sexta-feira, 20 de novembro de 2015

OLHOS PEQUENOS

OLHOS PEQUENOS

                                                           Vera Popoff

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
 veem as pedras do caminho,
            a tempo
de livrar  os pés do passo equivocado e
do ódio  vazio e proclamado!
      

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de  astigmatismo, mas..
como enxergam os espaços amplos!
E vagueiam insistentes e ligeiros
pela Praça da Liberdade,
onde voam pelos ares da igualdade!

Oh, olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados do astigmatismo,
vislumbram laivos d'esperança
sua visão , um mundo novo, alcança!

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
apesar das visões tão duras
fixam-se num céu abarrotado de ternura.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
usam  lentes na leitura das poesias e
mergulham no lirismo das elegias!

Olhos castanhos e tão pequenos,
embaçados de astigmatismo,
percebem o galho que cresce,
salvam a rosa da ação predadora
         que a entristece!

Oh , olhos castanhos, tão pequenos,
embaçados do astigmatismo, mas...
enxergam  da vida , o mimetismo!
enxergam  a fluidez da correnteza
percebem  a dúvida na certeza.

Oh , olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas
distinguem a pobreza das razões
embrutecidas , das vontades ruidosas,
    das decisões enganosas.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo,
conseguem ver a tristeza d'um   amigo,
a mágoa guardada do pesar antigo,
a cicatriz do coração  sofrido.
a vontade presa e reprimida
a amplidão do sonho a ser vivido.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
mas veem o brilho do sol, num sorriso!
Veem  a alvura do jasmim  que
       embeleza e aromatiza
Veem  a possibilidade da transformação,
a  placidez da  paz desejada,
a vitória da palavra sobre a angústia
      d'uma  voz calada!
      

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