , eu te imploro com devoção!
Cubra-me com teu santo manto,
sinto tão frias , as minhas mãos!

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS,
minha voz , tu acolheste!
grande paz me devolveste!
Minha vida , então por um fio,
recebeu uma suave energia
revestida da tua Graça!
Hoje, curada e cheia da Graça,
aqui estou para  agradecer
a Graça da tua Graça,
oh, Mãe da Bendita Graça!

UM PRESENTE PARA ANA TEREZA

UM PRESENTE PARA ANA TEREZA
                                                                        Vera Popoff

HOJE E O DIA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS!
HOJE É O ANIVERSÁRIO DE FÁBIO SIMÕES PRADO!
Nossa Senhora das Graças!
Mãe ternura de todas as mães!
Mãe de todos os anjos e de todos os amores!
Mãe dos nossos amigos nunca esquecidos!
Mãe de Ana Tereza Simões,
Mãe que abençoa e encanta os verdes "Prados"!
Nossa Senhora das Graças!
Mãe de Fábio Simões, outro Prado, tão amado!
Nossa Senhora das Graças e Fábio Simões Prado,
aniversariam no mesmo dia...
O certo dia... sagrado e consagrado
Por sua mãe...Ana Tereza Simões Prado!!
Uma singela homenagem da amiga Vera Popoff para a tão amada amiga


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TARDE QUIETA

TARDE QUIETA
                                       Vera Popoff



Eu vou cantar a minha tarde
Canto-a porque merece o meu canto
Tão singela e muda!
Nela , eu refugio o meu silêncio
impregnado de doçura !
Vez em quando bebo um gole de café,
outro gole da água benta pela fé,
mais um gole da presente plenitude!
E contemplo...o evento de tamanha magnitude!
Uma tarde sem a mancha do barulho,
Cujo único estorvo é um arrulho!
Na colheita da paz semeada,
no semblante da vida suavizada,
eu inspeciono o céu!
 Observo d'onde vem o vento,
se a nuvem anuncia o mudar d'um tempo!
Quintas-feiras, segundas e terças,
dias dos relógios lentos,
do silêncio atento
do entrelaçamento
da alegria mansa  e  da clausura
           sem submissão!
Celebro assim , com a voz murmurada
só no pensamento, a tarde silenciada!










terça-feira, 24 de novembro de 2015

A TESOURA NA GAVETA

A TESOURA NA GAVETA
                                         Vera Popoff

Na gaveta, há tempos fechada,
uma tesoura enferrujada.
Um pensamento em suspense...
Lá vão anos que a tesoura cortou
        tantos sonhos!
Ela cortou os tecidos brocados,
cortou os desejos sufocados.
cortou os planos embaçados
     na poeira da gaveta .
A velha tesoura esquecida
cortou a maciez de tantas sedas!
Cortou decisões que teriam sido
           brilhantes
Cortou ilusões deslumbrantes!
Na gaveta empoeirada...a tesoura
          enferrujada
Fazendo-me lembrar dos cortes afiados
          nas minhas fantasias ,
          nas finas alegorias
que cobriam uma vida de doces emoções
          tão passageiras !
A tesoura afiada cortou as vestes elegantes
da mocidade abraçada por amores galantes!

Aberta a gaveta empoeirada , há tempos
           trancafiada,
seguro a tesoura enferrujada
que cortou os tafetás , os cetins,
os linhos , as lembranças rendadas,
as esperanças desfiadas  , a vida
       mal costurada e portanto,
           toda rasgada!

BOCA DA NOITE

BOCA DA NOITE
                                           Vera Popoff

Larguei o bordado sem terminar
Tantos pontos , ainda faltando...
De que me serve mais um bordado?
Se o meu coração anda tão sufocado?

Troco a roupa comportada e caio...
     na boca da noite!
-Que cheiro de perfume barato!
-Que desarmonia insólita e desigual!
Mas inspira-me um poema marginal!

Um calor faísca na cova do peito
que arde, queima , lateja e sofre !
No hálito da boca da noite
eu procuro , com desespero ,
a boca que levou meu beijo.

De viela em viela ...
Dos  botecos aos becos,
Nas avenidas perdidas de saudades
Nas esquinas de todas as solidões
Eu farejo o cheiro do teu  corpo
que impregnou no meu corpo.

