sexta-feira, 31 de julho de 2015

BRAVURA

BRAVURA
                                    Vera Popoff

Lá pelos anos de um mil novecentos
          e mais alguns anos,
Algumas datas não precisam ser
rigorosamente lembradas,
    chegou uma tormenta,
    tempestades de ventos
    destelhamento das nossas cabeças
    árvores da vida arrancadas pela raiz
O cenário foi transformado num amontoado
              de cinzas desoladoras!
Eu as chamei! Duas meninas, quase crianças
e lhes disse:- A festa acabou! Nossa vida mudou
                Tempo de ação, de reconstrução!
Recolheremos todos os cacos e ajuntaremos os trapos
porque somos bravas, porque somos coragem, porque somos
        simplesmente, três mulheres!
A partir de agora, nossos domingos e todos os feriados
              serão segundas-feiras!
Nossos medos serão purpurinados
Nossas fraquezas serão fantasiadas
             de  bravura!
Novas sementes serão semeadas, mas...
o tempo da brotação é gigante!
Um passo daremos , todos os dias
As cabeças serão erguidas na altura dos céus!
Novos ventos, com certeza, virão do sul ou do norte
Previsão certeira! Vieram de todos os lados!
Mais perdas, mais danos! Não tinha luz no fim do túnel
          porque não havia nenhum túnel!
Ah, orgulho das  valorosas guerreiras!
       Jamais se acovardaram!
A Rússia derrubou soldados na segunda grande guerra,
Seu inverno implacável foi devorador de soldados!
Nossos invernos e verões e outonos e primaveras
foram vividos, sem serem notados!
Jamais olhei uma flor ou saboreei doce fruto!
Minhas meninas na brava luta, nunca espernearam
fizeram birrinha ou esmoreceram!
E seguimos, pois algumas colheitas já começavam!
Tanto trabalho, mas tanto trabalho
que minhas mãos enrugaram, mas nossas faces
               jamais empalideceram!
O sangue vermelho nos olhos, no rosto, nas veias!
Deus do céu! Colhemos!!! Colhemos!!! Colhemos!!!
            Tantas flores ao nosso redor
            Tanta paz circundando nossas consciências!
            Tanto sorriso de desdém pelas fraquezas!
            Tanta tinta para pintar de novo o céu de azul!
            Tanto fogo nas almas para brilhar o sol, outra vez!




quinta-feira, 30 de julho de 2015

PASSO E REPASSO

PASSO E REPASSO
                                             Vera Popoff

Passo e repasso os afazeres.
São tantos trabalhos:
-começados e terminados
-começados e não terminados
-começados e mal terminados
-começados e jamais terminados!
Minha visão embaçada de astigmatismo
        fixa-se num deles!
Ah, como é bonito e rico e tão prazeroso!
-O trabalho imaginado, não começado, mas
nos meus sonhos, muito bem acabado!
Engraçado... de todos , é o mais elaborado,
o que deixa o coração realizado,
aquele que  caiu no meu agrado!
Não o seguro nas mãos porque é quimérico.
Para realizá-lo usei técnica suave,
          não tive receio
          não copiei nada alheio!
Delicado como o menor raminho
da exuberante e majestosa planta,
que no alegórico imaginário se agiganta!
Minha obra mais sedutora e amada
Aquela que um dia, talvez, seja
pelo inaudito, eternizada!

quarta-feira, 29 de julho de 2015

VERSINHOS SINGELOS

VERSINHOS SINGELOS

                                                 Vera Popoff...
Coberta com o seu carinho
Eu me senti muito bem!
Mas a rosa reclamou
que atenção eu não lhe dou!

Passarinho silenciou
Sentiu saudades de mim
Quando cheguei, já cantou!
Meu coração se alegrou!

Adoro as manhãs, amo as tardes
junto do seu aconchego!
Mas a saudade das flores
faz-me voltar bem depressa
Sou mulher de muitos amores!

Do meio do meu jardim
Vejo a fulgência do sol!
São Paulo é grande e bonita
Mas a sombra das suas ruas
Deixam as almas frias e nuas!

Voltei ao lar, doce lar
tantos me esperavam,
colibri , bem-te-vi, margarida
gerânio, rosa, jasmim,
Senti meu peito pulando
Com a natureza me amando!


 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

NÃO ESTOU TRISTE

NÃO ESTOU TRISTE
                                                    Vera Popoff


Não estou triste porque recebi seu sorriso
Não estou triste porque você me agradou
Não estou triste porque tomamos juntas um café
             tão gostoso!
Não estou triste porque agasalhamos uma , a outra!
Não estou triste porque você cuida de mim !
Quando pensa que estou triste, estou só pensando!
        Pensar é meu divertimento preferido.
Meu novo caminho está enxuto de lágrimas
Meu coração , não duvide , é refúgio de bons sentimentos!
Falo e erro e acerto e conserto e desacerto, sem culpas!
Enganar, só enganei a mim mesma e não enganei
                    mais ninguém!
Já andei sem saber por onde andava
Mas hoje, por ser tão pequeno, já não erro o meu caminho!
Sem tristezas, lhe garanto!
Só pensamentos dentro de pensamentos!
Como iria lhe escrever, se não pensasse???

