sexta-feira, 31 de julho de 2015

BRAVURA

BRAVURA
                                    Vera Popoff

Lá pelos anos de um mil novecentos
          e mais alguns anos,
Algumas datas não precisam ser
rigorosamente lembradas,
    chegou uma tormenta,
    tempestades de ventos
    destelhamento das nossas cabeças
    árvores da vida arrancadas pela raiz
O cenário foi transformado num amontoado
              de cinzas desoladoras!
Eu as chamei! Duas meninas, quase crianças
e lhes disse:- A festa acabou! Nossa vida mudou
                Tempo de ação, de reconstrução!
Recolheremos todos os cacos e ajuntaremos os trapos
porque somos bravas, porque somos coragem, porque somos
        simplesmente, três mulheres!
A partir de agora, nossos domingos e todos os feriados
              serão segundas-feiras!
Nossos medos serão purpurinados
Nossas fraquezas serão fantasiadas
             de  bravura!
Novas sementes serão semeadas, mas...
o tempo da brotação é gigante!
Um passo daremos , todos os dias
As cabeças serão erguidas na altura dos céus!
Novos ventos, com certeza, virão do sul ou do norte
Previsão certeira! Vieram de todos os lados!
Mais perdas, mais danos! Não tinha luz no fim do túnel
          porque não havia nenhum túnel!
Ah, orgulho das  valorosas guerreiras!
       Jamais se acovardaram!
A Rússia derrubou soldados na segunda grande guerra,
Seu inverno implacável foi devorador de soldados!
Nossos invernos e verões e outonos e primaveras
foram vividos, sem serem notados!
Jamais olhei uma flor ou saboreei doce fruto!
Minhas meninas na brava luta, nunca espernearam
fizeram birrinha ou esmoreceram!
E seguimos, pois algumas colheitas já começavam!
Tanto trabalho, mas tanto trabalho
que minhas mãos enrugaram, mas nossas faces
               jamais empalideceram!
O sangue vermelho nos olhos, no rosto, nas veias!
Deus do céu! Colhemos!!! Colhemos!!! Colhemos!!!
            Tantas flores ao nosso redor
            Tanta paz circundando nossas consciências!
            Tanto sorriso de desdém pelas fraquezas!
            Tanta tinta para pintar de novo o céu de azul!
            Tanto fogo nas almas para brilhar o sol, outra vez!




Um comentário:

  1. Mãe, no dia que vc me escreveu essas palavras, eu me emocionei tanto!!! Leio e releio todos os dias, sabia?!
    Um texto seu nunca tinha me emocionado tanto quanto esse.
    Mil beijos

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