O rosto aflito tem urgência
e nenhuma prudência!
Os olhos atentos procuram teus olhos
Minha boca marcada procura o beijo roubado.

Na boca da noite
sob a luz fosforescente,
Desvairada, não corro atrás
do  que a razão consente,
mas do  fogaréu da paixão ausente.

Cansada , retorno!
Nenhuma esmola de carinho
Nenhum gole de afeto
Só a dor do desafeto!

Suada, retomo o bordado
Os  pontos recomeçados
uma atrás do outro , desafiam
a paciência e a decência
       que já perdi!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

OLHOS PEQUENOS

OLHOS PEQUENOS

                                                           Vera Popoff

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
 veem as pedras do caminho,
            a tempo
de livrar  os pés do passo equivocado e
do ódio  vazio e proclamado!
      

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de  astigmatismo, mas..
como enxergam os espaços amplos!
E vagueiam insistentes e ligeiros
pela Praça da Liberdade,
onde voam pelos ares da igualdade!

Oh, olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados do astigmatismo,
vislumbram laivos d'esperança
sua visão , um mundo novo, alcança!

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
apesar das visões tão duras
fixam-se num céu abarrotado de ternura.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
usam  lentes na leitura das poesias e
mergulham no lirismo das elegias!

Olhos castanhos e tão pequenos,
embaçados de astigmatismo,
percebem o galho que cresce,
salvam a rosa da ação predadora
         que a entristece!

Oh , olhos castanhos, tão pequenos,
embaçados do astigmatismo, mas...
enxergam  da vida , o mimetismo!
enxergam  a fluidez da correnteza
percebem  a dúvida na certeza.

Oh , olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas
distinguem a pobreza das razões
embrutecidas , das vontades ruidosas,
    das decisões enganosas.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo,
conseguem ver a tristeza d'um   amigo,
a mágoa guardada do pesar antigo,
a cicatriz do coração  sofrido.
a vontade presa e reprimida
a amplidão do sonho a ser vivido.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
mas veem o brilho do sol, num sorriso!
Veem  a alvura do jasmim  que
       embeleza e aromatiza
Veem  a possibilidade da transformação,
a  placidez da  paz desejada,
a vitória da palavra sobre a angústia
      d'uma  voz calada!
      

CHOVEM ÁGUAS

CHOVEM ÁGUAS
                                           Vera Popoff
Um vento
Um temporal
Um raio
Um trovão
Cai a chuva sobre a minha vida
Chovem águas de diamante
sobre as minhas lembranças
Os meus pés inocentes na enxurrada
A minha alma menina ri, na pequena estrada.
Chovem águas purpurinas
sobre os meus amores,
os perdidos e os encontrados!
Afinal,  todo amor amado, ilumina,
        vale a pena!
Chovem águas turvas
sobre as tantas perdas.
Não tiram as nódoas do inconformismo!
Chovem águas mansas
sobre as esperanças
O tempo passa e os sonhos mudam,
os  sonhos crescem, os sonhos vestem
as tristezas  cantadas  nas minhas elegias.
Chovem águas turmalinas
sobre as minhas flores
Cada pétala molhada
suaviza as minhas dores!
Caem águas versejadas
sobre a boca lírica
Vou  insistir na poesia
e dizer meus versos
com ou sem maestria
sobre os tormentos assistidos
sobre a indignação sentida
sobre a lama derramada
sobre a sangueira  jorrada
sobre a cegueira malvada
sobre as mentiras contadas
sobre as injustiças cometidas
sobre as tragédias consentidas
sobre os preconceitos cuspidos
sobre os irmãos desunidos
sobre as maledicências vingadoras
sobre as ganâncias vorazes
sobre os mercadores insensíveis
sobre as feiuras  visíveis e invisíveis.
Aconselhou-me um poeta amigo:
-Cantemos versos, até sobre os escombros!

FOTOS DA FOTÓGRAFA, PARCEIRA E AMIGA DIRCE MITUUTI

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

CALMARIA

CALMARIA

                                               Vera Popoff

À  mesa está o pão , o vinho, o azeite
A toalha é a mesma, alva e rendada
O assoalho tem brilho de cera e a paz
cai silenciosa na sala onde aquela  cor perdura.