MINHA CARA

MINHA CARA
                                                 Vera Popoff

Acho que estou com a medida desmedida
Penso que a minha cara não anda boa, nem
               pra lá de boa!
A pergunta que mais ouço, ultimamente, é:
          -Você está bem?
Sei que  o rosto está  um pouco usado,
A silhueta já foi mais cheia de contornos
E meus pés pisaram com mais firmeza!
Mas  o pensamento que esvoaça
adquiriu algumas poucas certezas.

Tantas vezes me perguntam:
 -Você está bem? Na sua voz há algo triste!
O seu sorriso anda disfarçado
Seus modos um tanto acomodados!

Oh, anos que passaram!
Nem se incomodaram e zombaram
das transformações que me impuseram,
         sem o meu consentimento!

Sim, aposentou-se a boniteza dos olhos de brilho!
Intimidaram-se... muitos dos sorrisos distribuídos
Vagarosamente , ainda abro asas, ao amanhecer,
                mas o voo é baixo.
Em  compensação, desvencilhei-me do horror das culpas
               e nem sinto o peso dos pecados!
Só um arrependimento:- não ter pecado muito mais!

Com a paciência no limite,
quando me perguntarem:- Você está bem?
Responderei:- Muito bem, obrigada!
Minha alma ainda não está aposentada!



SÓ UM CANTO


                                      Vera Popoff
Às vezes eu insisto em caminhar o caminho de ontem
                 e o meu coração padece.
Outras vezes, consigo enxergar um atalho aberto na alma
              e começo a nova caminhada.
Contenho-me quando percebo um sinal sombrio
Retenho o abraço que de repente, penso dar ...no vazio.
Gosto de olhar a mesma árvore , todos os dias
Enlaçar o seu tronco  e ouví-la contar :
-Nas manhãs, inauguro novas folhas , mais verdes!
Invejo-me dela e inauguro também nova energia
                       em mim!
Ilusões enganosas servem para enganar
        e eu gosto de ser enganada!
Abro meus braços no espaço e faço de conta
 que tudo é novo e espera a descoberta.
Escuto vozes do vento e inicio o movimento...
    da restauração do que estava quebrado!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A CHEGADA

 CHEGADA

  A    CHEGADA                                Vera Popoff

Andei por paisagens já tão estranhas
Longe do meu legítimo lugar
pequenino, entre montanhas,
a luz. o céu , o chão, uma tumultuada
        ação dos passarinhos!

Dezenas de anos cavalgando a imaginação
           em campos verdes.
Uma azaleia  pintada  num trecho
Outra sempre viva pintada n'outro
e  um mato verde entre as duas!
Quatro passos adiante, um pingo d'ouro
Dois palmos contados para trás, a violeta
Cinco palmos à frente, um amor quase perfeito!
Se dou um grito, eu mesma o escuto!
Se sussurro, a folha da palmeira ouve!
Se canto, o sabiá nem liga quando desafino.
Se desafino, desculpo-me, mas não me contenho
         e   canto outra vez!


Distante do sonho erguido e escalado
Andando por mundo já esquecido
 Vejo um  enorme templo de cimento e concreto armado.
Estranho o som estridente,
O homem que passa depressa e não diz:
              -Bom dia!
A mulher tão elegante , de salto quinze,
um vazio olhar pobre de alegria
parece saída d'um quadro mal pintado
ou de gravura mal desenhada!
Seus olhos abertos e contornados
só veem a ponta do nariz empinado!

Vou embora, já não posso andar a esmo,
longe dos meus encantos e das minhas dores!
Volto para o meu lugar
A árvore pelada do inverno , espera-me!
O chão que a chuva encharca,  formando o barro,
vai acolher os meus pés mal cuidados
que me levam onde o contentamento mora!
O espinho da roseira podada vai  me machucar
Vou sangrar  e lembrar ! Meu lugar é no mato!
Onde o vento me  roça a face
Onde o jasmim, vive por mim, suspirando!
Onde o vagalume pisca verde e  alumiando
Onde os soluços que dou são consolados
 pelos meus fantasmas... todos os dias
           ressuscitados!



DISSIMULADAMENTE

DISSIMULADAMENTE
                                                   Vera Popoff



Deus é ternura , é compaixão!
Ensinaram-me assim...
Nem sempre acreditei
Acho mesmo que mais duvidei
Batia os olhos onde de tudo via,
      menos a compaixão!
Calava-me e me calo até hoje
'Deus me livre', ser levada ao cadafalso!
Virar  brasa numa fogueira,
ou mesmo ser apontada, denunciada
              amaldiçoada!
Juízes condenando à tortura
As mãos presas numa corrente
Nenhum ouvido aberto à clemência!

