COLORINDO A ALMA
Vera Popoff
Eu colori as paredes da casa
Uma azul, outra amarela,
Outra laranja e vermelha.
Desenhei borboletas e rosas
Folhas verdes, mimosas!
Queria mesmo era colorir a alma
Com cores vibrantes ou calmas
Desenhar margaridas e violetas,
gerânios e sempre-vivas.
Com a alma tão decorada,
as alegrias seriam favas contadas!
No teto da minha sala
Desenhei o céu com seus tons
sobre tons!
Estrelas grandes e pequeninas.
A lua dirigindo o espetáculo
Não há como descrever tal beleza
com o meu pobre vernáculo!
Queria mesmo era pintar o céu
dentro do meu coração.
Deus comandaria os compassos
Contentando as minha tristezas,
suavizando as rudezas,
esclarecendo todas as incertezas!
Pintei o muro da casa
Cor da terra vermelha
inspirada n'outra terra,
numa paisagem longe da serra.
Pendurei vasos de amor-perfeito
Enganei o amor do meu peito
tão frágil e imperfeito!
O muro colorido e fantasiado
precisou ser derrubado.
Emparedou os meus sonhos
Cerceou a liberdade,
fez-me uma vítima
da cruel realidade!
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