O vaso de violetas , permanece
Incrível, mas não murcharam!
A vela ilumina os olhos da Virgem Bendita!
A esperança de acalmar a alma aflita.

Fora , vejo a procissão das palmeiras
enfileiradas , altivas , balançam
obedecendo a ordem do vento!
Pergunto :- por onde passou o tempo?

Não percebi. Arrumo tudo igual,
a mesma rotina de esperar...
Com o rosto impassível , aguardo
uma voz me chamando, um riso em movimento!

É meia noite e a lua avisa-me
-Foi apenas , mais um dia.
Na calmaria , recolho-me, enlanguescida!
Abotoo a camisola de renda e cambraia,
Na cama cheirando alfazema, chamo os sonhos.

Não foi hoje, ainda!
Mas amanhã poderá ser o dia
Do vinho à mesa, do pão, do azeite.
        e do retorno.

A DOR DO CRIADOR

A  DOR  DO  CRIADOR
                                      Vera Popoff

Rasguei os versos de amor.
Queimei a poesia escrita.
A singeleza da rima foi quebrada
A beleza, no momento, esquecida!
A "Doce" palavra jorrada, foi manchada
         e  pela lama , turvada!
A correnteza cristalina , desatina...
perdida de todo encanto, nada "Vale"!
E o que "Vale", agora?
"Vale" a dor do CRIADOR!
Ele sofre e lamenta, sem rancor!
Nem o perdão do inventor
diminui a desvairada dor!
Se a Sua Lágrima limpar a lama
Quanto valerá o fim d'um drama?

sábado, 14 de novembro de 2015

ARTESÃ SEM SONO

ARTESà SEM  SONO
                                               Vera Popoff
Cai a noite  silente e bela...
A artesã  acorda  o sono.
Desperta a soneira e tece
     uma esteira.
Acende a luz da sua estrela
Acorda o sono da lua
Já acordada ,  está a parede
Levanta  a preguiça da rede.
Todos já perderam o sono!
Os retalhos , as fitas , as linhas,
         bailando!
As coisa despertas , sem sono,
conspiram a favor da artesã
O relógio sem ponteiros
não marca o seu tempo,
não apavora a insônia.
A noite recebe um recado :
embaixo da luz acesa. a sua esperteza!
A puerícia retomada
a inspiração  avivada
nas mãos . energia redobrada
Com paciência beneditina
Avança na sua particular sabatina
A  toalha , sem o brilho da purpurina,
mas  tão alegre ,quanto uma vivaz menina!



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

AS SOBRAS

AS SOBRAS

                                             Vera Popoff
Nas sobras da minha vida,
quebrados os tantos planos,
rasgadas as esperanças,
naufragados os lindos sonhos,
travadas as ilusões,
desmaiadas as boas lembranças
entortados os possíveis  caminhos ,
esvaziados todos os ninhos,
desenganadas as fortes paixões,
decifrados alguns enígmas,
bebidas as tristes saudades,
petrificado o meu coração,
prescritas muitas tristuras,
acumuladas as amarguras e
golpeadas as leves ternuras
Minha alma levou um tombo!
Caiu do muro erguido... por ela mesma,
Choramingou e afrouxou os laços
Quebrou os ossos do encanto
Perdeu o nascer do sol
Descoloriu a cor do arrebol
Sobrou-me o  pão da solidão,
Da  alegria, apenas um grão.
Da poesia , um pequeno traço,
De alguém,  um frouxo abraço.
Vou atrás dos ímpetos quebrados,
reconstruir desejos alienados,
procurar lábios para os sorrisos,
Alargar as frestas deixadas
escapulir das pueris fraquezas,
embarcar no vagão da viveza!
O ARREBOL FOTOGRAFADO POR DIRCE MITUUTI


domingo, 8 de novembro de 2015

AO DR. ALBERTO FONSECA

AO DR. ALBERTO FONSECA
                                                        Vera Popoff

Também nos anos setenta
Vivi um louco amor
Mais que amor, acho que foi paixão
Pois aquele olhar... descompassava
o meu jovem coração!
Um dia , meu amor foi embora.
Tão orgulhosa , permiti que partisse
Mesmo sabendo que longe daquele abraço,
Talvez, nem mais , existisse!