Achei melhor crer, acreditar piamente
Rezar e jurar eternamente...
Obedecer cegamente
Não seguir o instinto da descrença!

Quando reclamo e decido ser fremente,
                    desisto !
Reclamo baixinho, dissimuladamente...
Olho o espaço  exageradamente grande
entre mim e Deus!  E penso...
não ouvirá nem a reclamação
nem o pedido de perdão!


De onde estiver, se estiver n'algum lugar, perdão!





PARA  VANDA                         Vera Popoff

Se estiver sozinha , colha uma flor!
Ela lhe fará companhia.
Se houver uma sombra
escondendo a sua luz
Tira do seu peito o fogo do calor
         acomodado.
Vista o seu sonho com a fantasia
           da alegria!
Já não estará  desamparada,
nem se sentirá magoada
Sob as asas do Criador
permanecerá  bem guardada!
DEVER  DE  CASA                    
                                            Vera Popoff

Com um gesto tão doce
Um amor voltado ao próximo
Meu pai nos ensinou:
-O que lhes sobra, falta ao outro
Não acumule o que já não lhe cabe!

E minha mãe, feita de carinho
e grande ternura, nos dizia:
-Olhem com olhos de enxergar,
Não ignorem um sofrido olhar!

Ah, que lição inesquecível!
Não ganhamos notas no boletim, mas...
amealhamos para nossos corações
um campo tão rico de emoções!

Fizemos a lição de casa
A alegria do dever, então cumprido
O gosto bom do compartilhamento
Encheu nossas almas de puro contentamento!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A PROVINCIANA

A PROVINCIANA
                                           (Vera Popoff)


Fora de casa, madame?
Atenção ao andamento da casa
que não é a tua casa!
Falas pelos ventos vindos do norte,
do sul, leste e oeste!
No final do dia, coisas  e coisas
para contar, novidades para informar!
Hábitos da casa que não é a tua, modificados!
Onde o preço é mais barato,
qual perfume é mais docinho,
onde tem fruta fresquinha!
Qual missa é melhor rezada
Onde teve confusão e
qual foi a manifestação!
Tudo bem informado!
Na livraria da moda ,
um sarau improvisado!
Uma troca de cartões,
cafezinho em profusão!
-Encontrei a tua mãe...
-conversei com a tua mãe ...
-tomamos um chá com pão de queijo!
Pronto, a" grande capitania"
virou  vilarejo com companhia
Como dizia o meu pai:
-São Paulo é só uma província!


terça-feira, 21 de julho de 2015

LUGAR PERDIDO

LUGAR PERDIDO
                                           (Vera Popoff)


A volta ao lugar , um dia, perdido
É a volta ao tempo mal sucedido.
Viver de novo o momento sofrido
Olhar de novo o rosto conhecido, mas...
desfigurado , sem nenhuma flama,
ausente d'uma hospedagem humana!

Retornar é andar pela alameda já desdobrada
Percorrer  aquele corredor mal assombrado
Suportar a indecência da recordação pesada
                 de sofreguidão.
Nem o cheiro da arruda , nem a benzedeira
Hão de arrancar do peito, a dor inteira!
Ausente das águas turvas das lágrimas mal choradas,
dos semblantes umedecidos pelo  suor do medo,
da  mágoa  que fez jorrar o sangue na batalha
tão cedo abandonada, portanto aniquilada!
Eu caminho... vencendo meus tormentos.

Sigo... voltar e rememorar não paga a pena da
              condenação.
Não sei se o caminho será breve, torto, insensato,
errado, mundano, odiento ou insuportável!
De qualquer maneira...nunca foi andado.

O CÉU

O CÉU

                                                (Vera Popoff)

Permito-me falar do céu .
O céu não é uma palavra ,
apenas uma palavra...
Permito-me falar do azul!
O azul não é uma cor qualquer
É a cor do céu!
No céu moram os anjos e todos os Deuses.
A visão da vida começa com a visão do céu.
Não é lá que se decide o nascer,
o perecer, o merecer, o viver?
Não é no manso azul do alto
que decidirão se meu caminho será curto
               ou será longo?
Se haverá ou não o sobressalto?

É justo e certo poetar o céu!
Afinal, não é o sobrenatural
que mexe com o imaginário e faz a fé acreditar,
o inventor  inventar , o apaixonado sonhar?
Não é no céu que brilha a atração do sol
e faz-me suspirar a fascinação do  luar?

No céu  está guardada a chave
 que abrirá ou não, a porta do  paraíso.
É por causa do céu que vivo indeciso.
Penso loucamente no pecado,
mas imploro ser perdoado...
Penso na luxúria da riqueza, mas
juro a humildade e desejo a  paz prometida
                  à pobreza?
Falo do céu porque o assunto não se esgota.
Num mar revolto poderei me salvar ou soçobrar
            É o céu que vai sentenciar....