RELANÇAMENTO

RELANÇAMENTO
                                         Vera Popoff

Da vida , desejo pouco
por isso não fico louco
A ambição passa longe ,
A ganância , descartei.
Vivo e simplesmente
         vivo!
Simplesmente amo,
a quem merece o meu amor.
E quem ama  não tem pudor!
Simplesmente, ama!
Passou a flor da idade
foi embora minha mocidade.
Que me importa?
Foi-se o tempo da ilusão
e de sofrer tanta paixão!
Relancei a minha vida
muito mais bem resolvida.
Sem suspiros , sem tremores
evito assim , os dissabores.
No relançamento da vida
tem ofertas imperdíveis
Um vento fresco no rosto,
um sorriso tão bem posto,
alegrias no mês de agosto!
No terreno muito fértil
brotam galhos e sementes
Plantei mudas da humildade,
deu frutos da felicidade!
Inspiro-me nos aromas
A vida relançada
é muito mais perfumada.
As cores são da harmonia
Tem fantasia todo dia!
No modelo decorado,
quantos compartimentos!
Muito mais atrevimento,
descartei o constrangimento.
Os medos foram derrubados
Os segredos desvendados.
Indiferença está fora!
Cafezinho e boa prosa, toda hora.


DIA DE REZAR

DIA DE REZAR
                                       Vera Popoff

Domingo é dia da missa
é dia da  rezação
é dia da louvação!
Por tudo , preciso rezar
Ao Criador, devo louvar,
mas esqueci como se  reza
já nem sei como se louva!
Minha vida até que é boa
sou temente, não vivo à toa!
O céu há de perdoar
porque já não sei rezar!
Digo amém, vou mais além...
Não reclamo com ninguém!
Nunca peço por vintém.
Vivo a vida sossegada
Com a dor, sou abnegada.
A inveja passa longe,
pois não desejo  aquilo  que é
          do irmão!
Ao meu dia basta o pão!
O sol brilha no meu e também
        no seu coração!
Nenhuma sombra me atormenta
A fé na vida,  me sustenta!
Se esqueci a oração
Não foi descuido ou falta
       da devoção.
Apenas uma decisão tomada
Não ficar ajoelhada.
Erguer os olhos ao infinito
receber sem reclamação
tudo que por ELE , foi escrito!

MARIA ROSA

MARIA ROSA
                                    Vera Popoff

Não bastou ser a Maria
desejou ser uma Rosa!
Não bastou ser caprichosa
desejou alma formosa!
Não se contentou com tal beleza
desejou a inteligência e a ternura.
Completada a formosura,
hoje é MARIA ROSA!
Mulher corajosa e suave
exala amor e perfume
Rosa , rainha das flores!
Oh, Rosa , seu sorriso
atrai brandura e amores!

LOUCA

LOUCA
                               Vera Popoff

Naquele primeiro encontro
enlouqueci de paixão!
Naquele segundo encontro
enlouqueci , outra vez!
Naquele terceiro encontro,
a loucura triplicou.
Foram tantas loucuras!
Louca, arranquei pedaços do meu
           coração,
Fui colando os pedaços no teu.
Louca, rasguei minha alma inteira
E a alma suave e calma ficou em farrapos...
Costurei os farrapos d'alma na alma tua.
No turbilhão de tantas loucuras
Minha vida em flor desabrochou, mas...
     durou pouco, murchou!
No auge da minha loucura
Partistes, sem dizer adeus!
Foi quando , desesperadamente louca,
sangrando e gritando, eu te matei...
          dentro do peito.
Enterrei todas as lembranças no
           vazio coração.
O luto permaneceu encarnado
As esperanças sim...desencarnadas!


  

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A RONDA

A RONDA
                              Vera Popoff

Amanhece!
Levanto-me e faço a ronda.
Espreito se o sol nasceu,
se o dia vai clareando
se o galo está cantando
se as gotas do sereno pingam,
        brilhando!
De olho no passarinho,
é hora de deixar o ninho,
acionar as asas para o voo
      não atrasar!
Nada a especular.
Volteio o campo,
Campeio pela margarida
Percebo a rosa mais exibida.
Atento para a alegria,
pois é a lei do novo dia!