FOTO DA FOTÓGRAFA DIRCE MITUUTI! ELA ESPECIALIZOU-SE EM FOTOGRAFAR O CÉU.

O DIA

O DIA
                       ( Vera Popoff )...


Quando acordo e espreguiço
Vejo o inverno da janela
A bruma esconde a beleza, atrás dela
Penso no tempo que tenho
O tempo bonzinho que alivia as dores
Não o penso como o desbaratador de amores!
O riso ainda está guardado
Aconchegado dentro do peito
Mais um pouco, encontra um jeito
E se solta, gargalha para o sol abençoado!
Saio, respiro vida lá fora!
Já tenho sonhos para o dia de agora
Peço inspiração ao infinito
Jogo o cabelo no vento
Bebo um café coado na hora.
A ladeira da doce rotina
Já começa a ser descida
Nenhuma ilusão deve ser esquecida
A criação pretendida
Não vai ser desvanecida!

FOTO DA FOTÓGRAFA DIRCE MITUUTI
!
 

ALEGRIA TRAÇADA

ALEGRIA TRAÇADA

                                                  (Vera Popoff)
Pinto uma caixa de lilás
Costuro um coração de pano...
Planto rosa cor-de-rosa.
Na caixa guardo lembranças
O coração de pano é recheado de esperanças
Da rosa, roubo a beleza
E o dia será promissor...com certeza!

Coelha de orelhas compridas
Dentuça e cheia de graça
Nasceu dos retalhos mexidos
e dos sonhos de criança, remexidos!
E assim pego o dia nas mãos
Laboro contente, bulindo no coração
Alguém me falou, um dia...
Que não nasce feita, a tal da alegria
Precisa ser traçada, desenhada, colorida
Caso contrário...morre esquecida!

 


sábado, 18 de julho de 2015

UM ALGUÉM

UM  ALGUÉM
                                       (Vera Popoff)



Dentro de mim vive mais alguém...
            um cantador!
Quando endureço e maltrato o coração,
chega , sem ser chamado,  o sonhador!
A fala é mansa, o seu canto é o do
            pássaro trinador!
Oh, intruso poeta que a alma afeta!
Começa o ato das ilusões
As mentiras sobre as paixões
Versos cantados ao ser amado
    que jamais existiu!
A menção ao abraço, nunca abraçado
O beijo na virgem boca, , nunca marcada!
Os fragmentos d'um prazer  jamais vivido
A flor plantada , que não vingou,
                 é mascarada!
Engana-me com manhãs brilhançosas,
acordes sonoros, olhares de sedução,
mistérios ameaçados, jardins inexistentes
         são exaltados e exalados!
Sonhos reconstruídos , castelos reerguidos!

E o alguém que vive dentro de mim
Toma conta do espaço e refaz tantos laços!
Pela mão da alma carrega-me à meditação
O incrível olhar ao sol, ao luar, ao verde dos montes
                  a me aconchegar.
O azul do céu sobre a minha cabeça.
Talvez , eu mereça, o inatingível!

O alguém que vive dentro de mim
devolve-me o corpo e o pensamento
deitados no campo do embevecimento!


           

sexta-feira, 17 de julho de 2015

ENCOMENDA

ENCOMENDA
                                    (Vera Popoff)


Meu coração faz-lhe uma encomenda
Traga para o meu peito desgostoso
Um licor docinho feito de afago
Eu prometo que lhe pagarei em espécie
                 ...de amor!
Tomaremos juntas, no cálice de vidro
Um  momento lindo nem precisa d'um cristal
Brindaremos um sabor sutil, sem  igual!
Falarei meus versos ao pé do seu ouvido
e direi que sou poeta de apenas uma musa!
Contarei mentiras engraçadas  para lhe agradar.
Diga , onde está? Se for longe, eu juro, vou lhe buscar!


         
 

A NEBLINA

A  NEBLINA
                                                  (Vera Popoff)

Manhã embaçada
Vista turvada e sem alcance.
Da porta aberta , a visão incerta
Um chamamento ao recolhimento
Um convite ao tédio...
O sangue morno percorrendo
as veias indolentes do corpo!
Ninguém a chamar por mim...
Escuto-me e tento abrir o nevoeiro.

A neblina segue seu destino entristecido
Nebuloso  destino... o de   causar encolhimento!
As mãos da neblina escondendo a luz
Roubando da manhã, o luzimento!
                  
Mas num lampejo, a visão clara
É um pingo d'uma gota de orvalho!
Risco na vidraça embaçada , um coração.
Coloco dentro dele o meu calor
O embaçamento insiste, mas não resiste
Desmorona-se sobre seu cruel destino
Ah, manhã ! Ah, manhã! Dou-lhe agora outro nome
              A AURORA!
Corro de braços abertos lá fora
Agarro o dia começado e o aqueço
Meu afago, agora, é o seu berço...



quinta-feira, 16 de julho de 2015

CREPUSCULAR

CREPUSCULAR 
                                     (Vera Popoff)


A fronte de cabelos tão branquinhos!
Os olhos vão ficando apertadinhos
O corpo vai perdendo o jeito harmonioso
Os movimentos já não são tão  graciosos!
As mãos perdem a coordenação mais fina
Algum esquecimento. Mas muitas  lembranças
 revigoradas lembram-se" como se fosse hoje!'

Sonhos foram quebrados,  outros , eternizados!
Os filhos de quarenta são "filhinhos"!
O inverno faz doer até na alma!
Mas a voz! Ah, como soa , agora, mais calma!
Os retratos são lidos, relidos, beijados
Cada recordação feliz, acalentada!

A saudade é o pão de cada dia
O crepuscular é a doce companhia
Desconfianças foram queimadas
Ciúmes , queixumes , paixões
          viraram cinzas.
A ponte está mais próxima de ser
           atravessada.
Resta saber esperar...pulsando!
O sorriso bonito permanece
a impaciência já não enlouquece.
O milagre da vida  é  saudado e iluminado!
Afinal, a luz é mais suave, mas inda brilha!





RELUMES

RELUMES
                                           (Vera Popoff)

Afinal , acho que gosto de mim!
Não chega a ser deslumbramento,
mas sinto relumes no rosto!
Não permaneço na sombra da desilusão
a alma não amarela, é forte, tem decisão!

No dia descorado, traço frisos ,delineio
Não permito a escuridão , não me cubro
              da preguiça
Misturo vermelho no branco,
faço o rosa e  roseio a vida !
Preparo dez  tons  de verdes
e espalho , esverdeando a lida!

Escrevo nos papéis  que juntei
      ao longo de tantos anos
Chega um vento , abre a janela
Lá se vão minhas idéias
Não me importo, penso outra vez!

O que me aguça  é a liberdade
Pinto e bordo , poeto e choro
Rio quando o assunto é de riso
Digo o que quero dizer
Não engulo palavra indigesta
No quintal   canta  o sabiá
O que para mim , é uma festa!

Enrolo-me na solidão
A quietude é bálsamo  para coração
De todo barulho que gosto
é apenas o da folha caindo
    e batendo no chão!

PREPARO DEZ TONS DE VERDES E ESPALHO, ESVERDEANDO A LIDA!












terça-feira, 14 de julho de 2015

CANTIGA QUATRO

CANTIGA  QUATRO
                                    (Vera Popoff)

De cantiga em cantiga
vou cantando a vida!
A vida com seus sossegos ,
com seus agitos, com seus conflitos!
De verso em verso
vou saudando manhãs
recebendo as tardes
despedindo-me das noites!
Se o dia foi fausto ou infausto
Se teve um belo gorjeio ou,
     só um anseio.
Se cantei ou suspirei
Se fui abrigada ou dei abrigo
Se a mão lidou ou vadiou
Se o coração foi pedra ou levitou
Se a alma foi equilibrada ou desvairada
Se poetei morbideza ou meu verso foi
             singeleza

A quem importa senão a mim mesma?
Ainda que tudo seja  passado
Tomara que ao menos uma energia haja  ficado!
Tomara que um sussurro tenha  alcançado
algum coração, que um certo dia, tenha me  amado


!

O HOMEM PÕE E DEUS DISPÕE

O HOMEM PÕE E DEUS DISPÕE
                                                              
                                                  (Vera Popoff)...
Ouvi o dobrar do sino
Ouvi o pássaro tenor
Ouvi o som da brisa que fazia cócegas
nas folhagens!
Ouvi o trinado d'um cantador desconhecido
Senti a vida acordando e roçando meu braço
cansado e envelhecido!
Pensei levemente os meus planos
Teci com todo cuidado... a teia
onde bailaria naquele dia.
Eu estava circundada da rosa e da poesia
Mas passou um sopro no rosto
Minha mão que é mão de alegria
ficou fragilizada e tão fria!
As venturas sonhadas foram uma a uma
descartadas!
Agora , já rodeada de flores murchas !
No peito entrou um inverno. Mudou o jeito
daquele dia sonhado, tão bem planejado!
Alguém maior do que o meu pensamento
colocou no caminho uma pedra!
Sorriu e pensou:- Será que ela entenderá
que sonhos são feitos de instantes
que a vida é pena constante?