Cai a tarde!
Volto a fazer a ronda.
Chegou um vento ligeiro
balançou a folha do coqueiro,
trouxe para um coração fagueiro
um amor grande e inteiro!
Inclinou-se no horizonte
a luz do sol,  desmaiada.
Uma vaga melancolia
aponta tão caprichosa
deixando a alma queixosa.

Anoitece!
Agora é a ronda noturna.
De todas , a mais taciturna!
De olho na lua. É cheia,
crescente ou minguante?
Trará a prata ao céu
ou deixará a noite ao léu.
A D'alva encontrou seu lugar,
O Cruzeiro do Sul alumiou
vagalume chegou e piscou!

A ronda feita
A existência perfeita
Hora de descansar
Ao Criador eu entrego
a ronda da madrugada estelar!


REFLETINDO

REFLETINDO
                                                Vera Popoff

O tempo passou e
com o tempo, também
       passei.
Passado é o tempo,
passada do tempo,
      estou.
O espelho é que me diz
que algo não vai tão bem!
A beleza se foi, já não vem!
Cabelos branquinhos é o que tem.
O olhar sombrio, intervém...
Enxerga com certo desdém
a velhice que não vai embora
nem mesmo com muito vintém!

A CHUVA

A CHUVA
                                  Vera Popoff

Não permita que a chuva encharque
o seu coração, sua alma!
A chuva lavando as mágoas

nos dá sensação de leveza.
O dia com sol ou com chuva
pode trazer ventura e beleza,
depende da disposição

de olhar a vida com paixão!

UM PENSAMENTO

UM PENSAMENTO
                                              Vera Popoff

Acolho no coração
a pessoa que chega.

A alma que na minha alma.
se aconchega , recolho!
Tudo vai acontecer, exatamente,
como Alguém escreveu que iria
            acontecer!
Sem nenhum mais, menos ou
               talvez!
Na hora certa vivi, tudo a ser vivido,

         no tempo sem atraso.
         nada foi antecipado!!

 

COLORINDO A ALMA

COLORINDO A ALMA
                                              Vera Popoff

Eu colori as paredes da casa
Uma azul, outra amarela,
Outra laranja e vermelha.
Desenhei borboletas e rosas
Folhas verdes, mimosas!

Queria mesmo era colorir a alma
Com cores vibrantes ou calmas
Desenhar margaridas e violetas,
gerânios e sempre-vivas.
Com a alma tão decorada,
as alegrias seriam favas contadas!

No teto da minha sala
Desenhei o céu com seus tons
          sobre tons!
Estrelas grandes e pequeninas.
A lua dirigindo o espetáculo
Não há como descrever tal beleza
com o meu pobre vernáculo!

Queria mesmo era pintar o céu
dentro do meu coração.
Deus comandaria os compassos
Contentando as minha tristezas,
suavizando as rudezas,
esclarecendo todas as incertezas!

Pintei o muro da casa
Cor da terra vermelha
inspirada n'outra terra,
numa paisagem  longe da serra.
Pendurei vasos de amor-perfeito
Enganei o amor do meu peito
   tão frágil e imperfeito!

O muro colorido e fantasiado
precisou ser derrubado.
Emparedou os meus sonhos
Cerceou a liberdade,
fez-me uma vítima
da cruel realidade!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DESENCONTRO

DESENCONTRO
                                          Vera Popoff

Amava José, mas
casou-se com João.
Sua boca disse "sim"!
Seu coração disse "não"!
E agora, sem José e com João
Não quer cometer ingratidão.

Sem direito, vive um amor
       com defeito.
Não soube tomar decisão
Ficou sem o amor  de José
E rejeita o amor de João
  Quanta sofreguidão!

No conforto sem confronto
Aceitou o que estava certo e pronto.
Chora magoada, mas não afronta
A mentira que a amedronta!

SONATA

SONATA
                                     Vera Popoff

A cada nota musical da sonata que toca ,
        eu me inspiro, me ajeito!
Uma palavra  mexe o  meu peito
sedento de música ,  faminto de poesia,
campeando a rima e  a harmonia.
A cada escala musical da sonata
é  mais um verso que a minha alma acata!
A sonata vai baixinho tocando...tocando...
O meu coração tocando...tocando em frente,
              a poesia.
Na languidez tão melódica
Esqueço o quão sou metódica
Escrevo livre , escolho a palavra
guardada  dentro da alma,
 que do amor, é escrava!


       

POESIA OU OUTRA LIÇÃO

POESIA OU OUTRA LIÇÃO
                                                               Vera Popoff

Pensei naquela poesia
para o dia que corria
sem inspiração, sem energia.
Lápis e papel à disposição
Mas chama-me, outra lição
-Farinha de trigo e o bolo
       para um amigo.
Ovos , manteiga , leite,
fermento e requeijão
Na panela, o tempero do feijão!

-Oh, meu grande amor tão antigo
que no meu coração fez abrigo!

Sabão, desinfetante para a limpeza
Esfregão para desencardir o chão
A minha alma clama pela beleza
E a minha paixão enfeitou meu coração
Mas o rodo leva embora qualquer emoção!

Frutas , legumes, as carnes
A lista interminável
interfere na doce melodia
da minha ansiosa poesia!

O coração trovador
Cansou-se da confusão
Aquietou-se, esperou...
Não há verso que resista
Não há lirismo que insista
ao pano esfregando o chão.
A minha cabeça deu voltas
Com tamanha desproporção!

FITEIRA

FITEIRA
                                Vera Popoff

Se os teus olhos , eu fito
E tu, os meus olhos, fitas
Desmaio de amor e faço fita
Desata-se  o nó que ata o meu peito.
Fiteira, os teus olhos, fito
E tu fitas os meus
Não há como resistir
faço uma dengosa  fita!
Enlaças o meu coração
num lindo laço de fita
E eu enlaço o teu amor
na minha alma fiteira.
Tu enlaças os teus carinhos
nos meus cabelos enroladinhos,
presos com um laço de fita.

A CASA SEM FANTASMAS

A CASA  SEM FANTASMAS
                                                        Vera Popoff

A casa é grande, é bonita!
A casa tem espaço, algum regaço
A casa tem estilo, mas não guarda os meus sigilos.
Suas janelas são claras, são largas
As portas estão sempre abertas
Por  elas  entram emoções tão incertas!
De  dentro da casa , olho o céu, brilha o sol!
Á  noite banho-me do luar.
De fora da casa... inspiro, expiro
      todos os aromas
      todas mentiras escondidas
      todas as mágoas travestidas de alegria!
A casa carrega as minhas cruzes no seu telhado
Carrega  as minhas dores nas paredes
Deita na sua rede , as decepções revividas
Pelo chão da casa , passos repetitivos
    nenhum  passé ou pas-de-deux
    da  dança nobre e clássica!
Parece tudo pronto para abrigar venturas,
para vislumbrar um horizonte puro de ternura!
Tudo arquitetado para ser feliz
Mas o meu peito diz:
- Onde estão os fantasmas da casa?
A casa é tão bonita, mas nela
não sinto as asas que necessito
        para voar!
Meus sonhos timidamente  estagnados
Os voos acomodados ...
Na casa bonita que não entusiasma
Não vivem os meus fantasmas!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A RUA COELHO NETO

A RUA COELHO NETO
                                                 Vera Popoff




A RUA COELHO NETO

                                                                 Vera Popoff
Moro na Rua Coelho Neto.
Oh , Coelho Neto que disseste:...
-"A poesia é o bálsamo harmonioso da alma."
Tento seguir na direção da tua fala
Sem a tua competência e sabedoria
Mas com a dose de esperança
que ilumina e alivia.
Com a alma tão afrontada ... escrevo!
Quem sabe, na pequenez da minha poesia,
eu busque a sonhada paz e harmonia!
O nome que é teu , na rua,
não faz da rua um bálsamo,
mas um penoso cadafalso!!
Na rua, mesmo com a tentativa da escrita
da pobre e desgastada poesia
Eu vivo muito ausente da alegria
Quando sou machucada pelo açoite da ignorância
daqueles ...cujas mãos e vozes são vestiduras
da arrogância!!