ALGUÉM MAIOR DO QUE O MEU PENSAMENTO, COLOCOU NO CAMINHO , UMA PEDRA



 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

MUNDO INUSITADO

MUNDO INUSITADO 
                                               (Vera Popoff)



Inusitado dia
Inusitada vida
Inusitada solidão
Inusitada manhã
que me contempla!
O mundo é inusitado,
mas o que me importa o mundo?
Eu não saio porta afora!
Eu não penso como o mundo pensa
Eu não sei fazer o que o mundo faz
Eu não amo o que o mundo ama!
Meu mundo é outro
e a ninguém mais interessa!
Visto meu mundo da cor que gosto!
Sei lá... se o mundo gosta
da cor que gosto!
Não me interessa a cor do mundo!
Meu mundo é como um sonho...
É mundo de utopia louca
De  desejos indesejados por outro mundo
Eu sinto sede dentro do mundo que construí
e bebo a água da fonte que satisfaz!
Incomoda-me sim, o mundo das misérias
mas não caio na rispidez da mudez!
Eu estremeço com o mundo sem indignação
que faz estardalhaço quando divide o pão!

A CASA

A CASA   
                 (Vera Popoff)

Chego num espaço
Disseram-me :- É  uma casa!
Penso escondido. Receio que escutem
         meu  pensamento!
-É uma casa ?  Desabitada? Desarrumada?
Senti, não é  uma casa!
Não a minha casa!
Sem  quimera ou  recordação , sem
           memória!
-Não é a minha casa!
Na minha casa  eu sentia aroma,
perfume doce, via fantasmas...
Nela, algumas vozes desencontradas.
Risos tão seduzidos, ventarolas nas cortinas leves...
Os cobertores surrados, tão desbotados
cobriam  corpos que eu tanto amei!
-Ah, que pena! Preciso entrar na casa
que não é a minha casa!
Por onde andam todos?
Eu não os vejo!
Os lençóis brancos, cama patente,
a lamparina,  almas presentes!
Cada lembrança, um desafio...
Aqui é tão estranho , eu sinto um calafrio!
Vejo janelas que não se abrem
para a entrada do meu coração!
Fui peregrino, inconstante, inconsequente
          quase demente!
Voei feito um pássaro sem ninho
Andei como viajor campeando o seu  caminho!
Um dia...eu voltaria à minha casa!
Mas cheguei numa pedra fria
Onde anda aquela alegria?
Vou morrer numa casa estranha que não me aninha!
Vou morrer numa casa que não é minha!

PARA MIRIAM

PARA MIRIAM
                                         (Vera Popoff)

Sabe o que disse-me a brisa???
- Como  pode querer se poeta
se não viu as praias brasileiras?
Vá, ande na areia da praia,
sinta no rosto o vento
que balança os coqueirais!
Tua veia há de tremer
diante de tanta magia
defronte daquela alegria!
Tantos braços irão lhe abraçar1
Você que se diz poeta
nunca mais sairá da praia
Seus versos cantarão a beleza
seus lábios sorrirão, com certeza!

domingo, 12 de julho de 2015

DESENHO

DESENHO
                            (Vera Popoff)

Uma folha de desenho delicada, mas vazia
Desenhei um vaso cor de anil, mas vazio
Pintei uma hortênsia tão bonita, solitária
A luz imaginária deu um viço luminoso
Não sei se pressenti um alguém regressando
Ou se foi apenas, uma ilusão me consolando.
A mente abriu-se para um  pensamento... perseguido
O coração palpitou antes da hora e chorou
O desenho sobre a mesa lá ficou
O sonho ali começou e terminou!

ALMA E CORPO

ALMA E CORPO
                                        Vera Popoff

O corpo dói, a alma dói!
Para o corpo, um analgésico!
Para a alma, quanto dó!
Num lugar onde o doutor não vê
A alma chora e suspira ,
Busca alento para a dor
e não encontra luz , nenhum fulgor!
O corpo sente a dor da alma
Como sente! Mas não lhe pode confortar!
É físico demais , palpável , agrário,
não acompanha a leveza que se movimenta
   como folha seca ao vento!

Há nós... entre o corpo e a alma
Desatá -los é tarefa  delicada
Exige certo cuidado!
Afrouxá-los, demanda movimento
sem braveza, com nobreza, muita sutileza!

Um licor curtido da mais doce fruta..., a harmonia!
A nota ao piano da mais bela  sinfonia
Um poeta, cuja fineza das rimas , soa como lira!
Flores frescas colhidas , no vaso de porcelana fina,
              colocadas!
A medicação da alma é amena,
 como um campo forrado de flores simples,
            mas formosas!
 Um canto suave, uma chá de camomila
        um aroma de alfazema!
E a mais fina cautela, poia a alma é demais singela!
Uma solidão de paz , que encanta!
A tarde sem queixumes,  fragrância pura,
Um ninho abastecido de amor e de ventura!
Envolta assim , circundada assim, cuidada assim,
a alma  tão doente, repousa refeita! Aos poucos, um recomeço..
                 Ao corpo...um apreço!
                 À vida...  um bom  desfecho!

PRIMEIRO PASSO

PRIMEIRO PASSO
                                     Vera Popoff

Escureceu cedo.
Ás dezoito horas  já era noite,
Um  sossego sem mansidão
O pranto não caia , de cansado
O coração precisando ser amansado!

Desafio de dores e medos!
Momentos de ventania lá dentro d'alma
Algumas vozes soavam zombeteiras!
Eu olhava para dentro da minha tristeza!

De noite aguçam-se os pânicos!
Cá estou, cativa e ferrolhada  aos nós não desatados!
Os bonitos sonhos , já recolhidos
As perpétuas saudades, debulhadas,
As fraquezas do espírito jogando-me, derrubada!

Dos males da noite , que padeço,
uma pena cruel me crucifica!
Fujo de mim mesma e me recolho,
acolho-me e escolho, pois cuidar- me
         sei que devo e posso!

Pela fé, mereço! Lembro uma canção
que pode ser remédio! Ou talvez...
aquela recordação d'um beijo doce!
Algum olho que olhou-me  cheio de ternura,
Um sorriso salvador despejando só brandura!
Salva do meu próprio exílio...dei o primeiro passo!

DE NOITE AGUÇAM-SE OS PÂNICOS


ONDE ESTÁ?

ONDE  ESTÁ?
                                   Vera Popoff

Onde está o lugar enxergado nos sonhos?
Havia um silêncio intransponível...
Bem na porta, uma árvore de sombra que acolhia.
À direita uma mangueira pendente de frutas amarelas.
Passarinhos se embalançando, borboletas voando...
Sem ruído. A estridência  não eram de vozes insanas,
        apenas do jacu do mato fazendo algazarra!

Andei por vilas, cidades, aldeias, povoados afastados
Minha sina é procurar, fazer,  refazer, construir e...partir!
Será que devo ir  para o norte? Ou sigo para o sul?
Vou por estradas estranhas? Ou sigo as já conhecidas?
Será que o lugar que vislumbro é imagem evanescente?
Não está próxima da nascente, nem do poente?
Desconfio que o lugar está dentro de mim!
Não adianta fugir e partir. As chegadas serão rejeitadas!
A vaga vazia está dentro do peito.
Talvez uma imagem mediúnica que ficou...ficou...
e carreguei, trazida  d'um  outro tempo e lugar!

terça-feira, 7 de julho de 2015

CADERNO VELHO

CADERNO  VELHO
                                                 VERA POPOFF

De uma folha em branco d'um caderno velho
Eu retiro o alimento d'alma!
Um pensamento sombrio busca o passado
A casa feita de adobe, a sala clara,
a mesa de jantar , a janela aberta,
     lugar da  alegria certa!

Escuto as vozes, como se fossem anjos...
Nada mais é do que a folha do caderno velho,
de noite em noite, tomando a alma .
Colhendo os frutos d'uma mesma árvore
     que saciam a fome da saudade,
         acolhida na eternidade.

O vento bate na janela aberta...chamando!
Roça o semblante quente, mas  enganoso
Avisa que há outros mundos, além passado
Há  espaços onde se respira, há voos alargados,
lugares não tão íntimos para a alma entrar e
                      alimentar-se.

-Tenta  o belo! diz o vento
Busca  campos ainda semeados
Esqueça as colheitas feitas!
Lança tua alma num vazio desconhecido
Um destino novo, um espaço amplo
Um lugar onde não te  acanhes
Um mundo... onde um brilho ganhes!

Obedeço  o vento...deixo o passado.
Na travessia, um adeus sentido,
mas o aceno nem foi tão dolorido!
Desvencilho-me da onda que me carregava
Não vou mais frutificar as tantas dores
Nem agonizar nas  sombras do passado
        de velhos amores.

O movimento da alma flutua...
É outro tempo, outra luz, outra música!
Atingirei espaços sem tanta rigidez
A viagem já não assusta, desliza com fluidez
Lagos serenos, novos troncos, novas frondes,
Um  jardim de goivos arroxeados, rosados,
          jamais d'antes plantados !
Ah,  são lindos  e tão fugazes!
Novos aromas, sem lembranças de perfumes velhos.
O meu próprio coração desmente
que a vida sem o passado em mente
Não pode ser assim... tão contente!

MEU JARDIM DE GOIVOS




                  

MAIS UMA CANTIGA

MAIS UMA CANTIGA
                                                (Vera Popoff)

Sei que não vivo a aurora da vida
Nem as tardes, onde brilham os sóis!
Já não vivo o crepúculo,
onde deita o cansado horizonte!

 Desconfio, que já anoiteceu.
Uma noite sagaz, de luz estelar
A alma é hábil e sutil
Rapta aqui e ali, algum brilho que passa...
e escapa da escuridão!

Quando estou perto de ti
que vives auroras e tardes
Que és galho verdinho e brotado,
que és botão de flor, perfumado
Capto o brilho dos sorrisos
Pinto a face de rubor febril
Busco reflexo da fonte juvenil
E brinco...que ainda corre nas veias de sangue
uma incrível energia , uma vibrante alegria!


JÁ NÃO VIVO O CREPÚSCULO ONDE DEITA O CANSADO HORIZONTE

 

domingo, 5 de julho de 2015

MEU PASSADO

MEU  PASSADO
                               (Vera Popoff)

Tentei afogar o passado em águas rasas
          Ele emergiu...
Assombrando a vida, detendo os passos,
Amarrando bem  amarrados os nós e os laços!
          Apequenando os espaços
Desarmonizando os compassos da minha canção!

No passado ressuscitado, fantasmas já agonizados
  retornam...mais fortes que todas as lembranças!
Sustentados pela lentidão do meu coração
         que prende, segura, tortura e
                     amargura.

Tento um voo no vento desarrumado e despenteado
Mas bato contra a porta fechada, a janela cerrada,
                      a parede levantada.

Deus da liberdade, ouve o meu canto!
Do espaço onde habitas, escuta o grito
               de clamor!
Faça-me voar ...leve como as pipas
nas mãos dos meninos, libertos da  amarração
                e da dor!

ESTOU CHEGANDO

ESTOU CHEGANDO
                                               (Vera Popoff)

Estou chegando!
Perfumada , bem arrumada
     bem acompanhada.
A roupa é bem acabada!
Nos braços, pulseiras baratas,
Mas no coração, sentimentos caros!

Estou chegando...
com o riso guardado!
Na hora certa da alegria aberta
    eu solto o riso!
Vivo o dia e a companhia
Abraço o momento do contentamento!

sábado, 4 de julho de 2015

IDADE DOS SONHOS

IDADE DOS SONHOS
                                             (Vera Popoff)


Aproveita a idade dos sonhos
Dormes e acordas, sonhando
Deixa acesa a chama da ilusão
Escreves as pautas  da vida
Com forte e ardente paixão!

Enquanto viajas em águas torrentes
navega ...navega...remando os teus sonhos
É assim que faz um bom remador
Enfrenta os desafios do rio!

Suspira todos os teus fervores
Se preciso, rasga a vida e solta ...teus sonhos
Deixa-os livres nas torrentes do rio
Estás no bom tempo dos desafios.

Aproveita o vigor e a beleza da mocidade
Colhe todas as flores e ame todos os amores!
                  Depois...
           só fica a saudade...

sexta-feira, 3 de julho de 2015

CAI A CHUVA

CAI A CHUVA

                                  (Vera Popoff)...
Madrugada afora...
Como cai a chuva, agora!
A água da chuva
junta-se à água dos meus olhos!
Choramos juntas.
Juntamos as nossas águas,
lavamos os nossos mundos!
Cada mágoa foi bem lavada
Cada tristeza, bem molhada
Cada amargura foi encharcada!
Cada silêncio foi interrompido
pelo barulho da chuva!
A Terra se vangloria
da chuva que molha o dia!
O sol recebeu um prêmio:
-feriado para repouso!
O galo pediu licença
acordou tarde e não cantou!
O pássaro bailarino
não se incomodou...trinou!
A rosa do pé de rosa, toda molhada,
pendeu, mas não desfolhou!
E cai a chuva!
Hoje...nada segura o céu!

HOJE, NADA SEGURA O CÉU!

 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

DIAS E DIAS

DIAS  E DIAS                     (Vera Popoff)

Alguns dias nasceram e são  lembrados
                    eternamente.
Outros nasceram  e são  esquecidos
                    tristemente.
No calendário do esquecimento estão
os dias enlutados, os dias lotados de momentos
                    magoados.
     Aqueles de tarefas não terminadas,
         das  despedidas choradas,
         das tintas borradas
         das costuras mal alinhavadas
         dos galhos que não brotaram
         das sementes que não vingaram
         da falta de entendimento
         da briga sem cabimento
         do coração partido e da alma consumida.

No calendário da eternidade, oh, que que delícia
                     tão desfrutável!
          manancial de alegria inesgotável,
          rio de venturas deslizando sem impedimento
          risos nas bocas de contentamento
          lições aprendidas, mágoas esquecidas,
          amigo reencontrado e o amor retomado
Dia do espírito inflamado  e   inspirado
Das visões transparentes e almas luzentes
Dia com jeito feliz , como o retrato do infinito
Daqueles pensamentos doces, dos suaves olhares
Dos corações amolecidos, do corpo benzido
Da visita esperada e da boa notícia espalhada!
Dia da liberdade anunciada, da tarefa concluída.

Jamais saberemos como será nosso dia
O calendário não marca em vermelho
Os   números sucedidos nada demonstram.
Com nosso riso ou nosso pranto
O dia será marcado, cravado, abençoado
      ou... desventurado!